No começo do século XX, o prefeito do Rio de Janeiro,
Pereira Passos (1902-1906), promovia naquela cidade uma urbanização, saneamento
e civilização da recente Capital da República. Era o chamado “bota - abaixo”.
O centro da cidade foi o local que sofreu as maiores transformações.
Avenidas foram abertas, morros desmanchados, mangues aterrados.
Nem tudo deu certo, é bem verdade. Cortiços foram derrubados e sua população
sem ter pra onde ir e não querendo se afastar do centro começou a subir os
morros dando origem à ocupação desordenada até hoje.
Mas os maiores objetivos, que era o saneamento básico e a
higiene foram conseguidos. Pereira
Passos quando estudou em Paris, tinha presenciado as reformas urbanas
promovidas por Georges-Eugène Haussmann e as
implantou no Rio de Janeiro.
Urbanização também na Laguna
Na Laguna não era diferente. No segundo quartel do século
XIX, com a chegada de imigrantes e o início da exploração do carvão no sul do
estado e construção da Estrada de Ferro Tereza Cristina, uma onda de progresso começa
a varrer a cidade.
Teatro, clubes, Sociedades Musicais e carnavalescas,
Grupos Escolares, jornais, biblioteca, hospital, mercado, são construídos e
inaugurados. Pelo porto da cidade escoavam produtos primários e chegavam os
manufaturados. O tráfego com outras praças era intenso, inclusive com o Rio de
Janeiro.
“Inegavelmente,
foi a época de maior luxo em nossa terra”,
diz Saul Ulysséa, em sua obra A Laguna de 1880.
Pois nos primeiros anos do século XX, comerciantes, armadores
e autoridades do município se reuniram para dar uma nova cara para a cidade.
Foi criada, em 14 de julho de 1907, por iniciativa de Ataliba Goulart Rollin,
uma “Comissão de Aformoseamento” para sugestões, projetos e arrecadação
de numerários para as futuras obras.
É quando surge o jardim Calheiros da Graça e seu chafariz no
antigo Campo do Manejo, a construção do cais em granito, passeios, calçamento
de ruas, iluminação elétrica, etc.
O Jardim Calheiros da Graça e as palmeiras imperiais
Do Jardim Botânico de Petrópolis são encomendadas
as Palmeiras Imperiais para o Jardim Calheiros da Graça.
Numa crônica de Agenor dos Santos Bessa,
podemos ler que foram Ataliba Goulart Rollin e seu cunhado José Guimarães
Cabral quem construíram o Jardim Calheiros da Graça as próprias expensas.
Os dois, em contatos com autoridades no Rio de
Janeiro, encomendaram oito palmeiras ao Jardim Botânico de Petrópolis, no Rio
de Janeiro. Ataliba Goulart Rollin era Botânico e conhecia o Jardim da Cidade
dos Príncipes.
Em 1915, diz Agenor Bessa, chegaram a Laguna
pelo navio Mayrink oito mudas das palmeiras que foram plantadas por Fernando
Chatão, que foi o primeiro jardineiro que a então Superintendência da Laguna
(hoje seria prefeitura) colocou como encarregado do nosso Jardim em cujo cargo
esteve até a década de vinte.
Elas chegaram pequenas, mas se adaptaram tão
bem, que em poucos anos atingiram a altura de muitos metros.
O saudoso músico e escritor Agenor Bessa, num
rasgo poético escrevia lá em sua crônica de 1982, uma verdadeira ode às palmeiras.
Acompanhem, e sintam a beleza do texto:
“Aí
estão as palmeiras, assistindo festas, testemunhando início e fins de gerações,
chorando enterros, assistindo casamentos, ornamentando desfiles e passeatas
cívicas, ouvindo retretas e concertos, assistindo procissões, festas
carnavalescas, idílios amorosos!
Quantos
segredos, não estarão elas guardando! Se elas falassem e rissem assim como os
humanos! Que franco gargalhar quando tivessem que contar as bazófias, as
mentiras, as falsas promessas apresentadas nos comícios políticos havidos
durante todos esses anos de existência!
Oh!
Testemunhas mudas porém vivas do rebu desta cidade que ri, que chora, que
aplaude, que sofre as mais doridas injustiças! Que se humilha diante dos
algozes!
Oh!
Palmeiras Imperiais! Oh! Calheiros da Graça! Atrativos poderosos dos
saudosistas que te contemplam embevecidos relembrando suas mocidades”.
As palmeiras imperiais precisam
urgentemente de cuidados
As
palmeiras imperiais do Jardim Calheiros da Graça também estão necessitando de maior
atenção por parte das autoridades, a exemplo da Árvore de Anita e de outras
árvores do local. Isso urgentemente.
As oito
palmeiras imperiais estão lotadas de parasitas que precisam ser removidas e com
enormes buracos em seus troncos, parecendo conter alguma praga.
Presidente
da Fundação do Meio Ambiente da Laguna (Flama) Amenar de Oliveira, sinalizou
com providências para breve.
Aguardemos.
Meu amigo valmir, que foto maravilhosa esta da década de vinte. Quem serão as duas crianças? Com certeza nunca saberemos. São segredos dotempo. Que gente interessada no processo habitou a nossa terra. Agenor Bessa homem culto, exemplo para muito político sem cultura dos dias de hoje. João Carlos nunes
ResponderExcluirMuito interessante e educativa a reportagem; eu não sabia que o Blondin antes era do outro lado da praça. Parabéns! Pedro
ResponderExcluirSERES VIVOS NÃO DURAM PARA SEMPRE , MAS COM UM POUCO DE MANUTENÇÃO DURARIAM MAIS ,PRINCIPALMENTE ESTAS ARVORES ,TEM TAMBÉM UMA FIGUEIRA NA CARIOCA QUE ESTÁ PRECISANDO DE UMA MANUTENÇÃO.
ResponderExcluirJORGE EDU.
OBS.TODOS PENSAM EM FAZER,CONSTRUIR,PROMOVER....MAS MANTER O QUE FOI FEITO???????
Estas palmeiras de fato fazem parte do patrimônio histórico de Laguna, obrigado pela informação, trabalho exclusivamente com palmeiras, vou entrar em contato com a prefeitura de para disponibilizar nossos serviços. Estamos a mais de 13 anos no mercado trabalhando exclusivamente com venda e transplante de palmeiras adultas. Qualquer dúvida deixo aqui meu contato.
ResponderExcluirwww.recantodepalmeiras.com.br
Um grande abraço.