Manoel Silva,
sua voz e seu violão, o rouxinol do sul, como era conhecido, o boêmio que
interpretou boleros, valsas, sambas-canção, fox...
Manoel Silva
das músicas românticas empolgando gerações.
Ouça a canção "Maria
Helena" com sua voz ao final deste texto.
O Seresteiro Manoel Silva. Álbum de família. |
Nascido na Laguna em 20 de
maio de 1913, já em sua adolescência demonstrou sua paixão pela música.
Assim ele me narrou em sua casa situada nos altos da rua Júlia Nascimento (Morro da Nália) quando o entrevistei para o meu jornal Tribuna Lagunense em julho de 1996:
“Foi um tempo
gostoso, da juventude, dos sonhos, onde, acompanhado do Luiz Guedes ao violão e
do Chamego (Manoel Gonçalves Andrade) ao cavaquinho, promovemos rodas musicais em inúmeras
festas que marcaram época, não só na Laguna”.
Na PRC-4 Rádio Clube de Blumenau
Bem depois, já
em 1940, Manoel Silva foi morar em Blumenau, cantando na Rádio Clube PRC-4, a
mais antiga de Santa Catarina, fazendo shows e participando do Conjunto Jazz
Garcia.
“Foi quando conheci
Vicente Celestino, Bidu Melo, Emilinha Borba e tantos outros que lá passavam
para suas apresentações. Era a oportunidade de mostrar a cidade e de conversar
com nossos ídolos”.
Militou também em várias outras emissoras do Brasil, dentre as quais destaco a PR-2 Rádio Clube Marília; PR-32 Rádio Clube Paranaense; Rádio Difusora de Porto Alegre; Rádio Guanabara do Rio de Janeiro; Rádio Araguaia de Brusque; Rádio Mirador de Rio do Sul; Rádio Difusora de Criciúma; e Rádios Tubá e Tabajara, de Tubarão.
Em meados da década de 50, Manoel Silva retornou à Laguna e começou a participar dos Conjuntos Musicais Jazz Lagunense, Jazz Catarinense, Jazz Kasbah e Conjunto Capri, embriões de músicos do futuro Conjunto Melódico Ravena, que nasceu embalado nos sucessos da Orquestra de Espetáculos Casino de Sevilla.
Militou também em várias outras emissoras do Brasil, dentre as quais destaco a PR-2 Rádio Clube Marília; PR-32 Rádio Clube Paranaense; Rádio Difusora de Porto Alegre; Rádio Guanabara do Rio de Janeiro; Rádio Araguaia de Brusque; Rádio Mirador de Rio do Sul; Rádio Difusora de Criciúma; e Rádios Tubá e Tabajara, de Tubarão.
Em meados da década de 50, Manoel Silva retornou à Laguna e começou a participar dos Conjuntos Musicais Jazz Lagunense, Jazz Catarinense, Jazz Kasbah e Conjunto Capri, embriões de músicos do futuro Conjunto Melódico Ravena, que nasceu embalado nos sucessos da Orquestra de Espetáculos Casino de Sevilla.
O Conjunto Jazz Catarinense. Ao microfone Manoel Silva; no Contrabaixo ? ; no violão Alfredo Henrique Fortes; nas maracas Pedro Floriano Júnior (Pepê) e Hamilton Palma da Silva (Merré) na bateria. |
Dessa
época Manoel citou alguns nomes de músicos, como Murilo Ulysséa, Sebastião
Salgado, Isália Viana, Custódio Ezequiel, Ricardo Brandl, Emanuel Maiato
(Duca), Enita Vieira (Lita), Orgel Ávila, Álvaro Alano, João Juvêncio (salame) Martins,
Pedro e Zé Maria, Paulo dos Reis (Baeta), Antônio dos Reis (Cacique), Luiz
Carlos Ambrozini e o crooner Aliatar da
Silva Barreiros.
No palco da Rádio Difusora
Depois, foi a
época dos shows aos domingos à tarde, no palco da Rádio Difusora, então situada
na Praça Vidal Ramos.
Na década de
60 apresentou três programas musicais que marcaram época no rádio lagunense: “Encontro
ao Meio Dia”, “Meio-dia Romântico” e “Noturno para Sonhar”, este último pela Rádio Garibaldi.
“O
Agilmar Machado que era locutor e gerente da Rádio Difusora foi um dos
primeiros que me apresentou e penso que o mais importante em toda a minha
carreira”, disse Manoel na entrevista, em frente aos seus familiares.
Agilmar em seu
livro “História da Comunicação em Santa Catarina”, escreveu: “Manoel Silva é
efetivamente, a Laguna em canção. Sua voz maviosa e inconfundível legou-nos
clássicos da música brasileira e internacional que marcaram seu nome como
corretíssimo e inspirado intérprete”.
O Seresteiro canta
O Seresteiro canta
Data também
deste período o início do programa que mais tempo levou no rádio: “O Seresteiro
Canta”, apresentado primeiramente no período noturno pela Rádio Difusora e mais
tarde, tradicionalmente aos domingos a partir do meio-dia, com grande audiência
nos lares da Laguna e em todo o sul catarinense.
Almoçando aos domingos com música
Almoçando aos domingos com música
Mais tarde o
radialista João Manoel Vicente apresentou durante muitos anos este programa
pela Rádio Garibaldi aos domingos a partir do meio-dia.
Rara era a família lagunense que aos domingos não almoçava aos acordes do violão e da voz de Manoel Silva irradiados pelo aparelho de rádio postado na cozinha.
Manoel Silva
dizia que tinha sido influenciado pelos grandes músicos e cantores. Era fã de
Gilberto Alves, Orlando Silva, Cyro Monteiro, Sílvio Caldas e Lupicínio
Rodrigues.
Rara era a família lagunense que aos domingos não almoçava aos acordes do violão e da voz de Manoel Silva irradiados pelo aparelho de rádio postado na cozinha.
Se alguém passasse pelas ruas da Laguna neste horário ouviria
praticamente todos os aparelhos das casas sintonizados neste programa,
tradicional e de absoluta audiência.
E ligados nele ficávamos sabendo de aniversários, nascimentos, falecimentos, bodas disso e daquilo e o famosos "oferecimentos musicais".
Parece que a maionese, a galinha ensopada, o molho, o
macarrão, a farofa, o churrasco e até a salada ficavam mais saborosos ao som da voz do nosso
seresteiro Manoel.E ligados nele ficávamos sabendo de aniversários, nascimentos, falecimentos, bodas disso e daquilo e o famosos "oferecimentos musicais".
Anúncio do Programa "O Seresteiro canta", no jornal Semanário de Notícias. |
“Eu adorava
Silvio Caldas e, principalmente, Gilberto Alves. Minha voz era afinada com a
dele”.
“Era uma vida
de boêmia, mas
uma boêmia sadia, sem vícios, de alegria, de arte, da boa música para nosso
deleite e do público”, finalizava o seresteiro que deixou saudades em quem o conheceu.
Nome
de Troféu e Tema de Escola de Samba
Manoel Silva, sua voz e seu violão. |
Suas
interpretações das canções "Gente Humilde", "Maria Helena",
"Perfídia", "Sabes que te Quero" ("Sabrás que te
quiero"), "Coimbra" e "Barracão", até hoje são
lembradas pelos mais saudosistas.
O músico Afonso Prates da Silva também muito o acompanhou pelo
estado em apresentações.
Funcionário primeiramente do Ginásio Lagunense depois Conjunto Educacional Almirante Lamego (Ceal), e do Colégio Comercial Lagunense (CCL), Manoel Silva era
casado com Leda Veiga Silva, com quem teve os filhos Adolfo Pedro, Izabel e Aimara. Uma família orgulhosa da carreira musical do marido e pai.
Em 1993, ainda em vida, Manoel
Silva foi tema da Escola de Samba Mocidade Independente, de nossa cidade. O homenageado desfilou num carro alegórico que representava o palco da Rádio Difusora. Na pista, sambando em sua homenagem, a esposa, filhos, netos e sobrinhos.
Em 2010 o Troféu
do 3º Concurso de Marchinhas de Carnaval, promoção do Bloco da Pracinha e
Prefeitura da Laguna recebeu o seu nome.
Manoel Silva
faleceu em 29 de abril de 2002, mas sua voz e seu violão têm o reconhecimento
pelo seu talento, por sua obra sempre presente na memória de quem a apreciou.
Foi embora o Manoel levando no bolso, colocado por familiares e enrolado em um lenço branco, um passarinho companheiro seu chamado "Amigo" que, coincidência ou não, também morreu no mesmo dia do seresteiro.
Foram os dois juntos cantar em outras paragens, trinar melodias e acordes, alegrando os anjos no mundo espiritual do eterno.
Manoel Silva acompanhado de Luiz Alberto Gariba nos arranjos e teclados gravou algumas canções, preservadas carinhosamente pelo seu filho Adolfo Pedro Veiga da Silva.
Eis uma delas, "Maria Helena", de Lorenzo
Barcelata, com versão de Haroldo Barbosa. Uma recordação preservada e um
resgate histórico da voz do Seresteiro Canta, de presente para os nossos
leitores:
Foi embora o Manoel levando no bolso, colocado por familiares e enrolado em um lenço branco, um passarinho companheiro seu chamado "Amigo" que, coincidência ou não, também morreu no mesmo dia do seresteiro.
Foram os dois juntos cantar em outras paragens, trinar melodias e acordes, alegrando os anjos no mundo espiritual do eterno.
Manoel Silva acompanhado de Luiz Alberto Gariba nos arranjos e teclados gravou algumas canções, preservadas carinhosamente pelo seu filho Adolfo Pedro Veiga da Silva.