Agora é assim.
Perde-se um ente querido – pai, mãe, avô, avó, irmão, filho, mulher, marido – e
poucos dias depois já se vai pular o carnaval, dançar e cantar, com fantasia e
tudo.
Longe de mim ser
crítico de costumes - quem sou eu - mas fui criado em outros tempos não tão
longe assim e acho uma tremenda falta de respeito com a memória do falecido. Será fruto da criação cristã-ocidental? Ou os novos tempos estão mudando até a forma de expressão do luto?
Sei que a sociedade
cobra isso ou aquilo, regras, comportamentos, enquadramentos e tudo mais, mas não
consigo achar normal essa conduta. Sei que o tempo de luto é subjetivo, evidentemente, ele dura enquanto durar e cada um tem o seu.
Há povos que comemoram a morte e choram o nascimento, mas não é o caso do nosso.
Há povos que comemoram a morte e choram o nascimento, mas não é o caso do nosso.
Mas o que mais fico
estupefato não é o ir. Cada um faça de sua vida o que bem entender, é livre para isso, o chamado livre-arbítrio.
Me pergunto é como e onde se encontra alegria para cantar, rir, dançar e sambar num momento que considero triste, de perda, de saudade, de ausência. Momento de melancolia, principalmente por quem foi bom em vida. Pelo menos imagino que assim deveria ser.
Me pergunto é como e onde se encontra alegria para cantar, rir, dançar e sambar num momento que considero triste, de perda, de saudade, de ausência. Momento de melancolia, principalmente por quem foi bom em vida. Pelo menos imagino que assim deveria ser.
Posso estar errado
mas quando isso acontece, acho que não se gostava tanto assim de quem se foi. Estou
errado? Que evolução é essa?
Quer se comemorar
por estar vivo? É isso? Pelo mesquinho “antes ele do que eu”? Morreu, morreu e não se fala mais nisso? A vida continua?
Nossos atos são
retratos do que vai em nossas almas.
Aos 54 anos já
estou ultrapassado, eu sei, no meu pensar, no meu dizer e nos meus sentimentos.
Ó tempos! Ó Mores!
Como diria Cícero.
caro Valmir, assim como tem povos que festejam a morte - acreditam que a tristeza não é boa para o morto - tem pessoas que sofrem menos quando outras sofrem mais, porém não acho desrespeito não, cada um no se quadrado, abrs.
ResponderExcluirValmir penso que este pedaço da tua crônica diz tudo: "Me pergunto é como e onde se encontra alegria para cantar, rir, dançar e sambar num momento que considero triste, de perda, de saudade, de ausência." Entretanto, ainda acrescento o que talvez possa ser interpretado por outrem como coisas de uma tonta, mas sabe o que pode ser também? Moda. Sim a moda é codiloco o que faz na cabeça das pessoas e reflete nos comportamentos. É moda, amigo. Morreu? Vamo festar pois fica mais chique na fita! Estamos ficando demodê com nossos hábitos nós que já passamos dos 50, 60 (tipo eu). Mas tem outro fator talvez, é a pressa. Sim o mundo do marketing ordena que você se reponha rápido. Que você mostre um astral nota mil. Que você supere tudo muito num já!. O mundo da hora ordena que você fique sem dores, sem lágrimas, sem fragilidades. Você precisa ser DEZ! "Eta mundo besta meu Deus" - se não me engano, é excerto de um poema de Drummond. Deixa pra lá. Abraço da Fatima Barreto.
ResponderExcluirConcordo com Valmir Guedes, pensei que fosse somente eu que pensasse assim...e tenho 34 anos ja antecipo, rsrsrs, tb admiro, trocam a foto do face por luto e não sei onde buscam essa tal felicidade diante de recem partida de um ente querido. É...triste é de quem se foi, Mari Ghedin,
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