100 anos
de uma guerreira
No
último dia 26 de abril, em Gravataí-RS, na Grande Porto Alegre, minha avó materna Josina da Lapa Pacheco,
completou 100 anos de vida. Isso mesmo, um século de existência.
Lá
estivemos para comemorar a data ao seu lado, uma passagem tão marcante, juntamente
com tios, tias, primos, primas, netos, bisnetos, tataranetos. Mais de 300 convidados.
Logo
após a Missa, à noite, realizada na Igreja Sagrada Família, na Parada 66, houve
a recepção no Salão Paroquial da própria Igreja.
As
cores da decoração da festa foi a própria aniversariante quem propôs. Ano passado, nos 99 anos, foi
azul e branco. Este ano verde e branco foram as cores escolhidas. Inclusive
para seu vestido.
Lúcida,
falante, pouco antes das comemorações, à tarde, sentei ao seu lado, no sofá de
sua casa e curioso como sou, lhe fiz algumas perguntas.
Não
podia deixar passar a oportunidade, afinal não é toda hora que a gente conversa
com uma pessoa centenária, que acompanha o noticiário da TV, e que ainda tem
uma memória privilegiada sobre acontecimentos do Brasil e da própria família,
lógico.
Temos
que falar um pouco mais alto com ela, por causa de uma pequena surdez. Sente
dores nas pernas em razão de um tombo.
Por conta disso não caminha mais sozinha, sempre acompanhada pela filha
Lenir, que viúva, mora junto.
Mas
não se enganem: lava a louça sozinha, ainda cozinha, “come de tudo” e toma banho
sem ajuda.
Porém,
uma de suas paixões, a costura, está deixando de lado, o que a entristece.
-“Por conta da catarata nos
dois olhos, já não vejo bem o rumo da agulha.
Pelo
seu aniversário, foi matéria de capa do jornal Correio de Gravataí, de onde
também extraí algumas informações.
***
Cá
pra nós. Tão bom rever parentes que os afazeres da vida e a distância, acabam
separando fisicamente por tempos.
Fiquei
pensando em todos os acontecimentos que se passaram no mundo, no Brasil, no
próprio Rio Grande do Sul. As transformações na sociedade, o progresso, as
invenções, o surgimento do rádio, da televisão, da internet, novos
medicamentos, e que vó Josina acompanhou desde o ano de 1914.
Duas
guerras mundiais, os mais diversos políticos como presidentes do Brasil,
ditaduras, revoluções, copas do mundo, diferentes moedas, réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzado, real, planos econômicos...
Já
pensou?
Foi
testemunha de casamentos, nascimentos, batizados, desavenças, separações, mortes,
inclusive de três de seus doze filhos.
Um pouco de história
familiar
Josina
da Lapa Pacheco é natural de Imaruí, nascida em 26 de abril de 1914, então
pertencente à Comarca da Laguna. Aos 17 anos casou-se com meu avô Antônio
Pacheco Sobrinho, que tinha 35.
Sobre
a diferença de idade, 18 anos, a avó fala:
- “Me perguntavam o que
eu queria com um velho, mas gostava muito dele e fui feliz”.
Ela
morou na Laguna, nos altos da rua Voluntário Benevides, onde nasceram onze de
seus doze filhos, todos com nomes com iniciais na letra L. (Lourena, Lourival,
Loreto, Lori, Leti, Loureiro, Loreni, Lourenço, Lenir, Loreta, Lizete e Lizia).
Depois
se mudou para Gravataí. Ela conta:
-“Viemos para o Rio
Grande do Sul para o meu marido trabalhar e para que meus filhos tivessem mais
oportunidade de emprego. Foi aqui que quase todas as mulheres casaram e criaram
suas famílias”.
A
única tristeza da minha avó foi ter perdido o marido e três de seus filhos. Meu
avô Antônio Pacheco Sobrinho, meu tio e padrinho Loreto e minhas tias Lourival
e Leti.
Ela
desabafa, triste:
-“Duas meninas e o filho
mais velho já não estão entre nós, isso dói muito para uma mãe”.
Mas
logo espanta a tristeza, fica novamente alegre, já nos preparativos finais do cabelo
e de provar o vestido da festa, todo ele na cor verde.
E
diz:
-“Quero que todos dancem
e se divirtam até o amanhecer. Quero que lembrem de mim assim, com alegria”.
Frase de Josina da Lapa
Pacheco:
“Os anos enrugam a pele,
mas renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma”.
Josina com os filhos hoje, em seu aniversário centenário. |
Meus avós maternos Josina da Lapa Pacheco e Antônio Pacheco Sobrinho. |
Um século de vida em 26 de abril de 2014. |
Mensagem especial da aniversariante. |
Eu e Julita, ao seu lado, nas comemorações de 100 anos. |
Ricardo e Chica, primos queridos e em perfeita sintonia. |
Que disposta!
ResponderExcluirValmir, parabéns pela matéria e pelos 100 anos da vozinha...quem dera chegarmos la com tamanha disposição !
ResponderExcluirJackson.
Essa postagem e bem antiga mas queria tirar uma duvida , sou francisco moro em goiania e estou em busca de meu avo antonio pacheco sobrinho mesmo nome do avo de voces , ele morou uns anos com minha avo dalva ribeiro rocha e com ela teve 1 filha , se por acaso for o paj de voces , contou essa historia a voces entrem em contato comigo fone 62 98280 1615 aguardo
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