08 outubro 2025

O avesso de um cartão-postal

 


Definitivamente, esse não é um cartão-postal turístico da nossa Laguna que mereça ser visto e visitado. É o avesso, do avesso, do avesso. 
Mas ele existe, sujando a paisagem e ferindo nossa visão. Moradores, visitantes e os profissionais da pesca que ali trabalham clamam por uma solução.
É de se lastimar esse cenário horroroso de comercialização de pescados ali nas Docas do Centro Histórico, além da sujeira e assoreamento do local.
Laguna com seus quase 350 anos de fundação não merece esse cenário.
Para os ufanistas, Laguna encanta e é linda demais. Mas, ela "também" é assim.
 

Banca de peixe já existia no século XIX ao lado do Mercado Público

Bancas de peixe na área externa do nosso Mercado Público, junto ao cais do antigo porto sempre estiveram inseridas em nossa paisagem do Centro Histórico.
Mas no passado nunca foi essa coisa horrorosa como hoje, o que demostra que regredimos - e muito - até neste aspecto arquitetônico e sanitário. 
Penso que, antes de mais nada, havia mais carinho, amor e atenção por essa terra por parte dos nossos antepassados governantes.
Vejamos. 
Em seu livro Laguna de 1880, Saul Ulysséa nos conta da existência de uma banca para venda de peixe naquelas imediações.
Estamos falando do século XIX!!!

A foto mostra ao centro a Banca de Pescado, situada ao lado do antigo Mercado Público, bem defronte a rua Tenente Bessa, como descreve Saul Ulysséa em sua obra.

O cais de granito ainda nem existia, nem o primeiro mercado público, inaugurado em 1897. Mas a banca para venda de pescados estava lá e pela descrição é a mesma da foto.

Diz Ulysséa: 

“Em frente à rua Tenente Bessa, no lugar onde hoje está edificado o mercado municipal, existia a banca do peixe, assim denominado o local para a venda do pescado.
Constava de um telheiro de cerca de seis metros por quatro, um estrado de madeira ao centro, de um metro de altura com cerca de três de largura e quatro de comprimento, com inclinação para o lado do mar, a-fim-de escorrer a água e tendo uma escada na parte mais baixa. Era ali que se realizada toda a venda do peixe para o consumo público.
Os pescadores quando se aproximavam da cidade com suas canoas contendo peixe, usavam uma buzina formada de um chifre curto furado na parte mais fina por onde sopravam de certo modo a produzir um som roufenho bastante forte, para anunciar de longe a sua mercadoria, sendo o som ouvido à distância.
- Está buzinando, diziam as donas de casa e despachavam para a banca, escravos ou criados a fim de comprarem peixe. (...)
 
Outra foto, esta da década de 1930, com o antigo Mercado Público em seu auge, mostra uma nova construção para venda de pescados.
A banca ficava no mesmo lado sul do Mercado, sob um telhado circular. Havia uma bancada coletiva onde pescadores e os chamados pombeiros comercializavam o pescado.
Com o incêndio do Mercado em 20 de agosto de 1939 toda a construção foi posteriormente demolida.

Bancas individuais e coletivas no novo Mercado, em 1958

No novo Mercado inaugurado em 19 de janeiro de 1958 pelo prefeito Walmor de Oliveira, bancas individuais e uma delas coletiva para venda de pescados foram criadas no interior do prédio. 
Aliás, bancas que nunca deveriam ter sido eliminadas no atual projeto.
Com o passar do tempo retornou também a venda, em paralelo, de pescados no lado externo, em caixas plásticas, nas canoas e em improvisadas bancas.

Surge um novo espaço externo

Registre-se que durante a gestão do ex-prefeito Cadorin (2001-2004) naquela pequena área ao lado das Docas houve um melhoramento. 
Foi construído e inaugurado em 9 de janeiro de 2003 um espaço em alvenaria, cobertura com telhas em barro, com torneiras com água corrente, pias e bancadas em azulejos.

Bancas para venda de pescados na gestão Cadorin em 2003.


Bancada em azulejos, com pias, água corrente e telhado em 2003.

           
Na gestão seguinte de Célio Antônio (2005-2008) e a partir de 2007 por conta da intervenção realizada no Centro Histórico, com mudança de calçamento, estreitamento de vias, paisagismo, etc., a estrutura da Banca de pescados em alvenaria foi derrubada e voltou-se às antigas e improvisadas bancas ao lado do Mercado. 
Depois, em 2009, essas bancas foram interditadas e proibidas pela Justiça.

Mercado não contemplou boxes para venda de pescados

A gente imaginava que com a entrega da obra em 1º de fevereiro de 2020 e abertura ao público em 5 de dezembro de 2021, do espaço restaurado, ampliado e revitalizado do Mercado Público, o projeto fosse contemplar boxes em seu interior para venda de pescados. Como em qualquer Mercado Público que se preze.
Tal não aconteceu, quebrando uma tradição e com isso a venda externa de pescados foi deslocada, expulsa mesmo, novamente para aquele espaço lateral sul das Docas. 
E lá está até hoje.

Casa do peixe 

Há pouco tempo acenou-se com a chamada Casa do Peixe. 
O local seria num prédio do governo federal (onde funcionou há muitos anos a Portobrás, ex DNPVN) cedido ao município e situado ao lado das Docas, onde o pescado seria comercializado.
Em setembro de 2023 foi publicada pelo estado de SC a portaria que liberava recursos no valor de R$ 408.656.49 a serem pagos em duas parcelas. 
Inúmeros empecilhos burocráticos, estruturais, de formato e porque não dizer, também políticos, emperraram todo o processo. 
Culminou com a devolução ao estado da verba específica, a metade que já havia sido antecipada e recebida.

Um projeto multifuncional

Agora, novo projeto da chamada Casa do Peixe está em elaboração. 
Como divulgado, o espaço será multifuncional, com área externa para a Lagoa (mezanino), restaurante no térreo, sede para a secretaria de Pesca e Agricultura, mini indústria de beneficiamento, trapiche...
Com todos esses acréscimos e alterações, evidentemente que o valor da obra deve aumentar consideravelmente. 
Até ser liberada a nova verba, licitada e finalizada vai se passar muito tempo.
Torcemos que se concretize. Não esquecendo que ano que vem é eleitoral.
E pensar que inicialmente o que se pedia era um local mais decente, básico e estruturado para venda do pescado.
Às vezes quem muito quer nada tem, diz a sabedoria popular.
Por fim, com o prédio que seria a Casa do Peixe interditado pela Defesa Civil e sofrendo invasão, em junho deste ano a prefeitura lacrou com tijolos  todas as aberturas da edificação.
E assim caminha a Laguna. E o tempo passa e o tempo voa.

Convite para Missa de 7º Dia

    Familiares e amigos do sempre lembrado André Labanowski, convidam para a Missa de Sétimo Dia em sua memória. 
    Cerimônia será realizada nesta quinta-feira (9/10) a partir das 18h30m na Igreja Santa Catarina de Alexandria, situada na rua Esteves Júnior, em Florianópolis.


03 outubro 2025

Foto-Retrô

 

Em fevereiro de 1987, quando do Concurso Municipal de Fantasias de Carnaval no Clube Blondin, a plateia para assistir o desfile era composta por todas as faixas etárias. 
Sim! sim! Nós já tivemos concurso municipal de fantasias de salão. Um luxo! Zé Mala, Jairo Barcelos, Nilmara Faísca, Silvério de Jesus... Mas isso é outro capítulo.

Da esquerda p/ direita: Toda sorridente, a professora Eliane Bianchini, Isaura Spillere, Armandina Cabral, Olga Cabral (nossa bibliotecária no CEAL durante muitos anos) e o presidente do tradicional clube, advogado Jayson Prates Silva.
As crianças postadas ao lado das colunas não as reconheço. Hoje já estão beirando os cinquenta anos. 
Quem sabe uma delas se veja na foto ou nossos leitores possam ajudar.
Com exceção da professora Eliane, todos os outros quatro citados - como diz um amigo meu - já estão no andar de cima e são de saudosa memória.

02 outubro 2025

Faleceu o engenheiro André Labanowski +

 

Faleceu na manhã de hoje em hospital de Florianópolis onde estava internado com insuficiência renal e pneumonia, o engenheiro André Labanowski, aos 80 anos, nascido em 12 de janeiro de 1945.

   Filho da professora de francês do Ginásio Lagunense Wanda Labanowski e de Vitoldo Labanowski.
Formou-se em engenharia civil pela UFSC e cedo ingressou por concurso na Companhia Catarinense de Águas e Saneamento-Casan, onde exerceu a Gerência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. Aposentou-se pela empresa.
Membro e ex-presidente da ABES/SC-Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental e da SAMAR-Sociedade Amigos do Mar Grosso. Foi da diretoria do Conselho de Engenharia e Agronomia de SC (CREA/SC).

Especialista em saneamento básico

Em 1988, no último ano da gestão do governo João Gualberto Pereira/Rogério Wendhausen, elaborou gratuitamente para prefeitura da Laguna, o projeto do emissário submarino (Bacia A) instalado na Praia do Mar Grosso e desativado em 2001.
Atuou como coordenador de barragens em Concórdia, no oeste catarinense.
Membro de equipes técnicas com atuação em planos municipais de saneamento básico para diversos municípios catarinenses, como Caxambu do Sul, Balneário Barra do Sul, Jardinópolis, Formosa do Sul, Calmon, Irati, Modelo, Itapema e Balneário Camboriú, entre outros.
Atuou na área de planejamento nas gestões dos prefeitos da Laguna Célio Antônio (2005-2012) e Mauro Candemil (2017-2020).
Era sócio com seu filho André Júnior na empresa Labanowski Serviços de Engenharia Ltda.

Apaixonado por Laguna

André Labanowski era um apaixonado por nossa terra natal, sempre buscando soluções para os problemas da Laguna.
Era presença assídua em seminários, fóruns e mesas redondas sobre os problemas do Rio Tubarão e Bacia Hidrográfica.
Colaborou durante muitos anos com escritos para meus jornais Tribuna Lagunense, Jornal da Trindade e Tribuna da Ilha, os dois últimos de Florianópolis.

André Labanowski em 2001 defronte a sua casa nos altos do bairro Trindade em Florianópolis, com um exemplar do Jornal da Trindade em que colaborava com importantes escritos.

Nas páginas abordava com muito conhecimento e inteligência os problemas hidrossanitários das duas cidades.
Em 24 de fevereiro de 2010 palestrou sobre o nosso porto na Câmara de Vereadores da Laguna numa audiência pública que contou com a participação do Procurador Federal Celso Três.

André Labanowski em 24 de fevereiro de 2010 na Câmara de Vereadores da Laguna quando de Audiência Pública sobre o Porto e Barra da Laguna. Foto: Everton Guedes

Utilizou recursos gráficos e de projeção (data-show) para abordar o problema da nossa barra. À ocasião entregou ao Procurador, um exemplar do meu livro “Porto da Laguna – A Luta de um Povo Traído”, que contém amplo material de pesquisa sobre o famigerado porto.

Nossos sentimentos aos familiares e amigos, em especial à esposa Érida Pinheiro Labanowski, aos filhos André Júnior, Mabel e Karinne, e a irmã Anne Claire Labanowski (Lála).
Velório acontece na Sala Diamond da Capela Vaticano no bairro Itacorubi, em Florianópolis, a partir das 18 horas desta quinta-feira (2/10). Cerimônia de despedida amanhã às 9h. Corpo será cremado e as cinzas depositadas no jazigo de sua família no cemitério da Cruz, em nossa cidade. 

01 outubro 2025

Foto-Retrô

Agência do Besc na rua 13 de Maio. Foto: Valmir Guedes Júnior.

A foto acima, de 1987, mostra a Agência do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) quando situada na rua 13 de Maio, no centro da Laguna, térreo do Hotel Beira-Mar, defronte ao supermercado Angeloni.
A fila era imensa, certamente dia de pagamento com o pessoal aguardando o horário de abertura. Não faltava o tradicional carrinho de picolé. O Fiat 147 Spazio vermelho estacionado é bem provável que seja de Benito Remor que tinha imobiliária ali ao lado.
Esta agência foi inaugurada em nossa cidade em 28 de julho de 1980 pelo governador Jorge Konder Bornhausen.

Conhecidos funcionários e estagiários da Agência do Besc situada na rua 13 de Maio.

Em 1991 a agência passou a funcionar na rua XV de Novembro, em prédio próprio. Enfrentando problemas financeiros, o Besc  foi federalizado em 1999 e posteriormente, em 2008, incorporado pelo Banco do Brasil. 

Antes no andar térreo deste prédio da rua 13 de Maio funcionou a Cobal - Companhia Brasileira de Alimentos.


24 setembro 2025

Foto-Retrô

 Candemil Futebol de Salão - Décadas de 1970/80

Candemil Futebol Clube - Futsal - Quando venceu o Ipuã F.C. e sagrou-se campeão em 1985 - Local: Ginásio de Esportes Bertholdo Werner, palco de célebres disputas que lotavam as arquibancadas nos campeonatos citadinos nos sábados à noite.

Em pé, da esquerda p/direita: Antônio Carlos (Araba) Candemil,  Genésio, Gil Ungaretti Neto, Antônio Luiz Coelho (Kbid), Marcos Faria Ferreira e Edmundo Ungaretti Branco.
Agachados: Erickson Silveira de Souza, Edson Silveira de Souza, Írio Moro, João Mattos e Marcos Aurélio (Leca) Barzan. Foto: Acervo Valmir Guedes Júnior



Faleceu Arnoldo Durval de Medeiros +

 
Faleceu nesta terça-feira (23) em nossa cidade, Arnoldo Durval de Medeiros, aos 78 anos.

Arnoldo Durval de Medeiros em 2012, sendo homenageado quando de sua aposentadoria na Rádio Difusora após 50 anos de serviços prestados. Foto: Rádio Difusora

Por mais de 50 anos Arnoldo foi técnico de transmissão, atuando na sonoplastia e responsável pela montagem de equipamentos da Rádio Difusora.
Era ele quem subia em postes puxando e esticando fios telefônicos, instalava cornetas e microfones e levava a maleta para as transmissões externas da emissora.
Ingressou ainda jovem no rádio, no início da década de 1960, levado pelo seu cunhado Wilfredo Silva que trabalhava no escritório, na redação e também aos microfones da Difusora.
E pela mesma emissora Arnoldo vai se aposentar em 2012, após 50 anos de serviços prestados. Deixa um legado na história do rádio lagunense.
Foi do Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa 3 de Maio, em gestões do presidente Jayson Vieira Domiciano, na década de 1990.
E atuou também no futebol lagunense, além de adorar uma pescaria. Nas horas de folga confeccionava tarrafas.
Filho da dª Maria (Mina) Guedes e de João Medeiros, casado com Adair Espíndola Medeiros, tradicionais moradores do bairro Magalhães, mais precisamente da rua João Henrique, a conhecida rua do Valo. Deixa os filhos Adriano, Alexandre e Júnior, netos e bisnetos.
O velório acontece nesta quarta-feira (24), na sala mortuária Cristal da Funerária Cristo Rei, a partir das 8h e sepultamento às 15 horas no Cemitério da Glória.
Sentimentos aos familiares e amigos.

23 setembro 2025

Faleceu o ex-vereador Francisco Sales Soares, o Chico do Xavante +

 

Faleceu em nossa cidade o lagunense, ex-vereador Francisco Sales Soares, o Chico do Xavante, aos 68 anos. Faria aniversário no próximo 9 de outubro.

Francisco Sales Soares em 1996 na sede do Xavante. Foto: Valmir Guedes Jr.

Presidiu a Taba Xavantina nos anos de 1995 a 1997 e foi seu presidente de carnaval de 1993 a 1997.
Fiz a foto acima em 1996 quando Chico assumiu mais um mandato na presidência da pioneira Xavante.
Foi um apaixonado pelo carnaval lagunense, de quem foi um dos baluartes, principalmente pela agremiação carnavalesca do bairro Magalhães onde levou toda sua família a participar. A filha Gisele Pavanate é Rainha de Bateria, o irmão Cristian o Mestre e Manuela componente.
Foi proprietário da empresa Sales Soares Empreiteira de Mão de Obra Ltda.
Foi cinco vezes candidato a vereança da Laguna. Eleições de 1988, 1992, 1996, 2016 e 2020. Sempre pelo MDB.
Na eleição de 3 de outubro de 1992 se elegeu vereador com 602 votos. Na última, de 2020 obteve 126 votos e posteriormente foi convocado como suplente.
Cerimônia de velório ocorre nesta terça-feira (23/09) a partir das 14h, na Sala Mortuária São Paulo, da Casa Funerária Gomsan, de onde sairá o féretro às 9h de quarta-feira (24/09) para o Cemitério da Cruz.
Sentimentos aos familiares e amigos.


22 setembro 2025

Crippa atravessa a rua para escorregar na casca de banana na outra calçada

 
Com o passar do tempo começamos a perceber a incrível tendência que o prefeito Peterson Crippa da Silva tem para cair em armadilhas políticas.
A casca de banana está na calçada do outro lado e o prefeito Crippa atravessa a rua para escorregar nela e levar o tombo.

Charge EdCarlos Cartunista/Agora Laguna 

O prefeito dá lenha pra fogueira, alimenta os tubarões (e alguns peixes-pilotos). Com isso o inimigo político se assanha, cresce e aparece.
Usando linguagem futebolística podemos dizer que Crippa bota a bola na marca do pênalti e diz para o jogador adversário: - chuta, não tem nem goleiro. 
Convenhamos leitor: É gol na certa.

Experiência política de sobra

Não é por falta de experiência no ramo, afinal foi criado em família política – avô, tio e primo políticos – e ele mesmo já transitou sempre por esse meio desde a juventude, amigo que foi lá em Florianópolis do João, o filho primogênito de Esperidião Amin.
Sem falar que Peterson Crippa exerceu cargos públicos. Foi adjunto da secretaria de Turismo na gestão de Célio Antônio (PT), suplente e vereador vitorioso, além de candidato à prefeitura da Laguna em duas oportunidades.
Experiência era para ter e de sobra, não podemos negar.
Mas o prefeito Crippa parece esquecer tudo que aprendeu e a todo o momento busca novos inimigos.
Como se já fossem poucos os tradicionais oponentes na política aqui na terrinha, os que estão sempre prontos a lhe puxar o tapete porque derrotados em eleições passadas.
Pois agora, além desses, buscou lá fora novos adversários entre filiados e parlamentares do seu próprio partido, o PL. 
Precisa disso? Pra que isso? É desgaste desnecessário.
E sobre a escolha de nomes à esquerda para cargos na prefeitura já havia alertado aqui neste Blog nos primeiros dias da gestão. 
Essa esquerdização com o passar dos meses só aumentou, decepcionando muitos eleitores que votaram no 22.

Adianta conselhos?

E parece de nada adiantar os amigos, familiares e alguns poucos e sinceros assessores o aconselharem. Alguns até gritam alertas de PERIGO! PERIGO! como fazia o robô da série Perdidos no Espaço.
 Ele não vê o sinal vermelho, ignora todos os bons conselheiros e – teimoso – cai na armadilha e se estatela no chão.
Bem. Para toda ação existe uma reação. Não é o que diz a inexorável lei que aprendemos na vida? Colhe-se o que se planta.
Peterson Crippa parece não entender que o momento da campanha eleitoral já passou e que queixas e críticas ao passado são vistas como ultrapassadas. Para isso se votou por mudanças.
De que adianta ficar relembrando fatos e feridas pretéritas? O vitimismo cansa.
A hora é de diálogo, de administrar, trabalhar, somar, buscar apoios, soluções para os problemas e recursos para o nosso município. 
É o que espera a população e principalmente os 12.046 eleitores que depositaram nas urnas suas esperanças.

Laguna está atrasada

Laguna tem pressa, está atrasada em muitas áreas e por incrível que pareça ainda estamos discutindo e buscando resolver problemas básicos. E são 349 anos de fundação!
Outros municípios mais novos e até menores que o nosso estão se adiantando, nos ultrapassando. Parabéns para eles.
Não vemos nem ouvimos nesses locais vizinhos essas rusgas, esse disse me disse, essas picuinhas que a todo o momento são criadas em nossa cidade. 
Por fim, não fica bem para o prefeito, nem para a nossa cidade entrar em brigas via redes sociais ou através de microfones de rádios com ampla repercussão negativa na mídia de todo o estado.
A verdade é que são desavenças que prejudicam tão somente a nossa Laguna e sua população.

19 setembro 2025

Jornalista, secretário e prefeito da Laguna. Quem foi Zeca Freitas?

 
Lagunense, filho de professora, jornalista, fundador de jornal, colaborador de vários órgãos de imprensa, entre eles O Albor. Jovem ainda, se tornou secretário geral da prefeitura da Laguna, cargo que exerceu por décadas, atravessando gestões. Assumiu como prefeito em várias ocasiões. Na época não havia o cargo de vice-prefeito.
José Duarte Freitas é seu nome, mais conhecido como Zeca Freitas, um intelectual que se destacou na sociedade lagunense e bem por isso merece sempre ser lembrado.
 
O lagunense José Duarte Freitas nasceu em 29 de novembro de 1905, filho de Victor Francisco Freitas e Honorata Duarte Freitas. O casal teve mais um filho, João Duarte Freitas.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, jornalista, secretário e prefeito da Laguna. Acervo: Valmir Guedes Júnior.

Quando José Duarte Freitas foi matriculado no então Grupo Escolar Jerônimo Coelho em 1912, ano da inauguração deste estabelecimento escolar, já era alfabetizado na escola particular de sua progenitora situada na rua Voluntário Carpes, na mesma casa onde Zeca Freitas vai residir até o seu falecimento.
Bem cedo José Freitas demonstrou sua inteligência, cursando com brilhantismo as três séries da Escola Complementar.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, ainda jovem, provavelmente na década de 1930/40. Foto: Álbum de família de Irene Vieira Souza.

Em seguida foi contratado como escriturário na Companhia Carbonífera de Araranguá-CBCA, cidade onde passou a residir.
Em 30 de novembro de 1930 foi nomeado secretário-geral da prefeitura da Laguna, com o Brasil já sob o comando da Revolução de 1930, que tinha em Aristiano Ramos como interventor federal no estado de Santa Catarina.
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Jornal lagunense A Gazeta de 23 de março de 1930, com José Freitas de Redator-Secretário.

Foi redator-secretário dos jornais lagunenses A Gazeta, de propriedade de Claribalte Galvão; Sul do Estado, de Pompilio Pereira Bento e jornal O Albor, de Antônio Bessa. Neste último vai atravessar décadas como colaborador, escrevendo crônicas até as últimas edições do jornal em 1965.
Em 1933 foi secretário do Partido Liberal em nossa cidade e em 1934 Diretor-Responsável do Jornal A Vanguarda, órgão de imprensa porta voz desse partido na Laguna.

Expediente do 1º número do jornal A Vanguarda, de 7 de setembro de 1934. Diretor- Responsável José Freitas.

Convidado pelo governo do estado, durante curto período foi redator da Imprensa Oficial de Santa Catarina.

José Duarte Freitas - Zeca Freitas, terno escuro ainda jovem no centro da foto. Registro feito provavelmente na década de 1930/40. Aldo Bortoluzzi Souza (à direita, de óculos). De terno claro e de polainas (?). Foto: Álbum de família de Irene Vieira Souza.

No período que residiu na capital do estado, Zeca Freitas escreveu semanalmente uma coluna para o jornal Diário da Tarde.
Com a posse do prefeito lagunense Giocondo Tasso em 22 de abril de 1933, retorna ao cargo de secretário na prefeitura na gestão de Tasso até 1945.

Edital publicado no jornal O Albor de 8 de maio de 1938, Giocondo Tasso como prefeito e José Duarte Freitas como secretário.

E continuou na mesma função nos anos seguintes, gestões de Alberto Crippa, Walmor de Oliveira e nas duas administrações de Paulo Carneiro, assumindo em várias ocasiões a titularidade da prefeitura, já que não havia na época o cargo de vice-prefeito.

Uma lei publicada no jornal O Albor de 27 de maio de 1950 com Alberto Crippa prefeito e José Duarte Freitas como secretário.


Edital publicado no jornal O Albor de 24 de janeiro de 1959. Walmor de Oliveira como prefeito e José Duarte Freitas secretário.

Em 28 de janeiro de 1959 com a renúncia de Walmor de Oliveira do cargo de prefeito por ter sido eleito deputado estadual em 3 de outubro do ano anterior, José Duarte Freitas assumiu mais uma vez a prefeitura, agora eleito indiretamente e por unanimidade pela Câmara de vereadores, com apoio dos três partidos que compunham a Casa Legislativa: PSD, PTB e PSP.

Edital publicado no Jornal O Albor de 14 de março de 1959, com José Duarte Freitas como prefeito da Laguna.

Seu mandato tampão vai de 28 de janeiro de 1959 a 31 de janeiro de 1961, quando assume o prefeito eleito médico Paulo Carneiro. 
Duarte Freitas continua exercendo o cargo de secretário da prefeitura por mais alguns anos, até sua aposentadoria.

Edital publicado no jornal O Albor de 11 de março de 1961, tendo o médico Paulo Carneiro como prefeito e José Duarte Freitas secretário Geral da Prefeitura da Laguna.

Foram mais de trinta anos servindo à prefeitura, à imprensa lagunense e a terra que o viu nascer.
Em 15 de abril de 1939 casou-se com Gilete dos Anjos Freitas, nascida no Parobé e que durante toda a sua vida praticou a filantropia. Tiveram uma filha de coração, a Rachel, também já falecida.
Na década de 1950 José Duarte Freitas foi secretário do Clube Congresso Lagunense, onde organizou torneios de xadrez que marcaram época.

"Poeta de maravilhoso estilo"

Quem o conheceu ressalta seu grande coração, sua bondade, mostrando-se humano em todas as oportunidades, jamais deixando de socorrer a quem o procurasse.
Maestro Agenor Bessa em um de seus escritos, disse: 

 “O cidadão José Duarte Freitas foi um grande jornalista, um poeta de maravilhoso estilo, e seu brilho como literato teria muito maior reflexo houvesse ele procurado viver num meio mais desenvolvido onde pudesse dar maior expansão a sua inteligência”.

Escrevendo à mesa do Café Tupy

A primeira vez que vi José Duarte Freitas ele estava sozinho, de terno escuro, em uma das mesas com tampa de mármore do icônico Café Tupy. E, compenetrado, escrevia.
Foi no começo da década de 1970, tinha eu uns 11, 12 anos e acompanhado do meu pai, perguntei, curioso, quem era aquele senhor. Me respondeu tratar-se do jornalista Zeca Freitas, um intelectual lagunense, inteligente e educado e que escrevia uma crônica semanal para a Rádio Difusora.
Aquela imagem nunca mais saiu da minha mente. Era a primeira vez que vi um jornalista ao vivo. Me pareceu fazer um jornalismo romântico, quixotesco, como um paladino da justiça.
A mesma imagem vai se repetir anos depois, inúmeras vezes e em muitas outras mesas. Mas aí o personagem principal já será o jornalista Richard Calil Bulos, o Xaxá e estarei sentado ao seu lado, aprendendo e também escrevendo. 
Mas isso já é outra história.

Falecimento e homenagem com nome de rua

José Duarte Freitas ficou anos enfermo e faleceu aos 73 anos em 20 de dezembro de 1978.
Três dias depois, Silvio S. Silveira em sua coluna Opinião do jornal Semanário de Notícias de 23 de dezembro assim se expressou: 

“Por muitos anos fora admirável colaborador da imprensa falada e escrita lagunense, assim como soube desempenhar, com raro desvelo, uma das principais secretarias do Paço Municipal. Foi também prefeito, oportunidade em que recebeu dos seus munícipes o respeito e a admiração destinados aos homens de bem.
Ao seu funeral compareceu grande número de amigos e pessoas de suas relações, assim como fizeram presença, também, lagunenses de poucos recursos, aos quais o falecido, em vida, soube estender suas agitadas, porém benditas, mãos.
Perde Laguna, assim, mais um dos seus filhos que tão gloriosamente a souberam notabilizar”.

Em 30 de novembro de 1982, através da Lei nº 35/82, na gestão do prefeito Mário José Remor/João Gualberto Pereira, o jornalista José Duarte Freitas foi homenageado com nome de uma pequena via pública no bairro Cabeçuda.

17 setembro 2025

Morre Terson dos Santos, Rei Momo do Carnaval lagunense por mais de duas décadas

 
Faleceu Terson Ubirajara Menezes dos Santos, aos 76 anos, Rei Momo do carnaval lagunense por mais de duas décadas.
Velório acontece nesta quinta-feira (18) das 8h às 15h na sala mortuária Pérola da Funerária Cristo Rei, com cortejo logo após para o Crematório São Mateus, em Capivari de Baixo.
Sentimentos aos familiares e amigos.
 

Terson Ubirajara Menezes dos Santos, Rei Momo do carnaval lagunense por mais de vinte anos. Carnaval de 1998. Foto: Valmir Guedes Júnior


Natural do Rio Grande do Sul, torcedor do Internacional, Terson Ubirajara Menezes dos Santos veio para Laguna em meados da década de 1970.
Foi casado com Ana Maria Silveira e da união nasceram os filhos Rodrigo, Anamares, Tatiana e Pedro Paulo.
De fácil trato, boa conversa, Terson logo conquistou inúmeras amizades, passando a residir no bairro Magalhães.
Com sua experiência profissional em escritório e contabilidade, tendo trabalhado em estabelecimento bancário, logo foi contratado pela Zilmar Indústria e Comércio de Arroz S.A.
Já na gestão do prefeito Mário José Remor (1977-1982) começou a trabalhar na prefeitura no departamento de tributos e fiscalização. Vai se aposentar como servidor público da administração municipal no início da década de 2000.
Foi tesoureiro do Sindicato dos Servidores Públicos do Município da Laguna em várias gestões.
De 1978 a 2001 foi Rei Momo do carnaval lagunense, sempre conduzindo com maestria o cetro e a coroa. Com seus mais de 170 quilos e 1m83cm de altura, encarnou como ninguém a figura rechonchuda da mitologia grega.
A partir de 2002 o Rei Momo passou a ser Anderson Passos da Rocha, o Rochinha.
Terson fez par com inúmeras rainhas do carnaval lagunense a quem sempre soube conduzir com respeito, educação e samba no pé. 
Lembro de alguns nomes: Jane Ungaretti, Michelle (1995), Gisele Barreiros (1996), Gisele  Pavanatti Soares (1998), Daniela Souza Sebastião (2000) e Kelly Caroline Dornelles (2001).