quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

De volta ao passado

Antigamente, nos tempos em que os bichos falavam, século passado, fazer uma fotografia não era tão fácil como hoje, com a proliferação de máquinas digitais e câmeras em celulares.

Na Laguna, na década de 70, que me refiro e vivi minha adolescência, tínhamos o fotógrafo profissional Ibraim Sérgio Bacha, pau para toda obra, isso é, nascimentos, batizados, casamentos, bailes, carnaval, acidentes, fotos para compor processos no fórum, procissões, futebol... Antes dele, seu progenitor, Almiro Bacha fazia os registros. Houve também, o Foto Vieira, em cima da velha rodoviária.

Na década de 70, o Gê (Geraldo Luiz da Cunha) começou a registrar muitos eventos, principalmente do pessoal mais jovem, nas baladas e barzinhos. O Gariba também andou se aventurando na arte. Acho que o Carlinhos Horn foi outro que se dedicou a fotografar. Ou foi só filmagem? Não lembro bem.
Mas era só. Poucos, pouquíssimos mesmo, tinham máquinas fotográficas, mesmo amadoras, das mais simples.
Não tinham, simplesmente porque eram muito caras.
O problema é que, além de comprar a máquina, tinha-se que arcar com o filme, 12, 24, 36 poses, e depois de clicadas, entregar para revelação, uma fortuna. Pode ser romântico, visto de hoje, mas era muito proibitivo pelo custo.
Em meados de 70, aos 16 anos, com parcela do meu segundo salário – o primeiro foi utilizado na compra de calças e camisas – comprei uma tão sonhada Kodak Instamatic 54X.
Pois comprei a máquina e sai registrando o que podia, dentro das minhas condições, claro. Tenho muitos exemplares daquela época, outros se perderam nos escaninhos da vida.
E a gente economizava nas fotos, fazia uma só e se dava por satisfeito. Pensa que é como hoje que se clica dezenas de vezes, de vários ângulos, repetitivas até.  O resultado a gente conferia dias depois, quando não, semanas, meses até, quando recebíamos na loja os envelopes, na maior expectativa. E dá-lhe cabeças e pés cortados, tremidas, olhos fechados... algumas fotos, pelo tempo passado, a gente nem lembrava mais que havia feito.
Bem por isso, até hoje valorizo muito fotos daquela época e de décadas anteriores, porque sei a dificuldade que foi em fazê-las.

Pois dia desses fui presenteado pelo Manoel Sebastião Bittencourt (O Maneca do Minimercado Mape, não tem?) com uma foto que me fez viajar.
Nela, em preto & branco, um time de futebol, onde estou entre os jogadores. Sim, sim, também tive meu tempo de futebol, de dribles, chuteiras kichute, bola de borracha nº 5. E barriga de tanquinho, e fôlego de avestruz, e cabelo cabelão... Estes três últimos foram–se. Mas ficou a memória que é o que sempre fica.

Era o time da lanchonete Vip’s, bar da moda, do beautiful people, como se dizia então, numa partida no campo do Centro Social Urbano, bairro Progresso, ali por 1979. Bons tempos aqueles...
Para ampliar, basta clicar sobre as fotos.
Em pé: Lauro, Valmir Guedes Jr. (Êta meu cabelão cotonete!), Toninho Kenner (hoje Vida Livre), (não lembro o nome).
Álvaro Alano Filho, Esaú (já falecido), Manuel Sebastião Bittencourt e Pedro Rosa Netto.

Esta foto não tinha em meus arquivos, mas tenho outra, uma irmã dela, clicada no mesmo dia. Tenho certeza que foram feitas com a minha máquina, até porque numa delas, a dos jogadores sentados, não apareço porque, evidentemente, estou por trás das lentes.
Alguns nomes dos jogadores permanecem em minha memória, outros sumiram nos tempos.
Reconheço alguns jogadores: Manuel Sebastião Bittencourt, Pedro Rosa Netto, Arlindo Ulysséa Arantes, Sérgio  João Simas Aguiar, Esaú, Álvaro Alano Filho, Toninho da Kenner (hoje Vida Livre) e o Ferrinho.
São páginas de um livro de recordações que hoje só interessam a quem viveu aquele instante e o folheia e que o leitor aqui do Blog não tem nenhum interesse e nem quer saber dessas histórias, de reminiscências de um passado que não volta mais, nunca mais.

Mas faço o registro mesmo assim, ora bolas!, agradecendo daqui ao Manuel por ter guardado a foto e lembrado de mim, que em priscas eras já fui zagueiro.

Pensando bem, até hoje, na vida, continuo na posição de zagueiro, vivendo e aprendendo a jogar, chutando a pelota para as laterais, me livrando de caneladas, rasteiras e carrinhos, fugindo das faltas e tentando impedir o gol do time adversário. Às vezes dá certo, às vezes não dá, mas o importante é estar e continuar no jogo. Ninguém quer ir para o chuveiro mais cedo, não é mesmo?

2 comentários:

  1. Realmente essas fotos nos trazem de volta para muitos lugares da época! Eu fiquei sonhando um tempão. Lembrando de quantos amigos a gente fez só frequentando o Vips, fora o resto... Obrigado amigo Valmir!

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  2. Fotografia é tudibom. Esporte faz bem e ... foi muito bom ver esta turma que nao foi exatamente a minha geraçao, mas conheço a maioria. Fatima.

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