sábado, 27 de julho de 2013

"CATARINENSES GÊNESE E HISTÓRIA" – UMA OBRA IMPRESCINDÍVEL

Estou lendo “CATARINENSES GÊNESE E HISTÓRIA”, de João Carlos Mosimann, engenheiro, pesquisador e escritor, nascido em Brusque.
O autor publicou inúmeros trabalhos em jornais e revistas especializadas. Entre suas obras destaco “Porto dos Patos” (2002 e 2004), sobre a história da Ilha de Santa Catarina no século 16; e “A invasão espanhola” (2003), que procura desvendar os segredos dos espanhóis invasores e dos portugueses defensores da edênica ilha em 1777.

Diz o autor que “Catarinenses Gênese e História, em suas 616 páginas, é fruto de intensa pesquisa ao longo de dez anos e tem por objeto o homem catarinense e sua participação na formação social, cultural e econômica do Estado”. A obra recebeu o Prêmio Elisabete Anderle da Fundação Catarinense de Cultura em 2009.
Na apresentação da obra, Carlos Mosimann escreve:

“A história de Santa Catarina é tão antiga quanto a história do Brasil, mas a de seu povo, nem tanto. Descoberta a Terra de Santa Cruz, a costa catarinense passou a desempenhar função estratégica para os navegadores, em especial os espanhóis, por sua posição hidrográfica e também pela magia de sua natureza e de seu gentio. As ilhas logo batizadas de São Francisco e de Santa Catarina, além dos portos de Don Rodrigo (Garopaba) e de Viaça (Laguna), inseriram-se na rota das descobertas e da conquista do Novo Mundo”.

Dos séculos 16 ao 20, o autor nos mostra a História de Santa Catarina, “mescla de etnias e culturas integradas através de um processo gradual de conquista de espaço e de afirmação de sua gente: territorialidade e povo”.

O Carijó, chamado pelo autor do “Catarinense da era dos descobrimentos”, a chegada do europeu, as primeiras expedições: Juan Diaz de Solís, Cristóvão Jacques, Don Rodrigo de Acuña, Sebastião Caboto, Diego Garcia, Alonso Cabrera e outros.

Laguna

O autor, no capitulo do século 18, na parte que nos cabe, traz Laguna e o povoamento do Rio Grande.
Antes, no século 17, páginas 111 a 114,  aborda Domingos de Brito Peixoto e sua família e afirma:

“Este, indiscutivelmente, é o nome do pioneiro vicentista ligado à fundação e ao povoamento de Santo Antônio dos Anjos da Laguna”.

Fundação da Laguna

Sobre a Fundação da Laguna, João Carlos Mosimann escreve que o filho de Domingos de Brito Peixoto, Francisco de Brito Peixoto, encaminhou ao Rei um histórico da empreitada:

 “O documento está reproduzido, na íntegra, como anexo de uma provisão Régia de 6 de fevereiro de 1714 em Documentos interessantes para a histórias e cultura de São Paulo”.

O documento enfatiza a data do evento, afirmando que “com efeito no ano de 1676 saíram da Vila de Santos, donde eram moradores”.


Tentativa fracassada

Em sua obra, Mosimann nos conta que dois anos antes (1674) houve uma tentativa fracassada de fundação, por mar, através de um patacho e narrada em preâmbulo por Francisco de Brito Peixoto em documento existente na Biblioteca Nacional com o título “Notícias da povoação e fundação da Villa de Laguna”.

E saliento também aqui, a observação do autor de “Catarinenses Gênese e História” que afirma:

“Diante das afirmações dos próprios povoadores, tornam-se irrelevantes as especulações de terceiros, sejam historiadores ou não, sobre esses acontecimentos, pois se privilegia sempre a documentação e o relato dos contemporâneos dos fatos. A primeira tentativa ocorreu naquele 1674, e fracassou, e a chegada definitiva em 1676, por terra”.

Com isso fica demonstrado que a data da fundação da Laguna, em documento escrito pelo próprio filho do fundador, é efetivamente 1676, que depois um decreto municipal veio ratificar e não foi de forma aleatória. Ocupação é uma coisa, fundação bem outra. Já o dia 29 de julho, esse sim foi aleatório por não se saber a data exata da fundação, dia e mês, então se homenageou (Lei Municipal 15/1975) a data da Proclamação da República Catarinense (ou Juliana, como queiram).

Enfim, a obra é extensa, de valorosa pesquisa bibliográfica do autor e de grande valia à História de Santa Catarina. Imprescindível aos historiadores, estudantes, jornalistas e ao leitor que queira conhecer com mais profundidade nossa história, identidade, formação étnica e cultural.

Um comentário:

  1. Valmir sem dúvida, a sua breve mas pontual resenha, nos desperta o interesse pela leitura da obra. Sempre acrescenta o autor ora divulgado pois costumamos ler os artigos dele, frequentes nos cadernos culturais da imprensa de SC. Fatima Barreto.

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