02 outubro 2025

Faleceu o engenheiro André Labanowski +

 

Faleceu na manhã de hoje em hospital de Florianópolis onde estava internado com insuficiência renal e pneumonia, o engenheiro André Labanowski, aos 80 anos, nascido em 12 de janeiro de 1945.

   Filho da professora de francês do Ginásio Lagunense Wanda Labanowski e de Vitoldo Labanowski.
Formou-se em engenharia civil pela UFSC e cedo ingressou por concurso na Companhia Catarinense de Águas e Saneamento-Casan, onde exerceu a Gerência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. Aposentou-se pela empresa.
Membro e ex-presidente da ABES/SC-Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental e da SAMAR-Sociedade Amigos do Mar Grosso. Foi da diretoria do Conselho de Engenharia e Agronomia de SC (CREA/SC).

Especialista em saneamento básico

Em 1988, no último ano da gestão do governo João Gualberto Pereira/Rogério Wendhausen, elaborou gratuitamente para prefeitura da Laguna, o projeto do emissário submarino (Bacia A) instalado na Praia do Mar Grosso e desativado em 2001.
Atuou como coordenador de barragens em Concórdia, no oeste catarinense.
Membro de equipes técnicas com atuação em planos municipais de saneamento básico para diversos municípios catarinenses, como Caxambu do Sul, Balneário Barra do Sul, Jardinópolis, Formosa do Sul, Calmon, Irati, Modelo, Itapema e Balneário Camboriú, entre outros.
Atuou na área de planejamento nas gestões dos prefeitos da Laguna Célio Antônio (2005-2012) e Mauro Candemil (2017-2020).
Era sócio com seu filho André Júnior na empresa Labanowski Serviços de Engenharia Ltda.

Apaixonado por Laguna

André Labanowski era um apaixonado por nossa terra natal, sempre buscando soluções para os problemas da Laguna.
Era presença assídua em seminários, fóruns e mesas redondas sobre os problemas do Rio Tubarão e Bacia Hidrográfica.
Colaborou durante muitos anos com escritos para meus jornais Tribuna Lagunense, Jornal da Trindade e Tribuna da Ilha, os dois últimos de Florianópolis.

André Labanowski em 2001 defronte a sua casa nos altos do bairro Trindade em Florianópolis, com um exemplar do Jornal da Trindade em que colaborava com importantes escritos.

Nas páginas abordava com muito conhecimento e inteligência os problemas hidrossanitários das duas cidades.
Em 24 de fevereiro de 2010 palestrou sobre o nosso porto na Câmara de Vereadores da Laguna numa audiência pública que contou com a participação do Procurador Federal Celso Três.

André Labanowski em 24 de fevereiro de 2010 na Câmara de Vereadores da Laguna quando de Audiência Pública sobre o Porto e Barra da Laguna. Foto: Everton Guedes

Utilizou recursos gráficos e de projeção (data-show) para abordar o problema da nossa barra. À ocasião entregou ao Procurador, um exemplar do meu livro “Porto da Laguna – A Luta de um Povo Traído”, que contém amplo material de pesquisa sobre o famigerado porto.

Nossos sentimentos aos familiares e amigos, em especial à esposa Érida Pinheiro Labanowski, aos filhos André Júnior, Mabel e Karinne, e a irmã Anne Claire Labanowski (Lála).
Velório acontece na Capela Vaticano no bairro Itacorubi, em Florianópolis, a partir das 18 horas desta quinta-feira (2/10). Corpo será cremado e as cinzas depositadas no jazigo de sua família no cemitério da Cruz, em nossa cidade. 

01 outubro 2025

Foto-Retrô

Agência do Besc na rua 13 de Maio. Foto: Valmir Guedes Júnior.

A foto acima, de 1987, mostra a Agência do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) quando situada na rua 13 de Maio, no centro da Laguna, térreo do Hotel Beira-Mar, defronte ao supermercado Angeloni.
A fila era imensa, certamente dia de pagamento com o pessoal aguardando o horário de abertura. Não faltava o tradicional carrinho de picolé. O Fiat 147 Spazio vermelho estacionado é bem provável que seja de Benito Remor que tinha imobiliária ali ao lado.
Esta agência foi inaugurada em nossa cidade em 28 de julho de 1980 pelo governador Jorge Konder Bornhausen.

Conhecidos funcionários e estagiários da Agência do Besc situada na rua 13 de Maio.

Em 1991 a agência passou a funcionar na rua XV de Novembro, em prédio próprio. Enfrentando problemas financeiros, o Besc  foi federalizado em 1999 e posteriormente, em 2008, incorporado pelo Banco do Brasil. 


24 setembro 2025

Foto-Retrô

 Candemil Futebol de Salão - Décadas de 1970/80

Candemil Futebol Clube - Futsal - Quando venceu o Ipuã F.C. e sagrou-se campeão em 1985 - Local: Ginásio de Esportes Bertholdo Werner, palco de célebres disputas que lotavam as arquibancadas nos campeonatos citadinos nos sábados à noite.

Em pé, da esquerda p/direita: Antônio Carlos (Araba) Candemil,  Genésio, Gil Ungaretti Neto, Antônio Luiz Coelho (Kbid), Marcos Faria Ferreira e Edmundo Ungaretti Branco.
Agachados: Erickson Silveira de Souza, Edson Silveira de Souza, Írio Moro, João Mattos e Marcos Aurélio (Leca) Barzan. Foto: Acervo Valmir Guedes Júnior



Faleceu Arnoldo Durval de Medeiros +

 
Faleceu nesta terça-feira (23) em nossa cidade, Arnoldo Durval de Medeiros, aos 78 anos.

Arnoldo Durval de Medeiros em 2012, sendo homenageado quando de sua aposentadoria na Rádio Difusora após 50 anos de serviços prestados. Foto: Rádio Difusora

Por mais de 50 anos Arnoldo foi técnico de transmissão, atuando na sonoplastia e responsável pela montagem de equipamentos da Rádio Difusora.
Era ele quem subia em postes puxando e esticando fios telefônicos, instalava cornetas e microfones e levava a maleta para as transmissões externas da emissora.
Ingressou ainda jovem no rádio, no início da década de 1960, levado pelo seu cunhado Wilfredo Silva que trabalhava no escritório, na redação e também aos microfones da Difusora.
E pela mesma emissora Arnoldo vai se aposentar em 2012, após 50 anos de serviços prestados. Deixa um legado na história do rádio lagunense.
Foi do Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa 3 de Maio, em gestões do presidente Jayson Vieira Domiciano, na década de 1990.
E atuou também no futebol lagunense, além de adorar uma pescaria. Nas horas de folga confeccionava tarrafas.
Filho da dª Maria (Mina) Guedes e de João Medeiros, casado com Adair Espíndola Medeiros, tradicionais moradores do bairro Magalhães, mais precisamente da rua João Henrique, a conhecida rua do Valo. Deixa os filhos Adriano, Alexandre e Júnior, netos e bisnetos.
O velório acontece nesta quarta-feira (24), na sala mortuária Cristal da Funerária Cristo Rei, a partir das 8h e sepultamento às 15 horas no Cemitério da Glória.
Sentimentos aos familiares e amigos.

23 setembro 2025

Faleceu o ex-vereador Francisco Sales Soares, o Chico do Xavante +

 

Faleceu em nossa cidade o lagunense, ex-vereador Francisco Sales Soares, o Chico do Xavante, aos 68 anos. Faria aniversário no próximo 9 de outubro.

Francisco Sales Soares em 1996 na sede do Xavante. Foto: Valmir Guedes Jr.

Presidiu a Taba Xavantina nos anos de 1995 a 1997 e foi seu presidente de carnaval de 1993 a 1997.
Fiz a foto acima em 1996 quando Chico assumiu mais um mandato na presidência da pioneira Xavante.
Foi um apaixonado pelo carnaval lagunense, de quem foi um dos baluartes, principalmente pela agremiação carnavalesca do bairro Magalhães onde levou toda sua família a participar. A filha Gisele Pavanate é Rainha de Bateria, o irmão Cristian o Mestre e Manuela componente.
Foi proprietário da empresa Sales Soares Empreiteira de Mão de Obra Ltda.
Foi cinco vezes candidato a vereança da Laguna. Eleições de 1988, 1992, 1996, 2016 e 2020. Sempre pelo MDB.
Na eleição de 3 de outubro de 1992 se elegeu vereador com 602 votos. Na última, de 2020 obteve 126 votos e posteriormente foi convocado como suplente.
Cerimônia de velório ocorre nesta terça-feira (23/09) a partir das 14h, na Sala Mortuária São Paulo, da Casa Funerária Gomsan, de onde sairá o féretro às 9h de quarta-feira (24/09) para o Cemitério da Cruz.
Sentimentos aos familiares e amigos.


22 setembro 2025

Crippa atravessa a rua para escorregar na casca de banana na outra calçada

 
Com o passar do tempo começamos a perceber a incrível tendência que o prefeito Peterson Crippa da Silva tem para cair em armadilhas políticas.
A casca de banana está na calçada do outro lado e o prefeito Crippa atravessa a rua para escorregar nela e levar o tombo.

Charge EdCarlos Cartunista/Agora Laguna 

O prefeito dá lenha pra fogueira, alimenta os tubarões (e alguns peixes-pilotos). Com isso o inimigo político se assanha, cresce e aparece.
Usando linguagem futebolística podemos dizer que Crippa bota a bola na marca do pênalti e diz para o jogador adversário: - chuta, não tem nem goleiro. 
Convenhamos leitor: É gol na certa.

Experiência política de sobra

Não é por falta de experiência no ramo, afinal foi criado em família política – avô, tio e primo políticos – e ele mesmo já transitou sempre por esse meio desde a juventude, amigo que foi lá em Florianópolis do João, o filho primogênito de Esperidião Amin.
Sem falar que Peterson Crippa exerceu cargos públicos. Foi adjunto da secretaria de Turismo na gestão de Célio Antônio (PT), suplente e vereador vitorioso, além de candidato à prefeitura da Laguna em duas oportunidades.
Experiência era para ter e de sobra, não podemos negar.
Mas o prefeito Crippa parece esquecer tudo que aprendeu e a todo o momento busca novos inimigos.
Como se já fossem poucos os tradicionais oponentes na política aqui na terrinha, os que estão sempre prontos a lhe puxar o tapete porque derrotados em eleições passadas.
Pois agora, além desses, buscou lá fora novos adversários entre filiados e parlamentares do seu próprio partido, o PL. 
Precisa disso? Pra que isso? É desgaste desnecessário.
E sobre a escolha de nomes à esquerda para cargos na prefeitura já havia alertado aqui neste Blog nos primeiros dias da gestão. 
Essa esquerdização com o passar dos meses só aumentou, decepcionando muitos eleitores que votaram no 22.

Adianta conselhos?

E parece de nada adiantar os amigos, familiares e alguns poucos e sinceros assessores o aconselharem. Alguns até gritam alertas de PERIGO! PERIGO! como fazia o robô da série Perdidos no Espaço.
 Ele não vê o sinal vermelho, ignora todos os bons conselheiros e – teimoso – cai na armadilha e se estatela no chão.
Bem. Para toda ação existe uma reação. Não é o que diz a inexorável lei que aprendemos na vida? Colhe-se o que se planta.
Peterson Crippa parece não entender que o momento da campanha eleitoral já passou e que queixas e críticas ao passado são vistas como ultrapassadas. Para isso se votou por mudanças.
De que adianta ficar relembrando fatos e feridas pretéritas? O vitimismo cansa.
A hora é de diálogo, de administrar, trabalhar, somar, buscar apoios, soluções para os problemas e recursos para o nosso município. 
É o que espera a população e principalmente os 12.046 eleitores que depositaram nas urnas suas esperanças.

Laguna está atrasada

Laguna tem pressa, está atrasada em muitas áreas e por incrível que pareça ainda estamos discutindo e buscando resolver problemas básicos. E são 349 anos de fundação!
Outros municípios mais novos e até menores que o nosso estão se adiantando, nos ultrapassando. Parabéns para eles.
Não vemos nem ouvimos nesses locais vizinhos essas rusgas, esse disse me disse, essas picuinhas que a todo o momento são criadas em nossa cidade. 
Por fim, não fica bem para o prefeito, nem para a nossa cidade entrar em brigas via redes sociais ou através de microfones de rádios com ampla repercussão negativa na mídia de todo o estado.
A verdade é que são desavenças que prejudicam tão somente a nossa Laguna e sua população.

19 setembro 2025

Jornalista, secretário e prefeito da Laguna. Quem foi Zeca Freitas?

 
Lagunense, filho de professora, jornalista, fundador de jornal, colaborador de vários órgãos de imprensa, entre eles O Albor. Jovem ainda, se tornou secretário geral da prefeitura da Laguna, cargo que exerceu por décadas, atravessando gestões. Assumiu como prefeito em várias ocasiões. Na época não havia o cargo de vice-prefeito.
José Duarte Freitas é seu nome, mais conhecido como Zeca Freitas, um intelectual que se destacou na sociedade lagunense e bem por isso merece sempre ser lembrado.
 
O lagunense José Duarte Freitas nasceu em 29 de novembro de 1905, filho de Victor Francisco Freitas e Honorata Duarte Freitas. O casal teve mais um filho, João Duarte Freitas.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, jornalista, secretário e prefeito da Laguna. Acervo: Valmir Guedes Júnior.

Quando José Duarte Freitas foi matriculado no então Grupo Escolar Jerônimo Coelho em 1912, ano da inauguração deste estabelecimento escolar, já era alfabetizado na escola particular de sua progenitora situada na rua Voluntário Carpes, na mesma casa onde Zeca Freitas vai residir até o seu falecimento.
Bem cedo José Freitas demonstrou sua inteligência, cursando com brilhantismo as três séries da Escola Complementar.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, ainda jovem, provavelmente na década de 1930/40. Foto: Álbum de família de Irene Vieira Souza.

Em seguida foi contratado como escriturário na Companhia Carbonífera de Araranguá-CBCA, cidade onde passou a residir.
Em 30 de novembro de 1930 foi nomeado secretário-geral da prefeitura da Laguna, com o Brasil já sob o comando da Revolução de 1930, que tinha em Aristiano Ramos como interventor federal no estado de Santa Catarina.
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Jornal lagunense A Gazeta de 23 de março de 1930, com José Freitas de Redator-Secretário.

Foi redator-secretário dos jornais lagunenses A Gazeta, de propriedade de Claribalte Galvão; Sul do Estado, de Pompilio Pereira Bento e jornal O Albor, de Antônio Bessa. Neste último vai atravessar décadas como colaborador, escrevendo crônicas até as últimas edições do jornal em 1965.
Em 1933 foi secretário do Partido Liberal em nossa cidade e em 1934 Diretor-Responsável do Jornal A Vanguarda, órgão de imprensa porta voz desse partido na Laguna.

Expediente do 1º número do jornal A Vanguarda, de 7 de setembro de 1934. Diretor- Responsável José Freitas.

Convidado pelo governo do estado, durante curto período foi redator da Imprensa Oficial de Santa Catarina.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, terno escuro ainda jovem no centro da foto. Registro feito provavelmente na década de 1930/40. Aldo Bortoluzzi Souza (à direita, de óculos). De terno claro e de polainas (?). Foto: Álbum de família de Irene Vieira Souza.

No período que residiu na capital do estado, Zeca Freitas escreveu semanalmente uma coluna para o jornal Diário da Tarde.
Com a posse do prefeito lagunense Giocondo Tasso em 22 de abril de 1933, retorna ao cargo de secretário na prefeitura na gestão de Tasso até 1945.

Edital publicado no jornal O Albor de 8 de maio de 1938, Giocondo Tasso como prefeito e José Duarte Freitas como secretário.

E continuou na mesma função nos anos seguintes, gestões de Alberto Crippa, Walmor de Oliveira e nas duas administrações de Paulo Carneiro, assumindo em várias ocasiões a titularidade da prefeitura, já que não havia na época o cargo de vice-prefeito.

Uma lei publicada no jornal O Albor de 27 de maio de 1950 com Alberto Crippa prefeito e José Duarte Freitas como secretário.


Edital publicado no jornal O Albor de 24 de janeiro de 1959. Walmor de Oliveira como prefeito e José Duarte Freitas secretário.

Em 28 de janeiro de 1959 com a renúncia de Walmor de Oliveira do cargo de prefeito por ter sido eleito deputado estadual em 3 de outubro do ano anterior, José Duarte Freitas assumiu mais uma vez a prefeitura, agora eleito indiretamente e por unanimidade pela Câmara de vereadores, com apoio dos três partidos que compunham a Casa Legislativa: PSD, PTB e PSP.

Edital publicado no Jornal O Albor de 14 de março de 1959, com José Duarte Freitas como prefeito da Laguna.

Seu mandato tampão vai de 28 de janeiro de 1959 a 31 de janeiro de 1961, quando assume o prefeito eleito médico Paulo Carneiro. 
Duarte Freitas continua exercendo o cargo de secretário da prefeitura por mais alguns anos, até sua aposentadoria.

Edital publicado no jornal O Albor de 11 de março de 1961, tendo o médico Paulo Carneiro como prefeito e José Duarte Freitas secretário Geral da Prefeitura da Laguna.

Foram mais de trinta anos servindo à prefeitura, à imprensa lagunense e a terra que o viu nascer.
Em 15 de abril de 1939 casou-se com Gilete dos Anjos Freitas, nascida no Parobé e que durante toda a sua vida praticou a filantropia. Tiveram uma filha de coração, a Rachel, também já falecida.
Na década de 1950 José Duarte Freitas foi secretário do Clube Congresso Lagunense, onde organizou torneios de xadrez que marcaram época.

"Poeta de maravilhoso estilo"

Quem o conheceu ressalta seu grande coração, sua bondade, mostrando-se humano em todas as oportunidades, jamais deixando de socorrer a quem o procurasse.
Maestro Agenor Bessa em um de seus escritos, disse: 

 “O cidadão José Duarte Freitas foi um grande jornalista, um poeta de maravilhoso estilo, e seu brilho como literato teria muito maior reflexo houvesse ele procurado viver num meio mais desenvolvido onde pudesse dar maior expansão a sua inteligência”.

Escrevendo à mesa do Café Tupy

A primeira vez que vi José Duarte Freitas ele estava sozinho, de terno escuro, em uma das mesas com tampa de mármore do icônico Café Tupy. E, compenetrado, escrevia.
Foi no começo da década de 1970, tinha eu uns 11, 12 anos e acompanhado do meu pai, perguntei, curioso, quem era aquele senhor. Me respondeu tratar-se do jornalista Zeca Freitas, um intelectual lagunense, inteligente e educado e que escrevia uma crônica semanal para a Rádio Difusora.
Aquela imagem nunca mais saiu da minha mente. Era a primeira vez que vi um jornalista ao vivo. Me pareceu fazer um jornalismo romântico, quixotesco, como um paladino da justiça.
A mesma imagem vai se repetir anos depois, inúmeras vezes e em muitas outras mesas. Mas aí o personagem principal já será o jornalista Richard Calil Bulos, o Xaxá e estarei sentado ao seu lado, aprendendo e também escrevendo. 
Mas isso já é outra história.

Falecimento e homenagem com nome de rua

José Duarte Freitas ficou anos enfermo e faleceu aos 73 anos em 20 de dezembro de 1978.
Três dias depois, Silvio S. Silveira em sua coluna Opinião do jornal Semanário de Notícias de 23 de dezembro assim se expressou: 

“Por muitos anos fora admirável colaborador da imprensa falada e escrita lagunense, assim como soube desempenhar, com raro desvelo, uma das principais secretarias do Paço Municipal. Foi também prefeito, oportunidade em que recebeu dos seus munícipes o respeito e a admiração destinados aos homens de bem.
Ao seu funeral compareceu grande número de amigos e pessoas de suas relações, assim como fizeram presença, também, lagunenses de poucos recursos, aos quais o falecido, em vida, soube estender suas agitadas, porém benditas, mãos.
Perde Laguna, assim, mais um dos seus filhos que tão gloriosamente a souberam notabilizar”.

Em 30 de novembro de 1982, através da Lei nº 35/82, na gestão do prefeito Mário José Remor/João Gualberto Pereira, o jornalista José Duarte Freitas foi homenageado com nome de uma pequena via pública no bairro Cabeçuda.

17 setembro 2025

Morre Terson dos Santos, Rei Momo do Carnaval lagunense por mais de duas décadas

 
Faleceu Terson Ubirajara Menezes dos Santos, aos 76 anos, Rei Momo do carnaval lagunense por mais de duas décadas.
Velório acontece nesta quinta-feira (18) das 8h às 15h na sala mortuária Pérola da Funerária Cristo Rei, com cortejo logo após para o Crematório São Mateus, em Capivari de Baixo.
Sentimentos aos familiares e amigos.
 

Terson Ubirajara Menezes dos Santos, Rei Momo do carnaval lagunense por mais de vinte anos. Carnaval de 1998. Foto: Valmir Guedes Júnior


Natural do Rio Grande do Sul, torcedor do Internacional, Terson Ubirajara Menezes dos Santos veio para Laguna em meados da década de 1970.
Foi casado com Ana Maria Silveira e da união nasceram os filhos Rodrigo, Anamares, Tatiana e Pedro Paulo.
De fácil trato, boa conversa, Terson logo conquistou inúmeras amizades, passando a residir no bairro Magalhães.
Com sua experiência profissional em escritório e contabilidade, tendo trabalhado em estabelecimento bancário, logo foi contratado pela Zilmar Indústria e Comércio de Arroz S.A.
Já na gestão do prefeito Mário José Remor (1977-1982) começou a trabalhar na prefeitura no departamento de tributos e fiscalização. Vai se aposentar como servidor público da administração municipal no início da década de 2000.
Foi tesoureiro do Sindicato dos Servidores Públicos do Município da Laguna em várias gestões.
De 1978 a 2001 foi Rei Momo do carnaval lagunense, sempre conduzindo com maestria o cetro e a coroa. Com seus mais de 170 quilos e 1m83cm de altura, encarnou como ninguém a figura rechonchuda da mitologia grega.
A partir de 2002 o Rei Momo passou a ser Anderson Passos da Rocha, o Rochinha.
Terson fez par com inúmeras rainhas do carnaval lagunense a quem sempre soube conduzir com respeito, educação e samba no pé. 
Lembro de alguns nomes: Jane Ungaretti, Michelle (1995), Gisele Barreiros (1996), Gisele  Pavanatti Soares (1998), Daniela Souza Sebastião (2000) e Kelly Caroline Dornelles (2001).

16 setembro 2025

Nos tempos do chuvisco na Laguna

      Jornal Agora Laguna, em sua valiosa seção Retalhos Históricos da Laguna, traz em sua edição de nº 31, de 11 de setembro de 2025, importante recuperação histórica dos tempos em que os primeiros sinais de televisão chegaram em nossa cidade.

O técnico de rádios e televisores Valmir Guedes em sua oficina na Laguna em 1974. Foto: Loureiro Pacheco Lapa. Acervo: Álbum de família/Jornal Agora Laguna edição nº 31 de 11 de setembro de 2025.


A matéria traz uma foto feita em 1974 por meu tio-materno fotógrafo Loureiro Pacheco Lapa, vendo-se meu pai Valmir Guedes postado em sua oficina de consertos de rádios e televisores, situada na rua 13 de maio esquina com a então Praça da Bandeira (hoje República Juliana), palco de muitas lembranças de toda uma infância e juventude.
Meu pai sempre lembrava que os primeiros aparelhos de TV em nossa cidade foram adquiridos no comércio de Porto Alegre pelo farmacêutico Cid Cecconi Costa (Farmácia Santo Antônio) e pelo comerciante Salun Jorge Nacif. Marca Admiral. Custavam uma fortuna, no início.

As antenas "espinhas-de-peixe"

Meu pai logo foi chamado para ajustar as válvulas nos soquetes. Os aparelhos da capital gaúcha chegaram aqui todos desregulados. 
As antenas eram montadas na ponta de dois canos de ferro emendados e soldados pelo seu Itamar "Pilão" ou seu Camilo, ali na Roseta (hoje bairro Progresso). Mas havia quem usasse altos e prosaicos bambus.
A partir de 1965, com enormes antenas chamadas “espinhas-de-peixe” e as primeiras repetidoras instaladas captando o sinal da TV Piratini Canal 5, retransmitindo a Tupi dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, a novidade da televisão chegou na Laguna e virou uma “coqueluche”, como então se dizia na gíria da época.

Marcas de televisores e os desenhos e séries

Algumas marcas de aparelhos de TV daqueles tempos: Semp, Invictus, Empire Bonanza, Colorado RQ (Reserva de Qualidade), TV ABC Canarinho - A voz de ouro, Teleotto, GE Máscara Negra, Admiral e Telefunken.
Logo surgiu a figura do televizinho. Mas as imagens eram horríveis, em preto & branco e cheias de chuviscos.
Mas quantos desenhos! Tom & Jerry, Os Flintstones, Manda-Chuva, Pernalonga, Os Jetsons, Popeye, Tartaruga Touché, O Papa-Léguas, Zé Colmeia, Pepe Legal, Olho Vivo e Faro Fino, Corrida Maluca com o Dick Vigarista e o Muttley, Scooby-Doo Cadê Você e Jonny Quest. 
as séries: Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, Jornada nas Estrelas, Terra de Gigantes, Vigilante Rodoviário, Batman, Rin-Tin-Tin, Agente 86, Zorro, Daniel Boone, Túnel do Tempo, A Feiticeira, Jeannie é um Gênio...

Aparelho Colorado RQ (Reserva de Qualidade) com pés de palito, assoalho encerado.

Foi num aparelho de TV marca Empire Bonanza, pés de palitos, tipo o Colorado RQ da foto acima, e que meu pai levou dois meses para sozinho montar, que assisti ao homem pisar na lua em 20 de julho de 1969. Neil Armstrong, seus pulinhos e pegada da bota na areia. Imagens icônicas que entraram para a história da humanidade.

Publicidade do Televisor Empire


           Foi um acontecimento que marcou toda uma geração, principalmente nós que ainda éramos crianças. 
     E a pequena sala lá de casa, na rua Voluntário Benevides, na subida para o Morro da Glória ficou lotada de amiguinhos para presenciar as históricas imagens.
Muitos nem acreditando no que viam. Bem, alguns duvidam até hoje.

Instalação e manutenção das repetidoras

Não podemos esquecer de pioneiros que colaboraram para que o sonho lagunense da instalação de repetidoras de TV se tornasse realidade.
Saudoso Carlos Cordeiro Horn, que sabia tudo de eletrônica e todo o pessoal da Associação Comercial, entre eles Mário José Remor e do Rotary Clube da Laguna da época. Campanha para arrecadação de fundos foi efetuada.
Foi uma luta a instalação e manutenção das repetidoras lá nos altos do Morro da Glória. Nas noites de chuva e do tradicional vento nordeste jogando maresia e salitre o sistema pifava constantemente. 
Ou faltava energia elétrica, o que era comum na época, e tudo desligava e era preciso lá subir para religar o sistema. Quando faltava o sinal era um Deus-nos-acuda de reclamações.
 Muitas vezes meu pai e o técnico Antônio Manoel dos Santos (Antônio do Doca), acompanharam Carlos Cordeiro Horn aos altos do Morro. Usavam um jipe cedido pela prefeitura ou um fusca do próprio Mário José Remor, à noite, com chuva e vento. 
Paulinho Remor, irmão de Mário, mais jovem e ágil era o escolhido democraticamente e perigosamente para subir nas torres.

Pioneiras lojas de televisores  e as novelas

As pioneiras lojas lagunenses a comercializarem aparelhos de TV foram a M. J. Remor e a Galeria Gigante. Lojas Fretta logo a seguir também passou a vender os aparelhos.
Meu pai era o técnico contratado da primeira loja e o jovem Lourival Tomaz Antônio se desdobrava nas vendas na Galeria Gigante. 
Depois veio o sinal da TV Gaúcha, canal 12, retransmitindo a programação da TV Globo. 
E as novelas? Ahh... as novelas. 
Direito de Nascer, Beto Rockfeller, O Bofe, Antônio Maria, Simplesmente Maria, Meu Pé de Laranja Lima, Selva de Pedra, Cavalo de Aço, Escrava Isaura, O Bem Amado, Irmãos Coragem, O Astro (E a pergunta que não queria calar: Quem matou Salomão Hayalla?)... 
E os programas? Flávio Cavalcanti e seu bordão: Um Instante Maestro!, J. Silvestre e "O Céu é o Limite", Família Trapo, A Praça é Nossa, com Manoel de Nóbrega. 
E o Ringue Doze, também chamado telecatch, favorito da rapaziada, com suas lutas livres de golpes ensaiados. 
Mas a gente, ingênuo, acreditava nas cenas. Para nós eles eram heróis e vilões se digladiando. E eles existiam, acreditem.
A voadora e a tesoura do Ted Boy Marino (hoje diríamos que ele era do bem) no Barba Roxa ou no El Duende (os dois do mal). Leopardo, Fantomas, La Múmia, Verdugo... 
Família reunida, todo mundo na sala, sentados nos sofás, olhos vidrados e hipnotizados nas cenas das telas de tubos de aparelhos valvulados.

No Blondin um televisor sobre duas mesas

Lembro-me do primeiro televisor com transmissão de imagens em cores na Laguna. Foi colocado sobre duas mesas sobrepostas no Clube Blondin para os jogos da Copa da Independência ou Mini Copa, como também foi denominada, em 1972. Cadeiras espalhadas, salão lotado. Uma festa.
A seleção brasileira na final ganhou de Portugal por 1 X 0, gol de Jairzinho aos 44 minutos do segundo tempo. Haja coração, como diria Galvão Bueno anos depois. 
Todo mundo saiu pra rua, Praça Vidal Ramos e Jardim Calheiros da Graça para comemorar.
Quem não podia comprar o aparelho que custava três vezes mais do que o que captava as imagens em preto & branco, disfarçava com um plástico colorido, degradê, instalado defronte à tela. 
Alguém lembra disso? Uma empulhação. Mas vendeu muito esse acessório. O inventor ficou rico.

Mas a história da chegada dos sinais de televisão em nossa cidade é longa. 
O jornal Agora Laguna, através do jovem jornalista Luiz Cláudio Abreu, uma alma antiga apaixonado por histórias e memórias, vai contar mais um pouco nos próximos dias, inclusive com entrevistas e um documentário com audiovisual caprichado.

06 setembro 2025

A Vila da Laguna em 1822 parabenizou D. Pedro pelo “Dia do Fico”

         
Meses antes da Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822, vereadores da Laguna parabenizaram Dom Pedro pelo Dia do Fico.
 
Foi em 9 de janeiro de 1822, como aprendemos nos livros, que o então Príncipe Regente D. Pedro declarou publicamente que permaneceria no Brasil, desafiando a ordem da Corte Portuguesa  que exigia seu retorno a Portugal. O Dia do Fico, como ficou conhecido, foi um  acontecimento que entrou para o calendário da nossa história.
Já com o título de Dom Pedro I será aclamado como primeiro Imperador do Brasil em 12 de outubro de 1822.
   Dia do Fico em 9 de janeiro de 1822. Dom Pedro aclamado no Paço Real no Rio de Janeiro pela decisão de ficar no Brasil. Pintura J. B. Debret
A famosa frase pronunciada da sacada do Paço Real, depois Paço Imperial após a Independência, deu nome ao evento: Dia do Fico.
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”. 

Vereadores da Laguna parabenizam D. Pedro
Em 3 de fevereiro, portanto algumas semanas depois do “Dia do Fico”, a Câmara de Vereadores da Vila da Laguna enviou ofício endereçado ao Príncipe Regente D. Pedro parabenizando pelo ato.
Além dos vereadores, o documento (1) contém assinaturas de outras autoridades da Laguna, entre elas seu capitão-mor, os vigários, juiz ordinário, sargento-mor e escrivão.
Vejam o teor do documento, em que só atualizei a gramática:

“Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna 

Senhor. A fala com que V. A. R. (2) se dignou proferir nesta Corte – Como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que fico – com estas Augustas palavras anunciou e fixou V. A. R. a paz, e felicidade perpétua neste vasto Reino do Brasil, foi atalhar os males e perigos que estávamos sacrificados com a ida de V. A. R. para Portugal, foi finalmente rasgar o véu de melancólicas ideias dos ânimos já abatidos, e sucumbidos a milhares de desgraças.

É impossível, Senhor, descrever o júbilo e prazer que se apoderou de nossos corações com esta notícia nesta pequena porção de habitantes desta Vila; uns e outros são testemunhas de tantos regozijos.

Por estes tão gloriosos motivos é que esta Câmara, e mais autoridades representativas deste Povo, como órgão do mesmo vão por meio desta felicitar-se e congratular-se com V. A. R.

Dignando-se a acolher os nossos votos mais agradecidos e sinceros, de servidão, respeito e obediência a V. A. R.

A preciosa vida de V. A. R. Deus a conserve por muitos anos, Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna em vereança de 3 de fevereiro de 1822 – O juiz Ordinário Albino José da Rosa, o vereador Antônio de Souza Pereira, o vereador José Gomes de Carvalho, o vereador Miguel Marques Rabello, o procurador José Pinto de Magalhães, Pedro Pires Salgado, capitão-mor, o vigário da Vara Manoel Fernandes Cruz, o vigário da Igreja Jerônimo Francisco Coelho (3), o sargento-mor José Joaquim de Magalhães Fontoura, o escrivão Rafael Mendes de Carvalho".




1) Esse histórico documento lagunense foi reproduzida pelo jornal Gazeta do Rio de Janeiro de 17 de agosto de 1822.
2) V. A. R. é a abreviatura de Vossa Alteza Real.
3) De acordo com Norberto Ulysséa Ungaretti, esse vigário era tio e homônimo do fundador da imprensa catarinense. (Laguna, um pouco do passado, pág. 54).

 Em 1826, portanto quatro anos depois desses fatos, D. Pedro I em viagem ao sul do país passará por Laguna e aqui pernoitará, assistirá missa, atravessará o canal da Barra, continuando a viagem, como já relatei em matéria publicada no ano de 2012 AQUI neste Blog.