sábado, 29 de junho de 2019

Feira do Ribeirão Grande nas décadas de 1970/80 na Laguna - Filmagem

Uma reportagem atravessa o tempo. Ela trata da Feira do Ribeirão Grande na Laguna nas décadas de 1970/80. Os produtos hortifrutigranjeiros eram oferecidos em tabuleiros, bancas improvisadas na rua Gustavo Richard, pelos próprios produtores, de origem açoriana.
A feira tinha a supervisão da Epagri e seus engenheiros, entre eles o então jovem agrônomo Joel Gaspar que aparece como entrevistado na matéria.  
A reportagem, com belas imagens e fundo musical de conhecidos sucessos do Grupo Engenho, mostra desde a plantação nos terrenos dos morros do Ribeirão, passando pelo transporte até a chegada ao centro da Laguna para a comercialização.

Entrevista também conhecidos agricultores, produtores lá do Ribeirão, como Brázinho da Mela, Cid do Luiz Bonifácio e Deco do Fernando Neca. Esses dois últimos ainda continuam trabalhando na feira, tantos anos passados. Dois heroicos remanescentes de um tempo.
Além de consumidores, como dª Ema Bacha, Odete Cecy Nunes e outros. Muitos deles que já não estão entre nós, mas avôs e avós, pais e mães de toda uma geração.

Na filmagem, onde não aparece os créditos, nome do repórter, produtora, ou a data, se percebe o prédio da antiga rodoviária e os dois pequenos postos de combustíveis então existentes, o da frente, em primeiro plano, do seu Milton Cunha. Os três Imóveis derrubados em 1988, na gestão do prefeito João Gualberto Pereira (1983-1988). E também alguns estabelecimentos comerciais de outrora, como a Discos Record, Casa Regina (Edgar Pereira), Murilo Speck, etc.

A feira até hoje se mantém, agora com outra denominação, chamada “Feira de Produtos Coloniais”, numa estrutura menor, sob um toldo, todas às sextas-feiras, na Praça Paulo Carneiro, defronte ao Mercado Público e na mesma rua Gustavo Richard. Conta ainda com a supervisão da mesma Epagri.

Uma interessante reportagem com a duração de 11m14s com alguns trechos falhados, truncados, mas histórica, saudosista, uma verdadeira preciosidade jornalística e memorialista.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Descobrimento do Brasil já foi comemorado em 3 de maio. Bem por isso o nome do Clube no Magalhães

Aprendemos desde muito tempo, em livros e nos bancos escolares, que o Descobrimento do Brasil se deu no dia 22 de abril de 1500, não é mesmo?
Mas você sabia que nem sempre foi em 22 de abril que a data foi exaltada?
Pois é. Há algum tempo, querendo saber por que algumas sociedades, associações, etc receberam pelo nosso país o nome de “3 de maio” e em especial no caso da Laguna, a Sociedade Recreativa 3 de Maio, do bairro Magalhães, fui atrás do motivo. E o encontrei. Veja abaixo:

Vera Cruz para Santa Cruz
Após o advento da Proclamação da República (1889), e até a Revolução de 30, o Brasil celebrava seu Descobrimento na data de 3 de maio, que era feriado nacional.
Esta teria sido a data do Descobrimento segundo o historiador lusitano Gaspar Correia (1495-1561), que a deduziu do fato de Cabral ter batizado a terra de “Vera Cruz”, nome mudado pelo rei dom Manuel para “Santa Cruz”, em função da comemoração religiosa de mesmo nome, que ocorria a 3 de maio.
O próprio José Bonifácio, o Patriarca da Independência do país, propôs que a abertura da primeira Assembleia Constituinte brasileira, em 1823, caísse nesse dia, para coincidir com o descobrimento do Brasil. E assim foi feito.

A carta de Pero Vaz de Caminha traz a data correta
Mas ai surgiu um documento, fonte primária, que por três séculos ficou esquecido nos arquivos portugueses e que acabou vindo para o Brasil com D. João VI e toda a família imperial, em 1808. Era a Carta do escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, testemunha ocular da história.
A descoberta do documento deveu-se ao pesquisador e padre Aires de Casal, que o publicou no ano de 1817.
Mesmo assim, a nova data não entrou oficialmente para o calendário.

Com o advento da República, em 1889, estabeleceu-se um calendário de festas cívicas. “Considerando que o regime republicano baseia-se no profundo sentimento de fraternidade universal; que esse sentimento não se pode desenvolver convenientemente sem um sistema de festas públicas destinadas a comemorar a continuidade e a solidariedade de todas as gerações humanas”, dizia o decreto 155b, de 14 de janeiro de 1890.

Os feriados criados no início da República
O decreto criou, entre outros, o feriado de 21 de abril em homenagens a Tiradentes. E a data de 3 de maio, feriado, continuou lá, como sendo a do Descobrimento do Brasil, mesmo que a própria imprensa, historiadores, pesquisadores e escritores já entendessem que a data correta era 22 de abril.
E continuou sendo assim até 1930, quando com o advento do Estado Novo, Getúlio Vargas acabou com o feriado de 3 de maio, e alterou finalmente e acertadamente o dia do Descobrimento do Brasil para 22 de abril.

Bem por isso, muitas associações, logradouros, clubes e sociedades as mais diversas que foram fundadas por esse Brasil afora até 1930, receberam o nome de 3 de maio.
Clube 3 de Maio da Laguna foi fundado em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil

A tradicional Sociedade Recreativa 3 de Maio, situada no bairro Magalhães foi fundada com este nome em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil. Aliás, esse é um fato ignorado pela maioria dos sócios e por muitos presidentes que por lá passaram. 
A versão divulgada que uma reunião teria ocorrida numa casa do bairro naquela data, com vistas à fundação de uma sociedade não se mostra plenamente correta. Bem, a reunião pode até ter acontecido, afinal era um dia de feriado, mas a homenagem dada, sem dúvida alguma, foi ao dia consagrado ao Descobrimento do Brasil.
Nota da inauguração do Clube Recreativo, Literário 3 de Maio, em 21 de julho de 1907. Jornal O Albor de 25/07/1907, pág. 2
Sobre esta Sociedade, há uma particularidade. Surgiu com a denominação oficial de Sociedade Recreativa e Literária 3 de Maio, fundada em 21 de julho de 1907, conforme nos informa Ruben Ulysséa, numa crônica publicada no jornal Correio do Sul, em 29/01/1939, sobre a fundação dos clubes lagunenses e transcrita no livro "Laguna - Memória Histórica", 2004, pág. 272.
No entanto, é comemorado anualmente seu aniversário na data de 3 de Maio, juntamente com outros aniversariantes do dia, como a Sociedade Musical União dos Artistas e o Colégio Stela Maris.

Não deveria sê-lo em 21 de julho, data oficial de sua fundação?
Se assim o fizessem, em minha opinião, se quebraria uma tradição de aniversário que vem se repetindo há muitos anos. Mas os fatos reais são esses acima. Alguém se propõe a mudar? 
Fundadores do Clube 3 de Maio
Para finalizar, de acordo com Ruben Ulysséa, foram fundadores do Clube 3 de Maio: Joaquim de Souza Júnior, Joaquim João, Tácito Estevam Soares, João Lopes de Carvalho, Alcides Soares da Silva, Merêncio Alves da Luz, Manuel João Laguna, Zelindro Antonio dos Santos, Agostinho Faísca, Paulino da Silva Costa, Tomaz Ricardo, João Pedro Cidade, Manuel Martins Pinho, Francisco Martins Fonseca, Heleodoro Tomaz da Cunha, Antonio Ezequiel de Sousa, Aristides Soares da Silva, Antônio Palma e outros.
A primeira diretoria do Clube estava assim composta:
Presidente: Joaquim de Sousa Júnior
Vice-presidente: João Estevam Soares
Secretário: Paulino da Silva Costa
Tesoureiro: Merêncio Alves da Luz
Orador: Antônio Guimarães Cabral (O Pereira)
Zeladores: Agostinho Faísca e Zelindro Antônio dos Santos.

Como se percebe, diversos sobrenomes de tradicionais famílias do bairro Magalhães que deixaram inúmeros descendentes.


quarta-feira, 26 de junho de 2019

Florianópolis mudou de idade em 2015. Mas lá o motivo foi justo e perfeito

Ontem, um vereador lagunense antes da sessão me disse que Florianópolis há poucos anos havia mudado de idade, trocado a data de sua fundação. E perguntou: Por que a Laguna não poderia fazer o mesmo?
Expliquei que lá na capital os motivos foram bem diferentes e até se justificaram plenamente. Lá se corrigiu uma verdadeira anomalia, porque até o ano de 2015, Florianópolis comemorava seu aniversário, a data de sua fundação, partindo de 23 de março de 1726, data em que a Ilha de Santa Catarina foi emancipada política e administrativamente da Laguna. Sim, senhores e senhoras, Florianópolis já pertenceu à Laguna, esteve vinculada a nossa cidade, por assim dizer.
Explico os fatos a seguir:

Em 2015, projeto de Lei de autoria do vereador Afrânio Boppré (PSOL), propôs mudança na data de aniversário de Florianópolis, comemorado anualmente em 23 de março.
Na verdade, o celebrado neste dia até então, era a emancipação política-administrativa da capital, ocorrida em 23 de março de 1726, quando a então Ilha de Santa Catarina (depois Nossa Senhora do Desterro) – mais uma vez! - se desmembrou da Laguna.

A proposta apresentada pelo vereador era a de que que o aniversário de Florianópolis fosse comemorado e contado a partir de sua fundação, no ano de 1673, pelo bandeirante Francisco Dias Velho. O projeto foi amplamente aceito pelos vereadores e aprovado em duas votações.
Foi posteriormente vetado pelo então prefeito César Souza Filho e teve o veto derrubado pelos vereadores. O projeto que se transformou em lei levou o número 15.709/15.
Portanto, desde o ano de 2015, Florianópolis comemora seu aniversário partindo do ano de 1673, três a menos do que Laguna. Este ano, portanto, foram comemorados lá seus 346 anos de fundação. Enquanto a Laguna vai comemorar em 29 de julho próximo seus 343 anos.
Na falta de dia e mês exatos, os vereadores optaram por deixar o 23 de março, até para não atrapalhar calendários e feriados. Um critério adotado.
Adiante:

A proposta de mudança partiu de um trabalho de pesquisa do saudoso professor, desembargador aposentado, historiador, escritor e ex-secretário de Estado, lagunense Norberto Ulysséa Ungaretti.
Na defesa da proposta, Ungaretti ressaltou que “contar a ‘idade’ de Florianópolis a partir da sua emancipação e não da sua fundação é como se a ‘idade’ do Brasil fosse contada a partir de 1822, data da independência”.
Outros estudiosos também defenderam a data, como Nereu do Vale Pereira e Evaldo Pauli em seu livro “A Fundação de Florianópolis”.

Lá não é como cá
Veja leitor, que me acompanha atentamente neste Blog, que a proposta, que depois virou lei municipal lá em Florianópolis, nada tem a ver com o sugerido cá aos vereadores, prefeito e comunidade lagunense pelos Cadorin na tribuna da Câmara, na audiência pública de ontem à noite.
Lá se oficializou a data de fundação para corrigir “uma anomalia”, no dizer de Ungaretti; cá foi sugerida a alteração no ano da fundação da Laguna, alegando ter sido ele escolhido aleatoriamente e pela passagem de pouco mais de um ano de um navio espanhol com seus náufragos por essas paragens, em 1552/1553, que depois daqui se foram, e através de uma carta do comandante da embarcação, Juan de Salazar Espinosa, datada de 1º de janeiro de 1552.

Lá na capital, penso que foi uma proposta justa e perfeita, defendida por muitos, com base histórica e visando corrigir uma distorção.
A alegação, o arrazoado do dr. Norberto encontrou guarida no Legislativo da capital.
E dou outro exemplo, além daquele citado da Independência do Brasil: contar idade a partir da emancipação é como se passássemos a aniversariar somente a partir dos 18 anos, ou 21, que seja, em nossa maioridade.

Enfim, eis rapidamente os fatos apresentados. Nos próximos posts vou procurar humildemente destrinchar mais a história. Sem paixão, mostrando o que dizem os vários historiadores sobre as primeiras viagens à costa catarinense por parte de navegantes espanhóis e portugueses

Audiência Pública para mudar a data da fundação da Laguna

Ontem à noite (25/6/2019) realizou-se no plenário da Câmara de vereadores da Laguna, audiência pública sobre a proposta (discussão) de mudança de data de fundação da Laguna, apresentada pelo ex-prefeito Cadorin e seu filho Lucas, com apoio inconteste do presidente do Legislativo, Cleosmar Fernandes.
A leitura do autor da proposta (Cadorin) levou 1h13m12s. Após, houve manifestações do prefeito, vereadores, e deste autor, de improviso, que começa aos 1h28:23s e se estende por apenas 22 minutos. O leitor pode adiantar ou voltar o tempo deslizando o cursor.

Sim, a proposta é pela mudança da data, mesmo que não tenha ficado muito claro isso ou que seja feita por outro viés. Não fosse esse o motivo principal, não haveria necessidade de uma audiência pública.

 Os fatos históricos apresentados por mais de uma hora de leitura, feitas pelo ex-prefeito, em minha opinião comporiam apenas um capítulo a mais na grande história da Laguna, que ainda não foi escrita, nas palavras do padre Leonir D’Alba, no prefácio de seu livro “Laguna antes de 1880”.

Tive oportunidade de me manifestar no plenário ao público presente, fazendo breve recapitulação de fatos, mostrando que a data escolhida da fundação da Laguna – 1676 – não foi aleatória conforme foi afirmado, e citando nossos historiadores de outrora e o porquê da fundação da Laguna ter acontecido em 1676. Aliás, data que o próprio filho do fundador, Francisco de Brito Peixoto, presente aos fatos, testemunha ocular da história da fundação da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos, citou em duas petições enviadas ao El Rei. Como diria um manezinho da ilha: se ele dix!!!

Nos posts publicados aqui neste Blog nos próximos dias, vou procurar destrinchar toda a história e o que motivou a apresentação dessa proposta.
Lamenta-se que entre os edis, apenas três ou quatro deixaram-se ficar presentes à audiência, após a sessão Ordinária realizada minutos antes. Estavam lá os vereadores Peterson Crippa Silva (PP), Nádia Tasso Lima (MDB), Kléber (Kek) Lopes Rosa (PP), Osmar Vieira (PSDB) e, lógico, o presidente da Casa, Cleosmar Fernandes.

Mas vamos por partes, porque o assunto é polêmico, merece nossa reflexão, estudos e análises. 
Aliás, a pesquisa apresentada no plenário da Câmara de vereadores, em minha opinião, deveria ser apresentada ao Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, obtendo assim, um parecer dos nobres membros daquela histórica instituição.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Laguna foi fundada em 1676. Quem disse isso? O filho do fundador, ora bolas!

Domingos de Brito Peixoto, o fundador
da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos
da Laguna, em 1676. Mais abaixo o medalhão com o desenho do filho Francisco de Brito Peixoto.
A Póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna foi fundada em 1676.
Quem disse isso?
Ora bolas! O próprio filho do fundador, o capitão-mor da Laguna Francisco de Brito Peixoto. E disse não uma, mas duas vezes.

Quem discorda?

Durante muitos anos a data de fundação da Laguna foi um tema bem discutido.
No início década de 70, nossos maiores historiadores lagunenses e catarinenses chegaram a um consenso. Por fim, o tricentenário foi comemorado em 1976.
O historiador, médico, escritor, deputado, lagunense Oswaldo Rodrigues Cabral, autor de inúmeras obras de relevo da história catarinense, condensou os vários estudos e versões sobre a Fundação da Laguna, e num extenso capítulo publicado no livro “Santo Antônio dos Anjos da Laguna – Seus valores históricos e humanos”, edição comemorativa da passagem do tricentenário de fundação da Laguna, publicado em 1976 pelo governo do estado, Imprensa Oficial – IOESC, no governo de Antônio Carlos Konder Reis.
Cabral dissecou as várias correntes.

Mas vamos por partes, que o assunto e longo e apaixonante. Para quem gosta, evidentemente.

Data não foi escolhida aleatoriamente
Há um documento, citado por Carvalho Franco, onde aparece o ano de fundação da Laguna. Ele está transcrito quase que integralmente no livro Bandeiras e Bandeirantes de São Paulo – Cia. Editora Nacional – Col. Brasileira – Vol. 181 – S. Paulo, 1940 – págs. 282/3/4.

Trata-se de uma petição ao Rei, assinada por Francisco de Brito Peixoto, o capitão-mor da Laguna, o filho do fundador e presente quando da fundação da póvoa, e anexa à provisão-régia de 6 de fevereiro de 1714.

Em minha humilde opinião, é dos mais importantes documentos sobre a fundação da Laguna, de valor incalculável historicamente, porque é um depoimento, fonte primária insofismável, mesmo sendo feito 38 anos depois dos acontecimentos. Narra pormenores, como tempo desprendido da viagem pelos Brito Peixoto desde Santos, o ano, a quantidade de gente que trouxe, a morte do irmão Sebastião de Brito Guerra e a do pai Domingos de Brito Peixoto na Vila da Laguna.
O documento prova que a data, o ano de fundação da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna não foi escolhido aleatoriamente por alguns historiadores e legisladores três séculos depois visando comemorações de aniversário.

Cabral transcreve a petição e também o fazemos aqui:

“Diz o Capitão Francisco de Brito Peixoto, morador na povoação de Santo Antônio dos Anjos, que fez e descobriu para as bandas do sul, em distância de cento e vinte léguas da Vila de Santos, que ele teve tão grandes desejos de merecer no serviço de Vossa Majestade e de lhe dilatar o Império, que, sendo das principais e mais abastadas famílias de todas aquelas vilas do sul, deixou sua casa e a própria mãe e se foi com outro seu irmão mais moço, chamado Sebastião de Brito Guerra, que era tenente da Ordenança, em companhia de seu pai, o Capitão Domingos de Brito Peixoto, a descobrir novas terras que não fossem de pessoa alguma habitadas, e com efeito, NO ANO DE 1676 saíram da Vila de Santos, donde eram moradores, levando consigo cinquenta escravos seus, com os quais bem feitorizavam as suas fazendas, que deixaram incultas e todo o mantimento necessário para a dita gente, e para dez homens brancos, que com ela iam, como também outras armas e provimento bastante de pólvora e chumbo, e ferramentas condizentes para o rompimento dos matos e feitorias de embarcações, em que fizeram uma despesa tão grande como se considera, e com este apresto saiu da dita Vila, em que meteu mantimento e mais ferramentas necessárias, dando-lhes ordem fossem dar fundos defronte da paragem chamada Lagoa dos Patos, e que aí estivessem, até que o suplicante, seu pai e irmão chegassem, para lhe apontarem a paragem em que iam desembarcar, que o dito seu pai já tinha sabido, por ter de antes ido examinar o dito sítio, e depois que gastaram quatros meses no caminho com romper os matos e buscar as passagens, foi o mesmo suplicante com os mais dar no sítio da Lagoa dos Patos, com imenso trabalho de tão áspero e dilatado caminho... e nesta viagem lhe morreram mais de vinte e cinco escravos... e assim chegou ao dito sítio da Laguna, fez pôr em terra os mantimentos e ferramentas que pelo mar tinha mandado na fragata, fundando povoação... dando o pai do suplicante notícia ao Sereníssimo Senhor Rei Dom Pedro, que a glória haja, pai de Vossa Majestade, que Deus guarde, foi servido mandar-lhe agradecer por carta este novo descobrimento e povoação, o que fez com promessa de lho remunerar, a qual carta se perdeu em uma das ditas embarcações, porém a viram muitas pessoas que dela testemunharão, e assim o dito seu pai, como o suplicante, enquanto foi vivo, gastaram muita fazenda neste descobrimento, e nele lhe morreu o outro filho solteiro, o tenente Sebastião de Brito Guerra, com muita quantidade de escravos, que lhe mataram e se perderam, e o dito capitão Domingos de Brito Peixoto, pai do suplicante se faleceu na mesma povoação, depois do dito seu filho, e por sua morte nenhum outro varão lhe ficou mais que o suplicante, Francisco de Brito Peixoto”.

Um único documento desses dirimiria qualquer dúvida quanto ao ano de fundação da Laguna, não é mesmo, leitor? Mas há ainda mais.

Outra carta comprova o ano 1676 como da fundação
Moacir Domingues, em sua obra “A Colônia do Sacramento e o Sul do Brasil” – Porto Alegre – Sulina 1973 – pág. 239 – Doc. 27, transcreve outro documento assinado pelo filho Francisco de Brito Peixoto.

É uma nova carta ao Rei de Portugal, essa datada de 20 de abril de 1730, portanto 16 anos mais tarde o que já havia declarado na petição de 1714, o mesmo Francisco de Brito Peixoto, já com certa idade (85 anos, vai falecer em 1735), diz o seguinte:

“(...) Resolveu-se meu Pai Domingos de Brito Peixoto, vassalo de V.R.M, sendo morador da Vila de Santos, e abundante de bens, na mesma Vila a vir com todo o empenho, trazendo-nos em sua companhia assim a mim como a um irmão meu Sebastião de Brito Peixoto, em uma fragata, que para esse fim mandou fazer trazendo em nossa companhia muitos escravos, com todos os preparos necessários para o descobrimento deste lugar chamado a Lagoa dos Patos, cujo descobrimento fizemos em era de seiscentos e setenta e seis, e chegando à dita Laguna fizemos assento em o mesmo lugar, que é hoje da Vila...”.

E indaga Osvaldo Cabral sobre esse segundo documento:

“Por que insistiria Francisco de Brito Peixoto no milésimo 1676, se não fora ele o verdadeiro, fixado de tal modo em seu subconsciente que, mesmo valetudinário e quebrado pelos anos e desenganos, ainda era o que lhe vinha à mente para citar?”

Certidão de nascimento tardia da Laguna
Cá pra nós leitor, se fossemos fazer uma ação, requerendo na Justiça, uma espécie de Certidão de Nascimento tardia da Laguna, tal e qual ao que foi feito com a certidão de Anita Garibaldi, eis dois documentos imprescindíveis – fontes primárias, repito – que estariam em anexos aos autos.

Ainda Osvaldo Rodrigues Cabral, nas páginas 82/83 do livro “Santo Antônio dos Anjos da Laguna – Seus valores históricos e humanos, diz que aceitam o ano de 1676, preferindo-o a qualquer outro, os seguintes autores/historiadores:
Além dele próprio Cabral, Basílio de Magalhães, Aurélio Porto, Lucas Alexandre Boiteux e Aníbal de Matos.

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E o mês e dia de fundação da Laguna?
Quanto ao mês e dia de Fundação, aí sim não existem documentos que comprovem a data. Os estudiosos se dividem nas opiniões.

Diz Cabral na obra que venho me reportando até aqui, que não se conhece com exatidão

o dia em que o seu fundador, com sua gente - familiares, agregados, escravos, indígenas e homens de armas – pisou pela primeira vez, com propósitos de nele se fixar, o chão sulino e, olhando em torno, escolheu o local que lhe pareceu o melhor para deitar fundamentos a um povoado, dizendo aos circunstantes que acreditava ser aquele o sítio mais apropriados para fazê-lo, e ao mais que trazia em mente, e mandou que desenfardassem toda a tralha que traziam”. P. 57

Cabral salienta que Laguna “não seria a única de tantas povoações oriundas da expansão vicentista que perderia memória do dia exato em que se verificou o evento”.
 
No escudo das armas da Laguna, no segundo terço, estão a “Torre” dos Brito, fundadores do núcleo lagunense, Domingos de Brito Peixoto e seus filhos Francisco de Brito Peixoto e Sebastião de Brito Guerra; A “Cruz” florenciana dos Magalhães, genro do fundador e chefe da expedição para exploração das terras do Rio Grande; e a “Bandeira” dos Bandeiras, lembrando a atuação de Rafael Pinto Bandeira, para a incorporação do Rio Grande ao Brasil.
O único Santo Antônio dos Anjos
Sabe-se que era praxe entre os descobridores de novas terras, batizá-las com o orago a que seria dedicada.
No caso de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, a dificuldade está justamente no complemento “dos Anjos”, sendo o nosso padroeiro o único santo com essa nomenclatura.

O saudoso professor Ruben Ulysséa debatia duas possibilidades:
13 de junho, data consagrada ao santo lisboeta – Santo Antônio de Lisboa, igualmente chamado de Pádua; e a data de 2 de outubro consagrado no hagiológio aos Anjos.
Hagiológio= Nome que se dá à descrição, estudo e tratado sobre a vida dos santos, no cristianismo.(N.A.)

Nail Ulysséa, estudiosa da nossa paróquia, escreveu todo um capítulo dedicado a Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna, no livro em comemoração ao Tricentenário de Fundação.
Sobre o nome da Fundação, diz Nail “Que há um concerto uníssono em afirmar que a povoação foi fundada sob a invocação de Santo Antônio”.
“Porque “dos anjos”, isto sim, há diversas opiniões a respeito”, salienta.

Cita Ruben Ulysséa, para quem a povoação foi fundada a 2 de outubro, dia do Anjo da Guarda.

Nail Ulysséa também invoca a opinião de Frei Adalberto Ortmann, que em artigo publicado em 1958, no volume “Ensaios Paulistas, com o título de “Famílias de Piratininga e Franciscanos Paulistas”, afirma que frades franciscanos acompanharam Dias Velho, na fundação de Nossa Senhora do Desterro; e Domingos de Brito Peixoto, na de Laguna.
Franciscano que teria erigido “A capela de Santo Antônio dos Anjos, numa invocação típica dos franciscanos, lembrando a capelinha de Nossa Senhora dos Anjos, berço de sua ordem em Assis d’Itália”.

Nail Ulysséa também fala dos místicos, que se apoiam na lenda “de que a primeira imagem de Santo Antônio fora trazida pelos anjos e colocada na praia, onde foi encontrada”.

O historiador, pesquisador e colecionador Antônio Carlos Marega, em seu Blog, assim escreve sobre a data de fundação da Laguna:

“Chegando na Laguna no dia 02 de outubro, dia “dos Anjos” (Anjos Gabriel, Rafael e Miguel), Domingos de Brito Peixoto inteligentemente, não fugiu à tradição de oferecer a fundação ao santo do dia, só acrescentou antes o nome do santo de sua devoção (ouvi esta hipótese, pessoalmente do grande historiador Dr. Oswaldo Rodrigues Cabral). Fato é que veio com ele a primeira imagem de Santo Antônio, sendo colocada na capela de pau-a-pique, para devoção, devoção esta que chegou ao grau de intimidade entre o lagunense e o santo, como se tem para com um pai, um irmão ou para com um grande e melhor amigo. Santo Antônio dos Anjos é carinhosamente, o “Toninho”.
  
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Voltemos ao início da década de 70. A data do tricentenário da Fundação da Laguna (1976) se aproximava e havia a necessidade de se marcar o dia e mês para as comemorações da Fundação. Mas que dia? Que mês do ano?
As opiniões se dividiam. Dia 13 de Junho? Dia 2 de outubro? Terceiro domingo de julho?

Legisladores lagunenses, junto aos historiadores e demais autoridades, optaram por 29 de julho. Lei Municipal nº 15/1975, de 02/05/75.

Por quê?
Dia e mês criados aleatoriamente, sem dúvida, mas onde também se pretendeu homenagear a República Catarinense com a criação de uma Semana em que se pudesse reverenciar a data, com exposições, concertos musicais, palestras, gincanas, etc...
Era o embrião da futura “Semana Cultural da Laguna”, que visava unir a população no conhecimento de sua história e se tornar uma atração turístico-cultural num mês “fraco” nesse aspecto.

Epílogo
A História não é uma ciência exata, como a matemática, por exemplo. A qualquer momento, através de novos documentos e/ou depoimentos que surgem pelas mãos de pesquisadores, tudo por ser reescrito.

Que os atuais vereadores da Laguna meditem:
Mas mesmo não sendo exata, a história segue uma dedução lógica, ela não dá pulos, não se pode botar as carroças antes dos bois.
Se a data da fundação da Laguna for alterada para 50, 100 ou 124 anos anos antes, como está sendo proposto, retroagindo a 1552, obviamente deixa-se de se reconhecer a data de 1676 como a de fundação. Não há como ser diferente. 
Ou vai haver duas datas de fundações?
Risque-se, portanto, o nome do fundador Domingos de Brito Peixoto, mude-se o brasão e a bandeira do município e retire-se a estátua de Brito Peixoto de seu pedestal.
Altere-se também o nome de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, batizada que foi pelo seu fundador.
E mais que isso. Troque-se de padroeiro.

É o que querem? É o desejo do povo lagunense?

terça-feira, 18 de junho de 2019

Patrimônio imaterial da Laguna está se perdendo

Nos últimos anos por mudanças e alterações em muitas de nossas tradições, perdemos a identidade nas mais variadas manifestações culturais.

O patrimônio imaterial da Laguna está indo para o espaço, essa é que é a verdade. E o que é isso? Pois bem. Patrimônio cultural abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São os usos e costumes.

“São exemplos de patrimônio imaterial: as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições”.

Para muitos estudiosos do tema, patrimônio imaterial possui muito mais valor do que um imóvel tombado, por exemplo. E deve ser igualmente tombado, protegido, preservado.
Abaixo cito três exemplos de perdas:

Carnaval das Escolas de Samba
Não vou me estender e entrar em maiores detalhes, mas um dos motivos -se não o maior- pelo qual o nosso carnaval de Escolas de Samba definhou, foi a mudança do local dos desfiles. Na época alertei no meu primeiro Blog sobre isso. Recebi inúmeras críticas, principalmente por parte de alguns deslumbrados dirigentes carnavalescos. O tempo mostrou quem tinha razão.

Pois bem. Com a criação - por mera decisão política, até no nome de batismo do local - do sambódromo, em 2007, hoje um elefante branco, o carnaval lagunense definhou. Seja pela área distante do centro e/ou falta de infraestrutura e segurança daquela área.
Nos poucos anos de realização do desfile, as arquibancadas, com cerca de 5 mil lugares, nunca lotaram. Além disso, o tradicional pré-carnaval na rua Raulino Horn ficou inviabilizado pela chamada revitalização desta via que foi estreitada, além de receber lombadas em suas esquinas. Um roteiro histórico do carnaval que se foi.

Semana Cultural
A Semana Cultural foi outra tradição que perdeu-se em sua data e realização. Criada em 1981, pelo prefeito Mário José Remor, com ideias e concepção de José Paulo Arantes, Salun Nacif e Abelardo Calil Bulos, a “Semana” sempre foi realizada de 23 a 29 de julho de cada ano.
Intenção era aproveitar as férias escolares e promover um turismo cultural em nossa cidade, num mês frio e sem maiores atrativos, com a rede hoteleira e de restaurante, ociosa. Eram promovidas inúmeras atrações nesse período: exposições, gincanas, culinária, desfiles, bandas, danças, corais, teatros, aniversário da cidade no dia 29, com corte de bolo, etc.

Pois bem. De uns anos para cá, sucessivas gestões, sem critério algum, às vezes por mera decisão pessoal, mexeram na data, que hoje não é mais fixa. Tanto é verdade que este ano ela será realizada "de 30 de agosto a início de setembro" como informa  o site da prefeitura. Não estranhem se daqui a pouco a Semana comece a ser realizada em dezembro ou janeiro.
Como fazer um calendário turístico e cultural assim? Como se organizar e planejar ano a ano?
 Já abordei esse assunto há algum tempo, em 2013. Para ler mais clique aqui

Roteiro da transladação de Santo Antônio dos Anjos
Eis outra tradição, essa de roteiro, que se está perdendo. 
Há dezenas de anos a transladação se dá por determinadas ruas e avenidas da Laguna, alternando-se sua partida ora da igreja dos Navegantes, no Magalhães, ora da igreja da Nossa Senhora Auxiliadora, da Roseta.
E o que fizeram? Alteraram o início para à igreja Sta. Terezinha, no Mar Grosso, no ano passado; e este ano da Capela Coração de Jesus, do Portinho. Lá se foi pras cucuias o patrimônio imaterial, a tradição da festa do padroeiro. E nem vou abordar aqui os transtornos causados pela distância, insegurança, trânsito e cansaço de fieis e músicos das bandas.

Há que se ter muito cuidado em mexer em tradições de um povo, modo de fazer, data, local e roteiro, principalmente em função de decisões pessoais, às vezes meras vaidades de alguns, sob sérios riscos de inviabilizá-las para todo o sempre. 
Não é o que está acontecendo, sob o silêncio, cumplicidade e beneplácito  de  muitos ?

Querem mudar a data de fundação da Laguna

Mais uma vez volta à tona a ideia de mudar a data de fundação da Laguna, comemorada desde 1976 em 29 de julho, quando nossa cidade naquele ano aniversariou seu tricentenário.

Uma data, naquela época, amplamente discutida entre historiadores e pesquisadores catarinenses de renome de nossa história, que chegaram a um consenso quanto ao fato histórico. 

Se mudarem a data, vão quebrar mais uma tradição da Laguna. Lá se vai o nome do fundador Domingos de Brito Peixoto e seu filho Francisco para o lixo da história. Além de mudanças no brasão e bandeira do município que estampa os desenhos dos bandeirantes paulistas, ponham abaixo, por coerência e consequência, a estátua do fundador.

Na intenção de discutir e mudar a data, presidente da Câmara, vereador Cleosmar Fernandes está convidando a população em geral para participar de uma Audiência Pública no próximo dia 25 de junho (terça-feira), às 18 h, no plenário daquele poder legislativo.

Ainda volto amanhã a este assunto específico.

Festeiros de Santo Antônio dos Anjos 2020

Na última novena da noite de 13, como tradicionalmente acontece, foi divulgado a nominata dos festeiros do nosso padroeiro para o ano de 2020. Treze mulheres e treze homens, num total de vinte e seis:

Ricardo Costa Martins
Elvis Medeiros
Guilherme Preuss Berkenbrock
Francisco Egidio Cidade
Marcos Vinicius Oliveira Martins
Odacir Vinicius Rech
Edson Roberto da Luz
Pedro Paulo Costa
Danilo Prudêncio da Costa
Juliano Villa
Evandro Jacson Perin Jr.
Marcos da Silva Xavier
José Antônio Honorato Filho 

Gabriela Pelegrini Tiscoski
Maria Gorete Lapa
Eduarda Leal de Souza
Izadora Pavanati Fernandes
Sheila Andrade Reis Rech
Manuela Patrício Pinto
Eliane Campos Lemos Oliveira
Amine Hoffmannn Mourad
Jaciara Bittencourt Bento
Fernanda Andrade Silva
Sabrina Fernandes de Souza
Renata Bornelli Cordeiro Nandi
Zoleir Martins

domingo, 16 de junho de 2019

Árvores decepadas no Jardim Calheiros da Graça

Eu não ia comentar aqui, porque já passados alguns dias, e estava meio que ausente do Blog, mas tenho que registrar, mesmo que tardiamente.

 Por conta de cortes de galhos de árvores no Jardim Calheiros da Graça, feitos sem maiores critérios, uma centenária, frondosa e saudável tipuana foi ao chão na véspera da festa de Santo Antônio dos Anjos. Caiu, desequilibrada pelo corte desproporcional, de um lado só. A moto-serra funcionou como nunca. Foi de fazer chorar aos mais sensíveis. 
Outros, sempre bajuladores dos poderosos, em quaisquer circunstâncias, acharam que as indignações pelos cortes não passaram de mimimi. 
O assunto nem foi ventilado na câmara por algum vereador.

Como se não bastasse derrubar uma árvore, um vizinho e lindo hibisco florido também foi decepado, conforme demonstram as fotos abaixo:

Na verdade faltou acompanhamento de profissionais da área do Meio Ambiente da prefeitura. Sabe-se que não foram convocados nem consultados em seus laudos técnicos.
Afinal, quem autorizou o corte sem maiores critérios? Vai ficar por isso mesmo? 

Além disso, o nosso jardim há muito tempo está precisando de um projeto paisagístico que embeleze aquele local, ponto central da cidade histórica. Faltam flores e gramas nos canteiros, além de reposição de árvores que foram decepadas ou foram ao chão pelo tempo e/ou ataque de pragas ou do homem.
Por fim, com as “podas” efetuadas, dezenas de bromélias ficaram abandonadas pelo chão.

Vitrais retornam à igreja

Nesta semana, por decisão da Irmandade, através do provedor Leonardo Demétrio, dois antigos, belos e preciosos vitrais retornaram à igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos e foram novamente instalados nas janelas da parede em seu lado sul. Os antigos, bem mais simples, foram retirados.

As peças foram doadas pelas ilustres famílias lagunenses:
Remor (Ó clemens, ó pia, ó dulcis Virgo Maria! (Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria!):

E Rodrigues Moreira (São José protege seus devotos):
Foram conseguidas através do padre Bernardo Phillippi, que aqui esteve na paróquia, de fevereiro de 1933 a 25 de janeiro de 1948, conforme nos informa Nail Ulysséa em seu escrito “Três séculos na matriz”.

Esses vitrais foram retirados dos seus locais de origem na década de 70, quando de uma reforma e substituídos por peças mais simples. Ignoro os motivos. Há quem diga que a troca se deu para passagem de mais claridade (luz natural).
Os vitrais retirados.
Até o fim do ano, conforme divulgado pela irmandade, mais dois vitrais retornarão, agora nas janelas das paredes norte da matriz.

PS: Conforme informações do provedor, os dois e antigos vitrais agora instalados estavam na Casa Paroquial, na janela da biblioteca e na parede da escadaria.