18 agosto 2012

Os pedinchões

Época de eleições é quando surgem os mais diversos pedidos aos candidatos.
Os comitês vivem cheios deles, sempre em busca de um favorzinho.
Os pidões são os mais variados. Do emprego para um filho malandro que não venceu na vida e não quer nada com nada, ao pagamento de uma conta de luz; da passagem para Florianópolis ao bujão de gás.
Os pedinchões pipocam pelas esquinas no faro de qualquer político e dos locais onde eles possam estar.

Pois aquele candidato a vereador na Laguna já estava cansado das mordidas que andava recebendo. A campanha só havia começado, mas as ferradas estavam sendo demais.
Se continuasse assim, atendendo a todos, não chegaria às eleições de sete de outubro. Ficaria no meio do caminho. E ainda por cima falido.

No sábado pela manhã, de dentro do seu carro estacionado na rua Raulino Horn, o candidato a vereador observa o movimento. Pensa em dar uma volta pelo comércio, sentir o clima político, ouvir umas fofocas.

Súbito, batem no vidro do seu carro. Ele olha e suspira. É um conhecido mordedor da Laguna. Diariamente levava uns trocados seus. A conta já está ficando alta. Esse sujeito tá saindo caro.
Sem alternativas, abaixa um pouco a janela.

O mordedor pergunta:
- E daí futuro vereador, tem um trocado pra mim, sabe com’é, a coisa tá difícil, tô precisando comprar umas coisinhas lá prá casa.
- Rapaz, me pegasse desprevenido, tô sem nenhum tostão na carteira.
- Uns vinte conto tá bom, chefia.
- Cara, não tenho, tô duro.
 - Dez conto, então?
- Não tenho mesmo, fica pra outra vez.
- Pô... E um cigarro? Tens um cigarrinho pra arranjar?
- Parei de fumar no mês passado.
O mordedor faz cara feia, mas não se dá por vencido.
- E isso aí no bolso da tua camisa, o que é?
- Ahhhh... isso é um colírio que uso pra irritação dos meus olhos.
- Então faz um favor vereador, pinga ni mim, pinga...

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