Antigamente, nos tempos em que os
bichos falavam, século passado, fazer uma fotografia não era tão fácil como
hoje, com a proliferação de máquinas digitais e câmeras em celulares.
Na Laguna, na década de 70, que me
refiro e vivi minha adolescência, tínhamos o fotógrafo profissional Ibraim Sérgio Bacha, pau para toda obra,
isso é, nascimentos, batizados, casamentos, bailes, carnaval, acidentes, fotos
para compor processos no fórum, procissões, futebol... Antes dele, seu
progenitor, Almiro Bacha fazia os registros. Houve também, o Foto Vieira, em
cima da velha rodoviária.
Na década de 70, o Gê (Geraldo Luiz
da Cunha) começou a registrar muitos eventos, principalmente do pessoal mais
jovem, nas baladas e barzinhos. O Gariba também andou se aventurando na arte.
Acho que o Carlinhos Horn foi outro que se dedicou a fotografar. Ou foi só
filmagem? Não lembro bem.
Mas era só. Poucos, pouquíssimos
mesmo, tinham máquinas fotográficas, mesmo amadoras, das mais simples.
Não tinham, simplesmente porque eram
muito caras.
O problema é que, além de comprar a
máquina, tinha-se que arcar com o filme, 12, 24, 36 poses, e depois de
clicadas, entregar para revelação, uma fortuna. Pode ser romântico, visto de
hoje, mas era muito proibitivo pelo custo.
Em meados de 70, aos 16 anos, com
parcela do meu segundo salário – o primeiro foi utilizado na compra de calças e
camisas – comprei uma tão sonhada Kodak Instamatic 54X.
Pois comprei a máquina e sai
registrando o que podia, dentro das minhas condições, claro. Tenho muitos
exemplares daquela época, outros se perderam nos escaninhos da vida.
E a gente economizava nas fotos,
fazia uma só e se dava por satisfeito. Pensa que é como hoje que se clica
dezenas de vezes, de vários ângulos, repetitivas até. O resultado a gente conferia dias depois,
quando não, semanas, meses até, quando recebíamos na loja os envelopes, na
maior expectativa. E dá-lhe cabeças e pés cortados, tremidas, olhos fechados... algumas
fotos, pelo tempo passado, a gente nem lembrava mais que havia feito.
Bem por isso, até hoje valorizo muito
fotos daquela época e de décadas anteriores, porque sei a dificuldade que foi
em fazê-las.
Pois dia desses fui presenteado pelo
Manoel Sebastião Bittencourt (O Maneca do Minimercado Mape, não tem?) com uma foto que me fez viajar.
Nela, em preto & branco, um time
de futebol, onde estou entre os jogadores. Sim, sim, também tive meu tempo de
futebol, de dribles, chuteiras kichute, bola de borracha nº 5. E barriga de
tanquinho, e fôlego de avestruz, e cabelo cabelão... Estes três últimos foram–se.
Mas ficou a memória que é o que sempre fica.
Era o time da lanchonete Vip’s, bar
da moda, do beautiful people, como se dizia então, numa partida no campo do
Centro Social Urbano, bairro Progresso, ali por 1979. Bons tempos aqueles...
Para ampliar, basta clicar sobre as fotos.
Para ampliar, basta clicar sobre as fotos.
Esta foto não tinha em meus arquivos, mas tenho outra, uma irmã dela, clicada no mesmo dia. Tenho certeza que foram feitas com a minha máquina, até porque numa delas, a dos jogadores sentados, não apareço porque, evidentemente, estou por trás das lentes.
Alguns nomes dos jogadores permanecem
em minha memória, outros sumiram nos tempos.
São páginas de um livro de recordações
que hoje só interessam a quem viveu aquele instante e o folheia e que o leitor aqui
do Blog não tem nenhum interesse e nem quer saber dessas histórias, de
reminiscências de um passado que não volta mais, nunca mais.
Mas faço o registro mesmo assim, ora
bolas!, agradecendo daqui ao Manuel por ter guardado a foto e lembrado de mim,
que em priscas eras já fui zagueiro.
Pensando bem, até hoje, na vida, continuo
na posição de zagueiro, vivendo e aprendendo a jogar, chutando a pelota para as laterais, me livrando de caneladas, rasteiras e
carrinhos, fugindo das faltas e tentando impedir o gol do time adversário. Às
vezes dá certo, às vezes não dá, mas o importante é estar e continuar no jogo. Ninguém quer ir para o chuveiro mais cedo, não é mesmo?
Realmente essas fotos nos trazem de volta para muitos lugares da época! Eu fiquei sonhando um tempão. Lembrando de quantos amigos a gente fez só frequentando o Vips, fora o resto... Obrigado amigo Valmir!
ResponderExcluirFotografia é tudibom. Esporte faz bem e ... foi muito bom ver esta turma que nao foi exatamente a minha geraçao, mas conheço a maioria. Fatima.
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