Na noite da quinta-feira passada, 19, a
diretoria do Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos da Laguna, em reunião com a
Procuradoria do município, concordou, por unanimidade, com a proposta de
compra/permuta efetuada pelo Executivo com a área de terras anteriormente doada
àquela Instituição de Saúde, no Loteamento Laguna Internacional.
Foi a maneira encontrada para tentar resolver
um impasse.
O problema é que o referido imóvel no
Loteamento Laguna Internacional, ainda pertence ao Hospital da Laguna para
venda, até 23 de maio de 2015, por força da Lei Municipal nº 1.485/13.
Em nota
postada em seu site o Hospital da Laguna explica (os grifos são meus):
“Por ignorar
o fato, o Prefeito Everaldo dos Santos doou o imóvel ao Poder Judiciário
Estadual para construção do Fórum. Constatado o equívoco, o Prefeito encaminhou
proposta de compra do terreno à direção do Hospital, consistindo a proposta no
pagamento de R$ 400 mil, em quatro parcelas, e a doação de dois terrenos
situados no Mar Grosso, um deles como pagamento de um processo judicial movido
pelo Hospital contra a Prefeitura, em 2010”.
Chega-se
à conclusão que, o prefeito Everaldo dos Santos foi mal assessorado nesta
questão ou atropelou os fatos, o que faz parte de seu estilo, na pressa em querer fazer.
E o final dessa novela parece ainda não ter chegado, até porque um novo projeto de lei elaborado pelo Executivo sobre a permuta dos imóveis será encaminhado nos próximos dias à Câmara de vereadores, para ser transformado em nova Lei Municipal.
E o final dessa novela parece ainda não ter chegado, até porque um novo projeto de lei elaborado pelo Executivo sobre a permuta dos imóveis será encaminhado nos próximos dias à Câmara de vereadores, para ser transformado em nova Lei Municipal.
Será aprovado? Pode ser, mas há vereadores
lagunenses que não concordam com a proposta apresentada, principalmente porque
os dois terrenos oferecidos pela prefeitura no Balneário Mar Grosso, situam-se
no controvertido Loteamento Ravena.
Esses representantes do Legislativo lagunense,
como os vereador Andrey Pestana de Farias (PSD) e Eduardo Nacif Carneiro (PP) questionam
se os tais imóveis possuem escritura pública? Estão eles legalizados?
Questão
ambiental
Outra dúvida, é quanto à questão ambiental das
referidas áreas de terra.
O Hospital, em sua nota, diz candidamente em
duas linhas:
“Após
sanadas todas as dúvidas relativas a questões ambientais relacionadas
aos referidos terrenos, a proposta foi aceita”.
Como assim “sanadas”? Há parecer da Fatma
aprovando? Da Fundação Municipal do Meio Ambiente? Da Polícia Ambiental?
O Hospital também diz na nota expedida que a
proposta foi aceita mas com as seguintes condições:
“Se a
permuta das escrituras não ocorrer até final de dezembro de 2016, o Hospital passará
a ter a posse definitiva do terreno próximo ao Sambódromo e que os R$ 400 mil sejam pagos em quatro parcelas
mensais consecutivas”.
Há muitos questionamentos. E se esses valores
(num total de R$ 400 mil) forem gastos antes? E se o Judiciário Catarinense
começar a construir o prédio no referido terreno?
Mas para
o leitor entender, há que se narrar desde o começo o que aconteceu. Não dá pra
contar em três atos, com em algumas peças teatrais, porque o enredo foge ao padrão.
Portanto vou narrar em breves capítulos. E com
algumas fotos (da secretaria de Comunicação da PML), para melhor ilustrar. Se o
leitor tiver interesse e tempo...
Vejamos:
Breve
(ou não tão breve assim) retrospectiva sobre o caso:
Capítulo Iº
Em 5 de
dezembro de 2011, o então prefeito Célio Antônio (PT), entrega em mãos à
presidente do Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos, Regina Ramos dos
Santos, ofício comunicando a entidade sobre o projeto de lei encaminhado à
Câmara de Vereadores.
O
projeto tem o intuito de solicitar a autorização do poder Legislativo a doar
áreas ao hospital Senhor Bom Jesus dos Passos, uma gleba de terra com
9.780,74 metros quadrados, situado na então avenida Castelo Branco (hoje João
Marrronzinho), devidamente transcrita no cartório de registro de imóveis da
comarca de Laguna, sob a matrícula nº 29.981, do livro 2-FB, folhas 61.
A área
foi destinada ao município conforme Programa de Recuperação de Crédito (Refis).
Logo em
seguida, vereadores aprovam o Projeto, que vira Lei Ordinária nº 1.485/11.
Capítulo
IIº
Cinco
meses depois, na tarde do dia 23 de maio de 2012, o então prefeito Célio
Antônio e a presidente do Hospital, Regina dos Santos, acompanhados da direção
da entidade e do Tabelionato de Notas e Protestos, assinaram o documento autorizando
a doação de uma área no loteamento Laguna Internacional, no valor de R$ 950
mil.
O
Hospital tinha 12 meses para vender o terreno. Conforme cláusulas do documento,
os recursos da venda eram destinados para pagamento de dívidas, vencimentos com
os fornecedores, pagamento de obrigações previdenciárias, aquisição de máquinas
e equipamentos, também manutenção, melhorias e ampliação da infraestrutura.
Atentem
para esta data, 23 de maio de 2012. Foi a partir daí, do registro, que
começou a contar o prazo de um ano para venda.
Capítulo
IIIº
Um ano
depois, em maio de 2013, o Hospital ainda não havia encontrado comprador para a
referida área. Cláusula estipulava que o valor mínimo de venda era de R$ 950
mil, como já visto.
Foi
então que os neófitos vereadores Andrey Pestana de Farias (PSD) e Kleber (Kek) Lopes
Rosa (PP), encaminham Projeto de Lei
prorrogando o prazo para mais 2 dois para venda da referida área. Projeto é aprovado
e vira Lei assinado pelo Executivo.
Logo o
prazo de vencimento estendeu-se para 23 de maio de 2015.
Capítulo IVº
Em 20/01/2015,
o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Nelson Schaefer Martins,
recebe em audiência, o prefeito da Laguna, Everaldo dos Santos. Acompanhado por
comitiva, o chefe do Executivo solicitou a instalação em nossa cidade de uma
vara própria do Juizado Especial e uma vara própria da Fazenda Pública como
forma de agilizar ainda mais a prestação jurisdicional na Comarca.
Visando
ainda melhorar os serviços do Poder Judiciário na cidade da Laguna, o prefeito
ofertou um imóvel para construção de um novo fórum, em metragem necessária ao
empreendimento. A área em análise, localiza-se nas proximidades das terras
doadas à Udesc, no empreendimento denominado Laguna Internacional, na praia do
Gi.
Adivinha qual era a área? Leitor esperto. Àquela mesma doada ao Hospital. Eis o impasse criado.
Adivinha qual era a área? Leitor esperto. Àquela mesma doada ao Hospital. Eis o impasse criado.
Capítulo Vº
Na manhã
de 27/01/2015, uma comitiva visitou o terreno cedido pela prefeitura para a
construção do novo prédio do Fórum, da Comarca da Laguna.
A área
de 9.780,74 metros quadrados, está localizada no loteamento Laguna Internacional,
ao lado do terreno já doado à Udesc.
A
comitiva liderada pelo presidente do Tribunal de Justiça, Nelson Schaefer, foi
recepcionada pelo prefeito Everaldo dos Santos.
A planta
do novo edifício de quatro andares foi apresentada. A obra terá o custo de R$
20 milhões. Inicialmente serão instituídos cinco varas e dois juizados. Ficou
acordado um espaço dentro do novo Fórum para o Ministério Público. "Uma
área privilegiada, próximo a avenida João Marronzinho que está sendo
asfaltada", descreveu o prefeito Everaldo dos Santos referente à área que
cedeu ao Fórum.
Capítulo
VIº
Vereador Andrey Pestana de Farias (PSD) |
Presidente do Hospital Regina dos Santos, em
carta ao vereador Eduardo Nacif Carneiro (PP) demonstra interesse em continuar
com a área, portanto, em prorrogar prazo. Vereador Dudu, diante disso, na Sessão
de 18/03/15, apresenta Projeto prorrogando. Mais discussões e também Projeto não
é colocado em pauta pelo presidente Roberto Carlos Alves(PP).
Capítulo
VIIº
Dia
seguinte, 19/03/15, em caráter urgente-urgentíssimo, acontece reunião entre diretoria do Hospital e a
Procuradoria do Município (como já me referi lá no começo, lembra?) que deliberou sobre a proposta da prefeitura em
relação à doação de imóveis à entidade.
De
acordo com o coordenador especial do gabinete, Fábio Kfouri, o Hospital
concordou com a substituição na permuta de imóveis. “Anteriormente o governo
municipal doaria um terreno no loteamento Laguna Internacional. Porém, com
algumas ressalvas, a diretoria aceitou em trocar por dois terrenos na região do
loteamento Ravena, na Praia do Mar Grosso”, explicou.
Um novo
projeto de lei elaborado pelo Executivo sobre a permuta dos imóveis, será
encaminhado para aprovação na Câmara Municipal.
Para o
secretário de saúde Felipe Remor, esses terrenos com maior valor irão
beneficiar a entidade. "Uma das áreas será para finalizar uma demanda
judicial contra a prefeitura, que há anos não tinha sido resolvida".
Segundo
Kfouri, a procuradoria está resolvendo as questões pendentes em relação ao
loteamento no Mar Grosso junto à Secretaria do Patrimônio da União – SPU.
Capítulo
VIIIº
Como
vimos, agora o Projeto de Lei do Executivo com a permuta será encaminhado ao Legislativo
lagunense, para apreciação. Não sei se já será lido nessa sessão de amanhã, 25.
Vamos
aguardar o desenrolar dos fatos para escrever os capítulos finais.
Finais? Será mesmo?
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