O TEMPO EM QUE O FUTURO IMEDIATO
ERA PRESENTE DO INDICATIVO
Houve um
tempo em que os gestos tinham mais sentimento
abriam-se
portas, Bom Dia!,Obrigado!, tudo ao natural
sem
pompa e circunstância,o falso, exagerado.
Houve um
tempo em que as palavras tinham mais significado
valiam
seu peso em lei, jamais soltas ao vento desigual
sem a
banalização do verbo, ora roto, esfarrapado.
Houve um
tempo em que fluía da sinapse de neurônios
um rio
caudaloso de palavras e do diálogo com os afluentes
vertia a
mais cristalina verdade. As palavras nasciam
muitas e
aos borbotões entabulavam sentenças
(de
diversas cabeças) e abençoadas orações.
Houve um
tempo em que a palavra tinha um selo,
o aperto
de mão. Seu empenho era forma de contrato
algo que
uma assinatura jamais poderia sê-lo.
Houve um
tempo e hoje há apenas este poema ultrapassado.
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