Blog do Valmir Guedes - Laguna
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terça-feira, 12 de março de 2024
domingo, 24 de dezembro de 2023
Feliz Natal
Aos leitores amigos deste Blog, e suas famílias, desejo um Feliz Natal, com muita saúde e bênçãos.
E que não nos esqueçamos do aniversariante, razão de tudo.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
Foto-Retrô
Esta
turma participou de uma Gincana em Imbituba, em fins da década de 1970. A foto, defronte à estátua de Anita Garibaldi mostra:
Em
pé: Joneci Manoel Cândido, Haroldo Prates Silveira, Wilson da Luz, Teleco, Aurélio Pereira, Flávio (Ás de Ouro) e Roney Souza.
Agachados: Mário Gonçalves (Marinho 19), Orgel Ávila, Dilton Castro, Déo Palma e Geraldo Luiz Martins di Pietro.
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Sumela Anastasiadis é homenageada com Título de Cidadã Lagunense
A Câmara de Vereadores da Laguna, sob a presidência
do Vereador Hirã Floriano Ramos, homenageou ontem (4) em sua Sessão Ordinária, a
senhora Sumela Anastasiadis, com a outorga de Título de Cidadã Lagunense.
Nascida na Grécia em abril de 1930, ela
encontrou no Brasil a sua nova casa, um lar para criar a sua família e
estabelecer raízes que se estendem desde a metrópole de São Paulo até as areias
douradas de Laguna.
Em 1963, a jovem Sumela, junto com seu marido e seus três filhos,
Theodoro, Archonti (Pepa) e Nicolaos decidiram deixar a terra natal e se
aventurar em terras brasileiras. Eles estabeleceram residência inicialmente em
São Paulo e logo descobriram que poderiam construir
uma vida neste país tropical.
No entanto, uma década depois, em 1973, já
com o quarto filho, Jorge, nascido em solo brasileiro que a família se mudou
para Laguna, onde Sumela verdadeiramente encontrou o seu lar.
Juntamente com o esposo Efstathios (falecido em 19 de outubro de 2019),
estabeleceram a Lanchonete King's e a Casa Moderna no Centro Histórico e o Olympus Hotel, no Mar Grosso.
Ela se apaixonou pela cidade costeira, fazendo do
percurso a pé pelo morro, do Centro Histórico até o Mar Grosso, uma rotina
sagrada.
Os sons das ondas, a brisa salgada e a
paisagem pitoresca se tornaram seus companheiros diários nessa jornada.
Na vibrante idade de 93 anos, Sumela
Anastasiadis, representa uma história de vida e resistência que transcende
fronteiras e culturas.
A história de Sumela Anastasiadis é um
testemunho de coragem, resistência e uma celebração à vida, com suas lutas e
triunfos, que se desdobram diariamente nas areias de Laguna, sua determinação é
uma inspiração para todos, transformando a dor em uma proclamação de sua força
e vontade inabaláveis.
Após a leitura de seu histórico, recebeu uma
placa comemorativa, onde é citado o decreto que a declara Cidadã Lagunense. A
Placa tem como fundo a Ponte Anita Garibaldi, registro feito e cedido pelo
fotógrafo Elvis Palma.
Em seu discurso, dª Sumela agradeceu pelo
Título de Cidadã Lagunense e aproveitou para destacar as belezas da nossa Laguna.
(Fonte: CML. Fotos: Elvis Palma).
terça-feira, 28 de novembro de 2023
Carlos Gomes realiza Recital de Natal
A Sociedade
Musical Carlos Gomes realiza no próximo dia 15 de dezembro o seu Recital Natalino.
O evento,
gratuito, ocorre no Centro Histórico, em frente ao Mercado Público, no dia 15
de dezembro (sexta-feira), às 20h30.
Com a regência
do maestro Deroci de Oliveira, a centenária Banda prepara um repertório com as
mais belas canções da época.
Interessados em
colaborar com a Banda Carlos Gomes, podem enviar sua contribuição através da
chave Pix: 83.710.608/0001-37 (CNPJ).
União dos Artistas celebra o Dia do Músico
Um concerto
musical será a maneira da Sociedade Musical União dos Artistas celebrar o Dia
do Músico, sob a regência do maestro Renato Vicente.
O Concerto
Alusivo ao Dia do Músico, será realizado no dia 02 de dezembro (sábado), às 20
horas, no Clube Congresso Lagunense.
Além da
apresentação da banda com os músicos oficiais, o concerto será palco também
para os jovens músicos do Projeto “Em Cantar, fase II”.
O evento é
gratuito, com ingressos limitados.
O público interessado em prestigiar deve se
dirigir até a sede da banda, no Campo de Fora, a partir desta terça-feira
(28/11).
Informações: (48) 98483-0716
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
Faleceu Jairo Chede+
Faleceu ontem em nossa cidade, o comerciante
Jairo (Dae) Chede, aos 71 anos, vítima de enfarte. Há algum tempo já havia sofrido
um AVC, do qual se recuperava. Era proprietário da tradicional Pizzaria e
Restaurante Chedão, situado na Praça Vidal Ramos.
Deixa a esposa Zoraide (Preta), e o filho Patrick.
Jairo era torcedor do Botafogo (RJ) e filho de Miguel e Arcelina Soares Chede, que foram comerciantes em nossa cidade.
"Senadinho" aos sábados na Pizzaria Chedão fica sem sua presença ilustre, sempre com seus conhecimentos da nossa laguna e de sua gente.
Ainda sábado passado durante os aperitivos para o almoço, me contou mais uma de suas histórias engraçadas sobre antigas pescarias nos Molhes, ao lado de seu amigo e fiel escudeiro o médico dr. Lúcio.
Velório acontece nesta segunda-feira
das 8 horas às 16 horas na sala mortuária Santo Antônio da Casa Funerária
Gomsan com sepultamento no Cemitério da Cruz.
Sentimentos aos amigos e familiares.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
Foto-Retrô
Na década de 1960, dando um rolê pela rua Conselheiro
Jerônimo Coelho, proximidades do Jardim Calheiros da Graça, os jovens amigos:
Almir Bessa Silveira (Miro), Edson Gomes Mattos, Ézio Heleodoro de
Souza, José Carlos Natividade (Bujú), Custódio Ezequiel de Souza e Orgel Ávila.
Todos de saudosa memória.
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
O adeus a Colombo Machado Salles
“Sou criado com as forças do nordeste
lagunense; fui criado com a têmpera do pirão de mandioca e com o fosfato da
cabeça do bagre”.
(Colombo Machado Salles)
Falecido no último dia 14 em
Florianópolis, aos 97 anos, o ex-governador de Santa Catarina, o lagunense engenheiro
Colombo Machado Salles deixa um legado de vida e de exemplo para todos nós. Nasceu em 20 de maio de 1926.
O Ex-governador Colombo Machado Salles quando da sessão solene da Câmara de Vereadores da Laguna em sua homenagem em 28 de março de 2008. Foto: Geraldo Luiz da Cunha (Gê). |
Quem o conheceu sabe de sua honradez,
de sua honestidade, sua inteligência e sabedoria.
Dotado de fino humor, conquistava logo
o interlocutor com suas conversas e conhecimentos.
Era verdadeiramente um humilde, qualidade
presente somente em espíritos iluminados.
Um símbolo de probidade e correção na
história política-administrativa de Santa Catarina, através de seu Projeto
Catarinense de Desenvolvimento, quando governador.
A entrevista para o livro
Em 1994 o entrevistei para meu
primeiro livro: “Porto da Laguna, a Luta de Um Povo Traído”.
Na época, aos 68 anos, era ele o
engenheiro responsável pela construção da Beira Mar Sul, juntamente com o Túnel
Antonieta de Barros.
Me recebeu no fim de uma tarde no
próprio canteiro de obras, ali no bairro Saco dos Limões. Era uma conversa para
durar apenas meia-hora. Durou mais de duas.
Quando fazia menção de me retirar, preocupado pelo adiantado do horário, doutor Colombo prolongava o papo, contava mais um de
seus causos da infância e juventude na Laguna, indagava por personagens nossos
conterrâneos, queria saber como andava a política na terrinha...
À ocasião lhe ofereci uma rara foto
onde apareciam antigos funcionários do nosso porto.
Se emocionou quando reconheceu no
registro fotográfico o seu pai, Calistrato Müller Salles, administrador do porto na década de 40. Salientou que não possuía
a foto em sua coleção particular, e que certamente, desde então, entrou para seu álbum familiar
de recordações.
Momentos
Todos os anos, até certo tempo atrás,
quando problemas de saúde o impediram, vinha sempre à Laguna, principalmente nas
festividades em honra a Santo Antônio dos Anjos. Seu filho Marcelo ao volante
sempre o trazia.
Vinha para à Transladação do Padroeiro
e, comumente ficava em pé à porta da Matriz quando da realização da novena.
Em uma das ocasiões, em 1999, foi o orador da
noite e o fotografei no púlpito, bem defronte ao altar de Santo Antônio dos
Anjos.
Ex-governador Colombo Machado Salles orador da novena de Santo Antônio dos Anjos em 4 de junho de 1999. Foto: Valmir Guedes Júnior. |
Não era usual Colombo Salles frequentar o
famoso coquetel na Casa Paroquial, enquanto foi realizado. Preferia ficar
conversando com o povo na rua ou no interior do Centro Social e Cultural. Era
muito querido e congratulado por pessoas de variadas faixas etárias.
Ex-governador Colombo Machado Salles e a esposa Dayse Werner Salles na novena de Santo Antônio dos Anjos de 4 de junho de 1999. Foto: Valmir Guedes Júnior |
Não me lembro de um ex-governador ser
tão cumprimentado e querido como foi Colombo Salles.
Às vezes, quando estava por aqui a
passeio, aceitava um convite para rápidos coquetéis, um cafezinho para a fácil prosa
nas casas de amigos e conhecidos que moravam nas imediações da Praça Vidal Ramos.
Professoras Amélia Baumgarten Baião, Terezinha Maria Spillere Negro com o o ex-governador Colombo Machado Salles, após a novena em honra a Santo Antônio dos Anjos em junho de 2012. |
Lenira Amboni Nicolazzi e o ex-governador Colombo Salles, após a novena em honra a Santo Antônio dos Anjos, em junho de 2012. Foto: arquivo pessoal. |
Outra ocasião, quando de uma noite literária na Assembleia Legislativa, riu muito com a Julita ao lembrar e narrar as peripécias de infância e juventude na Laguna com seu amigo Aliatar Barreiros (tio da Julita). Fotografei o momento sorridente.
Às vezes também pernoitava na Laguna e
no outro dia circulava sozinho pela cidade.
Certa vez o encontrei bem cedo na manhã de um
domingo. Estava parado defronte a sua antiga casa na rua Duque de Caxias, onde
morou e passou sua infância e adolescência. Estava absorto em seus pensamentos,
nas lembranças, e mantendo um sorriso nos lábios.
Parei, o cumprimentei e indaguei sobre
a saudade.
Me respondeu que ali naquela casa foi
muito feliz, nela passou seus verdes anos e onde estudava muito, preparando-se
para o futuro. Tinha saudade de seu pai Calistrato e de sua mãe dª Bertha.
Respeitei seu momento íntimo, me
despedi e deixei-o com seus pensamentos e nostalgias.
Colombo Machado Salles com a esposa Dayse Werner Salles num baile no Clube Congresso Lagunense na década de 1950. Foto: Álbum de Família. |
Em 15 de março de 1971 ao receber o cargo do governador Ivo Silveira, tendo ao seu lado a esposa Dayse Werner Salles. Divulgação Palácio do Governo. Ao fundo, no meio, o radialista Dakir Polidoro. |
Ex-governador Colombo Machado Salles em 10 de maio de 1997, discursa em solenidade de homenagens com o Título de Sócio Honorário do Clube 3 de Maio, no Magalhães. Foto: Valmir Guedes Júnior |
Político famoso na tela - Uma historinha
Uma história que sempre gostava de
contar – e ria, ria muito quando a narrava -, foi quando certa vez, há muitos
anos, sozinho, adentrou ao Museu Anita Garibaldi.
Subiu ao primeiro andar e ficou
observando uma pintura sua que lá existe, emoldurada, à parede.
Uma jovem funcionária se aproximou e buscando ser gentil lhe perguntou se ele estava gostando da visita ao Museu.
Colombo respondeu que sim. Mas, brincando,
indagou quem era aquele personagem ali retratado.
A recepcionista, sem fazer a ligação
entre o personagem que estava em sua frente e a pintura, respondeu que se
tratava de uma autoridade importante da nossa história catarinense.
E a funcionária completou dizendo que soube
que era um político famoso, um governador do estado, mas que já tinha falecido.
Pintura do ex-governador Colombo Machado Salles existente no Museu Anita Garibaldi. Foto: Valmir Guedes Júnior. |
Colombo Salles desceu as escadas
sorrindo e sempre chegava às gargalhadas quando contava esse episódio para familiares e
amigos.
Da visita ao Museu até seu falecimento passaram-se muitos anos.
Obras para Laguna
Governador dos catarinenses de 1971 a
1975 (seu vice foi o empresário Atílio Fontana), Colombo Salles trouxe a Fundação Bradesco para nossa cidade, que leva o
nome de sua primeira professora, Adélia Cabral Varejão.
Enviou a verba para construção em
lajotas da chamada Avenida Perimetral, cujo projeto previa um sistema viário
que circundaria toda a cidade, incluindo Magalhães e Mar Grosso, o que hoje seria denominado anel viário.
Infelizmente, por problemas políticos e má gestão,
essa avenida que depois levou seu nome, foi interrompida por muitos anos nas
imediações do Colégio Stella Maris e do então Conjunto Educacional Almirante
Lamego (Ceal).
A Rodoviária Municipal, que depois
virou Terminal Rodoviário, foi obra de sua gestão (1973), assim como o Ginásio (Coberto) de
Esportes, inaugurado em 1975 e que levou o nome de seu sogro Bertholdo Werner.
Era prefeito da Laguna à ocasião, o advogado Saul Ulysséa Baião.
O sogro de Colombo, Bertholdo Werner era sócio da tradicional Joalheria e Relojoaria Werner. Era casado com Maria
Guedes Werner e tiveram duas filhas: Ema, casada com o médico Pedro Miranda; e Dayse,
casada com o engenheiro Colombo Salles em 30 de setembro de 1950 na Igreja
Matriz Santo Antônio dos Anjos.
Foi também em sua gestão os
fundamentos do novo prédio do Fórum, inaugurado alguns anos depois.
Sem falar no prédio do Centro
Integrado Profissionalizante (CIP), que também por falta de gestão, de
interesse de nossos governantes, não chegou a funcionar em sua plenitude.
No
imóvel depois se instalou o Colégio Comercial Lagunense (CCL) e hoje funciona a
Udesc.
Ex-governador Colombo Machado Salles e ex-prefeito da Laguna Saul Ulysséa Baião em encontro social no Clube Congresso Lagunense em 14 de janeiro de 2005. Foto: Valmir Guedes Júnior |
Quando foi Administrador do Porto da
Laguna, de 1950 a 1960, Colombo Salles muito contribuiu com nossa sociedade, utilizando
funcionários e instalações do porto para beneficiar entidades assistenciais e clubes de
nossa cidade.
Foi também o engenheiro que fez os
cálculos estruturais, estáticos e supervisionou a construção da Estátua de
Nossa Senhora da Glória, sua base e instalação. Imagem inaugurada em 31 de maio
de 1953, com grande pompa, idealizada e construída pelo casal de escultores alemães Alfredo e Elisa Faccio Itaege.
Em 1955 projetou e construiu uma Linha
de Transmissão Elétrica desde a central da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
no hoje município de Capivari de Baixo, para suprir o Porto da Laguna e também
a própria cidade, quando não havia navios atracados.
Havia um usina própria no porto mas era muito deficitária, por isso apelidada pela população de pisca-pisca e vagalume.
A vida de Colombo já estava intimamente ligada
ao mar, não só por possuir o prenome do maior navegador espanhol, mas também
por ter como progenitor Calistrato Müller Salles, engenheiro-chefe do porto
lagunense por vários anos, e que foi homenageado com seu nome à principal via de acesso à nossa cidade, no bairro Portinho.
Estudos com Modelo Reduzido da Barra e Porto lhe trouxe como prêmio uma bolsa de estudos na França
Em 1958 Colombo produziu o “Relatório
Colombo Salles”, com dados coletados durante um ano sobre a nossa barra, marés
e profundidade do canal.
Na entrevista para meu livro sobre o
Porto ele relembrou:
“Uma aventura. A
bordo de uma simples e pequena baleeira chamada “Macaréu”, com alguns corajosos
funcionários, percorremos todo o mar da Laguna, colhendo informações com
referências à ondas, marés, correntes marítimas, correntes de fluxo e refluxo no
canal e no interior das lagoas, além da análise granulométrica de material de
fundo”.
Em função desse trabalho, o engenheiro
Colombo, com ajuda de Ivo Simião da Luz, Mestre em Marcenaria, construiu um “Modelo
Reduzido do Complexo Flúvio-Marítimo da Laguna”.
No Modelo, que ficou exposto no pátio
do porto durante muitos anos, Colombo criou artificialmente a nossa Barra com
seus molhes em pedras, marés, ondas e até assoreamentos. Provou com isso o erro na construção dos Molhes da Barra da Laguna, com suas envergaduras em forma de tenaz.
Obtive uma foto inédita do Modelo
Reduzido que expus em meu livro.
Maquete (Modelo reduzido) dos Molhes da Barra da Laguna construído pelo engenheiro Colombo Machado Salles. |
O trabalho, pelo seu caráter pioneiro,
fez enorme sucesso, lhe valendo uma bolsa de estudos no Laboratório Central de
Hidráulica da França, para onde viajou com a família.
Colombo Salles defendeu em 1969 que o
porto pesqueiro da Laguna, que então se pretendia construir, fosse anexo
paralelamente ao porto carvoeiro.
Não lhe deram ouvidos e, sendo assim,
o porto carvoeiro foi desmantelado, com a retirada em 1973 de guindastes, trilhos da
estrada de ferro, etc.
Colombo Machado Salles era casado com
a também lagunense Dayse Werner Salles, namorada da adolescência e deixa os
filhos Maria José, Bertholdo e Marcelo.
Governo do estado e prefeitura da Laguna decretaram luto oficial.
Corpo foi velado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina e sepultado no Cemitério Jardim da Paz, na capital do estado.
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
Atriz e apresentadora Lolita Rodrigues esteve na Laguna
Apresentando
dois programas líderes de audiência na televisão brasileira, o Clube dos
Artistas, nas noites de sextas-feiras; e o Almoço com as Estrelas,
aos sábados, o casal Aírton e Lolita Rodrigues estava no auge do sucesso e da
popularidade na década de 1970.
Bem por isso, a atriz, cantora e apresentadora Lolita foi convidada para apresentar e ser jurada do Concurso de Sambas-Enredos do carnaval da Laguna em 1977.
O casal Aírton e Lolita Rodrigues na apresentação de seus programas pela TV Tupi na década de 70. Foto: Divulgação |
Lolita faleceu
aos 94 anos no último domingo (5) e seu marido, com quem foi casada durante 30
anos, morreu em 1993, aos 71 anos.
Os programas da
Rede Tupi eram retransmitidos em Santa Catarina pela TV Cultura, Canal 6 VHF. Atual Record News SC.
O convite para vir à Laguna partiu
dos então Conselhos Municipais de Cultura, e Turismo. O primeiro tinha como
vice-presidente, Salun Nacif.
O prefeito da Laguna em
exercício era Venâncio Luiz Vieira, que dias depois, em 1º de fevereiro,
passaria o cargo ao prefeito eleito em 15 de novembro do ano anterior, Mário
José Remor.
Lolita e sua
comitiva foram hóspedes do Laguna Tourist Hotel.
Entre os membros
da comitiva estavam o jornalista Homero Silva, da TV Tupi de São Paulo, o casal Osmar
Nunes, proprietários do Marambaia Hotel, de Balneário Camboriú, além de outros
convidados.
Nacif entregou a Lolita dois livros sobre Anita Garibaldi, de autoria de Wolfgang Ludwig Rau; e
o radialista João Manoel Vicente a presentou com duas pinturas de Richard Calil
Bulos, o Xaxá.
Concurso "Roda de Samba"
O concurso de Sambas-Enredos intitulado RODA DE SAMBA foi
realizado na noite de 15 de janeiro de 1977, um sábado, e pela primeira vez o
Ginásio de Esportes Bertholdo Werner, inaugurado dois anos antes, foi utilizado
para esse evento.
Lembro das arquibancadas lotadas, muita gente presente e ligada ao nosso carnaval, além das torcidas e de autoridades. Realmente era uma grande atração.
Certamente foram
feitas muitas outras fotos, mas, ou estão depositadas em alguma gaveta e álbuns ou perderam-se
na poeira dos tempos.
A simpática e bonita
Lolita Rodrigues fez dupla na apresentação do Concurso com o professor e odontólogo Márcio
José Rodrigues, além de compor o corpo de jurados do concurso.
“Lolita
Rodrigues agradou em cheio. A famosa atriz e apresentadora foi calorosamente
aplaudida pelos lagunenses”, realçou o jornal Semanário de Notícias, em sua edição da semana seguinte.
Quer
saber qual o samba-enredo campeão de 1977?
Foi o de autoria
do músico e compositor lagunense Ivaldo Roque intitulado “Lendas e Mistérios do Negro no Brasil Império”, da
Escola de Samba Brinca Quem Pode, que tinha em João André Reis o seu
presidente.
E o pessoal deve lembrar o refrão:
A onde o milongueiro mora
A onde o milongueiro mora
A onde o galo não canta
O pinto não pia
Criança não chora
O prêmio para o
primeiro colocado foi de 5 mil cruzeiros.
Mas quem
venceria o carnaval daquele ano seria a Escola de Samba Os Bem Amados, seguida
de Acadêmicos do Samba e depois no empate em terceiro lugar, as Escolas Xavante
e Brinca Quem Pode.
Amigos da Onça, Os Democratas e Vila Isabel viriam na
classificação seguinte, em 4º, 5º e 6º lugares, respectivamente.
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
A curva que assassinou a Barra da Laguna
Em meados de
1940, finalmente os trabalhos da construção dos Molhes da Barra do Porto da Laguna eram
concluídos.
Logo se saberia que o prolongamento em curva na forma de tenaz efetuada no Molhe Sul, comprometeria à entrada e saída das embarcações, principalmente as de maiores calados.
Iniciados no
começo do século XX, em 1903, conforme informação contida no jornal O Albor de junho do mesmo ano, os Molhes da Barra da Laguna levaram quatro décadas para chegarem ao seu final.
Pela obras dos Molhes e porto passaram diversos engenheiros e técnicos e seus estudos, entre
eles o pioneiro, o capitão Calheiros da Graça, depois Polidoro Olavo de S Thiago, Frederico Selva, Lucas Cândido Gaffrée,
Lucas Bicalho, Miranda Carvalho, Gordilho, Maurício Joppert, Thiers de Lemos Fleming, entre muitos outros.
Planta para construção do Molhes da Barra da Laguna, de Francisco Calheiros da Graça feita em 1882. Note-se que o Molhe Norte parte quase em direção à Ilha dos Lobos; e o Molhe Sul nem é proposto. |
Os trabalhos
foram feitos contrariando às recomendações do capitão-tenente Francisco
Calheiros da Graça que em seus estudos dizia, entre outras coisas, que nem precisava construir
o Molhe Sul, porque já existiriam dois morros como barreiras de proteção natural contra os ventos e que o
Molhe Norte deveria ter uma inflexão - vejam só! - em direção à Ilha dos Lobos.
Assim os Molhes
do Porto da Laguna foram construídos em forma de tenaz, estrangulando o canal
de acesso e promovendo uma curvatura em sua boca.
Tudo com
intenção, conforme estudos na época, de maior proteção das ondas, da não criação de banco de areia e para maior vazão
das águas, aumentando assim a profundidade do canal.
Quando essas
obras finais aconteceram o Porto da Laguna já tinha virado carvoeiro em lei assinada
pelo presidente Getúlio Vargas.
Três guindastes trabalhando a todo vapor no Porto Carvoeiro da Laguna na década de 1950 e que foram retirados no início da década de 1970. |
Mas navios
com maiores calados e tamanhos começaram a enfrentar dificuldades para acessar
e sair do porto, fazendo com que o movimento em quase sua totalidade fosse
transferido para o porto vizinho de Imbituba, porto particular.
E foi a partir
daí, ao longo dos anos seguintes, que a economia lagunense entrou em declínio,
com o comércio sentindo o baque, e as poucas indústrias existentes fechando
suas portas.
A economia
lagunense desde então ficou alicerçada somente no setor terciário da pesca e do comércio, com o turismo ainda longe no horizonte, só começando a se desenvolver na região a
partir da década de 1970, e mesmo assim precariamente.
Um novo sonho: a Siderúrgica de Santa Catarina - Sidesc
Ainda na década de 1950 mais um engodo foi proposto à comunidade lagunense: a construção de uma Siderúrgica.
Estudos e mais estudos foram realizados.
O plano previa duas usinas: Uma em Vitória, no Espírito Santo e outra na Laguna. Os navios aproveitariam a carga, tanto na ida como na volta.
Levariam carvão mineral e trariam da região ferrífera, o minério. Seria um entrosamento muito vantajoso economicamente.
Estudos criticavam a nossa barra. Depois foi proposto para localização da Siderúrgica o município vizinho de Tubarão.
O projeto nunca se concretizou, morreu na casca.
Surge o Projeto Porto Pesqueiro
Com a inauguração em 1959 da ponte rodoviária sobre o Canal das Laranjeiras, na Cabeçuda e por fim o
asfalto da Br-101, o transporte rodoviário toma à frente e outros municípios
vizinhos passam a se desenvolver em ritmo crescente.
Ainda em fins da
década de 1960, de acordo com novos estudos efetuados, acenam para o povo
lagunense com uma nova mudança e esperança: a transformação do porto carvoeiro
em porto pesqueiro.
Diziam os
políticos e técnicos que seria a redenção da Laguna e que havia viabilidade
econômica para o empreendimento.
E assim foi feito.
Levaram os guindastes do
antigo porto e em 1973 suprimiram os trilhos da Ferrovia Teresa Cristina em seu
ramal que adentrava à Laguna até a Estação no Campo de Fora e prosseguia pelo
centro da cidade até o Porto, situado entre o Magalhães e Mar Grosso.
O alegado era
que precisavam construir amplas avenidas onde passariam a circular muitos caminhões transportando
o pescado.
Novos estudos foram feitos em 1969/70 e 71 com
relatórios analíticos, sondagens, topo-hidrográficos e batimétricos prevendo
melhorias no acesso e aprofundamento da Barra da Laguna.
|
As
instalações do porto foram modificadas, construídos galpões, fábrica de gelo,
posto de combustível.
Mas várias edificações ficaram inconclusas ou nem foram construídas, como restaurante, ambulatório, balança, mercado de pescado, etc., além de áreas para indústrias.
Pesca com auxílio dos Botos na chamada Toca da Bruxa. Ao fundo o Porto Pesqueiro da Laguna, hoje Terminal Pesqueiro. |
Enfim,
o porto nunca chegou a funcionar em toda sua capacidade.
Aliás,
de Porto Pesqueiro passou a ser denominado Terminal Pesqueiro.
Passou ao
comando da Codesp (Companhia Docas de São Paulo) em 1975 e desde 2019 a
estrutura portuária está delegada ao governo do estado de Santa Catarina,
conforme convênio.
Em 1992, faltando poucos anos para adentrar o século XXI e o porto ainda continuava em estudos. O Instituto de Pesquisas
Hidroviárias (INPH) elaborava o “Projeto de Retificação da Barra”.
Em 1994 novos
estudos do canal de acesso com vistas às obras de retificação e prolongamento
do Molhe Sul.
Obras em execução para retificação do Molhe Norte em 2008. |
As
obras para retificar o Molhe Sul e seu prolongamento foram acontecer somente em
2008.
Foram gastos milhões. E não resolveram
o problema, porque as pedras submersas continuaram no local, necessitando inclusive
de maior sinalização e dificultando a navegação segura na área.
Bem por isso os acidentes marítimos continuam acontecendo, como vimos há poucos dias com uma embarcação que ali naufragou.
Blocos de concreto
Além disso...
A recente foto de Elvis Palma mostra como ficou o Molhe Sul da Barra da Laguna após os trabalhos de retificação e prolongamento feitos em 2008. |
Mas não se enganem. Traiçoeiras e imensas pedras, além dos blocos de concreto, continuam submersos impedindo a navegação segura no local. Foto: Divulgação redes sociais. |
... Além disso, quando foi feito
a ponta do Molhe Sul, lá na década de 1940, enormes blocos de pedra e ferro pesando
cerca de 20 toneladas foram construídos no próprio local e ali despejados.
São esses que a foto mostra:
De acordo com o Decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, foram construídos 100 blocos de 15 metros cúbicos de concreto iguais ao da foto, para estabilização do Molhe Sul. |
Imagino
que muitos estudos que foram feitos ao longo dos anos para retificação dos Molhes não esclareceram esse
pormenor, muito menos o demonstraram.
Raras fotos da época que obtive com exclusividade, mostram esse fato, e nunca se soube a quantidade desses enormes artefatos que
foram ali depositados.
Mas, depois de muito procurar, encontrei
uma pequena informação publicada no jornal O Albor de 10 de fevereiro de
1945 que esclarece esse evento.
O texto é pequeno no tamanho, mas de enorme importância fundamental, valiosa e histórica.
Jornal O Albor de 10 de fevereiro de 1945. No Decreto, a liberação de verba para construção de 100 blocos de 15 metros cúbicos de concreto para estabilização do Molhe Sul do Porto da Laguna. |
Conclusão
Eis um pequeno
resumo histórico quanto à Barra, Molhes e Porto da Laguna.
Há mais, evidentemente, muitos
outros pormenores, fatos e variáveis a serem mostrados. Muitos deles conto em meu livro acima citado.
Mas há muito mais ainda para contar.
Será que com toda
a fiscalização e os estudos de impactos ambientais atualmente necessários (além da autorização da Apa da Baleia Franca, Proteção aos Botos, etc.), algum
dia vão retirar as pedras submersas que lá estão, somadas aos blocos de concreto?
Conseguirão explodi-los, detoná-los como esta semana a imprensa publicou?
Sou leigo no assunto. Mas um descrente quanto a uma futura solução a médio e longo prazo e por isso duvido muito.
Um
grande erro foi cometido na construção do Molhe Sul da Barra da Laguna e parece que se perpetuará por toda a eternidade.
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