sábado, 28 de outubro de 2017

O Café Tupy marcou época na Laguna e atravessou gerações

No início do século XX foi inaugurado um estabelecimento comercial na Laguna que marcou época na cidade e em todo o sul do estado, atravessando gerações: o tradicional Café Tupy. Situado no centro, entre as ruas Raulino Horn e XV de Novembro, o local será palco e testemunha das transformações sociais, econômicas e políticas da sociedade lagunense. Sua esquina democrática se transformará em ponto geográfico de referência.
Eis uma foto das mais simbólicas de uma época da Laguna. À esquerda o Café Tupy e a placa do estabelecimento na esquina. Em seguida a placa vertical da Panificadora Imperatriz em sua entrada pelos fundos, onde ficava os fornos; no prédio seguinte no térreo funcionava a sinuca do Nonô e na parte superior a Rádio Difusora; a casa seguinte, na cor verde, era residência da dª Gabriela Grandemagne, que será derrubada para construção do prédio da Joana Papelaria; depois um terreno baldio do Miguel Chede, onde em 1977 vai surgir a Pizzaria Chedão, depois vendido para o Besc; depois a casa de Luiz Remor, hoje do Marega. À direita, na esquina, a Relojoaria Werner, de Fernando Guedes; em seguida a Barbearia Santos, do Zé Barbeiro; e a Miscelânea, de Antônio Urbano. Na esquina, com seu vasto bigode, vendo a banda passar, Carlos Rollin que acha que a foto foi feita no começo da década de 1960. Como o primeiro veículo na foto é uma Variant, da Volks, lançado em 1969/1970, acho que é mais por aí. O segundo veículo é um Opala, da GM, que foi lançado no Brasil a partir de 1968. Logo... Enfim, essa esquina tem histórias...
Democráticas esquinas
Muitos foram os lugares onde desde imemoráveis tempos o homem exerceu o direito de se manifestar. Exprimir-se democraticamente ou aos cochichos, olhando para os lados temendo eventuais ditaduras e perseguições de governos, através de suas polícias políticas.
 
No interior ou defronte às antigas boticas, em armazéns, mercados e bodegas, cafés e bares, simpatizantes, candidatos e filiados, jornalistas, artistas e escritores se reúnem em conversas e discussões, compartilhando dúvidas e sugestões, criando, aliviando tensões, fomentando oposições, criando resistências e apoios a esse ou àquele governo.
Os cafés sempre foram ponto de encontros democráticos
São lugares de suma importância como fórum de socialização política, de pluralidade opinativa.
Alguns desses locais, bares e cafés, esquinas e ruas ficaram famosos e são lembrados por gerações.

Em Porto Alegre: A esquina da avenida Sarmento Leite com avenida Osvaldo Aranha, no bairro Bom Fim, é um deles. Durante anos foi conhecida como Esquina Maldita. Nos bares da região reuniam-se intelectuais, professores e alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A rua da Praia igualmente é uma via onde pulsam as notícias e novidades assim também como o Largo da prefeitura.

Em Florianópolis: A conhecida esquina democrática, entre a Trajano e Felipe Schmidt, com seu tradicional Ponto Chic, durante anos abrigou os mais diferentes públicos. Do funcionário do governo que dava uma fugidinha para um cafezinho e saber das últimas, a jornalistas em busca de fontes; do vendedor de bilhetes de loteria ao “mordedor” em busca de uns trocados. Político que se prezava tinha que diariamente dar uma passada por ali onde facilmente se encontrava vereadores, prefeito, deputados e até o governador.
Basta ver que o próprio presidente da República João Batista Figueiredo em novembro de 1979 lá passou para um tradicional cafezinho e logo depois resultou numa confusão que já vinha desde o Palácio Cruz e Souza e Praça XV, no episódio conhecido como Novembrada. A confeitaria do Chiquinho e sua famosa empada também marcou época.

Em Curitiba: A Boca Maldita, o espaço ao redor de cafés, bancas de revistas e calçadão da rua Luiz Xavier (Rua das Flores) é um conhecido local no centro da cidade das mais diferentes manifestações políticas, sociais e artísticas. Há até um obelisco em homenagem à área.
E também uma confraria que “existe para debater e criticar tudo sem qualquer restrição, expressando as vontades e expressões populares”.
O lema da entidade, por paradoxal que seja é “Nada vejo, nada ouço, nada falo”.
Anualmente há um jantar quando pessoas recebem o título de “Cavaleiro da Boca Maldita”.

No Rio de Janeiro: A Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, criada em fins do século XIX tornou-se ponto obrigatório de uma elite que desde a República frequentou seus salões desfilando elegância e luxo tão bem apreciados e descritos pelos cronistas.
Ponto de encontro de artistas, intelectuais e políticos, como Olavo Bilac, Rui Barbosa, Chiquinha Gonzaga, Villa Lobos, Getúlio Vargas...
Seus gigantescos espelhos belgas, mármores e o mobiliário são testemunhas até hoje de mais de um século de história.
A Rua do Ouvidor igualmente é conhecida por ser uma das mais famosas da então Capital Federal. Um escritor a ela assim se referiu:
“A Rua do Ouvidor, a mais passeada e concorrida, e mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira, esbanjadora, fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade do Rio de Janeiro”.
A Cinelândia também vai marcar sua época.

Em São Paulo: O Vale do Anhangabaú, as Avenidas São João e Ipiranga, com seu cruzamento imortalizado na canção Sampa, de Caetano, também são lembradas. E o Centro Novo com seus bares, confeitarias, restaurantes, livrarias, e estúdios das principais emissoras de rádio e redações de jornais.

O surgimento do Café Tupy
Em 22 de outubro de 1905, um domingo, surgia na Laguna, na esquina das ruas XV de Novembro com Raulino Horn, um empreendimento que vai marcar época na cidade e em todo o sul do estado e se tornar o mais famoso estabelecimento comercial lagunense: O Café-Restaurant Tupy, de propriedade de Ulysséa e Cia, tendo como gerente-proprietário, Jacob Ulysséa.
O jornal O Albor assim noticiou o fato:
 
Na verdade, era uma troca de nome, uma transformação com pequenas modificações nas instalações, já que no mesmo local funcionava o Café Lagunense, inaugurado em 1900, do mesmo proprietário.

Jacob Pinto de Ulysséa
De acordo com Rogério Ulysséa em seu livro sobre a genealogia da família Ulysséa, Jacob nasceu na Laguna, em 1º de outubro de 1872. Era filho do importador e exportador (Casa Ulysséa) português Joaquim José Pinto de Ulysséa e de Alexandrina Luiza Dias de Pinho Ulysséa. Foi quem construiu, em 1867, a casa ao lado da Carioca, cópia de uma Quinta de Portugal.
Jacob Pinto de Ulysséa.
Após os primeiros estudos em nossa cidade, Jacob foi para o Rio de Janeiro trabalhar com seu irmão Saul. Lá conheceu a espanhola de Barcelona Laura Santandreu, com quem se casa em 1897 e terá onze filhos (Iracema, Jandyra, Pery, Jacy, Irê, Arary, Juracy, Juracy, Jupy, Jupyra e Jupy). A repetição de dois nomes é pelos falecimentos dos primeiros em tenra idade.
Após o nascimento de sua primeira filha Iracema, retornará a Laguna, tentando vários negócios na cidade.
Morava no mesmo prédio de seu estabelecimento comercial. Consertava máquinas de costura. A esposa Laura ajudava no sustento da casa, costurando sacos de alinhagem para o comércio.
“Era boníssimo, querido por todos na cidade. Andava sempre a cavalo e gostava de nomes indígenas que colocou em todos os seus filhos”, diz Rogério Ulysséa na genealogia.
Vem daí, leitor, o batismo de seu Café com o nome Tupy, língua falada e do povo indígena que habitava a maior parte do litoral do Brasil.
Era frequentador do Centro Espírita e da Loja Maçônica, sendo de ambos, fundador e membro da diretoria.

A festa de inauguração
A inauguração do Café Tupy deu-se ao meio-dia e foi um grande acontecimento na cidade, noticiada em jornais.
A Banda União dos Artistas participou quando da abertura das portas, e a Banda Carlos Gomes fez uma retreta ao entardecer. Diz O Albor, noticiando o fato com detalhes:

“Ao meio-dia já era muito elevado o número de pessoas que ia levar ao simpático proprietário, nosso estimado conterrâneo Jacop Pinto de Ulysséa alegre e efusivos cumprimentos pela criação do útil estabelecimento e percorria todas as dependências do Tupy: - O buffet, a sala do bilhar, a destinada a diversos jogos, e a esplêndida entrada ao ar livre, ladeada de dois elegantes galpões, onde estão colocadas algumas mesas, galpões que arrematam num pequeno chalet que tem pintado no fundo, caprichosamente, um belo chafariz, cujo efeito, à noite, torna-se deslumbrante pela luz magnífica do acetileno.
Meia hora depois, aproximadamente, comparecia a Banda de Música União dos Artistas, recebida num espocar de foguetes, e, oferecido gentilmente um copo de deliciosa cerveja aos assistentes, inaugurava-se o Café Restaurant Tupy. Usaram da palavra n’essa ocasião os nossos amigos dr. Américo Rabello e Antônio Cabral, aos quais saudaram o fundador d’aquela casa que vinha satisfazer incontestavelmente uma palpitante necessidade de nosso meio e representava mais um passo dado pela Laguna  na estrada amplíssima do progresso.
Dispersado o grande círculo que se formara em torno dos oradores, improvisaram-se logo partidas de tiro ao alvo, de bilhar de damas, de dominó e de muitos outros jogos, ao passo que os que não queriam jogar fortaleciam o estômago com doces, sanduíches, pastéis, queijo, fiambres, etc.
A banda musical à que já nos referimos permaneceu no Café até 3 horas da tarde, executando belos trechos de música e atraindo ao estabelecimento muitas pessoas.
Mais tarde apresentou-se a “filarmônica” Carlos Gomes, que fez uma magnífica retreta, mantendo-se o Tupy sempre concorrido e animado até perto da 1 hora da madrugada”.

Como vimos um grande acontecimento, com participação das duas Bandas, além da boca-livre com gentis copos de deliciosa cerveja, doces, sanduíches, pastéis, queijos, fiambres... Hummm... E foguetes, muitos foguetes que a cidade, sabemos todos nós, é fogueteira desde sempre. E a festa foi até à uma hora da manhã! À luz de bruxuleantes lampiões!
“Além de servir doces e salgados, possuía bilhar, jogo de damas, dominó e tiro ao alvo. Sua maior atração era um “zonofone” uma espécie de gramofone (fonógrafo), avô dos toca-discos, e bisavô dos CD's, aonde os fregueses iam ouvir música”. Hoje diríamos curtir um som. Em 1905!
E tinha até teatrinho em seu interior. Em 18 de fevereiro de 1906, os jornais anunciavam no Café Tupy a apresentação de “Um variado espetáculo de cenas cômicas, nas quais tomarão parte o impagável Joca Barbeiro e o afamado Zé Guedes”.
Este último certamente algum antepassado meu. Mas um Guedes cômico? Tão difícil... Um ponto fora da curva.

Alguns meses depois do Tupy, já no fim do ano, em 30 de dezembro de 1905, outro estabelecimento do gênero será inaugurado. O Café Cruzeiro do Sul, de propriedade de Adolpho Carlos da Veiga. Situava-se entre a rua Raulino Horn e Primeiro de Março (hoje Barão do Rio Branco). No local já havia funcionado por muitos anos a "Pharmacia Américo, de Manoel Olavo da Rosa.

Em 27 de janeiro de 1907, menos de dois anos após a inauguração, Jacob põe o Café Tupy à venda “por necessidade de se retirar para fora da cidade”, explica no anúncio publicado no O Albor.
Jacob Ulysséa após outros investimentos no comércio, mais tarde foi nomeado fiscal do Imposto de Consumo, inicialmente na Laguna e depois transferido para Joinville e Itajaí, onde vai falecer, aos 52 anos, em 1925. Sua esposa Laura falece em 1962, aos 82 anos, em Florianópolis, deixando extensa prole.

Otávio Teixeira o segundo proprietário
Quem adquire o estabelecimento é Otávio Teixeira que vai administrá-lo até 1927, quando do seu falecimento.
Teixeira, o novo proprietário por vinte anos, “vinha encontrar um local digno”, diz Agenor Bessa numa crônica intitulada “Memórias do Boêmio”, publicada no jornal O Renovador de 8 de abril de 1989:

“O prédio que fazia frente para a rua Direita (Raulino Horn), vinha encontrar, além do salão mais confortável possível, dois varandões que o cercavam pelo sul, deixando o centro ao ar livre; ditos varandões, cobertos e bem mobiliados, proporcionavam à sociedade, os momentos mais agradáveis capazes, principalmente nas noites de verão”, descreve Bessa.
O prédio antigo do Café Tupy.
À noite, o local era iluminado por lampiões a querosene. Isso até 1915, quando a cidade passou à luz elétrica gerada por uma usina a óleo, da prefeitura.
Dois personagens caminham, em 1924, pela rua Direita (Raulino Horn). À direita da foto o prédio do Café Tupy, com o letreiro, já meio apagado pelo tempo, pintado na parede do estabelecimento.
Ruben Ulysséa numa crônica publicada no jornal Semanário de Notícias em 26 de março de 1977, escrevendo sobre cafés e bares de sua mocidade (nasceu em 1902), relembra:

“Digno de nota, só o tradicional Café Tupy, de propriedade de Otávio Teixeira. O Café Tupy na realidade, pouco café vendia; vendia mais cerveja e cigarros “Colossista”, fabricado por um irmão do proprietário. Era, sobretudo, o ponto onde os grandes tacos da comuna se reuniam para os jogos de bilhar, cercados sempre de grande assistência de desocupados que torciam em silêncio”.

Manoel Fiúza Lima o terceiro proprietário
O terceiro proprietário será Manoel Fiúza Lima, que adquire o velho imóvel, com o falecimento de Otávio Teixeira em 1927, conforme já informado. O prédio é demolido para construção de um novo edifício, de dois andares, que é o mesmo existente até os dias atuais.
Informa Bessa que Fiúza Lima “Em vista do não pequeno número de familiares, viu-se na contingência de desmanchar o prédio para construir outro no mesmo local, que pudesse residir com a família, além de ficar o andar térreo para a parte comercial, substituindo então, o poético pelo útil”.

Fiúza Lima dotou o estabelecimento de farto sortimento de bebidas e gêneros alimentícios, como se pode constatar neste reclamo, como então se denominava a publicidade:
A frequência e o ambiente eram seletos, “liderado pelo proprietário, Fiúza Lima, homem culto, inteligente e boêmio, deu-nos a impressão de que ali, era o centro da intelectualidade lagunense”, sublinha Bessa.
Em suas mesas podiam ser vistos, em variados anos, o jornalista José (Zeca) Duarte Freitas rabiscando suas crônicas para a Rádio Difusora, João Clemente de Carvalho, Boaventura Barreto, Eitel Bürger Frambach, médicos Ângelo Novi e Paulo Carneiro, Germano Donner, Pompílio Pereira Bento, Walmor de Oliveira, Manoel Américo de Barros, Dante Tasso, Luiz Remor, Antônio Bessa, Alberto Crippa, Juaci Ungaretti, Joca Moreira, Fernando Guedes (CEF), Giocondo Tasso, Nelson Almeida, Agilmar Machado, Archimedes de Castro Faria, João de Oliveira, Osmar Cook...
Sem falar dos carnavalescos de todas as épocas, Egeu Laus, Remi Fermino, Zavério Erght e muitos outros, de Blocos, Bolas e Escolas de Samba, “que ali permaneciam a desenvolver palestras das mais elevadas, que prendiam um e outro notívago que lá chegasse”.

E finaliza Bessa, poético:
“Eruditos e boêmios, que necessitavam horas de espiritualidade, procuravam àquelas mesas para tais encontros, onde a literatura, a filosofia, a história universal, eram abordadas naqueles momentos em que se confundiam com alguma quantidade de álcool, o incentivador das ideias adormecidas”.
Logo o local se tornou dos mais conhecidos. Talvez tenha sido sua fase mais áurea.
Em 1939 era proprietário ou arrendatário do Café Tupy, Tuffi Mattar, conforme pode-se observar nas publicidades nos jornais da época.
Anos depois, com o surgimento do serviço de alto falante Tupã, com sua corneta instalada na esquina em frente e depois a criação da Rádio Difusora, em 1946, memoráveis crônicas serão ali rabiscadas pelos nossos mais competentes cronistas, embalados por xícaras de café e rodadas de cerveja. Ali acorrerão populares para ouvir os resultados das apurações eleitorais. Gritos de torcedores em comemorações esportivas e aplausos ressoarão nos desfiles carnavalescos.

O mundo político, industrial e comercial, intelectual e jornalístico ali vai se reunir por gerações. Em suas mesas de tampos de mármore e pés de ferro, confabulações serão feitas, planos urdidos, dobradinhas formadas. Suas paredes testemunharão nascimentos de associações, times de futebol, entidades carnavalescas...
Poetas declamarão versos, embalados pelo vento nordeste que certamente soprará lá fora, dobrando a esquina em rajadas ou ao vento sul, vindo da Lagoa. Músicos comporão partituras e com seus mais variados instrumentos musicais puxarão acordes que se perderão no tempo.

Em 1968 o local estava fechado e deteriorado quando por sugestão do prefeito Juacy Ungaretti, Haroldo Izidro da Costa (pai do Aurélio do Antigo Big Ben) e mais tarde proprietário da lanchonete Brasão, assumiu o local em sociedade com seu Iugui Andrade.
Há uma completa reformulação nas instalações, com aquisição de modernos balcões e mesas em fórmica, geladeiras, freezers, etc. Transforma-se numa lanchonete, condizente com aqueles anos. Um ano depois será vendido. Diversos outros proprietários e arrendatários passaram pelo Café Tupy: Otto Pereira, Luiz Moreira, Irê Santiago da Silva, Tuffi Mattar, Pedro Cardoso, Jucemar Fernandes, José de Bem,  Luiz de Bem, Rui Silva, etc. 

Em meados da década de 1980 o imóvel, de propriedade de Cirilo Faria, novamente encontrava-se fechado, inclusive com tapumes em seu redor. É quando Paulo Roberto Lopes Magalhães e João Batista dos Santos (Batista da lotérica) o adquirem em sociedade. Paulo para ali transfere a Instaladora Rádio Elétrica, que havia pertencido a Aliatar Barreiros e posteriormente vendida a Dário Carvalho e Batista dos Santos.

Hoje no local do Café Tupy encontra-se a Instaladora Rádio Elétrica e outras lojas. No andar superior funciona a Associação Comercial e Industrial da Laguna – Acil, além do escritório da Junta Comercial (Jucesc). A parte superior já foi residência de várias famílias ao longo dos anos. Família Brandl ali morou durante muitos anos.Lembro que o saudoso radialista João Manoel Vicente ali também residiu. No local também funcionou a Câmara de Vereadores.

 Evidentemente que existem e existiram outros locais como palcos democráticos para manifestações. Salões e buffets de clubes como o do Blondin, Congresso, Anita, 3 de Maio, barbearias, boticas, farmácias, armazéns, livrarias, bancas e padarias.
Os bares do Mercado Municipal em seu primeiro e segundo prédio,  da rodoviária antiga, o Café Bascherotto, o Monte Carlo, Café do Comércio, Brigitte Bar, o Brasão, Bar do Chico, para ficarmos em alguns mais recentes.

Mas, o Café Tupy (e sua decantada esquina), talvez – também - pela sua longevidade, pontifica na liderança como o mais conhecido. Ainda hoje, mesmo após anos de seu desaparecimento é comum ouvir de pessoas que viveram àqueles anos, a utilização do nome Café Tupy como ponto de referência.

E nos dias atuais? Existirá uma esquina na Laguna que ainda represente o palco e plateia onde se mesclam atores e público, em que o pensamento navega em desconhecidos mares e a palavra é livre? Onde se pratica o hábito desde que o homem é homem, de falar da vida alheia?
Em qual estabelecimento ainda reúnem-se seres em torno de uma mesa em busca da ágape fraternal que satisfaça paladares e igualmente forneça respostas existenciais e espirituais para nossas dúvidas?

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Um lindo palacete foi ao chão

Considerada uma das casas mais bonitas da Laguna, o palacete construído por João Monteiro Cabral no fim do século XIX, foi ao chão em 1968. Construção em cantaria, janelas ogivais, muro de pedra e gradil de ferro. Uma preciosidade arquitetônica que representava uma época de prestígio e riqueza da Laguna. Em seu lugar foi construído um prédio sem estilo da agência do Banco do Brasil.

A partir dos anos 1970 começa a se esboçar na Laguna um movimento pela preservação de alguns casarios no centro da cidade. São edificações e suas arquiteturas com os mais diversos estilos: luso-brasileiro, art déco, o de influência moura, germânica, itálica, e outros com padrões diversos.
O gatilho para a campanha foi justamente a derrubada deste palacete situado na Praça Vidal Ramos, esquina com Rua Voluntário Carpes. 
O Palacete construído por João Monteiro Cabral.
Fundos do palacete, com o Jardim Calheiros da Graça em frente, em 1940.
João Monteiro Cabral
João Monteiro Cabral era irmão de Francisco, Marcolino e José Monteiro Cabral, todos eles lagunenses.
Eram filhos do português Manoel Monteiro Cabral, armador e exportador em nossa cidade, que prestou grandes serviços à Laguna, especialmente quando da construção do Hospital de Caridade, do qual foi membro (tesoureiro) da comissão construtora. “Foi tronco de numerosa e tradicional família lagunense, que se espalhou depois por outras cidades, principalmente Tubarão e Florianópolis”.
O filho, João Monteiro Cabral, que construiu o palacete, era filiado ao Partido Republicano. Casado com Elisa Jerônymo de Mesquita, nascida em 1851 no Rio de Janeiro e filha de Jerônimo José de Mesquita (Barão de Mesquita) e Elisa Maria de Amorim.
João Monteiro Cabral foi presidente do Clube Blondin, presidente da “Praticagem Livre do Porto e Barra da Laguna”, provedor do Hospital de Caridade e tesoureiro da Irmandade Santo Antônio dos Anjos. Em 1908 promoveu ampla campanha por donativos em prol de obras na igreja Matriz.
 
Numa foto datada de 1897, feita do Hospital em direção ao Campo do Manejo (futuro Jardim Calheiros da Graça, pode-se observar o terreno ocupando todo o quarteirão ao longo da rua Voluntário Carpes. No centro da foto, pedras depositadas para a construção dos alicerces do palacete. No canto superior esquerdo, a igreja Nª Sª do Rosário, que será derrubada em 1933, no alto do morro de igual nome.
Na foto feita nos primeiros anos de 1900, pode-se observar a igreja Matriz, o Campo do Manejo (futuro Jardim Calheiros da Graça), a casa de José Goulart Rollin, onde será construída a nova sede do Clube Blondin, o Palacete de João Monteiro Cabral e na esquina ao lado a antiga sede do Clube Congresso Lagunense, construída em 1897.
Um palacete à venda
 “Vende-se o grande prédio de sólida construção de cantaria, com muro e gradil de ferro, na rua Conselheiro Jerônimo Coelho esquina da rua Voluntário Carpes, com frente para o Jardim Calheiros da Graça, com jardim na frente com todas as comodidades para grande família, tendo água encanada, banheiro, latrina e esgoto”.

Os dizeres acima são do anúncio da venda do citado imóvel, publicado na Revista Santelmo, de 1º de janeiro de 1922.

João Monteiro Cabral já deveria andar doente quando se decidiu pela venda do palacete, pois tão logo concretizou a transação, faleceu em outubro do mesmo ano.
O palacete foi adquirido por João Tomaz de Souza.

João Tomaz de Souza
João Tomaz de Souza, casado com Aurora (Bortoluzzi) Souza, foi também armador e exportador na Laguna. Era um dos sócios da Empresa Lagunense de Navegação, em sociedade com Pinho & Cia e Sady Candemil (pai do atual prefeito da Laguna Mauro Candemil) & Cia.
O escritório da empresa funcionava na sala da frente da Casa Candemil – Arquivo Público (que está fechado), entre a rua Fernando Machado (Rincão) e a Travessa Manoel Pinho. Operava no ramo de exportação de cereais, farinha, madeira, camarão seco, entre outros produtos.
João Tomaz de Souza é avô materno dos falecidos desembargadores Márcio Souza Batista da Silva, e João Eduardo de Souza Varella, que foi presidente do Tribunal de Justiça, e do Tribunal Eleitoral de Santa Catarina.
Pintura feita por Zuleika Maria Duarte Varella.
Ainda no ano passado, em 4 de agosto, Zuleika Maria Duarte Varella, artista plástica e viúva do desembargador João Eduardo Souza Varella, fez entrega à prefeitura da Laguna, de uma tela pintada por ela, do antigo casarão. O imóvel foi residência dos progenitores do desembargador Souza Varella, Itamar de Souza Varella e Antônio Nunes Varella. A obra está exposta no Museu Anita Garibaldi.

Surge um caixote sem estilo arquitetônico
O palacete foi ao chão no ano de 1968, adquirido pelo Banco do Brasil para construção de sua agência bancária. Em seu lugar surgiu um caixote, sem nenhum atrativo ou estilo arquitetônico.
Já o palacete era uma obra arquitetônica de rara beleza, atravessando os anos e servindo de cenário a tantos acontecimentos sociais, religiosos, carnavalescos, esportivos e militares na Laguna.

A derrubada do majestoso palacete situado ali na Praça Vidal Ramos provocou indignação em muitas pessoas que previam uma onda de “bota-abaixo” em todo o centro da Laguna, com perdas lastimáveis e irrecuperáveis em seu rico patrimônio arquitetônico.
Antes deste fato não se encontra em jornais de nossa cidade qualquer escrito ou campanha pela preservação de imóveis e sua importância paisagística.

Para corroborar esta afirmação, basta ver que a única construção tombada na Laguna até 1977, foi o prédio da Casa da Câmara e Cadeia (futuro Museu Anita Garibaldi), em 5 de março de 1954, realizado pelo Patrimônio Artístico Nacional. Um dos relatores do documento foi o poeta Carlos Drummond de Andrade.

 O entendimento na Laguna – e isso facilmente pode ser constatado nas notas dos jornais - era a de quando um proprietário derrubava seu antigo imóvel para construção de outro mais moderno, recebia elogios louvando o progresso que chegava.

Poder público não se manifestou à época, diz arquiteto
O arquiteto Dagoberto Martins diz que a empresa contratada pela instituição bancária para instalar/construir agências do banco em todo o Brasil certamente ficou até surpresa por não ter encontrado qualquer tipo de resistência à derrubada deste prédio, por parte do poder público municipal da época.
 “À exemplo de agências em outras cidades históricas, de rica arquitetura, eles poderiam ter aproveitado o próprio imóvel, com algumas adaptações, guardando suas características originais”, salienta Martins, que anos depois vai ser o primeiro chefe do escritório do Iphan na Laguna.

Se não houve interesse das autoridades da época na preservação do local, não existia também lei ou decreto regulamentando demolições e/ou conservação de imóveis no centro da cidade.
A criação desses mecanismos legais de preservação e tombamentos vai iniciar em meados da década de 70. É matéria para um futuro post que ainda estou escrevendo.

Lamentação, choro e poesia pela derrubada do palacete
Renato Ulysséa, de saudosa memória, foi funcionário da filial da empresa Hoepcke em nossa cidade, até sua aposentadoria. Faleceu aos 99 anos. Morando vizinho ao palacete, foi um dos inconformados com a derrubada do casarão. Sempre dizia a este autor que chorou muito na esquina do Clube Congresso Lagunense quando da demolição.
“Era um patrimônio arquitetônico que ia embora e eu me sentia impotente para evitar tal disparate”, lamentava-se nas conversas com familiares e amigos.

O professor Ruben Ulysséa, numa crônica publicada alguns anos depois, no jornal Semanário de Notícias de 7 de maio de 1977, lamentava a derrubada:

(...)
“A minha admiração de menino era pelo suntuoso palacete de João Monteiro Cabral, ali na Praça da Igreja, centralizando um vasto terreno que compreendia quase todo o quarteirão. Casa que, juntamente com essas que antes citei, muito bem representava uma época de prestígio e riqueza, digamos, a “belle époque” dessa Laguna já distante... Infelizmente esta preciosidade arquitetônica foi demolida para a construção do edifício do Banco do Brasil. Com tantas esquinas velhas que existem na cidade, foram derrubar justamente essa casa apalaçada que emprestava uma incontestável beleza à praça da Matriz...”(...).

Norberto Ungaretti em seu livro “Laguna um pouco do passado”, pág. 252, relembra:

“Era aquele o prédio residencial mais bonito da Laguna, e continuou sendo enquanto existiu. Dava para a rua Voluntário Carpes, com seis altas janelas de estilo ogival, três de cada lado da porta principal, à qual se chegava subindo uma pequena escada com degraus laterais. No lado que dava para a Praça Vidal Ramos, eram cinco as janelas, nas mesmas medidas e estilo. Tinha um andar apenas, mas dispunha de um porão habitável, se é que se podia chamar de porão àquela parte, onde o dr. Milton Bortolluzzi de Souza muito mais tarde instalou, com toda a comodidade e conforto, seu escritório de advocacia”

Ungaretti, quando da derrubada do imóvel, escreveu uma poesia que intitulou “Réquiem para uma casa branca – A esquina do seu João Thomaz não é mais”, que tomo a liberdade de reproduzir:

“Onde estão as paredes brancas,
sempre brancas,
as janelas ogivais?
não estão mais.

Agora,
os nossos olhos flutuam
naquele pedaço vazio de paisagem urbana,
à procura da velha casa,
branca,
como uma visão...

Tão forte, tão de pedra,
e no entanto tão frágil...
quem diria?”.

Troca-troca no Turismo

Portaria publicada no Diário Oficial de hoje, e assinada pelo prefeito Mauro Candemil, exonera, a pedido, Antônio (Nico) Cláudio Quirino Ramos do cargo de secretário Municipal de Turismo, Lazer e Comunicação.
Outra portaria nomeia para o mesmo cargo, Evandro Carneiro Flora.

Nos senadinhos políticos comenta-se que houve uma reviravolta esta semana e quem estava propenso a assumir o cargo era o vereador Kléber (Kek) Roberto Lopes Rosa (PP). O que terá acontecido? 
Muita calma e "prudência" nesta hora, vereador.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O dia em que a terra tremeu na Laguna

Nos anos de 1908 e 1939, tremores de terra sacudiram Laguna e região, com registros desses dois fenômenos até em estados e países vizinhos. Se o primeiro tremor passou quase despercebido, o de 1939 rachou paredes e assustou a população lagunense, ao ponto de pessoas, em "crises de nervos", correrem para as ruas e até se atirarem das janelas, de pijamas.

Sabe-se que no Brasil, tremores de terras só começaram a ser detectados com precisão a partir de 1968, quando da instalação de uma rede de sismologia por todo o país.
São 40 as estações instaladas. A mais potente fica em Brasília.
Técnicos dizem que mesmo o Brasil não estando sobre as bordas das placas tectônicas, tremores podem ocorrer nas regiões chamadas “interplacas”. Ou podem ocorrer por causa dos reflexos de terremotos ocorridos em países da América Latina. Como foi o caso, por exemplo, em 2015, quando tremores foram sentidos em Santa Catarina, após o terremoto ocorrido no Chile.
Antes disso, em 2008, um tremor de terra foi sentido em São Paulo, atingindo 5,2 graus de magnitude na escala Richter. O fenômeno também chegou ao Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina.

Tremor de 1908
Com o título “Tremor de terra”, o jornal O Albor, numa pequena nota, à página 2, em sua edição de 1º de janeiro de 1909, noticiou o ocorrido:

“Às 11 horas da noite do mês findo (29/12/1908), foi sentido nesta cidade um forte tremor de terra, seguido de ruídos subterrâneos.
O fenômeno durou alguns segundos e manifestou-se do sul para o norte. Consta-nos que foi sentido também nos municípios de Araranguá, Jaguaruna, Tubarão, Garopaba e São José”.

Não deve ter sido tão grave, já que não há registros de gente assustada, prejuízos materiais ou vítimas. Nas edições seguintes o jornal não mais abordou o assunto.

Tremor de 1939
Já em 2 de julho de 1939 foi diferente. O fenômeno foi matéria de capa do mesmo jornal, que o destacou em manchete: “Tremor de terra em Laguna”.

O Albor informa que o tremor de terra foi de vibração apreciável, aconteceu às 8h30min e durou 8 segundos, se fazendo sentir em toda zona, na quarta-feira última (28 de junho):

“Nesta cidade, o fenômeno não terá causado outros prejuízos materiais, além da rotura de paredes de algumas casas particulares, da Coletoria Estadual e da igreja Matriz.
Provocou, todavia, um começo de alarme na população que se teria convertido, com certeza, em generalizado pânico se a vibração da terra, acompanhado de ruído característico, se tivesse prolongado por mais alguns segundos”.

Observatório da Argentina registrou o tremor, diz o jornal O Estado
O tradicional jornal O Estado, de Florianópolis, em sua edição de 29 de junho de 1939, um dia após o ocorrido, com o título “O terremoto de ontem”, diz que o fenômeno “foi geralmente percebido” e “verificado pouco depois das 8 e meia da manhã, quando já toda a gente se achava de pé”.
Mas ressalta que “O Observatório de Villa Ortuza, em Buenos Aires, registrou o fenômeno às 8 horas, 38 minutos e 42 segundos, calculando que tenha se verificado a 1.500 mil quilômetros ao nordeste daquela capital. Nesse raio estão compreendidos os três estados do sul do Brasil”.
No Rio Grande do Sul, continua o jornal, foram atingidos Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Osório, Santa Maria, Carazinho e Passo Fundo. Sem vítimas a registrar.

“Parecia um grande caminhão”
Se os prejuízos materiais não foram de grande monta, o susto na Laguna foi grande, como se pode deduzir lendo a continuação da reportagem feita pelo O Albor:

“Eram precisamente oito horas e trinta e cinco da manhã, quando o fenômeno sísmico se verificou.
Dando, de começo, a impressão de que a terra estremecia em consequência da passagem de um grande caminhão nas proximidades. Dentro de rápidos momentos convenciam-se os que sentiam a vibração, de que, pela violência invulgar, tratava-se de um tremor de terra”.

Crise de nervos
“O tremor de terra durou aproximadamente oito segundos. Tempo suficiente, porém, para que, tomadas de susto, pessoas tivessem crise de nervos e algumas praticassem atos desatinados; atos que, por felicidade, não tiveram consequências a lamentar-se”.

Quase se jogou da janela da prefeitura
Não, não foi o prefeito da época, nem seu chefe de gabinete, ou algum dos secretários da prefa. O Albor registrou:

“Ao que nos informam, um operário esteve a ponto de saltar de uma das janelas do sobrado da prefeitura municipal”.

De pijama, pulou na marquise do hotel
“O mesmo aconteceu com um senhor viajante que, em pijama, lançar-se-ia da marquise do Grande Hotel Moderno (rua Osvaldo Cabral) se pessoas não o tivessem contido com gritos de que tudo havia passado”.

Saltando da janela da Coletoria
E o jornal continua narrando, dando detalhes do acontecido, que o pessoal daquela época já gostava das desgraças alheias, como hoje:

“Um funcionário da Coletoria Estadual, pressentindo o perigo, saltou de uma das janelas do prédio onde está instalada essa repartição”. (Rua Santo Antônio, prédio com os cachorros de porcelana. Convenhamos, a janela não é tão alta assim). 
De acordo com o ex-vereador Nelson Mattos corrigindo informação deste autor, a Coletoria Estadual naquela época funcionava no prédio entre as ruas Duque de Caxias e Tenente Bessa, onde também se instalou o cartório do Raul Ferreira. Hoje é a casa do comerciante Sérgio Castro. 

Alucinação e fugindo para a rua
“Numerosas foram as pessoas que ao verem balançantes as paredes das casas em que se encontravam fugiram para a rua. Houve, mesmo, casos de alucinação momentânea. Mas tudo, como se vê, não passou de mero susto!
Segundo notícias de última hora o abalo sísmico registrado nesta cidade, quarta-feira última, também foi sentido na capital do Paraná e localidades vizinhas, bem como em alguns pontos do Estado do Rio Grande do Sul, Argentina e Peru”.

Explicações de um padre e de um professor para o fenômeno
Na falta de explicações de órgãos meteorológicos, que ainda não existiam naquela época, O Albor foi buscar informações com alguns estudiosos:

“Pelo que nos informam o reverendo padre Schreider e o professor Mâncio Costa, aquele lente do Ginásio Catarinense e este do Instituto de Educação, explicam o fenômeno como sendo consequência da queda de um aerólito nesta região.
Realmente, algumas pessoas residentes nesta cidade, afirmaram terem visto, no momento em que sentiam o abalo sísmico, um traço luminoso no céu”.

Pode ter sido um terremoto, um tremor, um aerólito, raio e/ou trovão, mas que o fenômeno em seus 8 segundos de duração, assustou, assustou. Que o digam os nossos apavorados antepassados em suas “crises de nervos” e "alucinações momentâneas". 
Correram para as ruas da cidade, ameaçaram pular e alguns até mesmo saltaram das janelas de prédios, um deles em cima da marquise e vestido de pijama.