terça-feira, 20 de novembro de 2012

Laguna precisa de uma nova “Comissão de aformoseamento”

No começo do século XX, o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos (1902-1906), promovia naquela cidade uma urbanização, saneamento e civilização da recente Capital da República. Era o chamado “bota-abaixo”.
O centro da cidade foi o local que sofreu as maiores transformações.
Avenidas foram abertas, morros desmanchados, mangues aterrados. Nem tudo deu certo, é bem verdade. Cortiços foram derrubados e sua população sem ter pra onde ir e não querendo se afastar do centro começou a subir os morros dando origem à ocupação desordenada até hoje.
Mas os maiores objetivos, que era o saneamento básico e a higiene foram conseguidos.  Pereira Passos quando estudou em Paris, tinha presenciado as reformas urbanas promovidas por Georges-Eugène Haussmann e as implantou no Rio de Janeiro.

Urbanização também na Laguna
Na Laguna não era diferente. No segundo quartel do século XIX, com a chegada de imigrantes e o início da exploração do carvão no sul do estado e construção da Estrada de Ferro Tereza Cristina, uma onda de progresso começa a varrer a cidade.
Teatro, clubes, Sociedades Musicais e carnavalescas, Grupos Escolares, jornais, biblioteca, hospital, mercado, são construídos e inaugurados. Pelo porto da cidade escoavam produtos primários e chegavam os manufaturados. O tráfego com outras praças era intenso, inclusive com o Rio de Janeiro.
“Inegavelmente, foi a época de maior luxo em nossa terra”, diz Saul Ulysséa, em sua obra A Laguna de 1880.
Mas a cidade ainda sofria com a falta de saneamento básico, as ruas não eram calçadas, não havia um cais para seu porto e existiam zonas alagadiças em pleno centro da cidade.

Num relatório feito pelo Juiz Dr. Francisco Izidoro Rodrigues da Costa, contendo informações da cidade, podemos ler:

“A Laguna, cidade importante da Província, não tem procurado melhorar o seu estado sanitário.
As emanações pantanosas, sobretudo, que favorecem a propagação de epidemias, não são extintas. A Providência favoreceu o povo com uma contínua mudança de ventos, que carregam os miasmas e contribuem para a salubridade, embora de 1874 a 1878 a epidemia da Varíola dizirnasse a população. Estando em frequente comunicação com o Rio de Janeiro, facilmente se importa a Febre Amarela, as Bechigas e todas as espécies de epidemias. Deve-se por isso conservar as casas, as ruas, os valos e outros focos de miasmas sempre acionados, observando os preconceitos higiênicos”.

Mais adiante ele faz um alerta:

“Muitas são as necessidades locais que já deixamos ditas no correr deste  trabalho tudo está por fazer: A barra necessita ser melhorada, cemitério ser construído, as suas ruas, calçadas, o mercado, o chafariz construídos. Se pelos esforços comum não se levar a efeito os melhoramentos  indispensáveis ao cômodo e bem-estar, construindo-se, assim uma independência dos favores do Estado, jamais, por outra forma, dar-lhe-á prova de vitalidade e prosperidade. A população almeja possuir tão importantes melhoramentos”.

Pois nos primeiros anos do século XX, comerciantes, armadores e autoridades do município se reuniram para dar uma nova cara para a cidade. Foi criada, em 14 de julho de 1907, por iniciativa de Ataliba Rollin, uma “Comissão de Aformoseamento” para sugestões, projetos e arrecadação de numerários para as futuras obras.
É quando surge o jardim Calheiros da Graça e seu chafariz no antigo Campo do Manejo, a construção do cais em granito, passeios, calçamento de ruas, iluminação elétrica, etc.

***

Pois bem. Que a Laguna ficou feia e abandonada nos últimos anos isso é público e notório.
A cidade precisa de um banho de loja, para tornar a vida dos habitantes mais agradável e bonita aos seus olhos. Turistas que visitam Laguna precisam também constatar, além das belezas naturais em que a cidade é pródiga, o esmero e tratamento que o poder público e os moradores dão a polis onde residem.
Não há, creio eu, quem não queira viver e mostrar a visitantes um lugar asseado e bonito e que receba elogios.

Prefeito eleito Everaldo dos Santos deveria criar no organograma da prefeitura uma nova comissão de aformoseamento da cidade, versão século XXI. Este grupo ficaria encarregado, por exemplo, de pintar, florir, iluminar praças, canteiros e ruas, recuperar e manter monumentos, instalar lixeiras, cobrando, acompanhando e fiscalizando os trabalhos de outros órgãos envolvidos.
Em pouco tempo, muito trabalho e algum recurso, evidentemente, já poderíamos colher os resultados da aparência de uma nova Laguna.
Fica a sugestão.

Um comentário:

  1. Prezado Valmir
    Termina a eleição, as promessas vão ficando mais difícil de serem cumpridas, começa as formações das equipes de governos e a maldita política partidária entre em cena.
    Os compromissos assumidos pelas coligações obriga os candidatos eleitos e fazerem acertos; É nesta hora que muitos candidatos são obrigados a engolirem sapos. Assim o médico vai assumir uma secretaria de obras, o Professor vai para saúde, o engenheiro para secretaria de justiça e logo vão costurando os acertos. Novamente triunfa a política partidária em prejuízo de uma futura administração, onde as competências são abandonadas, não será levado em conta a parte técnica e sim a que melhor prestígio apresenta. Espero que em Laguna este tipo de avaliação seja banido para sempre. Vamos esperar, o tempo falará por nós.
    Abraços

    ResponderExcluir