terça-feira, 26 de agosto de 2014

A todos os mentirosos, dos mais variados graus, inclusive de parentesco:

“Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente,
Mentem de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
Que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impunemente
Constroem um país de mentira - diariamente”.

(Afonso Romano de Sant'Anna)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nota de falecimento+

Faleceu às 6h30m da manhã de hoje, no Hospital Socimed, em Tubarão, vítima de infarto, o promotor aposentado lagunense Ennio Ezequiel de Oliveira, aos 92 anos.
Viúvo, e com familiares e amigos em nossa cidade, deixa os filhos Ennio, Nilza, Érida Janini, João e Evandro e mais 10 netos.
Dr. Ennio, membro da Associação Catarinense do Ministério Público, OAB /SC 102 (jubilado) colaborou com inúmeros jornais na região, inclusive em meu extinto Jornal Tribuna Lagunense, onde assinava uma coluna versando sobre os mais variados assuntos de interesse dos leitores e da Laguna. Utilizava o pseudônimo CASTELAR, como ficou mais conhecido. Jornal O Correio em algumas edições mais recentes, vinha reproduzindo vários de seus escritos.

Sentimentos aos familiares e amigos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Até 28 de agosto Adilson Barros expõe no Espaço Cultural Richard Calil Bulos

Até o dia 28 de agosto vindouro, as obras do escultor, pintor e restaurador Adilson Barros estarão expostas nosso Espaço Cultural Richar Calil Bulos – Chachá.
A exposição conta com alguns móveis restaurados, diversas esculturas e pinturas, muitas delas representando pés, que são uma peculiaridade do artista.

PÉS DE BARROS
Por Suyan de Melo

“Adilson de Barros Machado nasceu em Laguna, no verão de 1966, tendo se iniciado como autodidata na arte desde os seis anos, quando fazia imagens de santos com a argila vermelha de seu próprio quintal. Já com dez anos, passou a esculpir arte sacra em madeira, utilizando um martelo como marreta e uma chave de fenda como formão. Já na adolescência e juventude, tendo trabalhado com o pintor Artur Cook na oficina de serigrafia deste, acabou por adotá-lo também como mestre no ofício da pintura. Paralelamente, conheceu de perto o trabalho do artista João Rodrigues, o Mestre Portuga, que o inspirou a adentrar no barroco, esculpindo em madeira. Barros viria a trabalhar por dois anos no ateliê de Portuga.

Na sequência, Barros passou por uma fase bastante efusiva em seu processo criativo, trabalhando em paralelo com as técnicas mais diversas de que dispunha, para, posteriormente, decidir-se pela escultura e entalhe em madeira como foco principal. 
Adilson, que teve incursões no teatro e na literatura, possui especial predileção temática por pés, seja esculpindo-os em madeira e pedra, seja desenhando-os em grafite, ou ainda pintando-os em tinta acrílica sobre tela. Porém, seja qual for a plataforma, uma constante se destaca: seus pés nunca possuem pares, e nunca se repetem. 
Perguntado sobre a dita fixação, explica que começou a fazer pés no projeto do SESC chamado Pretexto III, como uma referência crítica ao mau uso dos pés, no sentido “dos grandes que não sabem caminhar sem pisar nos pequenos”, primeiro inspirado a fazer pés de pedra, passando depois a dar-lhes vida em outros materiais.
Além dos pés, Barros também destaca sua predileção no afazer artístico, por rostos, anatomias, movimentos e detalhes em geral. 
Aproximadamente em 1998, passou a trabalhar sua arte também a partir de materiais coletados na natureza, especialmente na praia. 

Especificamente neste processo criativo com tais materiais, costumava coletar objetos como conchas, cordas e tocos de madeira, após fotografá-los in locu, fotografando também, nestas ocasiões, resíduos como esqueletos de peixes e outros.

Quando perguntado sobre o porquê de fazer o que faz, responde que porque tem o seu dom, algo talvez ligado à mediunidade, além de ser seu refúgio da turbulência dos dias, embora se frustre quando vê sua obra se deteriorando ou quando pensa sobre a deterioração da arte em geral.
Atualmente trabalha com madeira, criando colunas, molduras e carrancas, estas últimas mesclando barroco e arte moderna, com incidência especial de figuras africanas, além de cerâmica, com o que se poderia chamar de “carrancas oníricas e outras figuras imaginárias”, e grafite, com desenhos e caricaturas”.

Horário de visitação da exposição:
Sábado e domingo das 9h às 17h
Segunda a sexta-feira das 14h às 18h
Entrada gratuita.
Local: Espaço Cultural Chachá. 

Rua Voluntário Fermiano, 42- Centro

domingo, 17 de agosto de 2014

A história do Rock Laguna 1, 2 e 3

     Na década de 80, o rock nacional vivia seu período de maior glória. Dezenas de bandas surgiam pelo país.
   O gênero, que apareceu na década de 50 nos Estados Unidos, atravessou os anos.
      Dizem os especialistas que quem gravou o primeiro rock no Brasil foi Nora Ney, cantora de samba-canção.  "Rock around the Clock", de Bill Haley & His Comets (trilha do filme Sementes da Violência), em outubro de 1955, para a versão brasileira do filme.
     O rock atravessou a década de 60 no Brasil, com a Jovem Guarda. Na década de 70 surgem os ícones Rita Lee, Lobão, Raul Seixas, entre outros em seus variados estilos, inclusive os chamados rock rural e o hard progressivo.

     No Rio de Janeiro, no verão de 1975 foi organizado o pioneiro festival de rock no Brasil, o "Hollywood Rock", com patrocínio da Cia Souza Cruz.
    Na década de 80 o rock se popularizou de vez no país. Surgiram bandas em São Paulo, Brasília, Bahia, Rio de Janeiro e em outros estados. Algumas delas cultuadas pelos fãs até hoje. E muitas ainda em atividade.

     Enfim, não vou me estender sobre a história do rock no Brasil, até porque há muito material em livros, inclusive na internet. O objetivo deste texto é falar sobre a história do Rock Laguna.
     Para quem se interessar sobre o rock no Brasil de 1955 a 1984, e de 1985 a 2000, basta clicar em:


     Em janeiro de 1985 acontece o Rock in Rio, o maior concerto da história do rock, com um público estimado em 1 milhão e meio de pessoas, realizado na Barra da Tijuca. Veio artista de todo o mundo e contou com bandas internacionais e brasileiras, algumas iniciantes.
     O rock entrou na ordem do dia e ganhou manchetes e matérias em toda mídia.

O Rock Laguna 1
     No ano seguinte, 1986, embalado pelo sucesso do Rio de Janeiro, o empresário tubaronense Evaldo Marcos, dono da Cosmos Produções, apoiado por um grupo de patrocinadores, propôs aos administradores do município da Laguna (prefeito João Gualberto Pereira, vice Rogério Wendhausem – 1983-1988), a realização de um Festival de Rock a ser realizado em nossa cidade, nos mesmo moldes do que foi feito na Cidade Maravilhosa. Guardadas as devidas proporções, evidentemente.

     A Prefeitura da Laguna apoiou o evento com a cessão do local, o Estádio Municipal do Laguna Esporte Clube – LEC, mais tarde batizado de Estádio Municipal João Batista Wendhausen Moraes, em homenagem ao vereador lagunense, morto prematuramente.
     Secretário municipal de Cultura, Turismo e Esporte, Hézio Heleodoro de Souza dizia que havia interesse que o evento entrasse para o calendário turístico da cidade.

     Assim, o Rock Laguna 1 foi marcado para sua realização nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro de 1987.
     A divulgação se iniciou por todo o Brasil e principalmente nos estados do sul. Assim como, à medida que iam sendo contratados, os nomes das bandas, cantores e cantoras do rock nacional.
    Na primeira noite, uma sexta-feira, a partir das 21 horas se apresentaram as bandas “Camisa de Vênus”, com seu rock agressivo; na sequência as meninas do “Sempre Livre” com seu som romântico; depois fechou a noite o “Grupo Tubarão”, som pesado que fez a plateia delirar.

    Na noite seguinte, sábado, “Encaixe Postal”, “Ave de Rapina”, “Kromo”, “Expresso”, “Inteligence”, “Engenheiros do Havaí” e “Titãs”.
Os Titãs fizeram o grandioso show de abertura.

      No domingo ventava forte e chovia e os shows foram transferidos para a noite seguinte, segunda-feira, a partir das 20 horas.
     O encerramento do Rock Laguna 1, foi com “KM-7”, “Zero” e “Lobão”.
Lobão abriu o espetáculo e o público cantou todas as músicas.
    No final, com o frio que fazia no local, Lobão subiu novamente ao palco e juntamente com o Grupo Zero cantaram “Me chama”, de sua autoria.
- "Chove lá fora e aqui tá tanto frio...”.

     O Rock Laguna 1 foi sucesso absoluto, com um público estimado em 15 mil pessoas por noite.
    Divulgação da Laguna a nível nacional. A Rede Bandeirantes de Televisão, por exemplo, noticiou a promoção em seu noticiário.

Rock Laguna 2
     Em 1988, o empresário Evaldo Marcos promoveu novamente o evento.
     O Rock Laguna 2, aconteceu nas noites de 5, 6 e 8 (sexta-feira, sábado e segunda-feira) de fevereiro, no mesmo local do ano anterior.

     As apresentações marcadas para domingo, dia 7, por causa da chuva, tiveram que ser transferidas para segunda-feira, repetindo assim, coincidentemente, o acontecido no ano anterior.
       Na primeira noite se apresentaram as bandas “Vício Difícil”, “TNT”, “Taranatiriça”, “Garotos da Rua” e “Titãs”.
    Os Titãs foram o destaque, encerrando o show com muito rock. Banda Taranatiriça também não decepcionou.

      No sábado, com um grande público e agito, a banda lagunense “Ave de Rapina”, “Tubarão”, “Celso Blues Boy”, “Kid Abelha” e “Ultraje a Rigor”.
    O Kid Abelha empolgou a plateia que cantou e dançou na voz  e figurino da vocalista Paulinha.

O lagunense Fernando Faria, o filho do Tuba, não tem?, postou também no You Tube, duas gravações feitas pelo seu primo Eduardo Caruso de Castro Faria, da apresentação do Kid Abelha no Rock Laguna 2, em 1988. 4m42s de duração em "Lágrimas de Chuva" e 3m41s em "Nada tanto assim". Histórico.


     O Ultraje a Rigor levou o público feminino ao delírio quando o vocalista Roger na apresentação de uma canção do primeiro álbum, de maior sucesso, e tema de abertura da novela Brega & Chique, tirou a camisa e baixou as calças, mostrando a cueca na cor azul.
- Pelado, pelado, nu com a mão no bolso...
(...)
Indecente
É você ter que ficar
Despido de cultura
Daí não tem jeito
Quando a coisa fica dura
Sem roupa, sem saúde
Sem casa, tudo é tão imoral
A barriga pelada
É que é a vergonha nacional
(...)

Fernando Faria também postou, gravado pelo seu primo Eduardo, a apresentação de “Ciúme”, do Ultraje a Rigor. São 4m35s., um dos seus maiores sucessos.


      Os shows previstos para domingo e realizados somente na noite de segunda-feira, trouxeram “Nenhum de Nós”, “Defalla”, “Eggo Tripp”, “Heróis da Resistência” e “Tim Maia”.
   Na banda Eggo Tripp o destaque do baterista Pedro Gil, filho de Gilberto Gil. No Heróis da Resistência, Leoni, ex-Kid Abelha fez um excelente vocal e performance corporal.

     A apresentação de Tim Maia decepcionou. Não cantou integralmente sequer uma música. Reclamava de tudo. Dos músicos de sua banda Vitória Régia, do som. Entre uma interrupção e outra cantou sucessos de seu repertório: “Primavera”, “Você”, “Dia de Santo Reis”, “Um Dia de Domingo”.
     Mas se não fosse assim, não seria o grande Tim Maia, não é verdade? Acreditava-se que ele nem vinha para a apresentação, como já havia acontecido inúmeras vezes em sua carreira.
    Ainda na segunda-feira à tarde, antes do show, Tim Maia foi visto no centro histórico da Laguna comprando uma camiseta com dizeres sobre a cidade, na Loja Lapa Confecções. Tamanho EG, off course.

Johnny Bass postou este vídeo no You Tube, feito pela RBS TVSC, onde Cacau Menezes entrevista Tim Maia no Ravena Cassino Hotel e Paulinha Toller do Kib Abelha, momentos antes de subir ao palco.

    O fim de semana na Laguna foi movimentado. A cidade recebeu milhares de fãs provenientes da região sul do país. Mas veio gente de outros estados, como Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.


Rock Laguna 3
     Dez anos depois, em 1998, nas noites de quinta, sexta-feira e sábado, 5, 6 e 7 de fevereiro, foi realizado pelo mesmo empresário Evaldo Marcos, em sua terceira versão, o Rock Laguna 3.
      O prefeito era João Gualberto Pereira, e vice Rogério Wendhausen, eleitos em 1996, os mesmo administradores da Laguna quando da realização dos dois primeiros eventos.
     Uma espécie de revival.

   Na quinta-feira, a banda Os Titãs, com o show “Acústico”, foi o destaque.
     De acordo com a produção, 4 mil pessoas estiveram presentes.
     Na sexta-feira, a roqueira paulistana Rita Lee agitou a plateia.
Antes, Stonkas Y Congas, de Florianópolis se apresentou. O público de cerca de 2 mil pessoas, se abrigava numa lona que foi montada sobre o gramado do estádio municipal.
    Logo em seguida a banda Imigrant, cover de Led Zeppelin e Pink Floyd, levantou o pessoal, num esquenta para a grande atração da noite.
     A apresentação da maior roqueira brasileira, com o show “Santa Rita de Sampa”, começou exatamente à uma hora da manhã, conforme exigência e durou 1h e 15m.
   Rita foi toda simpática e cativou o público logo no início quando exclamou: “Laguna, você me dá água na boca!”.
    A banda da Rita Lee era formada por Roberto de Carvalho (guitarra), Beto Lee (guitarra), Lee Marcucci (baixo), Paulo Zinner (bateria), Maurício Gasperini (vocal, violão e percussão e teclado) e PG Cecheto (teclado).
    No dia seguinte, no hotel, quando da partida de Rita Lee e banda para Florianópolis para o voo para São Paulo, consegui conversar alguns minutos com a maior roqueira do Brasil, que também autografou um CD com seus maiores sucessos. Fotógrafo André Luis Bacha registrou o momento.



     No sábado, a banda Planet Hemp, criada pelo Marcelo D2 e Skunk em 1993, no Rio de Janeiro, se apresentou com seu rap rock. Apresentou vários sucessos de seus dois discos “Usuário” (pelo qual ganhou o Disco de Ouro) e “Os cães ladram mas a caravana não para”, como “Legalize já” e “Queimando tudo”.

Pequeno público
    O público esperado decepcionou durante o Rock Laguna 3. Não passou de 4 mil pagantes, num local idealizado para receber 10 mil pessoas.
       Diversos fatores contribuíram para isso.
     Primeiro dez anos tinham se passado da última realização e o rock brasileiro já não tinha o mesmo boom musical dos anos 80. Outros gêneros musicais tinham surgido, como o Axé.
    Conhecidas bandas de rock tinham ficado pelo caminho. E faltou também maior divulgação do evento.
      Sobre o pequeno público presente comparado aos dois Rock Laguna da década de 80, o próprio empresário e produtor Evaldo Marcos reconhecia que “Os tempos eram outros. As bandas antes não circulavam tanto pelo país. Hoje, no interior, há muitos shows", comentou Evaldo à imprensa na época.

      Enfim, o Rock Laguna marcou época e até hoje é lembrado pelos fãs.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O imponderável em nossas vidas

O ser humano procura não compreender sua incapacidade de determinar o seu futuro. 
Ainda que eu pense, tenho comigo no íntimo, que nascemos com um prazo de validade, como um produto, uma mercadoria que vence em determinada data, muitas circunstâncias, milhares delas fogem ao nosso domínio. 
Não é assim leitor? Louco daquele que quer controlar todos os vetores e fatores, inclusive a sua própria vida e a de outras pessoas. 
E é o que mais a gente presencia por aí.
Alguém é dono da história e do futuro? Não se diz que os dias vindouros só a Ele pertencem? 

Pois é... Bem por isso quando leio ou ouço cálculos, previsões políticas, acertos nos bastidores para daqui a quatro, oito, doze, vinte anos, fico imaginando sempre que no meio do caminho tem o destino traçado, os atalhos, os chamados carmas e as surpresas que nunca entram nas avaliações. Ajustes são necessários, mas quem pensa neles?
Vide o acidente aéreo ontem que vitimou o candidato Eduardo Campos e a morte em 1985 do candidato eleito a presidente, Tancredo Neves.

A verdade é que vivemos como se fossemos eternos nesta passagem terrena. Matusaléns individuais e únicos em nossos pensamentos e desejos.
Expostos a realidade inexorável da morte, negamos, fugimos e nem queremos pensar ou falar sobre ela. Cruz, credo! Xô!
Mas nossa vez também chegará, cada um ao seu tempo e momento, na horizontal, braços cruzados sobre o peito, dedos entrelaçados, numa caixa de madeira envernizada. Mas quem pensa nisso? 

Ora, ponderamos sim, mas somente naqueles breves momentos de um velório, quando entre uma oração e outra por quem se vai, uma conversa aqui e ali com familiares e amigos, falamos sobre vaidade, orgulho e a finitude da vida. Além dos bens amealhados que nada levamos.
Meditemos naqueles tristes minutos para logo após, já na rua ou no dia seguinte esquecermos de tudo e continuarmos na luta de nossas trajetórias. Cometendo os mesmos erros, descuidando muitas vezes da saúde, presos nas teias de inúmeros vícios, mergulhados nos desamores e falhos em nossa maneira de ser.

Dizem os especialistas que não pensar na morte é um mecanismo de defesa, de autopreservação do organismo mental para não sucumbirmos. Do contrário, como seria? 

O jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues, na década de 50 e 60, criou a figura do Sobrenatural de Almeida para referir-se quando algo inimaginável, inesperado, acontecia nas partidas de futebol.

Não vale somente para o esporte, convenhamos. O também chamado imponderável, o acaso, sempre teima em se intrometer em nossas vidas.

E não há nada, absolutamente nada no mundo que possamos fazer.

Para reflexão:

PENSA NA TUA MORTE

Por Oscar Quiroga

“Ainda que te pareça mórbido, pensa em tua morte, pois isso atualizará a consciência de que teu tempo é limitado e que teus sonhos enormes precisam ser encaixados nesse tempo, e se por ventura não couberem, então terás de pensar na tua existência com resultados póstumos, para as futuras gerações receberem o que tu plantares.
Pensa na tua morte para recuperares o ânimo e te envolveres com garra na construção de teu destino.

Pensa na tua morte para evitar deixar assuntos para depois, para que as coisas lindas que tens para dizer serem ditas, pensa na morte para reconheceres teu verdadeiro alcance, não te valorizando excessivamente nem tampouco diminuindo tua importância. 
Pensa na tua morte, enfim, para melhor aproveitar a vida. O que haveria de mórbido nisso? Mórbido é morrer um pouco a cada dia sem desfrutar o que é de teu merecimento”.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nota de falecimento++

Faleceu ontem à noite em Florianópolis, no Hospital Universitário (HU), onde estava internado, Otto Siqueira, aos 80 anos.
Foi jogador do Barriga Verde F.C., funcionário da empresa Indústria e Captura de Pescado -Incape e o último empregado do Cine Teatro Mussi, onde foi de bilheteiro a gerente, fazendo de tudo um pouco, respirando e vivendo cinema, durante mais de 40 anos, 

Quando da solenidade da venda do Cine Mussi, em 27/03/2009, ao ser entrevistado, "Seu" Otto disse que de suas lembranças das telas restaram os seus filmes prediletos: O Vento Levou, Casablanca e Marcelinho, Pão e Vinho. “Filmes eram um acontecimento na cidade. A gente passava um novo filme todos os dias. O público colocava a sua melhor roupa para ver seus artistas prediletos”, lembrou.


Deixa a esposa Maria Amélia e os filhos Sônia, Jackson, Gizilaine(Gigi) e Janine.
Corpo está sendo velado na sala mortuária da funerária Santo Antônio dos Anjos (ex-Cine Roma), sepultamento às 16 horas desta quarta-feira.

Sentimentos aos familiares e amigos.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Jornais lagunenses estudantis O Diálogo e O Corujão

Lá pelo ano de 1976, quando da criação do Centro Cívico Brito Peixoto, no então Conjunto Educacional Almirante Lamego - Ceal, o sempre lembrado professor Emídio Padilha me chamou a um canto do então corredor de pisos vermelho-ladrinhados da tradicional Instituição de Ensino e me intimou a ser o primeiro presidente do Centro. 
Estávamos em plena ditadura, com os estudantes brasileiros ameaçados pelo temido decreto-lei nº 477, de 26/02/1969, que os proibia justamente de manifestações políticas e de pensamento.

As eleições para o Centro Cívico, apesar disso tudo, eram diretas. O presidente do Centro tinha que ser escolhido pelos alunos e professores, em votação.
Em princípio não aceitei o convite, argumentei que não havia tempo, era aluno em dois turnos. Pela manhã do Curso Científico do Ceal; e à noite do Colégio Comercial Lagunense - CCL, em Ciências Contábeis.
Não o convenci. Argumentou que meu nome era sua indicação e pela minha eleição ia trabalhar.

Fiquei de pensar. Dias depois aceitei o desafio.
Logo em seguida a eleição.  Ganhei por grande diferença do outro candidato.
Mãos à obra. Junto com uma diretoria formada, encetamos campanhas do quilo, de agasalhos. Organizamos as solenidades em comemoração à Batalha do Riachuelo, onde diversas autoridades do município eram convidadas; o Desfile Cívico de Sete de Setembro, entre outros eventos.
Foi um aprendizado, antes de qualquer coisa.

Busquei os alunos Manoel Marques, o Sérgio Hilzenderger, o Marcos Bez Birollo e juntos lançamos o jornal estudantil O Diálogo, de grande sucesso.
O pessoal de hoje, acostumado com as tecnologias de i-pod, i-pad, MP3, facilidades do Word, do Excel, computador, xerox colorida, impressora, scanner, as multifuncionais da vida, não tem nem ideia de como era difícil fazer um jornal. Gráfica naquela época nem pensar.
Quando tento explicar à gurizada – aos poucos que ainda querem ouvir porque a maioria não está nem aí - os métodos que então utilizávamos e que hoje soam jurássicos,  a nova geração fica olhando pasma, como se fossemos de outro mundo, de uma galáxia distantes anos-luz. De outro tempo e espaço sideral.
No fim e ao cabo, acho que já somos mesmo dinossauros. Mas não faz tanto tempo assim meu Deus!, “meros” trinta e oito anos atrás, mas tudo parece tão distante, de outra encarnação.

Vejamos o método: a matriz stencil (ou carbono) era introduzida no cilindro da máquina de escrever. Tinha-se que datilografar (sim, sim, a gente datilografava, não digitava) com a pequena alavanca da máquina, um dispositivo manual em ponto neutro, isso é, sem estar na fita vermelha ou preta.
Não se podia errar, já que não dava para enxergar as letras que iam sendo grafadas. Feito isso o carbono era passado com todo cuidado para uma máquina chamada mimeógrafo a álcool. Quem fazia esse trabalho com toda a paciência que é lhe é peculiar, era o Gariba.
Os dedos ficavam sempre sujos, não tinha jeito. Ia-se rodando a manivela e introduzindo o papel com toda calma.
De vez em quando se completava com álcool o pequeno depósito (tanque) da máquina. Consumia que era uma coisa. Parecia carro Maverik de oito cilindros. Um litro era pouco.
Depois as folhas eram colocadas para secarem. Não se podia expô-las ao sol, porque aí as letras sumiam como num passe de mágica. Depois se agrupavam as quatro folhas que formavam as oito páginas do jornal, grampeava-se e pronto! Era só distribuir aos estudantes.
Uma trabalheira de se levar uma tarde inteira. Mas era tão bom em nossos sonhos de mudanças, transformações...

As resmas de papel eu consegui na Livraria do Juca, um apoio logístico em troca de um pequeno anúncio, afinal estudantes sem grana.
O saudoso Juca, bom coração, cedeu para as feituras das edições as resmas mais os carbonos necessários. E com esse material produzimos uns oito números que fizeram o maior sucesso, principalmente entre o público feminino.

Não ficou sequer um exemplar do jornal O Diálogo para provar a história, mesmo porque a tinta azul das folhas no mimeógrafo a álcool sumia com o passar dos dias e claridade. Pior do que os extratos de banco de hoje em dia.

No ano seguinte, 1977, com o jornal matutino já extinto há muito, inventei de lançar no Colégio Comercial Lagunense – CCL, um outro jornal.
Surgiu O Corujão porque as aulas eram no período noturno. Criativo e sugestivo não? Hehehe.
Só que desta vez os exemplares eram comercializados a dois cruzeiros, porque o pessoal da noite tinha poder aquisitivo, trabalhava e tal. Foi um sucesso de vendas. Seu Rui Martins era quem rodava o semanário no mimeógrafo.
Mas o jornal, infelizmente, foi somente até o número 3. A edição de nº 4, já impressa e pronta para distribuir, foi proibida de circular pela direção do Colégio, porque tecia algumas críticas, pequenos comentários que desagradaram algumas pessoas.
Morria ali, como tantos outros por esse Brasil, mais um órgão de imprensa estudantil.
Hoje posso dizer que foi meu primeiro contato com a censura à imprensa, quando aprendi precocemente que quem detém autoridade – eleito ou não – não suporta ser questionado em seus atos.
Aprendi nada, cabeça dura que sou, tanto que continuo questionando até hoje.

Pois semana passada – veja só! - abrindo o baú físico e memorial, descobri entre meus guardados, numa pasta bem fechada, entre cartolinas, as 3 edições do Jornal O Corujão. Não sei explicar como resistiram, intactas, após quase 40 anos às mudanças, às transformações da minha vida e ao tempo, se mantendo com a mesma aparência como foram produzidas. Da edição nº 4, não sobrou um só exemplar.

E para que fique registrado neste Blog, reproduzo aqui os ditos 3 exemplares, com alguns pequenos comentários. Para ampliar basta clicar sobre eles, vocês sabem:

Capa da edição de nº 1, 18 de abril de 1977. O Jornal Corujão vinha pela rua, chegando e assustando o pessoal. Quanta pretensão.

Página 2, com a conhecida mensagem de Serenidade, gravada depois  na voz de Cid Moreira.  Pequena matéria a título de Apresentação, sonhando uma grande caminhada. No penúltimo parágrafo um "pau" na mensalidade  do Colégio"que este ano é para arrancar o olho da cara".

Página 3 com o Lá & Cá. Quadrinhas, curiosidades, mensagens...

Página 4 ficou difícil de ler, porque absorveu a escrita da página anterior. Artigo sobre o ser humano e também pequenas mensagens: "Ria que o mundo rirá contigo, mas se chorares, ele rirá de ti". Ai, ai.

Capa da edição nº 2, de  25/04/1977 com manchetes. O Jornal passa para 8 páginas, mas faltam a 5 e 6. Pena.
Mensagem e quadrinhas.
Estória de um louco, um texto de Manoel Marques e que já havia sido publicado no extinto jornal O Diálogo. Pequeno texto saudando mais uma edição e outro intitulado CALAMIDADE PRIVADA dando um "pau" na falta de sanitários para os alunos. O jornal começava a incomodar.

Momento do humor, com palavras cruzadas  e desenhos.

A coluna Fofocolândia com 2 notinhas sobre professores, Elói Matos e Carlos Araújo Horn, e um texto sobre a união de turmas. E mais uma "Estória de um louco", de Manoel Marques.

O Expediente do Jornal e um texto meu sobre o vestibular.

Edição nº 3, de 02/05/1977. No desenho de Marcos Bez Birollo, o carrasco lendo o jornal indaga ao condenado à guilhotina qual seu último desejo. - Tenha piedade, deixe-me ler O Corujão também, só um pouquinho!", responde ele.

Mensagem sobre o verdadeiro amigo; e as diferenças entre o homem e a mulher. Quanto romantismo...

Uma nova coluna surge. Qual é o grilo? Novamente desenho de Marcos Birollo. E mais uma estória de um louco, de Manoel Marques, cuja autoria não é destacada.

Surge a vaquinha, com suas "Barbaridades"; um texto meu sobre "A curriola" e a promessa de uma turma (série) de Contabilidade em lançar um outro jornal no Colégio. Pau nas criaturas invejosas e hipócritas.

Palavras cruzadas, quadrinho e piadas.

Página 6 e a coluna que fez o maior sucesso "Umas qui outras"; e comparações sobre "O homem ideal tem que ter" e o "Quem dá mais?", as duas escritas por uma tal de Maria, que simplesmente não lembro qual era a aluna. O homem ideal tem que ter o nariz do Nelson Matos? Quem dá mais pelo olhar penetrante do Carlinhos Horn?  Penetrante? hummmmmm. Eu hein?

Surge a tão aguardada página de "Esportes". Resultados do campeonato citatino (sic) de futebol; a nominata da nova diretoria da Liga Atlética Lagunense - LAL. Presidente: Valdemar Manoel de Souza. Na junta disciplinar: João Carlos Silveira e Munir Soares, entre outros.

O Expediente do jornal e um texto "Pausa para meditação".


domingo, 10 de agosto de 2014

Nota de falecimento +

Faleceu na noite/madrugada deste sábado em Florianópolis, no Hospital Universitário – HU, onde estava internada com insuficiência respiratória (pneumonia), transferida em caráter de urgência da Laguna, Cleide Maria Ungaretti Branco, aos 49 anos, filha da dª Sony e do seu Branco.
Deixa as filhas Luana e Mayara.
Corpo está sendo velado em nossa cidade, na sala mortuária da funerária Santo Antônio dos Anjos (ex-Cine Roma), avenida  Colombo Machado Salles, e sepultamento ocorre neste domingo, às 17 horas.

Sentimentos aos familiares e amigos.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Três cliques para o fim de semana

Um bom de fim de semana a todos os leitores e fiquem com três cliques feitos pelas lentes do meu tio Loureiro Pacheco da Lapa, especialmente para o Blog.

A primeira foto mostra o Balneário Mar Grosso visto de um ângulo não tão comum, lá da Ilha dos Lobos.





Frase desta sexta-feira

“Até os canalhas envelhecem”.
(Rachel de Queiroz)