sexta-feira, 19 de março de 2021

Carta de uma mãe: “Perdi um filho!”

 
Luiz Felipe Remor faleceu na Laguna aos 58 anos no último dia 7 de março, vítima da Covid-19. (Ver post aqui).
Um choque para sua família, amigos e a todos que conviveram com ele.
Uma morte repentina que enlutou a comunidade lagunense onde era bastante conhecido e exerceu diversos cargos públicos.
Ontem, passados dez dias do triste acontecimento, sua querida mãe, professora aposentada Hilta Garcia Remor, residente lá em São José, na Grande Florianópolis, postou em sua rede social uma emocionante carta de desabafo, a título de despedida.
São palavras simples de uma mãe, tristes, mas vindas do fundo d' alma, escritas na dor do coração e da aflição, entre lágrimas derramadas.
Mas trazem o lenitivo da fé e esperança, tão necessárias a cada um de nós e a todos que perderam e estão perdendo seus entes queridos e amigos.
Tomo a liberdade de aqui reproduzir a carta da dª Hilta porque mais do que seu testemunho de genitora, são palavras de fé, compreensão e esperança na espiritualidade, tão necessárias neste momento que estamos passando, com tantas vidas perdidas a cada dia.

Perdi um filho, meu filho amado

“Gente, vocês não imaginam perder alguém da sua família, aconteceu comigo e meus outros filhos.
Dia 7 de março, às 10 horas, meu filho mais velho, Luiz Felipe Remor, deixou este mundo, indo para junto de Deus.
Entendo que estamos emprestados aqui na terra, mas é um sofrimento sem ele junto de nós.
Felipe esteve me visitando, ficando de sexta-feira até segunda.
Queria me abraçar, mas não deixei, por causa da Covid-19, então ele me respondeu que havia feito o teste e deu negativo.
Na noite de sábado, seu irmão Benito esteve aqui, riram bastante e pediram pizzas. Segunda-feira passou na praia para pegar um botijão de gás. Minha nora Ana esposa de Gustavo conversaram e riram bastante com ele, foi tudo maravilhoso e foi para Laguna cidade onde nasceu e morava.
Sua irmã Bee Scott que mora em São Paulo falava com ele todos os dias e no dia que foi internado, foi para ela que ele ligou.
Após sua saída de Florianópolis, depois de uma semana contou-me que estava com Covid-19, mas se tratando com o médico, tomando o tal kit covid-19, mesmo assim falava que a qualquer hora o hospital não teria lugar nem pra rico nem pra pobre.
Ele comentava comigo que não tinha lugar no hospital. Rezei muito aos céus para a cura de meu filho e do mundo inteiro, porém não consegui.
Quando recebi a notícia de sua partida e fiquei reclusa, minhas noras estavam comigo neste momento, passei dias não querendo falar com ninguém, só queria pensar nele, questionar sua partida.
Hoje entendo os desígnios de Deus, seu ciclo na Terra havia terminado.
Sei que estamos na Terra de passagem, mas o egoísmo é mais forte para o coração de uma mãe!
Queria-o vivo, fizemos sete dias de Evangelho no lar, minha filha é espírita e eu católica, mas o que importa é acreditar em Deus e as mensagens que lemos me confortou bastante, me fazendo mudar o pensamento e desejar que ele esteja com os espíritos iluminados e seja bem recebido.
Todos temos a nossa hora! É a única certeza dessa vida!
Ainda tenho muito que aprender e agradeço a todos que me mandaram lindas mensagens, confortando-me e a todos os meus filhos.
Perdi um filho. Meu filho amado. Perda e luto”.
Hilta Garcia Remor

 

Um comentário:

  1. Meu abraço de mãe sofrida para outra! Compartilho a sua dor. Que a serenidade a ajude passar por este momento extremamente difícil.

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