Alguém já disse que infeliz do governante que
não tenha oposição. Infeliz, porque passa a viver no mundo maravilhoso e
colorido de um Walt Disney.
Rodeado de bajuladores (alguns sendo palpiteiros raivosos,
destilando ódios pelos poros contra todo mundo), instala-se numa redoma, alheio ao mundo exterior
e ao contato com a realidade.
Acostumado somente aos elogios fáceis, ou
comprados a peso de ouro, não admite sequer uma crítica aos seus atos, a sua
administração e vê em qualquer palavra contrária, a hostilidade, revanchismo, ciúme
de homem e conspiração onde não há.
Passa a viver se gabando de obras que muitas
vezes não foi o pai. Prometendo o que não pode cumprir, porque independe do seu
querer.
Enxerga os problemas, mas não vê. Seus olhos
estão turvados pela insensatez. Considera-se um ungido mas muitas vezes chegou lá
por meras circunstâncias. O cavalo passou com a sela vazia e ele montou. Outro
cavaleiro também montaria e chegaria.
É costume seu reagir a quem discorda de atos e
fatos sacando pelos microfones de rádios amigos um velho e conhecido bordão: “-
Quem não está contente que vá embora”.
É uma pequena variação de uns dos slogans preferidos
e utilizados pela ditadura militar de 1964 aos descontentes com o regime:
“Brasil, ame-o ou deixei-o”.
Quem insistia em discordar sofria as consequências,
como tristemente se sabe.
Quando um governante desse tipo acordar para a
realidade – e a história está recheada de exemplos - verá que seu futuro
político está comprometido. Lembrará das palavras e avisos dos verdadeiros
amigos que já estarão longe, nas cinzas das horas. Mas aí será tarde demais.
Olhará para o lado e não mais encontrará os que o rodeavam. Estes, sempre oportunistas,
trilharão outras paragens bajulando os personagens poderosos da vez.
E tudo então será mero passado no sono dos
anos.
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