As chuvas torrenciais daqueles tristes dias,
atingiram vários municípios, principalmente os do sopé da serra, como Lauro
Muller, Orleans, Gravatal. Mas foi Tubarão quem mais sofreu a tragédia.
Ainda hoje há dúvidas sobre o número verdadeiro de
mortos no município.
Laguna também foi atingida pela chuva e muitos
bairros e localidades ficaram embaixo d’água.
O volume d’água que desembocou no Complexo Lagunar
fez com que subisse o nível das Lagoas, assustadoramente.
Lembro-me aqui no centro das águas subindo minuto a
minuto até que transbordou e ultrapassou o cais, invadindo os leitos das ruas e avenidas e
as casas comerciais e de moradias da rua Gustavo Richard, Osvaldo Cabral e transversais, além de toda extensão da avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles).
E continuava a subir.
E continuava a subir.
O desespero era visível em todos os rostos. Não havia o que fazer.
Foi quando arrebentou a Barra do Camacho e as águas
fluíram rapidamente também pelo local.
Naqueles dias Laguna parou e sofreu como as
nossas cidades vizinhas.
Famílias de Tubarão vieram para nossa cidade e aqui agasalhadas em casas de amigos e parentes. E gêneros alimentícios daqui deslocados para lá.
As quatro padarias de então – Imperatriz,
Guanabara, Universo e Carvalho (esta situada ali na então Praça da Bandeira),
trabalhavam dia e noite para suprir a demanda, porque muitas fornadas iam
diretamente para Tubarão.
Longas filas se formavam nos armazéns. Supermercados
ainda não existiam por aqui. O Angeloni vai ser inaugurado no final de 74 ou em 75, se não me engano.
Vejam algumas fotos clicadas pelo fotógrafo-mór Ibraim Bacha. Eram comercializadas em forma de cartão-postal:
Avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles). Aos fundos a firma Pedone (hoje prédios do Centro AdministrativoTordesilhas, e Leni's). |
Ao lado do Ceal, defronte a então Lanchonete 2001. Aos fundos, à esquerda o prédio da nova rodoviária, que ainda não estava funcionando. |
Conversando este fim de semana com alguns moradores
de Tubarão, que viveram àqueles tristes dias, pude sentir como o fato marcou suas vidas, e não era
para menos. Cada um tem o seu relato, testemunho de horas e dias de angústia em que passaram lutando por suas vidas.
Até hoje é lembrado o lodo e seu forte odor que
ficou impregnado nas ruas, roupas e objetos, por meses, anos até.
Televisores, geladeiras, fogões, etc. tinham que ser lavados e secados, em tentativa de recuperação.
Televisores, geladeiras, fogões, etc. tinham que ser lavados e secados, em tentativa de recuperação.
Passados os dias, a realidade ia se mostrando cada
vez mais cruel, com o número de mortos em Tubarão e a destruição causada em seu
parque comercial e industrial.
Depois obras foram realizadas, o leito do Rio Tubarão foi retificado e hoje a vazão é muito maior, o que também aumentou a quantidade de entulhos em nossas praias.
Mas o povo da vizinha cidade-azul soube se
reerguer, constituindo-se hoje num dos municípios mais pujantes do sul do
estado.
belas fotos...adoro ler seu blog..Pauli
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