Há alguns
meses em post aqui publicado, abordei
a filial da empresa Nipo Brasileira na Laguna nas décadas de 1970/80.
Hoje trago
outra empresa sempre lembrada por nossos antepassados e que contribuiu durante
mais de trinta anos para o desenvolvimento socioeconômico de toda a nossa região, gerando empregos
e rendas.
É uma amostra da pujança econômica da Laguna em seu melhores dias.
Em meados da
década de 1930 instalou-se na Laguna, vinda do Rio Grande do Sul, a Indústria
Pedone & Irmão, de propriedade de Francisco Pedone. Ela já existia no vizinho
estado, mas trocou de ramo ao aqui se instalar e a de lá fechar.
A fábrica passou a produzir enlatados e palmitos em conserva, doces de variadas frutas,
além de vinho de laranja.
Mas seu
produto principal e de maior sucesso, além do palmito, era o camarão seco
salgado que logo se tornou o carro-chefe da empresa. Os executivos de hoje
diriam em inglês, o flagship.
Francisco
Pedone trouxe para auxiliá-lo, em diferentes momentos, seus irmãos-sócios,
filhos e sobrinhos. Alguns deles aqui constituirão famílias.
A indústria
durante muitos anos foi uma das mais pujantes de nossa cidade. Empregava
diretamente cerca de cem pessoas quando das safras.
Já os empregos
indiretos eram bem maiores porque a empresa comprava toda a sua matéria prima
de produtores rurais e pescadores de nossa região.
O pescado,
principalmente o camarão, era trazido em canoas pelos próprios pescadores que
atracavam em uma pequena doca e trapiche localizados na parte dos fundos da
indústria e ali descarregado, sem intermediários.
Na confecção, em suas próprias instalações, das embalagens feitas de folhas de flandres, trabalhava
Walter Madruga, técnico especializado em latoaria.
Tecnologia e grandes mercados
A Indústria
Pedone era a mais aparelhada da região sul, possuindo tanques de lavagem,
salgas, frigoríficos, seção de enlatamento e encaixotamento.
Seus principais
mercados consumidores eram o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo,
utilizando-se como meio de transporte o marítimo, aéreo e também o rodoviário,
através de caminhões da Empresa Transportadora Lagunense, de sua propriedade.
No inverno,
quando decaía a pesca de camarão, aumentava-se a produção do palmito em
conserva, cuja coleta era feita nas encostas dos morros de toda a região sul.
A empresa vai
funcionar até os últimos anos da década de 1960, quando encerrou suas
atividades, deixando uma marca até hoje lembrada graças à visão empresarial de
um homem que investiu em nossa terra e que colaborou sobremaneira para o seu
desenvolvimento.
A não regularidade dos fornecedores dos produtos, principalmente do camarão e
palmito, além da pequena quantidade dessas matérias primas, que
dependiam de safras, podem ter contribuído e dificultado os planos de
desenvolvimento da indústria. Além do surgimento de outras empresas do mesmo
ramo na região.
Toda a área
onde ela se localizava foi vendida, passando por diversos proprietários.
Em 1975,
quando da inauguração do Monumento ao Tratado de Tordesilhas, ainda era
possível se avistar os prédios e a chaminé da indústria, obviamente já fechada,
ostentando o nome da empresa, como se pode observar na foto abaixo.
Instalações da Indústria Pedone, já desativadas, em 1975, quando da inauguração do Monumento ao Tratado de Tordesilhas, em primeiro plano. |
Logo depois,
imóvel arrendado, funcionou em suas instalações com grande sucesso entre a
juventude, a Boate New Yave, pertencente a um grupo de amigos radialistas de
nossa cidade.
Já na década de 1990 toda a área foi adquirida novamente e no terreno frontal foi erguido
o Shopping (hoje Centro Administrativo) Tordesilhas.
Para efeito de
localização, no exato local da indústria funcionou há bem pouco tempo a
secretaria Municipal de Saúde, evidentemente com várias alterações e
reformas em sua estrutura.
Por uma dessas incompreensíveis injustiças da Laguna, nem Francisco ou Mário Pedone, dois industriais que investiram aqui, foram homenageados com seus nomes em vias públicas da nossa cidade. Enquanto outros...
Genealogia
Para quem gosta de genealogia, como eu, algumas informações interessantes:
O industrial Chico
Pedone, como ficou conhecido carinhosamente em nosso meio, trouxe para
auxiliá-lo, em diferentes épocas, os filhos Francisco, Odorico e José (Juca)
Pedone.
Mais tarde
veio o sobrinho Mário Pedone e os genros Vitório e Alexandrino Bandarra. Como
encarregado geral, Alcides Bandarra. Com seus irmãos veio também a senhorita
Alice Bandarra.
Alguns anos
depois, em 1941, o industrial Chico Pedone teve uma grande perda pessoal por
causa do falecimento prematuro de sua esposa Antonieta.
Mais tarde vai
contrair novas núpcias com Leonor Flores ou dª Leonor Pedone como ficou
mais conhecida. Lembro que morava, já viúva, ali
no Largo do Rosário naquele sobrado à esquerda de quem sobe ao morro.
Francisco
Pedone faleceu em 1957 e quem passou a gerenciar a empresa foi seu sobrinho Mário
Pedone, de grande estima em nosso meio, inclusive exercendo a presidência do
Rotary Clube de nossa cidade. Casou com Eloá Magalhães e da união nasceu a futura
professora Terezinha Pedone Carneiro que casou com o advogado e também meu professor
no Ceal, Ronaldo Pinho Carneiro.
Alcides
Bandarra veio em 1948. Era casado com Laura Lopez e tiveram como filha Aydê,
casada com Jaime Oliveira, irmão, dentre outros, do ex-prefeito da Laguna Walmor de Oliveira.
Dª Alice Bandarra
vai casar com o lagunense Sílvio da Silva Barreiros e desta união nasceu Sidnei Bandarra Barreiros, advogado e futuro promotor público de Justiça e hoje
procurador aposentado do estado, casado com Maria Salete Folchini Barreiros.
PS: Agradeço ao estimado primo e amigo Sidnei Bandarra Barreiros. Com sua prodigiosa memória, obtive para esta pesquisa valiosas informações quanto a nomes de familiares e datas.
Olha o que Laguna já teve: indústrias.
ResponderExcluirQue show. Me emocionei aqui. Mário Pedone é meu bisavô e meu nome é em homenagem a ele. Não o conheci, mas só escutei coisas boas. Sabia que ele trabalhava con pescados mas não conhecia toda essa história e detalhes. Obrigado
ResponderExcluirQue saudades que deu da Vó Lulu (Eloá, minha bisa)
ResponderExcluirSabe, Valmir, muitos produtos da Industria Pedone, tive a satisfação de adquirir, no tempo tinha grande amizade com o "seu" Mário, Dona Eloá, e a Terezinha que me parece ainda está entre nós, casada com o Dr. Ronaldo Pinho Carneiro. Camarão der qualidade, palmito mesmo, naquele tempo ainda existia e sua comercialização era mais fácil, embalagens em vários tamanhos, peixe, tudo industrializado e embalado com higiene incontestável, hoje, nem mais a chaminé está ali. Carlos Araújo Horn
ResponderExcluirMe emocionei. Só lembranças boas dos meus avós queridos. Muita saudade.
ResponderExcluirImportante sua matéria sobre a Indústria Pedone, que foi construida por pessoas que acreditaram na Laguna, tendo esta empresa garantido o emprego e a renda de muitas pessoas que viviam praticamente da pesca do camarão. Como comentado, a qualidade e os preços competitivos permitiram por um bom tempo que a Laguna fosse mais conhecida e pudesse oferecer emprego para muitas pessoas. Também, o fato de diversas pessoas da família terem se mudado para nossa cidade, proporcionou que estes se integrassem a sociedade local... e seus descendentes passassem a ser pessoas que tão bem conhecemos.
ResponderExcluirAbraço do Adolfo Bez Filho - Joinville / SC.
Adorei saber um pouco mais da história da nossa família ❤️
ResponderExcluirMeu avô que não tive a honra e felicidade de conhecer, Alexandrino de Mattos Bandarra foi um grande homem da indústria Pedone!
ResponderExcluirTbem tive a grata felicidade de conhecer meu primo (tio) Sidnei Bandarra lá por 1986-87!!! Grande época!!
Saudações Enio Bandarra Filho