Ele era um
jovem lagunense aqui nascido em 1923. Em nossa cidade cursou seus primeiros anos
escolares e fez muitos amigos com seu carisma e educação.
Depois passou a morar em
Curitiba, onde foram residir seus pais.
Cedo realizou seu maior sonho, tornando-se piloto da aviação brasileira.
Quem foi o
tenente Tito Teixeira de Castro que faleceu aos 25 anos, recém-casado, vítima
de acidente aéreo?
Tito Teixeira
de Castro era filho da lagunense Ana (d. Nininha) Teixeira de Castro e do
lageano Euthálio Cyro de Castro. Casaram-se em 1920 em nossa cidade e nos anos
seguintes nasceram os filhos Djalma, Sarita, Tito Castro e Vanda.
Seu pai veio
transferido para Laguna em meados da década de 1910, como escriturário do Porto
de nossa cidade, funcionário que era do então Departamento Nacional de Portos e
Navegação.
Logo Euthalio
se enturmou em nossa sociedade, fazendo inúmeras amizades. Foi secretário do
Clube Blondin em várias gestões, da Banda Musical União dos Artistas (1927-1928) e do
Clube Tiro de Guerra 137. Foi membro da comissão em prol da construção do Asilo de
Mendicidade Santa Isabel (1934) que tinha em Joana Mussi a maior baluarte.
O filho Tito
Castro estudou no Grupo Escolar Jerônimo Coelho, Colégio Stella Maris e os
primeiros anos no Ginásio Lagunense.
Em fins da
década de 1930 seu pai foi transferido para o porto de Itajaí e pouco depois
para o de Paranaguá, com a família passando a residir em Curitiba.
Tito foi
estudar no Ginásio (hoje Escola de Ensino Fundamental) Belmiro César daquela
capital.
Com a 2ª
Guerra, o jovem Tito Castro, em meados de 1943, se apresentou ao Exército
Brasileiro e seguiu para o Rio de Janeiro. Após a aprovação em várias etapas
seguiu, com bolsa de aperfeiçoamento, para os Estados Unidos onde foi brevetado
com distinção por escola de aviação daquele país. De regresso ao Brasil foi
lotado como tenente-aviador na 5ª Base Aérea de Curitiba (PR).
Em 1945 esteve com seu avião na terra natal
Em março de
1945 o jornal O Albor noticiou que
Tito Castro esteve na Laguna no dia 1º do mês pilotando avião da Base Aérea de
Curitiba. Estava acompanhado por um engenheiro civil contratado pela
Base daquela capital para escolher o melhor local para construção de um campo
de aviação (um pequeno aeroporto) em nossa cidade.
Escolhido o local foi ele,
seis anos depois, oficialmente inaugurado em 22 de julho de 1951, na ainda
desértica região da Praia do Mar Grosso.
O tenente-aviador Tito Castro (à direita) quando esteve na Laguna em março de 1945. |
Quando da
visita, Tito Castro foi recebido pelos seus inúmeros jovens colegas e amigos de
seu pai com um coquetel no Clube Blondin. Foi muito cumprimentado pela carreira
que abraçou. À ocasião, discursou o médico Paulo Carneiro, presidente do Clube
e grande amigo de seu pai, que reiterou a sinceridade da homenagem ao aviador
lagunense.
Casamento
Em 11 de março
de 1948 Tito Castro casou-se com Suzana Aguirre de Castro. A bela cerimônia foi
realizada na Catedral Metropolitana de Curitiba.
Quatro meses depois, o acidente fatal
Manhã de primavera, sábado, 9 de outubro de 1948, quando o monomotor biplano “Bechkraff” começava a alçar voo
na Base Aérea de Curitiba. Era para ser uma simples operação experimental, em
observação de técnicas de funcionamento.
Cerca de 30
metros de altura o motor do avião entrou em pane e logo a seguir a aeronave espatifou-se
contra o solo, incendiando-se.
O lagunense tenente-aviador Tito Teixeira de Castro, 25 anos, comandante do aparelho e o 3º
sargento José Antônio Milano, 26 anos, faleceram instantaneamente.
Ficaram
feridos o 2º sargento Orestes Carmargo (33 anos) e os 3ºs sargentos Casemiro
Karmann Filho (27 anos) e Angelo Miranda Caldeira (26 anos).
Os corpos de
Castro e Milano foram sepultados com honras militares na tarde do mesmo dia no cemitério municipal.
Manchete do jornal paranaense O Dia de 10/10/1948. |
O jornal
estadual do Paraná O Dia registrou:
“A morte
desses dois moços foi grandemente sentida nesta capital, onde souberam granjear
a simpatia e amizade de grande número de pessoas que os admiravam, pelos seus
dotes de coração e caráter”.
De Tito Castro
seus amigos da Base Aérea assim afirmaram:
“Era um dos
melhores da Base Aérea. Bom e leal companheiro possuía as qualidades que se
pode exigir de um companheiro de armas”.
Já o lagunense
capitão Oscar Aires de Souza assim se expressou pelas páginas do nosso jornal O Albor:
“Quando
cheguei a Curitiba para servir na Base Aérea, com aquele sorriso acolhedor,
Tito cumprimentou-me e manifestou a sua alegria por ser eu também um lagunense.
Dai por diante
começou nossa amizade que cada vez mais se robustecia, ao notar não só suas
qualidades profissionais, como a sua esmerada educação e seu caráter bem
formado. Do comandante até o último soldado todos o estimavam”.
Homenagens póstumas
Em solenidade
acontecida em 19 de novembro daquele ano na Base Aérea de Curitiba, em
juramento à Bandeira Nacional pelos novos recrutas da Força Aérea Brasileira,
foram entregues medalhas e condecorações a vários oficiais, suboficiais e
sargentos da Aeronáutica.
Nessa ocasião
foi entregue aos familiares de Tito Castro, a Cruz de Guerra da Aviação, com
palma e significado de Mérito.
Em 2 de
fevereiro de 1950 o modesto hangar pertencente ao então juiz de Direito (mais
tarde desembargador) Newton Varella (ele também lagunense e piloto), situado no
Campo de Aviação (aeroporto) da Laguna, no Mar Grosso, recebeu o nome de Tito
Castro.
À ocasião, Divo Guimarães Teixeira, avô do homenageado, descortinou uma
fotografia do piloto lagunense tão prematuramente falecido.
Em 1951 Tito
Teixeira de Castro foi homenageado na Laguna com nome de via pública no bairro
Mar Grosso (hoje a rua pertence ao bairro Navegantes), em decreto assinado pelo prefeito e médico Paulo Carneiro.
Tito Castro
foi igualmente homenageado com nome de rua no bairro Boqueirão, em Curitiba.
Bravo, Valmir! E a nossa história segue sendo revelada por ti na figura de lagunenses destacados. Parabéns. Abraço
ResponderExcluirMaravilha. Desconhecia quem era
ResponderExcluirOs nomes soam todos familiares, mas não lembro se conheci os familiares do personagem da nossa história.
ResponderExcluirValmir, tá na hora de reunir em livro essas histórias. Parabéns. Não conhecia a história de Tito Castro. Quantas personalidades Laguna teve.
ResponderExcluirConheci mais um pedacinho da história de Laguna e seu povo!
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