Nosso historiador-mor, o lagunense Oswaldo Rodrigues Cabral, já dizia que
“O lagunense é gente de brio, é preciso
que se previna...Perdoa, mas não esquece. E lá um dia, quando pode, cobra de
quem lhe afrontou, com os juros do ridículo, a conta dos agravos...”
E continuava: “Se há gente que
descobre o calcanhar de Aquiles do seu próximo num abrir e fechar de olhos é a
gente lagunense”.
E mais, escrevia Cabral:
“É uma gente, que tanto ou mais
que o carioca, ela cria piadas, surpreende tiques, descobre fraquezas, aplica alcunhas,
“põe pitáfios”, alfineta vaidade, desmancha cartazes com uma técnica impecável.
Sem alardes. De mansinho, saboreando a piada. Gozando o espetáculo das suas
“marionetes”. Animando-as a que se rebolem. Rindo dos rebolados. Soprando que
nem bomba de gasolina as vaidades, para depois gozar o prazer de ver o
esvaziamento, dando linha aos peixes para sentir o prazer da fisgada, dando corda
para que se enforquem os tolos, só para apreciar o triste dos enforcado, e isso
tem enganado a muito forasteiro, muito cabra metido a besta”.
E é o que mais se vê por aí, principalmente no meio político. Quantos no
passado acharam que eram os tais na Laguna e quebraram a cara cedo cedo?
Quantos acharam que estavam eleitos (ou reeleitos) ou feito seu sucessor(a) e foram surpreendidos por
uma reação do povo, que não esperavam? Uma reação que não era o que sentiam nas
ruas? Nos abraços, nos elogios, cumprimentos e sorrisos?
Mas a história sempre se repete e há os que não aprendem com ela. Mudam
os personagens mas o enredo é o mesmo.
Basta um breve retrospecto na nossa história política-administrativa para
se chegar a essa conclusão.
Que muitos políticos, principalmente os neófitos, não se deixem enganar.
O lagunense pode não falar diretamente, se calar quando lhe convém, não se
expor para não sofrer represálias, cidade pequena e tal, mas por dentro não se
faz de tolo.
Urde sua resposta quietinho e na primeira oportunidade dá o troco com a
pouca atenção que recebe de governantes ocasionais, de representantes que fazem
pouco caso de seus problemas mais preeminentes, que não atendem suas reivindicações
básicas, que lhe enganam com promessas nunca cumpridas.
O lagunense percebe ao longe os conchavos, os acertos nos bastidores, o jogar pra platéia.
Se ainda há os que pensam que somos uns amarelos da farinha, papa-siris
ingênuos, rapidamente vão descobrir a verdade. E encerrar suas carreiras bem cedo. Alguns até mais cedo do que imaginam.
Tolo o lagunense não é. Nunca foi.
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