quarta-feira, 23 de abril de 2014

Fundação da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna

Domingos de Brito Peixoto, o fundador
da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos
da Laguna, em 1676.
Santo Antônio dos Anjos da Laguna foi fundada em 1676.
Quem disse isso?
Ora bolas! O próprio filho do fundador, o capitão-mor da Laguna Francisco de Brito Peixoto. E disse não uma, mas duas vezes.

Quem discorda?

Durante muitos anos a data de fundação da Laguna foi um tema bem discutido.
No início década de 70, nossos maiores historiadores chegaram a um consenso e por fim, o tricentenário foi comemorado em 1976.
O historiador, médico, escritor, deputado, lagunense Oswaldo Rodrigues Cabral, autor de inúmeras obras de relevo da história catarinense,  penso que condensou os vários estudos e versões sobre a Fundação da Laguna, e num extenso capítulo publicado no livro “Santo Antônio dos Anjos da Laguna – Seus valores históricos e humanos”, edição comemorativa da passagem do tricentenário de fundação da Laguna, publicado em 1976 pelo governo do estado, Imprensa Oficial – IOESC, no governo de Antônio Carlos Konder Reis, dissecou as várias correntes.
Mas vamos por partes, que o assunto e longo e apaixonante. Para quem gosta, evidentemente.

Há um documento, citado por Carvalho Franco, onde aparece o ano de fundação da Laguna. Ele está transcrito quase que integralmente no livro Bandeiras e Bandeirantes de São Paulo – Cia. Editora Nacional – Col. Brasileira – Vol. 181 – S. Paulo, 1940 – págs. 282/3/4.

Trata-se de uma petição ao Rei, assinada por Francisco de Brito Peixoto, o capitão-mor da Laguna, o filho do fundador e presente quando da fundação da póvoa, e anexa à provisão-régia de 6 de fevereiro de 1714.

Em minha humilde opinião, dos mais importantes documentos sobre a fundação da Laguna, de valor incalculável historicamente, porque é um depoimento, fonte primária insofismável - lembra do post anterior? - mesmo sendo feito 38 anos depois dos acontecimentos, que narra pormenores, como tempo desprendido da viagem pelos Brito Peixoto desde Santos, o ano, a quantidade de gente que trouxe, a morte do irmão Sebastião de Brito Guerra e a do pai Domingos de Brito Peixoto na Vila da Laguna.
O documento prova que a data, o ano de fundação da Póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna não foi escolhido aleatoriamente por alguns historiadores e legisladores três séculos depois visando comemorações de aniversário.

Cabral transcreve a petição e também o fazemos aqui:

“Diz o Capitão Francisco de Brito Peixoto, morador na povoação de Santo Antônio dos Anjos, que fez e descobriu para as bandas do sul, em distância de cento e vinte léguas da Vila de Santos, que ele teve tão grandes desejos de merecer no serviço de Vossa Majestade e de lhe dilatar o Império, que, sendo das principais e mais abastadas famílias de todas aquelas vilas do sul, deixou sua casa e a própria mãe e se foi com outro seu irmão mais moço, chamado Sebastião de Brito Guerra, que era tenente da Ordenança, em companhia de seu pai, o Capitão Domingos de Brito Peixoto, a descobrir novas terras que não fossem de pessoa alguma habitadas, e com efeito, NO ANO DE 1676 saíram da Vila de Santos, donde eram moradores, levando consigo cinquenta escravos seus, com os quais bem feitorizavam as suas fazendas, que deixaram incultas e todo o mantimento necessário para a dita gente, e para dez homens brancos, que com ela iam, como também outras armas e provimento bastante de pólvora e chumbo, e ferramentas condizentes para o rompimento dos matos e feitorias de embarcações, em que fizeram uma despesa tão grande como se considera, e com este apresto saiu da dita Vila, em que meteu mantimento e mais ferramentas necessárias, dando-lhes ordem fossem dar fundos defronte da paragem chamada Lagoa dos Patos, e que aí estivessem, até que o suplicante, seu pai e irmão chegassem, para lhe apontarem a paragem em que iam desembarcar, que o dito seu pai já tinha sabido, por ter de antes ido examinar o dito sítio, e depois que gastaram quatros meses no caminho com romper os matos e buscar as passagens, foi o mesmo suplicante com os mais dar no sítio da Lagoa dos Patos, com imenso trabalho de tão áspero e dilatado caminho... e nesta viagem lhe morreram mais de vinte e cinco escravos... e assim chegou ao dito sítio da Laguna, fez pôr em terra os mantimentos e ferramentas que pelo mar tinha mandado na fragata, fundando povoação... dando o pai do suplicante notícia ao Sereníssimo Senhor Rei Dom Pedro, que a glória haja, pai de Vossa Majestade, que Deus guarde, foi servido mandar-lhe agradecer por carta este novo descobrimento e povoação, o que fez com promessa de lho remunerar, a qual carta se perdeu em uma das ditas embarcações, porém a viram muitas pessoas que dela testemunharão, e assim o dito seu pai, como o suplicante, enquanto foi vivo, gastaram muita fazenda neste descobrimento, e nele lhe morreu o outro filho solteiro, o tenente Sebastião de Brito Guerra, com muita quantidade de escravos, que lhe mataram e se perderam, e o dito capitão Domingos de Brito Peixoto, pai do suplicante se faleceu na mesma povoação, depois do dito seu filho, e por sua morte nenhum outro varão lhe ficou mais que o suplicante, Francisco de Brito Peixoto”.

Um único documento desses dirimiria qualquer dúvida quanto ao ano de fundação da Laguna, não é mesmo, leitor? Mas há ainda mais.

Moacir Domingues, em sua obra “A Colônia do Sacramento e o Sul do Brasil” – Porto Alegre – Sulina 1973 – pág. 239 – Doc. 27, transcreve outro documento.
É uma nova carta ao Rei de Portugal, essa datada de 20 de abril de 1730, portanto 16 anos mais tarde o que já havia declarado na petição de 1714, o mesmo Francisco de Brito Peixoto, já com certa idade (85 anos, vai falecer em 1735), diz o seguinte:

“(...) Resolveu-se meu Pai Domingos de Brito Peixoto, vassalo de V.R.M, sendo morador da Vila de Santos, e abundante de bens, na mesma Vila a vir com todo o empenho, trazendo-nos em sua companhia assim a mim como a um irmão meu Sebastião de Brito Peixoto, em uma fragata, que para esse fim mandou fazer trazendo em nossa companhia muitos escravos, com todos os preparos necessários para o descobrimento deste lugar chamado a Lagoa dos Patos, cujo descobrimento fizemos em era de seiscentos e setenta e seis, e chegando à dita Laguna fizemos assento em o mesmo lugar, que é hoje da Vila...”

E indaga Osvaldo Cabral sobre esse segundo documento:

“Porque insistiria Francisco de Brito Peixoto no milésimo 1676, se não fora ele o verdadeiro, fixado de tal modo em seu subconsciente que, mesmo valetudinário e quebrado pelos anos e desenganos, ainda era o que lhe vinha à mente para citar?”

Cá pra nós leitor, se fossemos fazer uma ação, requerendo na Justiça, uma espécie de Certidão de Nascimento tardia da Laguna, eis dois documentos imprescindíveis – fontes primárias, repito – que estariam em anexos aos autos.

Ainda Osvaldo Rodrigues Cabral, nas páginas 82/83 do livro Santo Antônio dos Anjos da Laguna – Seus valores históricos e humanos, diz que aceitam o ano de 1676, preferindo-o a qualquer outro, os seguintes autores/historiadores:
Além dele próprio Cabral, Basílio de Magalhães, Aurélio Porto, Lucas Alexandre Boiteux e Aníbal de Matos.

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E o mês e dia de fundação da Laguna?
Quanto ao mês e dia de Fundação, aí sim não existem documentos que comprovem a data. Os estudiosos se dividem nas opiniões.

Diz Cabral na obra que venho me reportando até aqui, que não se conhece com exatidão
o dia em que o seu fundador, com sua gente - familiares, agregados, escravos, indígenas e homens de armas – pisou pela primeira vez, com propósitos de nele se fixar, o chão sulino e, olhando em torno, escolheu o local que lhe pareceu o melhor para deitar fundamentos a um povoado, dizendo aos circunstantes que acreditava ser aquele o sítio mais apropriados para fazê-lo, e ao mais que trazia em mente, e mandou que desenfardassem toda a tralha que traziam”. P. 57

Cabral salienta que Laguna “não seria a única de tantas povoações oriundas da expansão vicentista que perderia memória do dia exato em que se verificou o evento”.

Sabe-se que era praxe entre os descobridores de novas terras, batizá-las com o orago a que seria dedicada.
No caso de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, a dificuldade está justamente no complemento “dos Anjos”, sendo o nosso padroeiro o único santo com essa nomenclatura.
O saudoso professor Ruben Ulysséa debatia duas possibilidades:
13 de junho, data consagrada ao santo lisboeta – Santo Antônio de Lisboa, igualmente chamado de Pádua; e a data de 2 de outubro consagrado no hagiológio aos Anjos.
Hagiológio= Nome que se dá à descrição, estudo e tratado sobre a vida dos santos, no cristianismo.(N.A.)

Nail Ulysséa, estudiosa da nossa paróquia, escreveu todo um capítulo dedicado a Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna, no livro em comemoração ao Tricentenário de Fundação.
Sobre o nome da Fundação, diz Nail “Que há um concerto uníssono em afirmar que a povoação foi fundada sob a invocação de Santo Antônio”.
“Porque “dos anjos”, isto sim, há diversas opiniões a respeito”, salienta.

Cita Ruben Ulysséa, para quem a povoação foi fundada a 2 de outubro, dia do Anjo da Guarda.

Nail Ulysséa também invoca a opinião de Frei Adalberto Ortmann, que em artigo publicado em 1958, no volume “Ensaios Paulistas, com o título de “Famílias de Piratininga e Franciscanos Paulistas”, afirma que frades franciscanos acompanharam Dias Velho, na fundação de Nossa Senhora do Desterro; e Domingos de Brito Peixoto, na de Laguna.
Franciscano que teria erigido “A capela de Santo Antônio dos Anjos, numa invocação típica dos franciscanos, lembrando a capelinha de Nossa Senhora dos Anjos, berço de sua ordem em Assis d’Itália”.

Nail Ulysséa também fala dos místicos, que se apoiam na lenda “de que a primeira imagem de Santo Antônio fora trazida pelos anjos e colocada na praia, onde foi encontrada”.

O historiador, pesquisador e colecionador Antônio Carlos Marega, em seu Blog, assim escreve sobre a data de fundação da Laguna:

“Chegando na Laguna no dia 02 de outubro, dia “dos Anjos”(Anjos Gabriel, Rafael e Miguel), Domingos de Brito Peixoto inteligentemente, não fugiu à tradição de oferecer a fundação ao santo do dia, só acrescentou antes o nome do santo de sua devoção (ouvi esta hipótese, pessoalmente do grande historiador Dr. Oswaldo Rodrigues Cabral). Fato é que veio com ele a primeira imagem de Santo Antônio, sendo colocada na capela de pau-a-pique, para devoção, devoção esta que chegou ao grau de intimidade entre o lagunense e o santo, como se tem para com um pai, um irmão ou para com um grande e melhor amigo. Santo Antônio dos Anjos é carinhosamente, o “Toninho”.
http://baudomarega.wordpress.com/
  
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Voltemos ao início da década de 70. A data do tricentenário da Fundação da Laguna (1976) se aproximava e havia a necessidade de se marcar o dia e mês para as comemorações da Fundação. Mas que dia? Que mês do ano?
As opiniões se dividiam. Dia 13 de Junho? Dia 2 de outubro? Terceiro domingo de julho?

Legisladores lagunenses, junto aos historiadores e demais autoridades, optaram por 29 de julho. Lei Municipal nº 15/1975, de 02/05/75.
Por quê?
Dia e mês criados aleatoriamente, sem dúvida, mas onde também se pretendeu homenagear a República Catarinense (ou Juliana), com a criação de uma Semana em que se pudesse reverenciar a data, com exposições, concertos musicais, palestras, gincanas, etc...
Era o embrião da futura “Semana Cultural da Laguna”, que visava unir a população no conhecimento de sua história e se tornar uma atração turístico-cultural num mês “fraco” nesse aspecto.

Epílogo
História não é uma ciência exata, como a matemática, por exemplo. A qualquer momento, através de novos documentos e/ou depoimentos que surgem pelas mãos de pesquisadores, tudo por ser reescrito.

Que os atuais vereadores da Laguna meditem:
Mas mesmo não sendo exata, a história segue uma dedução lógica, ela não dá pulos, não se pode botar as carroças antes dos bois.
Se a data da fundação da Laguna for alterada para 50, 100 anos antes,  como está sendo proposto, obviamente deixa-se de se reconhecer a data de 1676 como a de fundação, não há como ser diferente.
Risque-se, portanto, o nome do fundador Domingos de Brito Peixoto, mude-se o brasão e a bandeira do município e retire-se a estátua de Brito Peixoto de seu pedestal.
Altere-se também o nome de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, batizada que foi pelo seu fundador.
E mais que isso. Troque-se de padroeiro.

É o que querem? É o desejo do povo lagunense?

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A importância primordial da chamada fonte primária para a História

Hoje, mais um capítulo pra gente conversar sobre história, visando complementar artigos que venho escrevendo aqui. O texto é longo, eu sei, mas penso que interessante.
Comecemos do começo.

O que é fonte primária?
É um termo utilizado em várias disciplinas.

Diz a Wikipédia, em excelente definição:

“Na chamada historiografia, a chamada fonte primária – também denominada por muitos de “original”, é um documento, gravação ou outra fonte de informação, como um documento escrito ou uma figura por exemplo, criado no tempo em que se estuda, por uma fonte autoridade, geralmente uma com conhecimento pessoal direto dos eventos descritos. Serve como fonte original da informação sobre o tópico.
Uma fonte primária pode ser uma fonte em primeira mão sobre o passado, como um diário ou um artefato. Fontes primárias são descritas como fontes mais próximas à origem da informação ou ideia em estudo”.

Fontes primárias são descritas como fontes mais próximas à origem da informação ou ideia em estudo. Fontes primárias proporcionam aos pesquisadores "informação direta, sem mediação sobre o objeto em estudo."

São exemplos comuns de fontes primárias:
  • correspondências e diários
  • assentos de registros públicos ou privados (civis, imobiliários, censitários, financeiros etc.)
  • Periódicos
  • textos literários e narrativos
Fontes primárias são bem diferentes de fontes secundárias, que na maioria das vezes citam, comentam sobre, ou constroem conclusões baseadas em fontes primárias.

Vou dar três exemplos das chamadas fontes primárias. Somente três pra gente não se estender em demasia nesse tema.
O primeiro é sobre a história do Brasil e seu descobrimento, já comentado há alguns dias aqui; os outros dois exemplos são cá da nossa história lagunense e vou puxar a brasa para ela.

Que o leitor deste blog, sempre muito interessado, preste atenção neles, porque servirão de base para o próximo escrito (post) a ser publicado, e que vai tratar sobre a FUNDAÇÃO DE SANTO ANTÔNIO DOS ANJOS DA LAGUNA, em 1676, ano que não foi criado aleatoriamente, como veremos e provaremos.

Três exemplos de fontes primárias:

1º exemplo:

Descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500 e a carta de Pero Vaz de Caminha.
Até o início da chamada Revolução de 1930, o Brasil comemorava seu Descobrimento no dia 3 de maio, como já vimos aqui, há alguns dias, em matéria publicada.
O dia 3 de maio era a data de Descobrimento, segundo o historiador lusitano Gaspar Correia que a deduziu do fato de Cabral ter batizado a terra de “Vera Cruz”, nome depois mudado pelo rei dom Manuel para “Santa Cruz”, em função da comemoração religiosa de mesmo nome, que ocorria a 3 de maio.
Mas ai surgiu um documento que por três séculos ficou esquecido nos arquivos portugueses e que acabou vindo para o Brasil com D. João VI e toda a família imperial, em 1808. Era a Carta do escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, testemunha ocular da história.
A descoberta do documento deveu-se ao pesquisador e padre Aires de Casal, que o publicou no ano de 1817.
Mesmo assim, a data só entrou oficialmente para o calendário no início da Revolução de 30.
Quem iria contestar o escrivão de Cabral, que estava ao seu lado no convés, quando se avistou as novas terras?

2º exemplo:

Garibaldi conhece Anita
As memórias de Garibaldi, suas notas ditadas a Alexandre Dumas, constitui um rico depoimento sobre sua participação na Guerra dos Farrapos (Revolução Farroupilha) e sobre a mal fadada República Catarinense (ou Juliana, como queiram).
Escrita alguns anos após os acontecimentos, é um rico documento para se entender o que foram aqueles dias e bem por isso, farto material para pesquisadores, historiadores e escritores.
Muitos já escreveram sobre isso, evidentemente, e não vou me alongar. O intuito é trazer mais um exemplo de fonte primária. Aqui, no caso, onde e como se conheceram os dois personagens, Anita e Garibaldi:

(...) da minha cabina no Itaparica, eu dirigia o meu olhar à ribeira. O morro da Barra encontrava-se próximo e, do meu bordo, eu descobria as belas jovens ocupadas nos seus diversos afazeres domésticos. Uma delas atraía-me mais especialmente que as outras...
Dada a ordem de desembarque, tomei o caminho da casa sobre a qual havia já algum tempo fixara-se toda a minha atenção. O meu coração disparava, mas também encerrava, malgrado a sua comoção, uma dessas resoluções que jamais esmorecem. Um homem (eu já o avistara) convidou-me a entrar. Tentasse fazê-lo bruscamente e ele me teria impedido.
“Virgem criatura, tu serás minha!”, foi o que disse ao ter a jovem diante de mim. E com tais palavras eu forjava uma aliança que somente a morte haveria de romper”.(...).

Veja você leitor, que Garibaldi afirma que avistou e conheceu Anita pela primeira vez na Barra “onde o Morro encontrava-se próximo”.
Conjecturar fora disso para o primeiro encontro deles dois, é licença poética de qualquer autor. E são muitos. Mas não passa disso: conjecturas.
Se o próprio Garibaldi afirma que encontrou Anita próximo ao Morro da Barra, não sou eu, nem você, nem ninguém que vai afirmar o contrário.

O manezinho tem uma expressão, tão repetida atualmente e que resume bem o que poderia ser uma chamada fonte primária:
- Se tu dix...

E é bem isso. Se ele, Garibaldi, que estava presente e era parte interessada no encontro, diz que os fatos se deram assim em suas memórias, quem somos nós para contestarmos?

3º exemplo:

Anita Garibaldi e a certidão de casamento em Montevidéu, no Uruguai, onde ela afirma ser lagunense.

Até hoje, vez por outra, o local de nascimento de Ana de Jesus Ribeiro, a nossa Anita Garibaldi, é contestado. Há até autores, no passado, que afirmam ter ela nascido em Lages; e há também os que a defendem gaúcha.
O livro de registro de batismo da nossa Paróquia abrangendo o período de 1821 a 1824, encontra-se desaparecido.
Mas um documento, fonte primária fidelíssima, cita como sendo ela lagunense.
Qual é?
É a certidão de seu segundo casamento e as anteriores atas antenupciais – documentos em cópias trazidos ao conhecimento na obra “O Perfil de uma Heroína Brasileira”, e “Onde nasceu a lagunense Anita Garibaldi”, de Wolfgang Ludwig Rau.
No registro de matrimônio realizado em Montevidéu, Uruguai, entre Anita e Garibaldi, em 26 de março de 1842, consta, entre as declarações pessoais (as já citadas atas antenupciais):

“D. José Garibaldi natural de Nice na Itália, filho legítimo de Domingos Garibaldi e de Dona Rosa Raimundo; ante V.S. me apresento e digo: Que tenho determinado tomar estado de matrimônio com Dona Ana Maria de Jesus, natural de Laguna, no Brasil, e desejando realizá-lo segundo a ordem estabelecida pela nossa Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana (...).

Não há o que discutir. Se ela, a própria Anita declarou ser natural de Laguna, quem ousa contestar?
Agora ter nascido aqui e ali (Morrinhos? Mirim?), aí é motivo de controvérsias. Mas tudo era Laguna, então lagunense ela o é, sem dúvida alguma.

Aliás, de tão importante, esse é um dos documentos – UMA FONTE PRIMÁRIA, FRISO MAIS UMA VEZ - que serviu para embasar a ação judicial movida pelo advogado Adilcio Cadorin, quando do pedido na Justiça, da emissão da chamada “Certidão de Nascimento tardia” de Anita e que logrou êxito em maio de 1999.

Viram a importância da chamada “fonte primária”?
Ela pode ser contestada? Evidentemente que sim, por outra fonte primária do mesmo peso e valor e/ou por acontecimentos posteriores que provem muito bem provadinho ter sido errônea àquela informação primeira.
O autor de uma fonte primária pode estar mentindo ou ter-se enganado quanto à datas, lugares, nomes e fatos. Mas como contestar? É preciso bons e sólidos argumentos e contraprovas.

Na próxima matéria, abordo o ano da Fundação de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, por Domingos de Brito Peixoto, no ano de 1676.

E trago a fonte primária, inconteste, que prova isso.

sábado, 19 de abril de 2014

Nota de falecimento +

Faleceu ontem à noite, no Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos de nossa cidade, Antônio de Pádua Nicolazzi, aos 77 anos.
Corpo está sendo velado na sala mortuária da funerária Cristo Rei, ao lado do Ceal, e sepultamento ocorre às 16 horas deste sábado.
A vida sempre nos oferece surpresas, muitas vezes de forma mais repentina e triste e é muito difícil a gente estar preparado para um adeus a quem amamos e também nos ama. Mas fica a força, a fé e a crença na vontade do Pai Maior.
Sentimentos à esposa Lenira Amboni Nicolazzi, filhos e netos.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Projeto de Lei propõe mudança na data do aniversário de Florianópolis. Capital foi emancipada da Laguna em 1726

Projeto de Lei de autoria do vereador Afrânio Boppré (PSOL), propõe mudança na data de aniversário de Florianópolis, comemorado anualmente em 23 de março.
Na verdade, o que é celebrado neste dia é a emancipação política-administrativa da capital, ocorrida em 1726, quando a então Nossa Senhora do Desterro – vejam só! - se desmembrou da Laguna.

A mudança apresentada, que já conta com a assinatura de 15 parlamentares, num total de 23, é a de que o aniversário de Florianópolis seja comemorado a partir de sua fundação, no ano de 1676.
Portanto em vez de 288 anos como os festejados no mês passado, Florianópolis “sopraria velinhas” de 338 anos.
A proposta de mudança foi feita pelo saudoso professor, desembargador aposentado, historiador, escritor e ex-secretário de Estado, lagunense Norberto Ulysséa Ungaretti.
Na defesa da proposta, Ungaretti ressalta que “contar a ‘idade’ de Florianópolis a partir da sua emancipação e não da sua fundação é como se a ‘idade’ do Brasil fosse contada a partir de 1822, data da independência”.

Lá não é como cá
Veja leitor que acompanha atentamente este Blog, que a proposta lá em Florianópolis, através de Projeto de Lei do vereador Boppré, nada tem a ver com o sugerido cá aos vereadores lagunenses pelos advogados Adílcio e Lucas Cadorin na tribuna da Câmara semana passada.
Lá se quer oficializar a data de fundação e corrigir “uma anomalia”, no dizer de Ungaretti; cá foi sugerida a alteração no ano da fundação da Laguna, alegando ter sido ele “aleatório”. O que não foi e mostro em breve.

Lá na capital, penso que é uma proposta justa e perfeita, defendida por muitos, com base histórica e visando corrigir uma distorção.
A alegação, o arrazoado do dr. Norberto encontrou guarida no Legislativo da capital.
E dou outro exemplo, além daquele citado da Independência do Brasil: contar idade a partir da emancipação, é como se passássemos a aniversariar somente a partir dos 18 anos, ou 21, que seja.

Não tive acesso, por enquanto, aos estudos do dr. Norberto quanto à escolha do ano de 1676, data também controvertida entre pesquisadores e historiadores quanto à chegada do fundador Dias Velho.
Com isso, se aprovado o projeto e sancionado pelo Executivo, Florianópolis se igualaria ao mesmo ano de fundação da Laguna, com diferenças de 4 meses. Lá em 23 de março (seguindo a proposta de continuar com o dia oficial de emancipação, já que se desconhece o dia e mês exatos); cá em 29 de julho.

Abaixo, cópia do Projeto de Lei de autoria do vereador Afrânio Boppré (PSOL), apresentado em 18 de fevereiro último; e documento (Justificativa) com as alegações do dr. Norberto Ulysséa Ungaretti. (Redigido há dois anos).
Para ampliar, basta clicar nos documentos:




terça-feira, 15 de abril de 2014

Descobrimento do Brasil já foi comemorado em maio

Aprendemos desde muito tempo, em livros e nos bancos escolares, que o Descobrimento do Brasil se deu no dia 22 de abril de 1500, não é mesmo?
Portanto na próxima terça-feira, nosso país estará comemorando 514 anos.
Mas você sabia que nem sempre foi em 22 de abril que a data foi exaltada?

Após o advento da Proclamação da República (1889), e até a Revolução de 30, o Brasil celebrava seu Descobrimento na data de 3 de Maio, que era feriado nacional.
Esta teria sido a data do Descobrimento segundo o historiador lusitano Gaspar Correia (1495-1561), que a deduziu do fato de Cabral ter batizado a terra de “Vera Cruz”, nome mudado pelo rei dom Manuel para “Santa Cruz”, em função da comemoração religiosa de mesmo nome, que ocorria a 3 de maio.
O próprio José Bonifácio, o Patriarca da Independência do país, propôs que a abertura da primeira Assembleia Constituinte brasileira, em 1823, caísse nesse dia, para coincidir com o descobrimento. E assim foi feito.

Mas ai surgiu um documento que por três séculos ficou esquecido nos arquivos portugueses e que acabou vindo para o Brasil com D. João VI e toda a família imperial, em 1808. Era a Carta do escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, testemunha ocular da história.
A descoberta do documento deveu-se ao pesquisador e padre Aires de Casal, que o publicou no ano de 1817.
Mesmo assim, a data não entrou oficialmente para o calendário.

Com o advento da República, estabeleceu-se um calendário de festas cívicas. “Considerando que o regime republicano baseia-se no profundo sentimento de fraternidade universal; que esse sentimento não se pode desenvolver convenientemente sem um sistema de festas públicas destinadas a comemorar a continuidade e a solidariedade de todas as gerações humanas”, dizia o decreto 155b, de 14 de janeiro de 1890.

O decreto criou, entre outros, o feriado de 21 de abril em homenagens a Tiradentes. E a data de 3 de maio, feriado, continuou lá, como sendo a do Descobrimento do Brasil, mesmo que a própria imprensa, historiadores, pesquisadores e escritores já entendessem que a data correta era 22 de abril.
E continuou sendo assim até 1930, quando com o advento do Estado Novo, Getúlio Vargas acaba com o feriado de 3 de maio, e altera finalmente e acertadamente o dia do Descobrimento do Brasil para 22 de abril.

Bem por isso, muitas associações, logradouros, clubes e sociedades as mais diversas que foram fundadas por esse Brasil afora até 1930, receberam o nome de 3 de maio.


Clube 3 de Maio da Laguna foi fundado em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil

A tradicional Sociedade Recreativa 3 de Maio, situada no bairro Magalhães foi fundada com este nome em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil.

Sobre esta Sociedade, há uma particularidade. Surgiu com a denominação oficial de Sociedade Recreativa e Literária 3 de Maio, e foi fundada em 21 de julho de 1907, conforme nos informa Ruben Ulysséa, numa crônica publicada no jornal Correio do Sul, em 29/01/1939, sobre a fundação dos clubes lagunenses.
No entanto, erroneamente, penso eu, através de sócios e diretorias ao longo do tempo, é comemorado anualmente seu aniversário na data de 3 de Maio, juntamente com outros aniversariantes do dia, como a Sociedade Musical União dos Artistas e o Colégio Stela Maris.
Não deveria sê-lo em 21 de julho, data oficial de sua fundação?

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Data de fundação da Laguna não foi criada de forma “aleatória”

P S: O leitor pode estar se perguntando o porquê dessas abordagens sobre datas, nomes, fundações, etc.
É porque, humildemente, este servo aprendiz pretende a partir de hoje, aos poucos, com calma, até porque demanda tempo e só o faço por curiosidade, meter a colher de pau nesse angu, como se diz popularmente. E sem ser chamado.

Pretendo trazer nesta página, informações, esclarecimentos e reproduzir escritos de renomados pesquisadores e historiadores mostrando e comprovando datas comemorativas e lugares, inclusive o ano de Fundação da Laguna.

O ex-prefeito Adílcio Cadorin e seu filho Lucas semana passada fizeram explanação da tribuna da Câmara de vereadores de nossa cidade e baseado em levantamentos publicados no livro "Laguna Terra Mater", tendo eles dois como autores - propuseram alteração na atual data de fundação da Laguna, alegando ter sido a data de fundação criada de “forma aleatória” pelos vereadores do passado.

Como de forma aleatória? De maneira alguma!

Discutido, o ano da fundação da Laguna sempre o foi, não resta dúvida. Controvertido também. Muitos renomados pesquisadores e historiadores ao longo do tempo se debruçaram sobre o tema, ficando-se na dúvida entre os anos de 1676 e 1684.  Mas que tenha sido a data criada de forma aleatória por legisladores lagunenses do passado, JAMAIS! 

O ano comemorado como sendo de fundação, 1676, foi fruto de extensas pesquisas, documentos primários, deduções e consenso. Bem por isso o Tricentenário da Laguna foi comemorado esfuziantemente em 1976, com palestras, sessões especiais, discursos de historiadores, escritores, lançamentos de livros, crônicas em jornais, reportagens, inauguração da estátua em homenagem ao fundador, etc. 
Que os atuais legisladores lagunenses a quem a mudança foi proposta, meditem sobre isso.

Nenhum renomado pesquisador/historiador contestou até hoje que a nossa póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna tenha sido fundada pelo bandeirante vicentista Domingos de Brito Peixoto, juntamente com seus filhos Sebastião de Brito Guerra e Francisco de Brito Peixoto, depois capitão-mor dessas paragens. 
Por favor, honremos a memória do fundador e de seus filhos.

Laguna foi o terceiro núcleo de “povoação estável”, fundado em Santa Catarina.
Quanto aos exatos mês e dia da fundação da Laguna, aí merece explicações vindouras.

Se esse litoral brasileiro incluindo, lógico, o catarinense, já era conhecido antes? Evidentemente que sim. Por piratas, corsários, “náufragos, traficantes e degredados”, no dizer de Eduardo Bueno. E também por inúmeros navegadores espanhóis que aqui chegaram até antes do Descobrimento do Brasil, como Vicente Yañez Pinzón, que teria aportado - como defendem alguns pesquisadores - em 26 de janeiro de 1550 1500, portanto três meses antes de Cabral, ao cabo Santo Agostinho, em Pernambuco.
Mudemos a data e o descobridor do Brasil?

Ser um local conhecido, um ponto geográfico citado em mapas e diários de viajantes, ou por missionários, não quer dizer fundado o lugar, a póvoa, em nome de El Rei, com Carta Régia devidamente assinada e proclamada.


Mas estou me adiantando. Retornarei ao tema. Aguardem cenas dos próximos capítulos.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Bunda de fora

“A coluna é uma das partes mais importantes do corpo humano. Mantém a gente em pé, segura a cabeça erguida. Como a natureza é sábia, ela fez a coluna com algum movimento. Pode (e deve) curvar-se um pouco, sem qualquer problema.
Esse movimento natural da coluna se chama jogo de cintura. Se a coluna ficasse completamente rígida, sem qualquer movimento, poderia quebrar facilmente, como um galho seco.
Mas também não devemos ter a coluna muito mole, que dobre com qualquer ventinho. É perigoso curvar demais a coluna, porque a bunda fica muito exposta e a cabeça encosta na lama”.

 (De César Valente, em seu Blog).

sábado, 12 de abril de 2014

Brasil: Uma história

Não seria justo deixar de citar aqui, em continuação à matéria anterior,  o excelente livro, de Eduardo Bueno “Brasil: Uma história”, editora  LeYa, 480 páginas, com milhares de ilustrações.

Foi o primeiro livro de Bueno. Publicado inicialmente em forma de fascículos colecionáveis pelos jornais Folha de S.Paulo, Zero Hora e Extra, chegou às livrarias em 2001. Esta edição, no entanto, foi revista, ampliada e rediagramada. O volume abrange os cinco séculos da história brasileira.
Do descobrimento ao governo Lula, o autor tira a história da sala de aula e da condição de mera disciplina escolar.
"A linguagem é ágil e dinâmica, eleva o conhecimento ao alcance de todos e transforma importantes acontecimentos da trajetória do país em tópicos para serem debatidos em mesas de bar e rodas de amigos".

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sobre história, pesquisadores e historiadores – A Coleção TerraBrasílis

Sou um admirador confesso do jornalista e escritor Eduardo Bueno. Tenho suas obras, principalmente a excelente Coleção TerraBrasílis, pela Editora Objetiva, composta de quatro volumes. Há outros em preparação.
Eduardo Bueno é gaúcho, tradutor, jornalista e escritor, nascido em 1958. Na redação do jornal Zero Hora recebeu o apelido de Peninha, em homenagem ao repórter do jornal A Patada, criação de Walt Disney.

Seu estilo de escrever é vibrante, mesclando minúcias do Brasil colonial com o clima aventureiro. Possui uma biblioteca com mais de 4 mil volumes sobre a história colonial das Américas e descobriu um filão ao escrever sobre a história do Brasil, tema que já havia abordado na elaboração de fascículos para os jornais Zero Hora e Folha de São Paulo.

Numa entrevista a revista Isto É, afirmou que a maior mentira ensinada pelos livros tradicionais de história do Brasil, é que ela tenha sido mansa, pacífica e feita por grandes homens.
Seus livros vendem muito bem e são adotados por escolas.

Eduardo Bueno é minucioso pesquisador, com a vantagem para o leitor e outros pesquisadores, de que enumera e cita as fontes onde foi buscar as datas, nomes, curiosidades e demais informações. Faz o o que é certo. E mostra para o leitor as diversas versões, opiniões, contradições. Até porque para escrever sobre fatos históricos há que se ter como base, documentos, fontes primárias e uma vasta bibliografia. Lida, relida e consultada. 
Alguns pesquisadores-escritores neófitos podem trabalhar conjecturas sobre isso e aquilo. Mas não passam disso: conjecturas. Até porque de muitos dados não se tem certeza e grandes historiadores que nos antecederam divergem entre si sobre muita coisa.

Para escrever e falar sobre o Brasil Colonial (incluindo aí, a Província de Santa Catarina com suas Desterro, Laguna, São Francisco do Sul e Planalto Catarinense) há que se ler muito Francisco Adolfo deVarnhagen e Affonso Taunay. Capistrano de Abreu é obrigatório, além de Sérgio Buarque de Holanda. Estes somente pra começar. Sem falar nos nossos, Lucas Boiteux, Oswaldo Rodrigues Cabral, Pe. João Leonir Dall'Alba, Walter Piazza e outros tantos, e mais recentemente João Carlos Mosimann.

Além de consultas e leituras de coleções, arquivos empoeirados, jornais e documentos. Queimar pestanas em bibliotecas, horas e horas. Se dedicar realmente ao tema pesquisado e não trabalhar com algumas suposições baseadas no “achismo”.
Do contrário é reunir algumas informações pescadas aqui e ali, inclusive em rápidas consultas nos Googles da vida, e propor teses. E muitas vezes sem o devido crédito a quem chegou antes. E foram muitos.

Veja algumas capas de livros da Coleção TerraBrasílis e resumos das obras feitos pela Editora Objetiva:

Volume I –A VIAGEM DO DESCOBRIMENTO”:
“Entre na caravela de Cabral. Circule por entre soldados e marujos, pilotos árabes e astrólogos judeus, intérpretes hindus e nobres lusitanos. Descubra o que comiam e quanto ganhavam esses homens. Viaje com eles por mares temptestuosos e calmarias enervantes. Saiba que forças políticas e econômicas moviam a esquadra que chegou ao Brasil, mergulhando no mundo da Escola de Sagres e do Infante D. Henrique – um herdeiro dos Cavaleiros Templários”.

Volume II – “NÁUFRAGOS, TRAFICANTES E DEGREDADOS”:
“São personagens impressionantes da nossa história: os náufragos, traficantes e degredados que chegaram ao Brasil logo depois da descoberta do país, em 1500. Foi uma saga de incríveis aventuras, até agora pouco conhecidas – o que aumenta o fascínio em torno do período mais nebuloso na história da conquista do país”.

Volume III – “CAPITÃES DO BRASIL”:
“Que homens receberam os imensos lotes da nova colônia portuguesa? Por que foram eleitos donatórios e que missão, realmente, viriam a cumprir? A saga dos primeiros capitães do Brasil, entre 1530 e 1550, revela o jogo de poder e ambição da Coroa Portuguesa, e seu projeto para a colonização daquele vasto território na margem oriental do Atlântico, virtualmente abandonado desde a descoberta por Pedro Álvares Cabral”.

Volume IV - “A COROA, A CRUZ E A ESPADA”:
“Neste volume, Bueno traça um panorama impressionante dos primórdios da América portuguesa. Resgata a história da criação do Governo Geral, descreve a construção da cidade de Salvador e a fundação de São Paulo, terminando sua narrativa com a terrível morte do bispo Sardinha, devorado pelos indígenas da nação Caeté, em uma praia deserta da Paraíba”.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O barco fantasma dos Molhes

Leio que nesta quinta-feira, 03/04, acontecerá reunião na prefeitura entre órgãos ambientais, associação de surfistas e autoridades municipais visando “definir uma estratégia” para retirada dos restos de ferro carcomidos de um velho barco encalhado no início do Molhe Norte.

Até hoje não entendi porque aquilo lá não foi retirado. Além do feio aspecto, é um perigo para banhistas, surfistas, pescadores, alterando inclusive a formação das ondas. Próximo sábado, completa-se 17 anos do encalhe.

Mas como o barco foi parar lá?

Noite e madrugada de sábado, 05 de abril de 1997.
Um forte vento sul sopra na região lagunar e em todo litoral catarinense. A maré vazante (preamar) é forte, provocando a conhecida “ressaca marítima”.
As ruas da Laguna estão desertas, bares fechados, o pessoal se recolheu mais cedo. Nos Molhes não se vê uma viva alma, nenhum solitário pescador. Noite escura e fria. Até os botos cochilavam.
Um vulto desliza pelas águas turbulentas, bem no meio do canal de navegação. Quem pudesse observar a cena, veria tratar-se de um pequeno barco pesqueiro de nome Corintha-Tramandaí.
Mas àquela hora, quem seriam os marinheiros aventureiros em seu convés? E qual mestre corajoso estaria enfrentando a perigosa boca da barra?

O barco seguia seu destino, traçado sabe-se lá por quem. Nenhuma bandeira hasteada. Na cabine de comando e por toda embarcação o vento sibilava pelas frestas. O esqueleto de ferro rangia e pequenas ondas açoitavam seu velho casco enferrujado. O resto era silêncio. Não havia conversa, não se ouvia uma voz. Nem o barulho de motor.
Não se ouvia porque misteriosamente não havia tripulação a bordo. Era um barco fantasma singrando as águas. 
Sem chocar-se com nenhum “espigão”, saiu pela barra, tomou o rumo leste e, depois, através de correntes marítimas, encalhou na praia do Mar Grosso, lado norte dos Molhes.
Seria sua derradeira viagem. 

Somente pela manhã o barco foi avistado pelos madrugadores pescadores que chegaram para a faina diária da pesca com tarrafa.
Delegacia da Capitania dos Portos da Laguna foi comunicada e abriu Inquérito Policial Marítimo – IPM. Soube-se posteriormente que a embarcação estava sub-judice, abandonada em uma área do porto, entre a balsa e o seu cais. Desconheço o resultado do Inquérito.
Em meu extinto jornal Tribuna Lagunense, edição de 18 de abril de 1997, registrei o fato e coincidentemente, poucos dias antes, havia fotografado o barco abandonado na área do porto, junto à outra embarcação, o “Esperança Nova”, que não saiu do lugar.

Eis a reportagem e as fotos. Para ampliá-las, basta clicá-las:



O barco, dias antes, encalhado em área do porto.


terça-feira, 1 de abril de 2014

“Pinto Loco” é reconhecido como de Utilidade Pública na Laguna

O prefeito municipal da Laguna Everaldo dos Santos, através da Lei nº 1.706, de 31 de março de 2014, sancionou como de Utilidade Pública, a “Associação Recreativa Cultural Esportiva Pinto Loco”.
Eis a íntegra da Lei publicada no Diário Oficial nº 506, de 31/03/2014.

LEI Nº 1.706
DE 31 DE MARÇO DE 2014.
“RECONHECE DE UTILIDADE PÚBLICA
ASSOCIAÇÃO RECREATIVA CULTURAL
ESPORTIVA PINTO LOCO”.

O PREFEITO MUNICIPAL DE LAGUNA/SC., Sr.
Everaldo dos Santos, no uso de suas
atribuições legais, faz saber a todos os
habitantes do Município, que a Câmara
Municipal iniciou, aprovou e ele sanciona a
seguinte Lei:

Art. 1º É reconhecida de utilidade publica a
“ASSOCIAÇÃO RECREATIVA E CULTURAL
ESPORTIVA PINTO LOCO”, CNPJ nº
17.763.490/0001-80 est. quarta geral Nº 169,
neste Município de Laguna, fundada em 20
de Fevereiro de 2009 e, registrada no
Cartório de Pessoas Jurídicas sob o n
1615, 3457 às folhas nº 220, no Livro A-13,
em 11 de Março de 2013.

Art. 2º A "A ASSOCIAÇÃO RECREATIVA
CULTURAL ESPORTIVA PINTO LOCO", ficam
asseguradas todas as vantagens,
prerrogativas, isenções e outros benefícios
da legislação vigente.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data da sua
publicação.

EVERALDO DOS SANTOS
PREFEITO MUNICIPAL