Gosto de repetir essa pequena história no fim
(e começo) de cada ano, até porque sempre tem leitor novo chegando por aqui e o
pessoal não costuma ir aos arquivos.
Vamos a ela, devidamente atualizada, revisada e ampliada:
***
Nestes últimos dias de 2014, lembrei-me de uma
pequena história que me contou há alguns anos um lagunense já sexagenário e que
vivia entre Laguna e Florianópolis. Narrou-me na lanchonete e restaurante
Caiçara, ali na avenida Hercílio Luz, na capital do estado.
Disse ele que num certo fim de ano leu em uma
revista que a maior simpatia que podia ser feita na noite do último dia do
calendário era o sujeito entrar o Ano Novo totalmente nu.
Livre de todas as amarras sociais e despojado
de roupas, o vivente atingiria o nirvana, a paz interior e o ano seguinte -
toc-toc-toc - seria melhor na saúde, no dinheiro e no amor.
Mas para se completar e passar a valer
verdadeiramente a dita simpatia - salientava a reportagem - o sujeito tinha que
estar exatamente na virada das horas como veio ao mundo. Isso é: nu com a mão
no bolso, como se diz. Não podia nem usar relógio.
- Pois
naquele ano decidi que seria diferente, ele foi me contando.
Ele que sempre participou da festa na praia do
Mar Grosso avisou filho e filhas que naquele ano não participaria da virada
e iria dormir mais cedo.
Mais tarde expôs o plano à mulher que em
princípio ficou desconfiada com a sugestão.
- Hummm,
onde já se viu, lá nós temos mais idade para essas coisas, ficar pelados no
quintal atrás de casa, credo em cruz! Isso me cheira à malcriação tua....
Mas com o passar dos dias, mostrando a
reportagem como prova, ele conseguiu convencer a mulher do plano. E pediu
segredo.
Filho e filhas não entenderam nada, ainda
insistiram no convite, afinal iriam quebrar uma tradição familiar de muitos anos
onde todos participavam do réveillon na praia, ali pela Praça do Vila, bebendo
champagne e assistindo a queima de fogos.
Não teve jeito. Estava decidido. Aquele ano
ficaria em casa com a mulher.
Na noite de 31 de dezembro, depois de um
churrasco, os filhos ainda voltaram mais uma vez a insistir, mas chegaram à
conclusão que não havia jeito. O pai era teimoso, quando decidia uma coisa não
havia quem tirasse da cabeça. Depois já estava quase na hora. Pegaram os carros
e foram para o Balneário Mar Grosso.
Vendo-se as sós com a mulher, o nosso amigo
trancou a casa, puxou cortinas, apagou as luzes e previamente combinado com a
sua cara metade foram para a pequena área de serviço nos fundos da casa. Faltavam
ainda uns quinze minutos para a meia-noite.
Nus, despojados de todos os bens materiais -
até as alianças de anos de casamento foram arrancadas com dificuldades dos
dedos - o casal ficou ali, abraçado, olhando as estrelas, pensando na vida,
aguardando a virada do ano e ouvindo o espocar dos fogos ao longe. O máximo que
se permitiram foram alguns goles de uma cidra-maçã.
Passados alguns minutos, estava cumprida a
simpatia em seus mínimos detalhes.
Foram então dormir.
Ele nada mais contou, se fez em silêncio de
copas. Curioso, indaguei:
- Mas e
daí, afinal a simpatia deu ou não resultado?
-
Rapaz... nem te conto. Três horas depois de deitarmos, acordamos tossindo,
espirrando, com dores na garganta. Pelados no sereno e friagem, pegamos foi uma
baita gripe que levou mais de mês para sair. Simpatias? Nunca mais. Cheguei à
conclusão que é tudo bobagem...
***
Querem saber quem são os personagens desta
história?
Dos mais conhecidos, mas não posso contar. ***
FELIZ ANO NOVO A TODOS OS LEITORES DO BLOG.
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