quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O Seresteiro canta. Manoel Silva, sua voz e seu violão

Manoel Silva, sua voz e seu violão, o rouxinol do sul, como era conhecido, o boêmio que interpretou boleros, valsas, sambas-canção, fox...
Manoel Silva das músicas românticas empolgando gerações.
Ouça a canção "Maria Helena" com sua voz ao final deste texto.
O Seresteiro Manoel Silva. Álbum de família.
Nascido na Laguna em 20 de maio de 1913, já em sua adolescência demonstrou sua paixão pela música.
Entrevistei Manoel Silva em Julho de 1996
Assim ele me narrou em sua casa situada nos altos da rua Júlia Nascimento (Morro da Nália) quando o entrevistei para o meu jornal Tribuna Lagunense em julho de 1996:
“Foi um tempo gostoso, da juventude, dos sonhos, onde, acompanhado do Luiz Guedes ao violão e do Chamego (Manoel Gonçalves Andrade) ao cavaquinho, promovemos rodas musicais em inúmeras festas que marcaram época, não só na Laguna”.

Na PRC-4 Rádio Clube de Blumenau
Bem depois, já em 1940, Manoel Silva foi morar em Blumenau, cantando na Rádio Clube PRC-4, a mais antiga de Santa Catarina, fazendo shows e participando do Conjunto Jazz Garcia.
“Foi quando conheci Vicente Celestino, Bidu Melo, Emilinha Borba e tantos outros que lá passavam para suas apresentações. Era a oportunidade de mostrar a cidade e de conversar com nossos ídolos”.

Militou também em várias outras emissoras do Brasil, dentre as quais destaco a PR-2 Rádio Clube Marília; PR-32 Rádio Clube Paranaense; Rádio Difusora de Porto Alegre; Rádio Guanabara do Rio de Janeiro; Rádio Araguaia de Brusque; Rádio Mirador de Rio do Sul; Rádio Difusora de Criciúma; e Rádios Tubá e Tabajara, de Tubarão.

Em meados da década de 50, Manoel Silva retornou à Laguna e começou a participar dos Conjuntos Musicais Jazz Lagunense, Jazz Catarinense, Jazz Kasbah e Conjunto Capri, embriões de músicos do futuro Conjunto Melódico Ravena, que nasceu embalado nos sucessos da Orquestra de Espetáculos Casino de Sevilla.
O Conjunto Jazz Catarinense. Ao microfone Manoel Silva; no Contrabaixo ? ; no violão Alfredo Henrique Fortes; nas maracas Pedro  Floriano Júnior (Pepê) e  Hamilton Palma da Silva (Merré) na bateria.
Dessa época Manoel citou alguns nomes de músicos, como Murilo Ulysséa, Sebastião Salgado, Isália Viana, Custódio Ezequiel, Ricardo Brandl, Emanuel Maiato (Duca), Enita Vieira (Lita), Orgel Ávila, Álvaro Alano, João Juvêncio (salame) Martins, Pedro e Zé Maria, Paulo dos Reis (Baeta), Antônio dos Reis (Cacique), Luiz Carlos Ambrozini e o crooner Aliatar da Silva Barreiros.

No palco da Rádio Difusora
Depois, foi a época dos shows aos domingos à tarde, no palco da Rádio Difusora, então situada na Praça Vidal Ramos.
Na década de 60 apresentou três programas musicais que marcaram época no rádio lagunense: “Encontro ao Meio Dia”, “Meio-dia Romântico” e “Noturno para Sonhar”, este último pela Rádio Garibaldi.
No ano de 1955, no palco da Rádio Difusora, o Programa Meio-Dia Romântico, apresentado por Agilmar Machado.  Da esquerda p/ direita: Orgel Ávila, Agilmar Machado, Manoel Silva, Álvaro Alano e Sebastião Santhiago.
“O Agilmar Machado que era locutor e gerente da Rádio Difusora foi um dos primeiros que me apresentou e penso que o mais importante em toda a minha carreira”, disse Manoel na entrevista, em frente aos seus familiares.
Agilmar em seu livro “História da Comunicação em Santa Catarina”, escreveu: “Manoel Silva é efetivamente, a Laguna em canção. Sua voz maviosa e inconfundível legou-nos clássicos da música brasileira e internacional que marcaram seu nome como corretíssimo e inspirado intérprete”.

O Seresteiro canta
Data também deste período o início do programa que mais tempo levou no rádio: “O Seresteiro Canta”, apresentado primeiramente no período noturno pela Rádio Difusora e mais tarde, tradicionalmente aos domingos a partir do meio-dia, com grande audiência nos lares da Laguna e em todo o sul catarinense.

Almoçando aos domingos com música 
Mais tarde o radialista João Manoel Vicente apresentou durante muitos anos este programa pela Rádio Garibaldi aos domingos a partir do meio-dia.
Rara era a família lagunense que aos domingos não almoçava aos acordes do violão e da voz de Manoel Silva irradiados pelo aparelho  de rádio postado na cozinha. 
Se alguém passasse pelas ruas da Laguna neste horário ouviria praticamente todos os aparelhos das casas sintonizados neste programa, tradicional e de absoluta audiência. 
E ligados nele ficávamos sabendo de aniversários, nascimentos, falecimentos, bodas disso e daquilo e o famosos "oferecimentos musicais".
Parece que a maionese, a galinha ensopada, o molho, o macarrão, a farofa, o churrasco e até a salada ficavam mais saborosos ao som da voz do nosso seresteiro Manoel.
Anúncio do Programa "O Seresteiro canta", no jornal Semanário de Notícias.
Manoel Silva dizia que tinha sido influenciado pelos grandes músicos e cantores. Era fã de Gilberto Alves, Orlando Silva, Cyro Monteiro, Sílvio Caldas e Lupicínio Rodrigues.
“Eu adorava Silvio Caldas e, principalmente, Gilberto Alves. Minha voz era afinada com a dele”.
“Era uma vida de boêmia, mas uma boêmia sadia, sem vícios, de alegria, de arte, da boa música para nosso deleite e do público”, finalizava o seresteiro que deixou saudades em quem o conheceu.
Manoel Silva, sua voz e seu violão.
Suas interpretações das canções "Gente Humilde", "Maria Helena", "Perfídia", "Sabes que te Quero" ("Sabrás que te quiero"), "Coimbra" e "Barracão", até hoje são lembradas pelos mais saudosistas.
O músico Afonso Prates da Silva também muito o acompanhou pelo estado em apresentações.
Funcionário primeiramente do Ginásio Lagunense depois Conjunto Educacional Almirante Lamego (Ceal), e do Colégio Comercial Lagunense (CCL), Manoel Silva era casado com Leda Veiga Silva, com quem teve os filhos Adolfo Pedro, Izabel e Aimara. Uma família orgulhosa da carreira musical do marido e pai.

Nome de Troféu e Tema de Escola de Samba
Em 1993, ainda em vida, Manoel Silva foi tema da Escola de Samba Mocidade Independente, de nossa cidade. O homenageado desfilou num carro alegórico que representava o palco da Rádio Difusora. Na pista, sambando em sua homenagem, a esposa, filhos, netos e sobrinhos.

Em 2010 o Troféu do 3º Concurso de Marchinhas de Carnaval, promoção do Bloco da Pracinha e Prefeitura da Laguna recebeu o seu nome.
Manoel Silva faleceu em 29 de abril de 2002, mas sua voz e seu violão têm o reconhecimento pelo seu talento, por sua obra sempre presente na memória de quem a apreciou.
Foi embora o Manoel levando no bolso, colocado por familiares e enrolado em um lenço  branco, um passarinho companheiro seu chamado "Amigo" que, coincidência ou não, também morreu no mesmo dia do seresteiro.
Foram os dois juntos cantar em outras paragens, trinar melodias e acordes, alegrando os anjos no mundo espiritual do eterno.

Manoel Silva acompanhado de Luiz Alberto Gariba nos arranjos e teclados gravou algumas canções, preservadas carinhosamente pelo seu filho Adolfo Pedro Veiga da Silva.
Eis uma delas, "Maria Helena", de Lorenzo Barcelata, com versão de Haroldo Barbosa. Uma recordação preservada e um resgate histórico da voz do Seresteiro Canta, de presente para os nossos leitores:

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Na voz de Aliatar Barreiros

"Na voz de Aliatar Barreiros", assim o radialista João Manoel Vicente o apresentou pela última vez no programa "Relicário Musical" na década de 1990, diretamente dos estúdios da Rádio Garibaldi. Nos teclados, Luiz Carlos Ambrozini acompanhava o cantor e executava os maravilhosos acordes de "13 de Junho", música e letra do pianista Murilo Ulysséa, em homenagem ao nosso Santo Padroeiro. 
Ouça ao final desta matéria.
O crooner do Jazz Lagunense Aliatar da Silva Barreiros.
Aliatar da Silva Barreiros, filho de Francisco da Silva Barreiros Júnior e Julita Baptista Barreiros, nasceu na Laguna, em 13 de agosto de 1921.
Foi em sua juventude que começou o gosto pela música.  Já aos 16, 17 anos participava, junto com amigos músicos, de serenatas e serestas, interpretando velhas canções. Os amigos aprovavam a bela voz, melodiosa e o incentivavam sempre a cantar nas apresentações.
Paralelamente fazia os cursos de eletricidade e eletrônica, mais tarde montando uma oficina e loja, a tradicional Casa Rádio Elétrica, que funcionou durante muitos anos sob sua direção na Rua Raulino Horn.
Aliatar Barreiros cantando num baile de carnaval na década de 40, acompanhado dos músicos João Martins e Manoel Bessa.
Apresentava-se como vocal, ou crooner como então se chamava, em festas, aniversários e casamentos. Entre os músicos que lhe acompanharam nessa época estão João Martins, Manoel Bessa e Antônio dos Reis (Cacique).
Depois, na década dos Anos Dourados de 1950, participou do Conjunto Jazz Lagunense formado por conhecidos músicos de nossa cidade, como Antônio e Pedro Maria, Hélio Dias, Luiz Carlos Ambrozini, João Mendes, Ricardo Brandl, Hermógenes Maria dos Santos e João Roberto, entre outros.
O Conjunto Jazz Lagunense em 12 de junho de 1957. Entre os músicos, em pé:  no acordeon, Mauro Camilo, (?), Antônio Maria, (?), Ricardo Brandl. Sentados: (?) Pedro Maria (Rabecão), João Mendes,  Hermógenes Maria dos Santos, Hélio Dias, Luiz Carlos Ambrozini, e o cronner Aliatar Barreiros.
O Conjunto Jazz Lagunense, além dos palcos da cidade, era constantemente convidado para apresentações em tradicionais sociedades de todo o sul do estado.
Também criou, junto com o pianista Murilo Ulysséa e o pandeirista (percursionista) Sebastião Santiago, o Conjunto Big Trio, com apresentações todos os sábados ao meio-dia no palco da Rádio Difusora, no programa “Audições Prolar”.
"Prolar" era uma empresa seguradora que Ulysséa era o representante em nossa região.
Numa rara foto, da esquerda p/direita: Manoel Bessa, João Martins, Murilo Ulysséa, Antônio dos Reis (Cacique), João Mendes e Aliatar Barreiros,. Início da década de 50.
Entre as músicas que mais Aliatar gostava de cantar estão “Rosa de Maio”; “13 de Junho”, de Murilo Lima de Ulysséa; “Carinhoso”, de Pixinguinha; “Mulher”; e “Cedo para Amar”.
Em 20 de fevereiro de 1954 casou-se com Ranúzia Lopes, tendo como padrinhos o casal, ele o pianista Murilo Ulysséa e Jureda (Guedes) Brum Ulysséa.
O Big Trio acabou tendo em vista a morte prematura de Murilo Ulysséa, vítima de aneurisma em viagem de trem para a nossa cidade em 27 de setembro de 1954.
Até o ano de 1957 Aliatar Barreiros ainda se apresentou inúmeras vezes com o Jazz Lagunense.
Depois, com o fim do Conjunto, foi dedicar-se às suas atividades profissionais, cantando esporadicamente em reuniões familiares e de amigos.
Faleceu em 6 de maio de 2000, aos 78 anos, deixando saudades de sua voz e de suas interpretações ao microfone dos maiores sucessos de nossa música popular brasileira.

“NA VOZ DE ALIATAR BARREIROS, 13 DE JUNHO.
Anos depois, no Programa “Relicário Musical”, pela Rádio Garibaldi, o radialista João Manoel Vicente o apresentou assim:
"Na voz de Aliatar Barreiros, 13 de junho". 
É uma linda canção com letra e música do lagunense pianista Murilo Ulysséa, sucesso nas décadas de 1950 e 1960, em homenagem ao nosso Santo Padroeiro.
Nos teclados, Luiz Carlos Ambrozini, que há poucos dias nos deixou.
Uma rara gravação de presente aos nossos leitores.

13 de Junho
(Letra e Música de Murilo Ulysséa)

“Treze de Junho
Quando o dia vem chegando
Foguetes no ar estourando,
Em louvor ao padroeiro
Nossa Laguna
Toda ela comemora
Magalhães, Campo de Fora
Na cidade...o dia inteiro
E a tardinha,
Quando a brisa rumoreja...
O velho sino da igreja...
Convida os fieis a orar,
Laguna inteira,
A seu santo preferido
A Santo Antônio querido
Não se cansa de louvar.

Jovens...
Muitas jovens às dezenas,
Vão sempre a todas as novenas
Ao padroeiro implorar.
Que ele
Não esqueça seus pedidos,
Dê a todas um marido,
Pra n’ele sua fé aumentar.
Santo Antônio...
Oh! Meu santo milagroso,
Venerado e tão bondoso,
Um pedido vou lhe fazer...
Jamais esqueça –
Esta terra abençoada,
Esta Laguna adorada...
Laguna que me viu nascer".

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Rollin Impressões

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domingo, 16 de agosto de 2020

Nota de falecimento+

Sepultado hoje em nossa cidade, Raimundo Lucas da Silva, aos 91 anos. Corpo foi velado na sala mortuária da Central de Luto Cristo Rei e o sepultamento ocorreu às 17 horas deste domingo no Cemitério do Santíssimo Sacramento e Santo Antônio dos Anjos.
Aposentado da Marinha, “seu” Lucas sempre muito alegre, festivo e comunicativo, junto com à esposa Teresa Soares Silva era presença constante nas promoções sociais e beneficentes da Laguna.
Um casal querido por todos e que promoveu, junto com outras pessoas, inúmeros bailes da Terceira Idade nos salões das nossas sociedades recreativas.
Nossos sentimentos aos amigos e familiares pela inestimável perda, em especial à esposa Teresa Soares da Silva.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O Desfile Bangu marcou época nos Anos Dourados da Laguna

Em 1960, 1961 e 1962, foi realizado na Laguna, no Clube Congresso Lagunense, o “Miss Elegante Bangu”, com desfile de modas, concurso e baile.
Em anos anteriores o concurso já havia sido iniciado em outros municípios catarinenses.
A empresa, Fábrica de Tecidos Bangu, sediada no Rio de Janeiro e que ditava a moda até então no país, criou o desfile-concurso em 1951 na cidade maravilhosa e a primeira edição foi no ano seguinte.
A criadora do concurso foi Candinha Silveira, esposa de Joaquim Guilherme da Silveira, um dos donos da empresa.
Logo passou a ser realizado em várias cidades do país.
No desfile do ano de 1960 na Laguna, no Clube Congresso, algumas das concorrentes. Da esquerda p/direita: Maria Isabel Bellaguarda, Lenira Delgado, Isália Silva Viana, Ana Maria Mendonça Mendes, Maria Helena Remor e Mariléia Toulois. Que beleza!
O desfile com concurso era, evidentemente, uma ferramenta de divulgação da marca, que usava como matéria-prima principal o algodão do Seridó, produzido no Nordeste do Brasil.
Ribeiro Martins era o coordenador geral dos desfiles Bangu em todo o território nacional.
A empresa cedia os tecidos de sua marca para confecção dos vestidos para o importante e aguardado desfile. Os modelos, exclusivos, eram todos do figurinista José Reinaldo.

Na Laguna o concurso foi o maior sucesso, mostrando a beleza, o charme e a elegância da mulher lagunense. O título tornou-se um símbolo dos Anos Dourados, com todo o seu glamour.
A renda do evento nos três anos foi em benefício do Asilo de Mendicidade Santa Isabel, de nossa cidade, que tinha na presidência a incansável e batalhadora Joana Daux Mussi.
Eram também membros da diretoria do Asilo na ocasião, Bernardino Guimarães, Ivone Cabral Baumgarten, Otília Ulysséa Ungaretti, Olga Rollin Cabral e Antônio Baião.
Na organização do desfile, Vânio Pinho. Nos ensaios e preparativos das moças, Eni Ferreira.
O evento também contava com o apoio da diretoria do Clube Congresso Lagunense, que tinha em Newton Ungaretti o seu presidente. A passarela no Clube era montada pelos operários do Porto da Laguna, que tinha no engenheiro Colombo Machado Salles o seu administrador.
Na parte musical, abrilhantando o baile até o amanhecer o Conjunto Melódico Ravena.
O colunista social Zury Machado e mestre de cerimônias do evento, anunciava o desfile em sua coluna no jornal O Estado.
No primeiro e no último ano da promoção, o mestre de cerimônias foi o colunista social Zury Machado, do jornal O Estado; no segundo ano ficou a cargo de Celso Pamplona, colunista social do jornal A Gazeta, de Florianópolis.
Transmissão do desfile e entrevistas por Sinval Barreto e irradiadas ao vivo pela Rádio Difusora da Laguna.

1960
Utilizando um linguajar social próprio da época poderíamos dizer que trajando os mais belos modelos, dos afamados tecidos Bangu, desfilaram as seguintes senhoritas, em seus nomes de solteiras:
Alice Fernandes
Alice Martins da Silva
Alice Teixeira
Ana Maria Mendes
Astir Chede
Eneida Farias
Isália SilvaViana
Leni Pereira Fonseca
Lenira Amboni
Lenira Delgado
Lenita Candemil da Silva
Maria Alcina Nobre
Maria Bernadete Moreira
Maria da Penha Bessa Silveira
Maria de Lourdes Schiefler
Maria Helena Remor
Maria Isabel Bellaguarda
Maria Luíza Guedes
Mariléia Taulois
Nilda Ulysséa
Regina Cabral Ulysséa
Sônia Barreiros
Sônia Costa
Vaiani Kotzias
Zilda Remor

No jornal O Albor daquela semana, de onde retirei essas informações, o texto, todo poético, finaliza prevendo que a festa seria um “Desfile de brotos, formosas e elegantes, inebriante de luz e flores perfumosas, onde a graça da mulher lagunense se faz notar; finas toiletes habilmente confeccionadas para maior realce da beneficiada festa de hoje; volteios de danças divinais, embebidas de sonhos deliciosos de amores ritmados por notas harmoniosas”.
Capa do jornal O Albor de 23 de julho de 1960 anunciando o Desfile Bangu na Laguna.
Quem será a Missa Bangu Lagunense 1960?

Clube lotado naquela noite de 23 de julho, com a fina flor da sociedade lagunense se fazendo presente.
As vinte e cinco moças desfilaram na passarela especialmente montada, exibindo cerca de 30 diferentes modelos da confecção carioca.
Desfile individual e posteriormente em conjunto, “arrancando muitas palmas que se fizeram ouvir então”.
Em primeiro lugar: Regina Cabral Ulysséa; em segundo Lenita Candemil da Silva; e terceiro lugar Maria Isabel Bellaguarda.
A eleita participaria do mesmo concurso em nível estadual, a ser realizado em Florianópolis no fim daquele ano.
O que de fato aconteceu. Em 3 de dezembro, nos salões do Clube 12 de Agosto, em Florianópolis, foi escolhida a Miss Elegante Bangu de 1960 em Santa Catarina.
O primeiro lugar coube a Marguit Faber, representante de Blumenau; o segundo foi conquistado por Denir Bortoluzzi, de Criciúma; e o terceiro, Menção Honrosa a Margot Paim Luz, representando o Clube 12 de Agosto da capital do estado.

1961
No segundo ano o desfile foi realizado em 29 de julho com um recorde de 29 inscrições.
Desta vez O Albor traz os nomes dos que compuseram a comissão julgadora. O que é mais um dado a enriquecer a nossa pesquisa:
Zirça Azevedo, Maria de Lourdes Saad, Ivone Cabral Baumgarten, Suely Nacif, Regina Cabral Ulysséa (a vencedora do ano anterior), Rinalda Eghert, Waldy P. Taulois, comandante Niame Duarte Ferreira, dr. João Batista Ribeiro Netto, Almiro Bacha e Celso Pamplona. Este último, como já adiantado, colunista social, foi o mestre de cerimônias.
Participaram do desfile com vestidos para manhã, tarde e noite:
Ana Maria Mendonça
Ana Maria Provenzano
Ana Maria Remor Lopes
Angelina Tasso
Élia Pagani de Oliveira
Eliane Medeiros Bianchini
Elzi Nobre
Ganuge Helena Balich
Iraci Guedes
Isália Silva Vianna
Ivete Mazzuco Vieira
Lélia Mendes Faísca
Leny Pereira Fonseca
Luizita Barcellos
Madalena Pizzolotto
Maria Alcina Nobre
Maria Cecília de Souza
Maria da Glória Baião Costa
Maria da Penha Bessa Silveira
Maria de Lourdes Rollin Schiefler
Maria Luíza Crippa Guedes
Maria Odécia Moraes
Maria Tereza Netto
Marilene Bessa
Marilza Crippa Guedes
Miriam Azevedo
Neuza Ulysséa Cidral
Sônia Barreiros
Terezinha Mendonça Martins

Após o devido julgamento, o título de primeiro lugar Miss Bangu 1961 da Laguna foi conferido a Maria da Penha Bessa Silveira que recebeu da vencedora do ano anterior, Regina Cabral Ulysséa a faixa simbólica; o segundo lugar coube a Leny Pereira Fonseca; e o terceiro a Elzi Nobre.
1º lugar Miss Bangu 1961 Laguna a Maria da Penha Bessa Silveira.
Naquele ano, por um motivo ou outro, não foi realizado o concurso em nível estadual.

1962
No terceiro e último Miss Elegante Bangu realizado na Laguna, em 4 de agosto, o cerimonial da apresentação das candidatas ficou a cargo novamente de Zury Machado, que o havia apresentado em sua primeira edição.
O desfile foi aberto, em sua apresentação, por Maria da Penha Bessa Fernandes. Em seguida desfilaram as concorrentes daquele ano:
Ana Maria Remor Lopes
Cirege Netto Duarte
Élia Pagani de Oliveira
Eliane Medeiros Bianchini
Ganuge Balich
Leny Pereira Fonseca
Luizitta Barcellos
Maria Cecília Souza
Maria Luíza Barzan
Maria Luíza Crippa Guedes
Maria Tereza Netto
Marilza Crippa Guedes
Marina Rocha Pestana
Sônia Barreiros
Terezinha Mendonça Martins

O número de concorrentes foi o menor do certame nos três anos realizados em nossa cidade, com 15 inscritas.
A comissão julgadora foi composta por:
Maria Antônia Rotolo, Maria da Glória Rosa, Eloá Pedone, Liege Tasso, Hilda Soares Bicca, Gilete Freitas e Ondina Massih.
Foi vencedora Maria Luíza Barzan; com Cirege Netto Duarte obtendo o segundo lugar; e Terezinha Mendonça Martins em terceiro.

E assim, com enorme sucesso e ao som dos acordes do Conjunto Melódico Ravena, que tocou até ao amanhecer, encerrava-se mais uma noite de gala na então requintada sociedade lagunense.

A não realização da etapa estadual do concurso nos anos de 1961 e 1962 deve ter contribuído para certo desinteresse pelo evento. Ou a promoção em si se esgotava em sua novidade e atração.
Em 1963 poucos municípios catarinenses realizaram o concurso. Apenas bailes e reuniões dançantes, com desfiles de modelos apresentando as últimas novidades da “Linha Bangu”, mas sem realização do certame.
Era o fim de um capítulo de um evento social e beneficente de luxo e beleza, que marcou época e atravessou gerações em suas lembranças  vividas nos chamados Anos Dourados.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

O misterioso desaparecimento do navio Laguna II

Dedico esta pesquisa ao meu pai Valmir Guedes; e a Munir Soares, de saudosas memórias. Os dois sempre me “cobraram” a história desse navio. Nunca havia encontrado maiores dados para escrevê-la. 
Até o começo deste ano...

Quinta-feira, 12 de dezembro de 1963. Uma manhã calma, quente, com a temperatura marcando 33,8º, tempo estável, conforme o Boletim daquele dia, de Amaro Seixas Netto publicado na capa do jornal O Estado, editado em Florianópolis.
No cais do porto de Imbituba o navio Laguna II terminava de ser carregado e fazia os últimos preparativos para empreender a viagem que pretendia fazer até o Porto do Rio de Janeiro.

O navio Laguna II. Pode-se observar em seu convés dezenas de tábuas em prancha.
No corte da foto, o nome do navio e observa-se parte da tripulação no convés.
O navio cargueiro Laguna II havia sido construído em Savona, na Itália em 1948 e adquirido no mesmo ano pela Empresa de Navegação Lagunense Ltda.
Media 60 metros de popa a proa, desenvolvia 9 milhas horárias, deslocava 794 ton e possuía motor de 600 HP.
O nome de batismo da embarcação foi em homenagem ao primeiro vapor Laguna, que encalhou e naufragou nos molhes da barra da Laguna, em outubro de 1921. (Ver matéria anterior neste blog).

A empresa “Navegação Lagunense” era de propriedade da firma Pinho & Cia. (que depois acabou sendo sua única proprietária), e de Romeu Machado, Heitor Cabral Teixeira e Olímpio Motta, conforme informa Norberto Ungaretti em seu livro “Laguna um pouco do passado”, pág. 172.
O Navio Laguna II, ainda pertencente à Empresa de Navegação Lagunense, ancorado no antigo cais da Laguna.
Esta empresa construiu diversas embarcações ao longo de sua existência, entre elas o navio Oscar Pinho, nome dado em homenagem ao então superintendente (prefeito) da Laguna Oscar Guimarães Pinho. Foi uma embarcação que marcou época na história marítima catarinense.

Embarcação vendida
Alguns anos depois do navio Laguna II ser adquirido pela empresa “Navegação Lagunense”, a embarcação foi vendida a um terceiro, de nome desconhecido, que por sua vez a vendeu em 1962 por Cr$ 40 milhões de cruzeiros a empresa Moinhos Reunidos Itajaí S.A., de Itajaí, que era representada no Rio de Janeiro pela Agência de Navegação e Representação Unidas.
Depois de passar por reformas o navio voltou ao mar com o mesmo nome de batismo.

O comandante do Laguna II era o carioca José Martinho (Marinho , cfe. informação de familiar nos comentários) Leão, “um marinheiro experimentado que conhecia todas as manhas do mar”. Os tripulantes, num total de 15, eram todos catarinenses, sendo a maioria oriunda da cidade de Itajaí, entre eles o contramestre José Marcelo das Neves; o terceiro motorista Felício Frederico Westphall; e o moço de convés Aldo Marjado.

Tábuas e farinha formavam a carga
Depois de abastecer-se nos portos da Laguna e Imbituba com 14 mil e 500 sacas de farinha de mandioca, avaliadas em Cr$ 25 milhões de cruzeiros, partiu do segundo porto em direção ao Rio de Janeiro, seu destino final, onde deveria chegar no dia 14 de dezembro de 1963.
Como se pode observar, o jornal A Tribuna, de Santos (SP), noticia em 21 de dezembro de 1963 (sábado) o desaparecimento desde o dia 12 do navio Laguna. Além disso, cita que o navio partiu de Imbituba (SC), com um carregamento de farinha de mandioca.
O navio nunca chegou ao seu destino
Seu último contato através do rádio foi no dia seguinte, 13, às 10 horas com o porto de Paranaguá, quando navegava no litoral sul do Paraná, a 10 milhas da costa, em marcha de 8 milhas horárias.
"Navegamos ao largo de Paranaguá. Tudo bem a bordo". Esta foi exatamente a última mensagem irradiada.
Um chamado para o navio às 16 horas do mesmo dia já não obteve resposta. Nas horas posteriores foi dado o alarme de embarcação desaparecida.

As buscas
No dia seguinte, 14, começaram as buscas por parte de aviões como um B-25, Prefixo "PT-BAG" da Força Aérea Brasileira (FAB), do QG da IV Zona Aérea em São Paulo. Um helicóptero ("SH-19") do Serviço de Busca e Salvamento (SAR), também foi utilizado
As buscas se prolongaram inclusive com a participação, sete dias após o desaparecimento, do navio Maria Ramos, da frota da empresa representante do Laguna II no Rio de Janeiro, enviada para proceder a uma busca dos despojos.
Outro navio, de nome Paula, comunicou dias depois ter encontrado nas proximidades da Ilha Bom Abrigo, no litoral paulista de Cananeia, a 10 milhas da costa, grande quantidade de sacas de farinha de mandioca. Uma delas foi recolhida e trazia o nome “Olympia” ou “Olinda”.

O desaparecimento não ganhou destaque na imprensa
O Brasil vivia um momento conturbado em sua economia e política naquele ano de 1963. As manchetes dos jornais matutinos e vespertinos estampavam diariamente esse clima e ocupavam a maioria das páginas dos órgãos de imprensa.
Além disso, em sendo proximidade do natal os assuntos em pauta eram os preços exorbitantes dos artigos natalinos, então vendidos “em livre comercialização” em decreto expedido pela Superintendência Nacional de Abastecimento - Sunab.
A notícia do desaparecimento do navio Laguna II e de seus tripulantes ganhou – e quando ganhou – apenas os rodapés das publicações. 

O semanário lagunense O Albor, por exemplo, nem noticiou o fato.  Nem na semana nem em datas posteriores, Isso que o navio foi batizado com o nome da nossa cidade, havia pertencido a uma empresa daqui e era regular em suas viagens ao nosso porto.
Uma embarcação de carga com quinze pessoas sumidas no mar, ao que parece, não merecia acompanhamento nos noticiários da imprensa.
Tempos estranhos aqueles.

Buscas encerradas sem encontrar o navio
Somente após o natal, em 27 de dezembro de 1963, quase quinze dias depois do desaparecimento, é que o jornal O Estado, de Florianópolis, traria uma pequena nota na capa.
Jornal O Estado, de Florianópolis, de 27 de dezembro de 1963 traz a única reportagem sobre o desaparecimento do "Navio Laguna".
No texto, a notícia de que a FAB havia encerrado a procura de sobreviventes do navio Laguna II naufragado na altura da Ilha de Bom Abrigo no litoral paulista. “Teriam perecido todos os tripulantes do cargueiro”, informava o jornal.
Acrescentava, por fim, que foram encontradas algumas pranchas de madeira (estrados) e dois botes salva-vidas que pertenceriam ao cargueiro sinistrado. O mau tempo reinante no local seria um dos motivos para a cessação das buscas.

Infrutíferas buscas
O jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro em três oportunidades deu algumas linhas ao acontecido, em suas edições de 24, 27 e 28 daquele mês.
Em sua edição de 28 de dezembro de 1963, em página interna, informava que a FAB não havia encontrado o navio Laguna II. "Até o momento, ao contrário do que foi noticiado pelos jornais e emissoras de rádio, não existe confirmação oficial de que o vapor "Laguna" tenha sido encontrado, tendo sido infrutíferas as buscas da FAB”. 
“Soubemos ainda, concluía o jornal, que ao contrário do que foi noticiado, o Laguna não se encontrava no seguro”.
Daí em diante não se encontra mais notícias na imprensa catarinense e paulista sobre o destino do navio Laguna II e seus tripulantes.
Na imprensa carioca, o jornal A Noite no começo do ano seguinte, ou seja, em 2 de janeiro de 1964, traz pequena nota sobre o fato, atribuindo o desaparecimento do navio ao excesso de carga, além de citar Imbituba como o porto de partida:
O peso total da carga era de 725 toneladas e a capacidade do navio era de 399 toneladas. Levaria, portanto, 326 toneladas a mais.

A misteriosa 16ª passageira
Alguns dias depois dos fatos surgiram conversas entre algumas pessoas de que uma misteriosa mulher teria subido ao convés da embarcação nos últimos minutos antes da partida.
Seria uma mulher distinta, bonita, trajando um longo vestido escuro.
Ninguém teria dado importância à cena, apesar de incomum.
A entrada dessa mulher a bordo do navio Laguna II só foi lembrada dias depois quando da notícia do desaparecimento da embarcação e de sua tripulação.
Teria existido de fato essa misteriosa mulher? 

Seria repetição de uma história já acontecida 14 anos antes?
Em 1º de abril de 1949 quando o navio cargueiro Oswaldo Aranha partiu do mesmo porto de Imbituba em direção ao mesmo destino, o Rio de Janeiro e também misteriosamente sumiu, surgiram conversas de que uma mulher teria subido a bordo da embarcação nos últimos instantes antes da partida. Outro mistério?

O navio cargueiro Laguna II, de acordo com os jornais e empresa proprietária, não possuía seguro e transportava 15 tripulantes. Todos eles homens. 
O mar teria servido de túmulo para o navio e todos os tripulantes?
Teria existido realmente essa misteriosa 16ª passageira?
Quem seria?
O que de fato aconteceu com o navio Laguna II?