Aprendemos
desde muito tempo, em livros e nos bancos escolares, que o Descobrimento do
Brasil se deu no dia 22 de abril de 1500, não é mesmo?
Portanto
na próxima terça-feira, nosso país estará comemorando 514 anos.
Mas
você sabia que nem sempre foi em 22 de abril que a data foi exaltada?
Após
o advento da Proclamação da República (1889), e até a Revolução de 30, o Brasil
celebrava seu Descobrimento na data de 3 de Maio, que era feriado nacional.
Esta teria sido a data do
Descobrimento segundo o historiador lusitano Gaspar Correia (1495-1561), que a
deduziu do fato de Cabral ter batizado a terra de “Vera Cruz”, nome mudado pelo
rei dom Manuel para “Santa Cruz”, em função da comemoração religiosa de mesmo
nome, que ocorria a 3 de maio.
O próprio José Bonifácio, o
Patriarca da Independência do país, propôs que a abertura da primeira
Assembleia Constituinte brasileira, em 1823, caísse nesse dia, para coincidir
com o descobrimento. E assim foi feito.
Mas ai surgiu um documento que por
três séculos ficou esquecido nos arquivos portugueses e que acabou vindo para o
Brasil com D. João VI e toda a família imperial, em 1808. Era a Carta do
escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, testemunha ocular da
história.
A descoberta do documento deveu-se
ao pesquisador e padre Aires de Casal, que o publicou no ano de 1817.
Mesmo assim, a data não entrou
oficialmente para o calendário.
Com o advento da República,
estabeleceu-se um calendário de festas cívicas. “Considerando que o regime republicano baseia-se no profundo sentimento
de fraternidade universal; que esse sentimento não se pode desenvolver
convenientemente sem um sistema de festas públicas destinadas a comemorar a
continuidade e a solidariedade de todas as gerações humanas”, dizia o
decreto 155b, de 14 de janeiro de 1890.
O decreto criou, entre outros, o
feriado de 21 de abril em homenagens a Tiradentes. E a data de 3 de maio,
feriado, continuou lá, como sendo a do Descobrimento do Brasil, mesmo que a
própria imprensa, historiadores, pesquisadores e escritores já entendessem que a data correta era 22 de
abril.
E continuou sendo assim até 1930,
quando com o advento do Estado Novo, Getúlio Vargas acaba com o feriado de 3 de
maio, e altera finalmente e acertadamente o dia do Descobrimento do Brasil para
22 de abril.
Bem por isso, muitas associações,
logradouros, clubes e sociedades as mais diversas que foram fundadas por esse Brasil afora até 1930, receberam o nome de 3 de maio.
A tradicional Sociedade Recreativa 3 de Maio, situada no bairro Magalhães foi fundada com este nome em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil.
Clube 3 de Maio da Laguna foi fundado em homenagem à antiga data
do Descobrimento do Brasil
A tradicional Sociedade Recreativa 3 de Maio, situada no bairro Magalhães foi fundada com este nome em homenagem à antiga data do Descobrimento do Brasil.
Sobre esta Sociedade, há uma
particularidade. Surgiu com
a denominação oficial de Sociedade Recreativa e Literária 3 de Maio, e foi fundada
em 21 de julho de 1907, conforme nos informa Ruben Ulysséa, numa crônica
publicada no jornal Correio do Sul, em 29/01/1939, sobre a fundação dos clubes
lagunenses.
No entanto, erroneamente, penso
eu, através de sócios e
diretorias ao longo do tempo, é comemorado anualmente seu aniversário na data
de 3 de Maio, juntamente com outros aniversariantes do dia, como a Sociedade Musical
União dos Artistas e o Colégio Stela Maris.
Não deveria sê-lo em 21 de julho,
data oficial de sua fundação?
Data de fundação da Laguna não foi criada de forma “aleatória”
P S: O leitor pode estar se perguntando o porquê dessas abordagens
sobre datas, nomes, fundações, etc.
É porque,
humildemente, este servo aprendiz pretende a partir de hoje, aos poucos, com
calma, até porque demanda tempo e só o faço por curiosidade, meter a colher de pau nesse angu, como se diz popularmente. E sem ser chamado.
Pretendo trazer nesta página, informações, esclarecimentos e reproduzir
escritos de renomados pesquisadores e historiadores mostrando e comprovando
datas comemorativas e lugares, inclusive o ano de Fundação da Laguna.
O ex-prefeito Adílcio Cadorin e seu filho Lucas semana passada fizeram explanação da tribuna da Câmara de vereadores de nossa cidade e baseado em levantamentos publicados no livro "Laguna Terra Mater", tendo eles dois como autores - propuseram alteração na atual data de fundação da Laguna, alegando ter sido a data de fundação criada de “forma aleatória” pelos vereadores do passado.
O ex-prefeito Adílcio Cadorin e seu filho Lucas semana passada fizeram explanação da tribuna da Câmara de vereadores de nossa cidade e baseado em levantamentos publicados no livro "Laguna Terra Mater", tendo eles dois como autores - propuseram alteração na atual data de fundação da Laguna, alegando ter sido a data de fundação criada de “forma aleatória” pelos vereadores do passado.
Como de
forma aleatória? De maneira alguma!
Discutido, o
ano da fundação da Laguna sempre o foi, não resta dúvida. Controvertido também. Muitos renomados pesquisadores e historiadores
ao longo do tempo se debruçaram sobre o tema, ficando-se na dúvida entre os anos de 1676 e
1684. Mas que tenha sido a data criada
de forma aleatória por legisladores lagunenses do passado, JAMAIS!
O ano comemorado como sendo de fundação, 1676, foi
fruto de extensas pesquisas, documentos primários, deduções e consenso. Bem por isso o Tricentenário da Laguna foi comemorado esfuziantemente em 1976, com palestras, sessões especiais, discursos de historiadores, escritores, lançamentos de livros, crônicas em jornais, reportagens, inauguração da estátua em homenagem ao fundador, etc.
Que os atuais legisladores lagunenses a quem a mudança foi proposta, meditem sobre isso.
Que os atuais legisladores lagunenses a quem a mudança foi proposta, meditem sobre isso.
Nenhum renomado pesquisador/historiador contestou até hoje que a nossa póvoa
de Santo Antônio dos Anjos da Laguna tenha sido fundada pelo bandeirante vicentista
Domingos de Brito Peixoto, juntamente com seus filhos Sebastião de Brito Guerra
e Francisco de Brito Peixoto, depois capitão-mor dessas paragens.
Por favor, honremos a memória do fundador e de seus filhos.
Por favor, honremos a memória do fundador e de seus filhos.
Laguna foi o
terceiro núcleo de “povoação estável”, fundado em Santa Catarina.
Quanto aos exatos mês e dia da fundação da Laguna, aí merece explicações vindouras.
Se esse
litoral brasileiro incluindo, lógico, o catarinense, já era conhecido antes? Evidentemente que sim. Por piratas,
corsários, “náufragos, traficantes e degredados”, no dizer de Eduardo Bueno. E
também por inúmeros navegadores espanhóis que aqui chegaram até antes do Descobrimento do Brasil, como Vicente Yañez Pinzón, que teria aportado - como defendem alguns pesquisadores - em 26 de janeiro de 1550 1500, portanto três meses antes de Cabral, ao cabo Santo Agostinho, em Pernambuco.
Mudemos a data e o descobridor do Brasil?
Mudemos a data e o descobridor do Brasil?
Ser um local
conhecido, um ponto geográfico citado em mapas e diários de viajantes, ou por missionários, não quer dizer fundado o lugar, a póvoa, em nome de El Rei, com Carta Régia devidamente
assinada e proclamada.
Mas estou me
adiantando. Retornarei
ao tema. Aguardem cenas dos próximos capítulos.
Falando sobre datas. Tancredo Neves faleceu no dia 19 ou 20 ,nunca procurei saber ao certo , mas oficialmente foi no dia 21 ,pois era mineiro e dia 21 é o dia de Tiradentes, desta forma estas datas mais antigas de muitos seculos é muito impreciso pois não havia um calendário único nestas épocas.
ResponderExcluirJORGE EDU
Confusão de datas : Pedro Alvares 22 de abril de 1500... Vicente Yañez Pinzón, que teria aportado - como defendem alguns pesquisadores - em 26 de janeiro de 1550, portanto três meses antes de Cabral, ao cabo Santo Agostinho, em Pernambuco.
ResponderExcluir1500 - 1550.
Agradeço a observação. Já corrigido.
ExcluirCaro Valmir: Sei o quanto é zeloso e o muito que estuda para trazer as claras os fatos e a história da nossa Laguna. Parabenizo-o e gosto muito de acompanhar seu trabalho. Com votos de uma feliz páscoa desejo que tenhamos sempre fontes confiáveis para também divulgar e citar seu trabalho jornalístico. Abraço. Fatima Barreto
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