quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Faleceu Gilberto Bulos Remor

Faleceu em nossa cidade, Gilberto Bulos Remor, o Pai Gil, aos 65 anos.
Velório acontece nesta quinta-feira (21) na sala funerária Cristo Rei (ao lado do Ceal), das 15 às 17 horas e sepultamento logo após, no Cemitério da Glória.
Sentimentos aos familiares e amigos.

Filho e neto de tradicionais famílias lagunenses, filho de Nida (Naná) Janine Calil Bulos e Flávio Ulysséa Remor, irmão do Ronaldo, Paulo Roberto e Daniel, Gil foi figura marcante em nosso meio, participando de inúmeras manifestações culturais da Laguna.
Era neto de Ivone Albert e Abelardo Calil Bulos; e Noêmia Ulysséa e João Remor.
Em meados da década de 70, mais precisamente em 1974, o Babalorixá Gil com a sua Tenda de Umbanda Caboclo Guarani, da qual foi presidente, deu maior visibilidade a Festa de Iemanjá realizada nas areias da Praia do Mar Grosso, na virada de Ano Novo, na frente da Rua Tubarão (antigo Calçadão).
O evento atraía um ótimo público para a época, e contava com apresentações, cantorias (pontos) e orações de membros de outras Tendas de Umbanda  de nossa cidade, entre elas a da dona Paula Rosa. 
No final, Geraldo Ximba e João Batista Machado (João da Nadir), exímios nadadores, levavam os barquinhos ao mar com as oferendas.
Mas Gil era também eclético nas religiões, participando de procissões e transladaçoes de Santos da fé católica, missas e outras cerimônias religiosas, num verdadeiro sincretismo.

Ainda na década de 70, em 15 de janeiro de 1974, Gil juntamente com outros baluartes do nosso carnaval como João Manoel Vicente, Antônio Carlos Pinho Carneiro (Cacaio), Gilberto Pinho (Binga), Enos Kruger, Haroldo Machado Pinho (Pancho), entre outros, fundou o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Os Bem Amados, que revolucionou o desfile do carnaval lagunense em cores, luxo e evolução. 
E forçou outras agremiações como Xavantes e Brinca Quem Pode, que eram blocos (ou cordões carnavalescos como eram chamados) a se transformarem em Escolas de Samba.
Um pequeno bloco com esse nome havia sido criado um pouco antes, mas estava inativo. O batismo homônimo se deu  à novela famosa e de grande sucesso de Dias Gomes, transmitida em 1973 pela TV Globo.

Gil também foi o juiz (árbitro vestido de noiva, como era tradicional) nas memoráveis partidas de futebol entre os times Maiôs X Biquínis, nas areias da Praia do Mar Grosso, num evento que reunia anualmente no Carnaval jovens atletas de nossa sociedade e que marcou época. Nivaldo Mattos depois assumiu a função e bem mais tardeQuem foi juiz o guia Anselmo da Silva Joaquim, o Poliba, de saudosa memória.
Gil foi presença constante no Bloco da Pracinha desde o seu início. Quando seus problemas de locomoção surgiram desfilava sempre em cima de um caminhão ou do Trio Elétrico, com sua alegria, fantasia e miçangas. Desfilou em outras Escolas de Samba, entre elas Os Democratas. Desfilou também pela Bandinha Maluca Os Palhaços de Momo.

Lembro que na tradicional gincana anual do Colégio Comercial Lagunense (CCL), em 1977, a meu convite, Gil nos orientou sobre uma apresentação-abertura de nossa equipe do terceiro ano, sala 3º B de Técnico em Contabilidade. Sugeri o tema Iemanjá. 
Entre os alunos, Toninho Bufa (Correios), José Irani Rodrigues (cartório), Dorival de Oliveira (Tofinha), Liane Alcântara e Marilene Toscano Garcia.
Gil ensaiou a Ilza Regina Guedes Brum, colega nossa, namorada (e futura esposa) do Haroldo Pancho. Os ensaios foram na sede da Banda União dos Artistas. 
Na noite da apresentação busquei com seu Orlando um daqueles ventiladores barulhentos de pé redondo do Clube Blondin para dar mais realismo a cena. Bota realismo nisso, o troço fazia um ventão... mas pesava horrores e dava choque pra caramba, quase morremos eletrocutados, eu e um outro colega de Tubarão,  que levamos o ventilador no muque até o local do evento.
Com a trilha musical "O Mar Serenou", na voz de Clara Nunes, a nossa colega Ilza como Iemanjá entrou em cena, com comprido vestido azul claro, com brilhante tiara na cabeça e longos cabelos, abençoando o júri e o público presentes. 
"O mar serenou
Quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar
É sereia"...

Depois caminhou entre recortes de tecido organza azul e branco, comprados na Casa Otto, colados com fita adesiva no piso de madeira da quadra do Ginásio de Esportes Bertholdo Werner. Os tecidos ondulavam ao sabor  do vento artificial criado, representando assim as ondas e espumas do mar. 
Arquibancadas lotadas, muitos aplausos pela apresentação, que havia sido ensaiada exaustivamente pelo Gil, com sua alegria e inteligência.
Dez. Nota dez. Ganhamos a gincana naquele ano.
Gil Bulos Remor marcou toda uma época e com sua figura e presença atravessou gerações.
Que Oxalá o proteja e o ilumine.

3 comentários:

  1. Meus pêsames a família, conheci muito bem, era uma pessoa amiga, agradável e sempre alegre

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  2. Geraldo de Jesus23/01/2021, 10:57

    Foi um personagem e uma pessoa que realmente marcou com sua presença quem o conhecesse.

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