terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Faleceu o radialista João Batista Barreiros

         Faleceu na madrugada de hoje em Tubarão, sua terra natal, o radialista João Batista Barreiros, aos 62 anos, nascido em 9 de abril de 1960, filho do seu João e da dª Mariquinha Barreiros. 
Radialista João Batista Barreiros.
     Na cidade azul, Barreiros foi técnico tetracampeão do Campeonato Regional da Liga Tubaronense de Futebol (LTF), à frente da Ponte Preta, do bairro Bom Pastor, e o Juventude, do Bairro Mato Alto, nos anos de 1991 e 1994.
No início da década de 2000 veio para Laguna onde começou a militar no rádio lagunense e a residir em nossa cidade.
Trabalhou nas Rádios Santa Catarina, de Tubarão e na Difusora, Garibaldi e Vitória, aqui da cidade Juliana. Manteve uma rádio Web durante curto período. 

Foi assessor na prefeitura da Laguna (gestão Cadorin 2001-2004) e também gerente de comunicação na então (e hoje extinta) 19ª Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) da Laguna, gestão de Mauro Candemil (2007-2011).

 Durante anos aqui na Laguna falou e gritou pelos microfones das rádios os problemas da comunidade. Clamou pelas injustiças, pediu e exigiu soluções à população.
Foi o único em seu período que abriu os microfones aos ouvintes, através dos telefones das emissoras. Sem censura, muitos puderam desabafar no ar seus anseios e suas necessidades. E entrevistou autoridades, políticos, empresários, gente do povo, sempre cobrando, sempre exigindo melhorias.
Tinha dois conhecidos bordões que marcaram época em seu programa Jornal da Comunidade : “Ouvinte no ar...” e “Subiu a pressão”.
Não foram poucas às vezes que logrou êxito em conseguir um medicamento para um enfermo, um par de muletas, uma cama hospitalar ou uma cadeira de rodas para um necessitado. Quem o acompanhou sabe disso.

E não só isso. Ano a ano empunhava a bandeira de empresário de espetáculos e trazia à cidade inúmeras atrações musicais, entre elas a cantora Wanderléia, no Clube Atlântico, no Magalhães.

Candidato a vereador em 2012 e 2016
Em 2012 quis ampliar seu verbo, reverberar em outros microfones mais ouvidos, com mais peso e onde pudesse continuar seu trabalho, agora devidamente reconhecido através de uma eleição.
E se candidatou a vereador por Laguna, com esperança de continuar o trabalho que já vinha exercendo nas rádios. Sem maiores recursos, confiou nos ouvintes-eleitores, dezenas, centenas que lhe procuravam e aos quais tinham ajudado, amparado em algum momento.
As pessoas gostam do verbo, mas não do sujeito.
Recebeu 287 votos, pelo DEM, o que não é pouco, convenhamos, mas muito aquém da retribuição pelo seu trabalho.
Até hoje há quem foi eleito por aí e não se sabe de algum músculo que tenha mexido em prol da comunidade.
Eleitor é um bicho ingrato, como muitos candidatos tristemente já o constataram.
Depois disso se desgostou, me confessava em conversas. Mas ainda tentou novamente em 2016, aí pelo PSB e teve meros 81 votos.

Morava no Mar Gross e estava afastado do rádio e com problemas de saúde.
Sempre lamentei sua ausência porque precisamos necessariamente de um canal, de um espaço, de uma voz que não caia na unanimidade burra e interesseira dos elogios. E dos trinta dinheiros. 

Velório acontece na sala Funerária Santa Rita, em Tubarão e o sepultamento será realizado amanhã (1º), quarta-feira.
Sentimentos aos amigos e familiares.

PS: Muita coisa do que reproduzi acima sobre Barreiros já havia escrito numa matéria lá no ano de 2013, aqui mesmo neste Blog. É bom relembrar para alguns mais neófitos e metidos a sabichões que acham que a gente chegou ontem e não dão os devidos créditos em nossas matérias e informações.
Para conferir clique aqui

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O adeus a José Alves Fernandes, o Zé Mala

 
Acordo nesta terça-feira com a triste notícia do falecimento na manhã cedo de hoje em hospital de Tubarão, onde estava internado há alguns dias, de José Alves Fernandes, o nosso querido Zé Mala, vítima de um câncer, aos 75 anos. Nasceu na Laguna em 22 de outubro de 1947.
 Lá se vai sua alegria, sinceridade e espírito beneficente, na sempre ajuda ao próximo.
O conheci na década de 70, quando ele e José Nazareno Duarte (Pisca), comandavam a JUM (Juventude Unida do Magalhães). Muitas reuniões, além de campanhas de quilo e de agasalho e bailinhos na antiga sede do Clube 3 de Maio, em busca de recursos para obras assistenciais. Quem lembra do Som do Mala?
Era um tempo de grupos de jovens, descobertas e anseios aflorando em toda uma geração. Lia-se muito Neymar de Barros, a bíblia, salmos, biografias de santos mártires da Igreja e discutia-se muita política. Ideológica, não partidária. Havia muito bicho-grilo. Zé Mala era um deles e por isso sua identidade com a turma.
Zé Mala na década de 70.

   Eu frequentava aqui no centro a JUC (Juventude Unida Católica), juntamente com meu amigo Pedro Rosa Neto, com reuniões no prédio dos Vicentinos.
Haviam outros grupos pela cidade como a MACARO (Juventude da Vila Marechal Cândido Rondon), no bairro Progresso. Lembro que esse último teve entre seus expoentes o radialista Luiz Néry de Miranda, que chegou a ser presidente do grupo.

Mala sempre esteve à frente de muitas campanhas em prol dos mais necessitados. Usualmente e carinhosamente com uma palavra de conforto, de alegria. Adorava rir.
Seu local preferido era o Asilo de Mendicidade Santa Isabel. Ali se realizava por completo, conversando, promovendo campanhas, fazendo esquetes teatrais, levando músicos para apresentações, trocando roupas e dando banho nos internos necessitados.
Assim o fez até que problemas de saúde não o mais permitiram.
Depois formou-se professor de Português e Inglês, sempre rodeado de alunos e colegas docentes que conquistou por toda sua vida. Ministrou aulas em seu começo na Escola Básica Comendador Rocha, no hoje extinto Colégio Comercial Lagunense (CCL) e no Conjunto Educacional (hoje Escola de Ensino Médio) Almirante Lamego (Ceal), onde se aposentou.
Apresentou programa musical e social na hoje extinta Rádio Garibaldi.
Na década de 70 também encarnou Papai Noel no Natal, distribuindo carinho, sorrisos e presentes à criançada. E assim atravessou décadas, até o ano de 2021 quando parou pela saúde debilitada. 
Zé Mala como Papai Noel. Foto de Elvis Palma.
Em 1996 o convidei para ser colunista do meu jornal Tribuna Lagunense. Foi o maior sucesso e atravessou os anos escrevendo suas críticas e notas sociais. Detestava hipocrisia. Era um ser autêntico, transparente, verdadeiro. De uma coluna passou para uma página inteira. Foram cinco anos de convivência.
Em sua coluna de estreia, em 29 de junho daquele ano, escreveu:

“Valmir Guedes Júnior, diretor-proprietário do jornal Tribuna Lagunense convidou-me e a partir de hoje passo a fazer parte desta família. Sou transparente, escrevo o que penso e sinto. Não compro brigas com ninguém, falo a verdade e o meu público gosta”.

Polêmico, não tinha papas na língua quando defendia suas opiniões. Algumas vezes cheguei a pedir para maneirar e diminuir um pouco os xingamentos e alguns palavrões em seus escritos. Mas muitos dos atingidos bem mereceram pelas patifarias que faziam (ainda fazem?) com a nossa Laguna e seu povo.
Lembro de uma manchete e matéria que o Mala escreveu e que deu o que falar:
"POLÍTICOS ESTÃO ENTERRANDO LAGUNA".

Bem, a manchete e o texto foi lá em 1998, mas acho que a nossa cidade não mudou muito durante todos esses anos.

Quando a Tribuna Lagunense parou de circular no ano de 2000, Zé Mala se transferiu para o jornal O Correio, do nosso amigo Paulo Sérgio Silva e lá ficou muitos anos escrevendo, em seu combativo estilo e sendo muito lido.

Decorou os salões de muitos clubes recreativos e também de igrejas, nas cerimônias religiosas, festas de padroeiros e casamentos. Sua fé cristã era sobejamente conhecida. Pertenceu à Renovação Carismática Cristã, no bairro Magalhães e à Pastoral Carcerária.
Na procissão de Corpus Christi, no bairro Magalhães, ornamentava a via Getúlio Vargas, defronte a sua casa, onde também instalava um lindo altar. Era tradição.

Pertenceu à diretoria do Clube 3 de Maio.
Dentre as homenagens que recebeu destacam-se o Troféu Pyrilampo, criação de Thiago Santhiago; e do Brasão como amigo da Marinha, ofertado pela Delegacia da Capitania dos Portos da Laguna, ambos em 1997. Em 1998 foi homenageado pelo Grupo Nascer de Novo.
Zé Mala recebendo medalha do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina em 1999.
Em 1999 recebeu medalha do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina pela passagem do Sesquicentenário da morte de Anita Garibaldi, em sessão solene realizada no Clube Congresso Lagunense.

Carnavalesco, foi destaque durante muitos anos na Escola de Samba Xavante, do seu bairro Magalhães, inclusive como integrante de sua diretoria.
Depois desfilou por outras entidades carnavalescas, entre elas a Escola de Samba Os Democratas.
Carnavalesco Zé Mala foi destaque da Escola de Samba Os Democratas no desfile de 2001.
Mas anos antes, em sua juventude, já havia desfilado nas Escolas de Samba Mirins Os Aymorés e Os Aprendizes do Samba. E depois nos Acadêmicos do Samba, uma dissidência do Xavantes.
Desfilou nos concursos de fantasia do chamado Baile Municipal, que aconteceram no Clube Blondin e também no Clube 3 de Maio.
Durante muitos anos Zé Mala também desfilou sobre o palco dos caminhões do Bloco da Pracinha e a partir de 1996 apresentava o Baile das Bonecas (e depois também das Musas e Drag Queens) e o Concurso de Marchinhas, na Praça Sousa França.
Seu conhecido bordão era: Arrasa Bicha!
Foi diretor social do Bloco da Pracinha durante várias gestões. Foi homenageado pelo Bloco no ano de 2014 e neste ano de 2023, recebendo o nome do troféu distribuído aos vencedores dos concursos. Colaborou em 1994 com algumas notas para o Jornal do Bloco da Pracinha, por mim editado.
José Alves Fernandes foi destaque nas nossas noites de Natal, no carnaval lagunense e na vida de voluntariado em prol do próximo.
Vai arrasar também lá em cima.

Velório acontece a partir das 16 horas de hoje na capela do Asilo de Mendicidade Santa Isabel. 
Sepultamento vai ocorrer amanhã (22), (quarta-feira de cinzas), às 9h:30m para o Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Santo Antônio dos Anjos.