06 setembro 2025

A Vila da Laguna em 1822 parabenizou D. Pedro pelo “Dia do Fico”

         
Meses antes da Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822, vereadores da Laguna parabenizaram Dom Pedro pelo Dia do Fico.
 
Foi em 9 de janeiro daquele ano, como aprendemos nos livros, que o então Príncipe Regente D. Pedro declarou publicamente que permaneceria no Brasil, desafiando a ordem da Corte portuguesa  que exigia seu retorno a Portugal. O Dia do Fico, como ficou conhecido, foi um  acontecimento que entrou para o calendário da nossa história.
Já como Dom Pedro I será aclamado como primeiro Imperador do Brasil em 12 de outubro de 1822.
   Dia do Fico em 9 de janeiro de 1822. Dom Pedro aclamado no Paço Real no Rio de Janeiro pela decisão de ficar no Brasil. Pintura J. B. Debret
A famosa frase pronunciada da sacada do Paço Real, depois Paço Imperial após a Independência, deu nome ao evento: Dia do Fico.
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”. 

Vereadores da Laguna parabenizam D. Pedro
Em 3 de fevereiro, portanto algumas semanas depois do “Dia do Fico”, a Câmara de Vereadores da Vila da Laguna enviou ofício endereçado ao Príncipe Regente D. Pedro parabenizando pelo ato.
Além dos vereadores, o documento (1) contém assinaturas de algumas outras autoridades da Laguna, entre elas seu capitão-mor, os vigários, juiz ordinário, sargento-mor e escrivão.
Vejam o teor do documento, em que só atualizei a gramática:

“Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna 

Senhor. A fala com que V. A. R. (2) se dignou proferir nesta Corte – Como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que fico – com estas Augustas palavras anunciou e fixou V. A. R. a paz, e felicidade perpétua neste vasto Reino do Brasil, foi atalhar os males e perigos que estávamos sacrificados com a ida de V. A. R. para Portugal, foi finalmente rasgar o véu de melancólicas ideias dos ânimos já abatidos, e sucumbidos a milhares de desgraças.

É impossível, Senhor, descrever o júbilo e prazer que se apoderou de nossos corações com esta notícia nesta pequena porção de habitantes desta Vila; uns e outros são testemunhas de tantos regozijos.

Por estes tão gloriosos motivos é que esta Câmara, e mais autoridades representativas deste Povo, como órgão do mesmo vão por meio desta felicitar-se e congratular-se com V. A. R.

Dignando-se a acolher os nossos votos mais agradecidos e sinceros, de servidão, respeito e obediência a V. A. R.

A preciosa vida de V. A. R. Deus a conserve por muitos anos, Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna em vereança de 3 de fevereiro de 1822 – O juiz Ordinário Albino José da Rosa, o vereador Antônio de Souza Pereira, o vereador José Gomes de Carvalho, o vereador Miguel Marques Rabello, o procurador José Pinto de Magalhães, Pedro Pires Salgado, capitão-mor, o vigário da Vara Manoel Fernandes Cruz, o vigário da Igreja Jerônimo Francisco Coelho (3), o sargento-mor José Joaquim de Magalhães Fontoura, o escrivão Rafael Mendes de Carvalho".




1) Esse histórico documento lagunense foi reproduzida pelo jornal Gazeta do Rio de Janeiro de 17 de agosto de 1822.
2) V. A. R. é a abreviatura de Vossa Alteza Real.
3) De acordo com Norberto Ulysséa Ungaretti, esse vigário era tio e homônimo do fundador da imprensa catarinense. (Laguna, um pouco do passado, pág. 54).

 Em 1826, portanto quatro anos depois desses fatos, D. Pedro I em viagem ao sul do país passará por Laguna e aqui pernoitará, assistirá missa, atravessará o canal da Barra, continuando a viagem, como já relatei em matéria publicada no ano de 2012 AQUI neste Blog.

Um comentário:

  1. Geraldo de Jesus06/09/2025, 10:59

    Veja como Laguna era ligada ao Rio de Janeiro, como era já importante a Vila. Vereadores também ligados no que acontecia na política. Ótima pesquisa, documento importante pra nossa história.
    Se bem que os políticos de hoje em nossa cidade não ligam pra isso. E quem está na cultura nem aí.

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