Vereadores aprovam mudança do nome da Praça Archimedes de Castro Faria para Pedro Raymundo

        Na sessão da noite desta segunda-feira (24) da Câmara de Vereadores da Laguna, o vereador Hirã Floriano Ramos (MDB) apresentou - em primeira votação - o Projeto de Lei nº 0043/2023 alterando a denominação da Praça Archimedes de Castro Faria (do Mosaico de petit pavê no Mar Grosso) para Praça Pedro Raymundo.

Uma injustiça e desrespeito com quem já foi homenageado há apenas 13 anos.

Atual Praça Archimedes de Castro Faria no Mar Grosso.

Votaram a favor da mudança os vereadores:

Anderson Silveira de Souza (PSDB)

Edi Goulart Nunes (PSD)

Gustavo Cypriano dos Santos (União)

Jaleel Laurindo Farias (PSDB)

Luiz Otávio (Tavinho) Pereira (União)

Patrick Mattos de Oliveira (MDB)

Rodrigo Bento (PL)

Deise Daiana Xavier Cardoso (MDB)

Rhoomening Souza Rodrigues (PSDB)

Votaram contra a mudança os vereadores:

Eduardo Nacif Carneiro (União)

Nádia Tasso Lima (União)

Ausente

Kléber (Kek) Roberto Lopes Rosa (União)

Abstenção

Hirã Floriano Ramos (MDB). (Presidente do Legislativo, só vota em caso de empate. Foi o autor do projeto).

Registre-se que o autor primeiro do projeto que denominou aquela Praça de Archimedes de Castro Faria foi o atual vereador Eduardo Nacif Carneiro lá no ano de 2010. 

Mas Dudu Carneiro não protestou, não usou o Grande Expediente para mostrar que seus colegas estavam rasgando uma homenagem feita pelo Legislativo lagunense há pouco tempo, 13 anos somente. Que era desconsideração até com ele.

Quando Dudu Carneiro, distraído, quis falar para somente justificar seu voto contrário, não pôde mais, o projeto já estava em votação eletrônica, nem foi colocado em discussão. Passou batido, ninguém deu bola pra ele. Foi simplesmente ignorado.

Mais uma vez a Câmara de Vereadores, em minha opinião, comete uma injustiça, uma falta de respeito com uma personalidade lagunense que muito fez pela cidade. 

Archimedes Faria aqui fixou residência quando ainda jovem, na década de 1940, vindo de São Joaquim onde morava. Era fluminense de Campos (RJ).

Falta de respeito

Vejam só a que ponto se chegou. Essa mesma Câmara que aprovou há 13 anos uma justa homenagem, agora a retira vergonhosamente. Sem dó nem piedade.

É o gesto errado que se repete de subtrair o nome de batismo de um logradouro público a alguém que já foi homenageado por seu trabalho, por suas qualidades, por seus predicados no passado - e nesse caso, repito, foram só 13 anos - para trocar por outro nome no presente. 

Políticos sem memórias, sem conhecimento histórico de sua cidade e de sua gente. 

Repito: É uma falta de respeito!

Rápida biografia

Archimedes de Castro Faria nasceu em Campos no Rio de Janeiro em 8 de novembro  de 1910. No ano de 1932 participou como voluntário da Revolução Constitucionalista, em São Paulo. 

Ferido, foi para São Joaquim, onde seu irmão era médico. Casou-se com a saudosa dª Lilia Vieira e teve nove filhos.

Archimedes de Castro Faria

No ano de 1943 veio para Laguna para exercer o cargo de tesoureiro da administração do Porto da Laguna.

Na Laguna foi vereador, literato e colaborador nos meios de comunicação, jornal e rádio. Foi mais lagunense do que muitos aqui nascidos. Ouso dizer que mais lagunense da gema do que muitos desses atuais vereadores.

Foi autor da letra do Hino do Coral Santo Antônio dos Anjos, com música do maestro José Acácio Santana:

"Laguna, terra querida, celeiro de boa gente, tu trazes no peito, a vida, a alma de um continente.

Laguna filha do mar, do verão a namorada, tuas praias, teus encantos, já um dia disse alguém: têm tantos primores, tantos, que o paraíso não tem.

Teus feitos assinalados, da pátria, no calendário, nos lembram rios derramados, num fabuloso estuário. 

Laguna, junta teus trapos, o teu farnel, tuas ideias e vamos, dos teus farrapos, acender as epopeias".

Um Hino que também poderia ser o nosso Municipal, oficial, tão lindo que o é, além de mais alegre e poético. Já houve até quem tenha proposto, se fosse possível, para os dois serem oficiais.

Archimedes foi comerciante por décadas (sócio-proprietário da Panificadora Imperatriz), intelectual, escreveu para vários jornais de nossa cidade, um exemplo de honradez, educação e cultura. 

Seus filhos prestaram tantos serviços à Laguna, como professores, delegado, fiscal, etc., assim como netos e bisnetos na atualidade em várias áreas.

Aliás, três deles foram meus professores: Natércia, Péricles e Rita e Antônio Joaquim de Castro Faria (Tuba) foi colega de serviço na Receita Federal no início da minha carreira profissional.

"Seo" Archimedes faleceu aos 87 anos em 14 de novembro de 1997.

Em 2010 sua família lançou o livro de poemas de sua autoria  "Na Terra dos Homens".

Pedro Raymundo também merece

Nada contra dar o nome do grande Pedro Raymundo a um logradouro público na Laguna. Não é isso. É questão de princípio, coerência, justiça.

Aliás, acho que se cometeu até hoje uma grande injustiça em não o fazê-lo, não reconhecê-lo como o grande acordeonista, compositor, cantor que levou o nome da nossa cidade para todo o Brasil, com a valsa "Saudade de Laguna".

E há por aí muitas histórias sobre Pedro Raymundo, muito ainda o que se falar, escrever e fazer em sua homenagem.

Mas que se nomeasse outro local, outra via pública, uma praça ainda não denominada. 

Aliás, como sempre defendo aqui quando apresentam essas alterações esdrúxulas, absurdas, injustas, apesar de algumas vezes ser incompreendido por alguns que me leem.

Segunda votação na quinta-feira (27)

A segunda votação deste Projeto de Lei deve acontecer na noite da próxima quinta feira (27) na sessão solene da Câmara a ser realizada a partir das 20 horas no Cine Teatro Mussi. 

Com a palavra os amigos e a numerosa e inteligente família do seu Archimedes de Castro Faria.