Conhecido em todo o sul do estado,
Ladislau Domingos Carvalho, o “seu” Lalau, foi sacristão da paróquia Santo
Antônio dos Anjos por mais de 50 anos. Nasceu em 1870 e faleceu em 9 de abril de 1966. Foi casado com Joana Lopes de Carvalho e
deixou extensa prole entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
Entre os filhos, me lembro do seu Manoel - e como não poderia deixar de ser - mais
conhecido como Maneca, sempre trajando uma camiseta regata, fizesse frio ou
calor, postado na velha rodoviária, prestativo, educado, de confiança no acompanhar de solitários passageiros
madrugadores das empresas Santo Anjo ou São Cristóvão, com suas malas. E também colado seu ouvido ao rádio de pilha a
caminhar nas calçadas noite adentro, flamenguista que era, ouvindo as últimas do
futebol nos programas de esportes transmitidos pelas Rádios Tupi ou Globo do
Rio de Janeiro.
Da irmã dª Marta, pessoa boníssima, sempre às voltas com a criação de filhos e netos; do "seu" José (Zeca) ou Xará, que no ocaso de seus anos de vida ficava à janela de sua casa (bem defronte a nossa, na rua Voluntário Benevides e por isso o meu lembrar) horas e horas a observar o mundo passar; "seu" Orlando (este último falecido ano passado e um dos fundadores do Cordão carnavalesco Xavante (hoje Escola de Samba) e pai do Teco da prefeitura, não tem?); e mais os filhos Maria, Otília, Ceci, Leonor e Lizete.
Da irmã dª Marta, pessoa boníssima, sempre às voltas com a criação de filhos e netos; do "seu" José (Zeca) ou Xará, que no ocaso de seus anos de vida ficava à janela de sua casa (bem defronte a nossa, na rua Voluntário Benevides e por isso o meu lembrar) horas e horas a observar o mundo passar; "seu" Orlando (este último falecido ano passado e um dos fundadores do Cordão carnavalesco Xavante (hoje Escola de Samba) e pai do Teco da prefeitura, não tem?); e mais os filhos Maria, Otília, Ceci, Leonor e Lizete.
Seu Lalau era morador da rua Voluntário
Benevides, bem em frente a rua Ulysséa (rua Nova). Após seu falecimento foi homenageado com o nome de uma Travessa no bairro Portinho.
Pessoa boa, honesta e querida por todos os
lagunenses que o conheceram. Muitos ainda o relembram com saudade. Entrou o
século XX exercendo o ofício cristão.
Era também um grande contador de histórias, as
mais variadas, principalmente de pescarias, seu passatempo predileto.
Onde estava, sempre ao seu redor reuniam-se os amigos e muitos curiosos para ouvi-las. Sabia prender a atenção na narração. Podia aumentar um tantinho os causos, é bem verdade. Mas nunca inventar.
Onde estava, sempre ao seu redor reuniam-se os amigos e muitos curiosos para ouvi-las. Sabia prender a atenção na narração. Podia aumentar um tantinho os causos, é bem verdade. Mas nunca inventar.
Em 1902, a imagem de Santo Antônio dos Anjos
foi levada ao Rio de Janeiro para ser “encarnada”.
Quando do retorno do Santo, seu Lalau tão logo
avistou o vapor “Industrial” aportando nos velhos trapiches do centro da Laguna (o atual cais em granito vai ser construído em 1910) e que trazia
a imagem em seu porão, saiu pelas ruas da cidade em debandada correria e
felicidade, aos gritos, avisando, alvissareiro, da chegada de preciosa carga.
Sobre Santo Antônio dos Anjos, dois fatos
interessantes contava seu Lalau.
Dizia que ele que:
Estando uma noite na sacristia, ultimando os
preparativos para a missa do dia seguinte, já tendo fechado as portas da
igreja, sentiu um arrastar de bancos no adro. Veio ao centro da igreja, olhando
para o adro e, com surpresa, viu que tudo estava em ordem. Voltou à sacristia,
quando ouviu novamente o mesmo ruído. Contava ele que teve um pensamento: “Isto
é coisa de Santo Antônio”.
Veio, então, novamente ao centro da igreja,
mas desta vez, em vez de olhar o adro, olhou para o altar-mor. Teve, então, o
espanto de ver que havia uma vela acesa, já caída, começando a queimar as
toalhas do altar.
E narrava outro fato, atribuindo os alertas
(milagres?) ao nosso Santo padroeiro.
Ao voltar de uma pescaria, à noite, chegou
cansado em casa e foi se deitar. Mal passara por um cochilo, teve a impressão,
ou sonho, de que Santo Antônio dizia-lhe que havia fogo na escada do coro da
igreja. Acordou sobressaltado e viu que era um sonho, mas impressionado com
isto, levantou-se e foi à igreja verificar.
Na realidade, a escada estava pegando fogo, já
bastante alastrado pelo corrimão. Prontamente apagou as labaredas que estavam ainda em seu início.
A saudosa dª Nail Ulysséa, que escreveu
extenso capítulo sobre a igreja Matriz no livro “Santo Antônio dos Anjos da Laguna – Seus valores históricos e humanos”,
1976 – IOESC, e que narra os dois fatos acima, finaliza dizendo que “Ainda em 1944, antes das obras da igreja,
quando a escada foi substituída, verificaram-se os vestígios deste princípio de
incêndio”.
Conheci bastante o seu Lalau. Bastante casos que aconteceram quando foi sacristão de nossa Igreja, ouvi. Durante os treze dias da festa de Santo Antônio a Laguna parava para ouvir todas as 10, 12, 16, 18 e me parece as 19 horas o repique dos sinos acompanhado pelos fogos de vara que eram a época fabricados aqui na Lagoa Preta. A gurizada tinha um refrão quando acontecia isso: " Seu Lalau, seu Lalau cara de pau...". O Maneca da rodoviária, quem não conheceu? não sabia ser filho dele, grande figura.
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