sexta-feira, 29 de julho de 2022

Entrevista a Rádio Cidade sobre Laguna

Convidado, participei como entrevistado do radialista Marcus Vinicius, no Jornal da Rádio Cidade, de Tubarão, edição das 13h desta sexta-feira.
Em pauta, ainda que brevemente, um pouco sobre momentos históricos e trajetória da nossa Laguna que completa 346 anos neste dia 29 de julho. 

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Parabéns Laguna pelos seus 346 anos!

 A Laguna de todos nós comemora seu aniversário na data de hoje. Uma sexta-feira com sol, mas fria, com vento sul.

"Velho vento vagabundo/No teu rosnar sonolento/Leva ao longe este lamento/Além do escárnio do mundo", como já declamava o poeta Cruz e Sousa. 

Uma Laguna de valores e vultos notáveis, berço de heróis da pátria. Uma terra abençoada por Deus em suas belezas naturais.
Laguna das tradições do seu povo, da religiosidade, da cultura, gastronomia, das praias, de seus casarios, do carnaval, dos botos, do Farol de Santa Marta, da Pedra do Frade, de Anita Garibaldi, de Nossa Senhora da Glória, de Santo Antônio dos Anjos. Laguna o lugar de nossas vidas.
Em depoimentos orais, nas nossas memórias e de nossos antepassados, na leitura de livros e jornais que marcaram época, a constatação da pujança de uma cidade que foi pioneira no sul do estado nas mais diversas áreas. 
Tantas histórias...

 "Laguna que de tanto ser esquecida aprendeu a não esquecer", no dizer primoroso, verdadeiro, do saudoso deputado por esta terra, Armando Calil Bulos. 

Laguna foi tudo!
Mas também uma Laguna há muito tempo maltratada pela incúria dos homens, traída em seus ideais, negociada em suas aspirações.
Uma Laguna que já perdeu tanto, inclusive grande parte de seu território. 
Uma Laguna do já teve e que sonha em voltar a ter.
Laguna que a tudo resiste, teimosa, impávida, única.
Porque os homens passam e alguns ficam nos rodapés da história, enquanto outros são esquecidos para todo o sempre.
Laguna de esperanças...
Parabéns Laguna de todos nós que amamos essa terra, em seus 346 anos.

 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Festa Julina do Clube de Mães da União dos Artistas

      O Clube de Mães da Sociedade Musical União dos Artistas promoveu com sucesso na terça-feira (26/07) um encontro julino com todas as participantes. 
As participantes em animadas conversas.
Muita alegria, danças e guloseimas preencheram à tarde que foi animada na sede da União que estava toda ornamentada com motivos à data.
O Clube de Mães da S.M. União dos Artistas se reúne todas as terças-feiras, das 14 às 17 horas e congrega alegres senhoras da nossa sociedade, principalmente as que moram em torno da centenária entidade musical.
As horas que ali passam no ambiente especialmente cedido para este fim servem para intercâmbios culturais, aprimoramentos do processo de construção da cidadania e autonomia produtora individual.
Parabéns a todas elas pela participação e à diretoria da S.M. União dos Artistas pela cessão e criação do espaço.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Vendo a banda passar...

      No sábado (23), dentro da programação da 40ª Semana Cultural da Laguna, a Banda Musical União dos Artistas desfilou pelas ruas do Centro Histórico. 

Banda Musical União dos Artistas desfila no sábado pelas ruas do  Centro Histórico.
Foto: Divulgação/PML
Já no domingo (24), a Banda Musical Carlos Gomes se apresentou no palco montado na Praça República Juliana, ao lado do Museu Anita Garibaldi.
Banda Musical Carlos Gomes depois da apresentação no domingo posou defronte à Estátua de Anita Garibaldi. Foto: Valmir Guedes Jr.
Momentos musicais, alegres e de descontração que merecem sempre ser prestigiados.
Parabéns aos maestros, músicos e diretores das nossas duas centenárias Sociedades Musicais pelo esforço e dedicação.

domingo, 24 de julho de 2022

Faleceu Selma Antônio de Souza +

     Faleceu no Hospital Nª Sª da Conceição em Tubarão onde estava internada, vítima de AVC, Selma Antônio de Souza, aos 79 anos.
Selma Souza como a conhecemos, jovial, alegre, carnavalesca, flamenguista, aqui com a camisa do seu time de coração defronte ao Estádio Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro.

   
Foi professora, diretora da Escola de Educação Básica Renato Ramos da Silva no bairro Portinho, religiosa, carnavalesca (foi presidente da Escola de Samba Brinca Quem Pode), além de flamenguista das mais entusiasmadas, roxa mesmo, como se diz. 
Uma pessoa que fez parte da história do bairro Roseta (hoje Progresso). Viúva do saudoso Nelson (Dedinho) João de Souza, que nos deixou em setembro de 2020, mãe de Gelson Luiz (in memoriam, faleceu em 15/06/2021), Ronaldo Luiz, Nelson Magno, Paulo Roberto, Magda Regina e Sayonara, além de netos e bisnetos.
A cerimônia de velório acontece na capela mortuária da igreja Nª Sª Auxiliadora no bairro Progresso e o sepultamento será às 10 horas desta segunda-feira (25) para o Cemitério da Cruz.
Sentimentos aos familiares e amigos.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Laguna NÃO aparece no ranking principal das 50 melhores cidades de pequeno porte

 Algumas manchetes divulgam que Laguna estaria em 1º lugar entre as 50 cidades de pequeno porte no Brasil. Publicadas desta forma em alguns sites e redes sociais aqui da região induzem à leitura equivocada. Intencionalmente ou não.

 Analisando detalhadamente os dados divulgados a gente observa que não é bem assim, infelizmente para nós. Laguna NÃO aparece no ranking principal das 50 melhores cidades de pequeno porte. 
E aí não há nada a se comemorar, muito pelo contrário.
Clique aqui para visualizar as tabelas com as respectivas classificações e cidades. 

O que na real a pesquisa demonstra é que Laguna ficou em 1º lugar entre 50 municípios brasileiros de pequeno porte EM UM dos indicadores, o Social-Habitação. 
É motivo de comemoração? Penso que sim. Mas não muito. Mas a nossa cidade mereceu tabela e destaque na reportagem da revista junto com outros dois municípios litorâneos: médio porte (Rio das Ostras-RJ) e grande porte (Fortaleza- CE).

Mas saliente-se que os três municípios, Fortaleza, Rio das Ostras e Laguna NÃO se classificaram entre os 50 melhores municípios do Brasil no ranking principal.

Em linguagem de futebol, numa comparação meia boca, diríamos que ganharam a rodada mas não o campeonato.  
É como se uma escola de samba ganhasse em UM quesito, EM APENAS UM, mas nem se classificasse no resultado final.

Já o município de Timbó (SC), por exemplo, neste mesmo indicador “Habitação” aparece em 46º lugar, ou seja, nos últimos lugares, mas em compensação no ranking geral ficou em 1º lugar em cidades de pequeno porte.
 
Vejamos:
A pesquisa foi feita pela Revista Isto É (Editora Três) em parceria com a empresa Austin Rating e traduz como se comportaram os municípios e quais se saíram melhor NA ÚLTIMA DÉCADA, em que o país cresceu apenas 0,4% na média anual, enquanto o crescimento mundial no mesmo período foi de 3%.  A pesquisa foi divulgada no mês passado.

A pesquisa analisou dados públicos de 5.565 municípios brasileiros, com a observação de 281 indicadores:
Econômicos (padrão de vida, mercado de trabalho, comércio exterior).
Fiscais (capacidade de arrecadação e execução orçamentária)
Sociais (qualidade de vida, educação e habitação e desenvolvimento humano)
Digitais (mobilidade digital, e acesso digital ao conhecimento). 
 
Na estrutura de cálculo montada para elaborar o ranking o primeiro indicador (econômico) tem um peso de 30%; o segundo indicador (fiscal) de 35%; o terceiro indicador (social) 25% e o quarto indicador (digital) o de 10%.

Quanto à classificação da Laguna em 1º lugar no indicador “Social-Habitação”, desconheço quais foram os dados utilizados e tabulados. Mas a pesquisa fala em dados obtidos nos últimos dez anos. Portanto, atravessou algumas gestões.

Também desconheço nesses últimos sete anos qualquer iniciativa ou projeto para diminuir o déficit habitacional na Laguna.

É provável que se tenha incluído na pesquisa os números da construção do condomínio habitacional Henrique Paes de Medeiros, no bairro Mato Alto com suas 176 unidades (apartamentos) inaugurado em 2015 pelo Governo Federal. 
Essa única construção no município deve ter alavancado bastante o índice. 

Que Laguna é linda, charmosa, exuberante, turística, de bela praias, histórica (apesar de mal cuidada), tombada, terra de Anita Garibaldi, cidade que amamos, etc. é a mais pura verdade. 

Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa bem diferente. Ou como diria um manezinho, não confunda bife à milanesa com bife ali na mesa. 


sábado, 16 de julho de 2022

Banda União dos Artistas vence concurso em Gaspar

Momentos da apresentação. 
     A Banda Musical União dos Artistas da Laguna venceu na noite deste sábado (16), na categoria concerto a 34ª edição do Concurso de Bandas e Fanfarras realizada em Gaspar.
   Participaram bandas de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
   A apresentação da União, que foi transmitida na página oficial do Facebook da banda pela jornalista Chirle Ponciano, arrancou muitos aplausos do público presente ao Ginásio de Esportes Wilmar Suly Pereira, que cantou junto os sucessos executados, principalmente "Me leva junto com você", "É tarde demais" e "Cheia de manias" da Banda Raça Negra.  

    Segundo o maestro Gesiel Fernandes a banda tocou maravilhosamente bem, cada naipe bem executado, todos emocionados e concentrados em sua missão. “Tudo valeu a pena, desde as apresentações, os ensaios, a viagem, a parada, a avaliação do uniforme”, destaca Gesiel. O maestro complementa parabenizando os musicistas, confirmando que a banda só tende a crescer e que juntos não podem parar. 

    Já o presidente da SMUA, Giovani revela que tudo foi lindo e emocionante. “Agradeço ao maestro Gesiel, aos diretores e, principalmente, a cada músico que no último mês se dedicou e honrou a nossa SMUA, vocês foram e são maravilhosos. Tenho muito orgulho e gratidão em fazer parte dessa família”, elogia o presidente.

    Parabéns aos músicos, ao maestro Gesiel Fernandes e a atuante diretoria da Sociedade Musical União dos Artistas, através de seu presidente Giovani Cardoso por mais esta conquista histórica que entra para os anais musicais de nossa cidade. 
Músicos e membros da diretoria comemoram o resultado. Foto: Divulgação/União dos Artistas

A entrada no Ginásio, palco da apresentação. 




quarta-feira, 13 de julho de 2022

Laguna já foi uma cidade industrial

 
Sabonete, sabão, vela, calçado, gasosa, cerveja, vinhos de frutas, caramelos e bombons, gelo, couro, fogos de artifício e enlatados são alguns dos produtos que já foram produzidos em nossa cidade. Além do café, arroz e pescado através de empresas de beneficiamento.
Dentre as fábricas que existiram constam três de produção de cigarros. Uma delas, que funcionou em pleno centro da cidade, lançou cinco marcas no mercado nacional.

Laguna já teve muitas indústrias, fábricas e beneficiamentos. As décadas de 1910 a 1950 foram pródigas na pujança econômica e social do nosso município.
O que refletiu, por exemplo, em sua arquitetura com a construção de sobrados e palacetes por parte de industriais, comerciantes e armadores. Período em que nosso movimentado porto escoava a rica produção, na ausência de rodovias. Havia muitos empregos e o capital circulava.
Fábrica de gasosas Gruner (1923)
A nossa cidade já teve fábrica de gasosa, primeiramente de Paulo e depois de Willy Arno Gruner. Uma charqueada na Barbacena, de Pinho & Cia.
Já teve três fábricas de cerveja: a Brandl, primeiramente de Antônio e depois de Otto Brandl. A Sulina, de Dolvino Felipe Martins, e outra de Eugênio Viana.
Fábrica de cerveja de Antônio Brandl, em 1887.

   Teve quatro fábricas de calçados: uma de Pio Machado, outra de Manoel Medeiros, uma terceira de Antônio J. Silva e a quarta de Paulo Zanini.
Laguna já teve três fábricas de sabão: de Machado & Cia, de José Fernandes Martins, e de Dário Gomes de Carvalho.
Uma indústria de vinho de frutas, enlatados e camarão seco, de Pedone & Cia. A fábrica de Dário Gomes de Carvalho, produzindo perfumes, sabonetes, sabão e velas.
Fábrica de engarrafamento de vinagre, a A. Pavan. De caramelos e bombons, de Dolvino Felipe Martins. De móveis, de João Wendhausen, de José Felipe, de Manoel Umbelino e de Arcângelo Bianchini.
Industrialização de couros, de Ernesto Bihel, na Carniça (hoje Campos Verdes).
Fábrica de gelo, de Teixeira & Irmãos, ali na rua Fernando Machado (rua do Rincão). Em 1915!
Fábrica de gelo em 1915.
Teve fábrica de torrefação e moagem de café, de Carlos Emilio Strauch (em 1908), a de Eduardo Silva (Café Ned), e a de Afonso Prates Silva (Café Salete).
Moagem e torrefação de café em 1908.
Fábrica de fogos de artifício de Custódio José Duarte (1900), de José Maria Calazans (1912), e de Joaquim Soares (1920), as três no bairro Magalhães; e de Fernando Coelho (1912), no bairro Campo de Fora.
Fábrica de fogos de artifício de Fernando Coelho, no Campo de Fora, em 1912.
Teve moinhos de arroz e de mandioca, além de muitas outras empresas de beneficiamento de pescados, como a Santa Marta e a Nipo Brasileira. A lista é variada e extensa. 

As fábricas de cigarros
Entre as fábricas que a Laguna já teve constam três de produção de cigarros.
A primeira delas, de menor porte, de propriedade de José de Araújo Teixeira produziu durante alguns anos, no começo do século XX a marca Diplomata.

A segunda fábrica, de Pedro Alves Gomes & Irmão, proprietários da Casa Amazona, além de vender produtos de armarinho, cristais e porcelanas, finos doces em caldas e secos, charutos, fumos, papéis e palhas para cigarros, cachimbos, piteiras, bolsas para fumo e cigarrilhas, produzia os cigarros de afamada marca Annita Garibaldi. Isso no ano de 1908!
Olha aí o nome da nossa heroína de Dois Mundos sendo utilizado já naquela recuada época em produto e peça de publicidade.
Casa Amazona produzia os cigarros Annita Garibaldi. Em 1908!
Fábrica ao lado do Museu
A terceira fábrica, Euzébio Nunes & Cia, foi fundada no ano de 1933 e pertenceu ao industrial Euzébio Nunes. Suas instalações eram naquele casarão onde já funcionou a Biblioteca Pública Romeu Ulysséa e prefeitura, situado ao lado do Museu Anita Garibaldi, na hoje Praça República Juliana (antiga Praça da Bandeira).
Casarão onde funcionou na década de 1930 a empresa Euzébio Nunes & Cia.
Em outubro de 1933 a empresa lançou no mercado cinco marcas de cigarro: Alaska, Nevada, Sarita, Bocanegra e Siri, além de fumo preparado Butiá.  A produção, em modernos maquinários importados, era de 23 mil cigarros/hora.

 Siri, Sarita e Bocanegra, três das cinco marcas lançadas em 1933 pela empresa Euzébio Munes & Cia.

O preparo e acondicionamento ficavam a cargo do sócio e irmão Álvaro Nunes, que havia trabalhado sete anos em São Paulo em fábricas de cigarros. Outro irmão, sócio e funcionário era Caetano Nunes.
Como ainda não havia lavoura de fumo na região, utilizou-se matéria prima oriunda do Rio Grande do Sul e importada da China e Turquia.
Em paralelo, Euzébio Nunes fez intensa publicidade aos agricultores da região sul do nosso estado, inclusive distribuindo sementes e folhetos explicativos. As sementes eram fornecidas pela Inspetoria Agrícola de Florianópolis, tendo como procedência a Estação Experimental do Ministério da Agricultura da Bahia.
Os folhetos distribuídos por Euzébio Nunes.
Em entrevista ao jornal lagunense A Cidade, edição de 7 de outubro de 1933, o industrial Euzébio era todo esperança:
“Até há pouco tempo essa indústria não era explorada nesta zona. Estou vivamente empenhado no cultivo do fumo A indústria do fumo em todas as suas ramificações será por nós explorada. A partir do ano que vem esperamos já utilizar matéria prima que a nossa região produzir”.
Já o jornal A República, de Florianópolis noticiou o fato, inclusive destacando preços e qualidades dos produtos recebidos de Euzébio Nunes que visitou a redação “em agradável palestra” e, claro, aproveitou para fazer o hoje chamado marketing. 
Aliás, o industrial Euzébio sabia usar a publicidade, o merchandising. No carnaval de fevereiro de 1934, o Bloco Carnavalesco de nossa cidade Pingos & Respingos trouxe como um dos carros alegóricos uma grande carteira de cigarros da marca Nevada.

O jornal destacou:
“O cigarro Nevada, ao preço de 600 réis, é uma mistura fraca, com acondicionamento impecável, nada deixando a desejar ao consumidor mais exigente”.
“O Sarita, para 500 réis, em elegantes carteiras azuis”.
Bocanegra e Siri, para 300 réis, saborosos cigarros destinados a um grande consumo. Os produtos da novel fábrica catarinense são realmente bem feitos e merecem a preferência do público”.

Numa velha crônica publicada no jornal Semanário de Notícias, o músico e maestro Agenor dos Santos Bessa, contemporâneo da fábrica, observou:
“Não digo que todas as marcas fossem muito boas, como o Sarita, o Siri e Bocanegra, mas o Nevada e o Alasca eram muito bons cigarros, tanto assim, que todo o sul do estado era mercado consumidor, principalmente o comércio de Tubarão”.
Tempos outros em que população e consumidores não tinham conhecimento dos malefícios do fumo à saúde. 

A produção durou apenas um ano
A produção durou cerca de um ano. Euzébio Nunes no ano seguinte, em 1934, informou pelos jornais que grande parte das sementes distribuídas pelo Ministério da Agricultura estavam falhadas. “Não sabemos ao certo se não nasceram por estarem estragadas ou se devido ao intenso frio deste inverno”, lamentou.
Como a produção da matéria prima murchou, a confecção dos cigarros tornou-se inviável com a continuação da importação de fumo dos grandes centros e também do exterior. A produção dos cigarros parou.

Em 1936 Euzébio Nunes foi eleito presidente da Associação Comercial da Laguna. Sua empresa, junto com seus sócios, continuou no ramo de exportação de mandioca, madeira e outros produtos primários para os mercados consumidores europeus.
Duas décadas depois, em 1955 surgirá a empresa Souza Cruz no município de Tubarão, utilizando-se de matéria prima produzida pelos agricultores (fumicultores) da região, com fonte regular e constante e a integração da etapa de processamento de fumo bruto à cadeia produtiva. Mas esse é outro capítulo.
Que fique aqui registrado o pioneirismo do industrial lagunense Euzébio Nunes lá na década de 1930 em incentivar a agricultura de fumo em nossa região sul e instalar sua fábrica do produto.

sábado, 9 de julho de 2022

+ Faleceu Maria Estelita Barreto

 
Faleceu neste sábado (9), aos 97 anos no Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos, a educadora Maria Estelita Barreto.
Maria Estelita Barreto
O velório acontece na Central de Luto Cristo Rei, próximo à Escola de Ensino Médio Almirante Lamego (Ceal) até às 23h de hoje. Retornando amanhã (domingo) às 8h com sepultamento às 15 horas do mesmo dia no Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Santo Antônio.

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Maria Estelita Barreto nasceu em Imaruí em 10 de outubro de 1924, filha de Júlio Heleodoro Barreto Júnior e Águeda (Capanema) Barreto.
Foi professora Normalista do Grupo Escolar Jerônimo Coelho a partir de 1947 e alguns anos depois nomeada por concurso diretora do Grupo Escolar Carlos Gomes, em Imaruí. Exerceu o cargo de direção em outros estabelecimentos escolares, entre eles o Grupo Escolar Visconde de Taunay, em Lauro Müller. Depois, foi nomeada por concurso Inspetora Escolar, lotada em Tubarão. De 1962 a 1978 assumiu o cargo de Coordenadora Local de Educação na Laguna.

Teatro
Maria Estelita atuou no teatro lagunense na década de 1950. Pertenceu ao Grupo Dramático Dr. Mota que era ligado à Paróquia Santo Antônio dos Anjos e tinha em Francisco de Paula Carneiro (Chico Malaquias) o seu baluarte. Os ensaios e apresentações aconteciam no prédio dos Vicentinos, ao lado da Igreja Matriz.

Rádio
Atuou também no rádio-teatro lagunense, através das novelas que eram apresentadas em tempo real, como "Salão Grená". Osmar Cook (autor do hino da Laguna) era quem escrevia os textos, ao lado de outros profissionais do rádio, como Eraldo Silveira.

Homenagens
Em 1998 recebeu a Comenda da Ordem Domingos de Brito Peixoto das mãos do prefeito da Laguna João Gualberto Pereira.
Em 2009 pelo decreto Legislativo 0020/2009 Estelita Barreto foi homenageada com o Título de Cidadã Lagunense, por relevantes serviços prestados à nossa cidade.
Em junho de 2012 foi homenageada em sessão solene pela Câmara de Vereadores da Laguna quando do tributo ao Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina pelos 50 anos de sua fundação. À ocasião foram também homenageados a professora Hilda Soares Bicca e o professor Jairo Ulysséa Baião. Era presidente do Conselho o lagunense, professor Maurício Fernandes Pereira.
Após sua aposentadoria em 1981 d. Estelita dedicou-se às atividades religiosas e beneficentes na igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos. Era moradora há muitos anos do bairro Campo de Fora.

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Entrevista com a professora Maria Estelita Barreto

Em 2008 Maria Estelita Barreto concedeu entrevista à professora e escritora Maria de Fátima Barreto Michels. O tema foi o teatro e o rádio-teatro na Laguna na década de 50 em que ela participou. A matéria foi publicada na Revista Literária Balaio das Letras nº 02, publicação do Grupo de Escritores Lagunenses Carrossel das Letras –GEL: 

Quando a sra. começou a atuar no teatro e que características marcavam a dramaturgia em Laguna, nos anos 50?
 Estelita – Comecei a representar em dramas e comédias quando, ainda interna no Colégio São José, em Tubarão, fazia o Curso de Normalista. Depois de formada, ao retornar à Laguna, fui convidada pelo sr. Francisco de Paula Carneiro (Chico Malaquias), que atuava no grupo ligado à Associação dos Vicentinos. A dramaturgia em Laguna era uma atividade amadora, realizada por pessoas que representavam por amor à arte. Cada um tinha seu emprego durante o dia e, à noite, ensaiávamos no prédio dos Vicentinos. O “Grupo Dramático Dr. Mota” era ligado à Paróquia da Igreja Matriz de Santo Antônio. Nossa apresentação em geral constava de um drama ou uma comédia acrescida ao final do chamado Ato Variado, em que atuavam moças com números de canto, dança e música.

 Que peças a sra. nos citaria como recordação de sucesso de bilheteria?
Estelita – Naquela época o teatro sempre fazia sucesso, porque era o que havia de lazer cultural para as famílias lagunenses, mas gostaria de citar uma peça em três atos, um drama de autoria de Jarbas Bayeus, cujo título era “A Carteira Fatal”.
Na comédia, fizemos grande sucesso com “Cala a Boca, Etelvina”, de autoria de Armando Gonzaga, que, depois, virou filme estrelado por Dercy Gonçalves. Estes textos em geral vinham do Rio de Janeiro e São Paulo, mas tivemos autores daqui como Osmar Cook e Eraldo Silveira, que escreveram para as rádios-novelas.

Então a sra. atuou no teatro e no rádio? Poderia falar da rádio-novela?
Estelita- Sim, as novelas da Rádio Difusora faziam muito sucesso naquela época. Novamente a convite do sr. Chico Malaquias fui atuar no rádio. Convivi com profissionais da competência de Nelson Almeida e Carlos Horn, que eram diretores. Um programa que fez muito sucesso foi “Salão Grená”, onde as novelas iam ao ar em tempo real.

Poderia nos falar dessa experiência da rádio-novela, em comparação com a atuação diante do público no teatro? E com quais atores a sra. trabalhou? Quais os lagunense que atuaram no teatro e no rádio?
Estelita – A experiência da rádio-novela era gratificante, porque gerava uma empatia muito grande com o público e havia uma abrangência ampla, que o rádio atinge. Na rádio-novela, podíamos emprestar nossas vozes e emoções a qualquer personagem, o que não é tão simples, quando atuamos no palco. No estúdio, ao microfone, fazemos a princesa e a megera com maior facilidade. Os atores que trabalhavam na rádio-novela era Chico Malaquias, Osmar Cook (que escrevia os textos também) e o próprio sr. Nelson Almeida, que fazia pontas nas novelas, além de muitos outros.
No teatro, havia atores como Lauro Barreto, Manoel de Oliveira, Miguel Faísca, Lídia Abrahão, Glorinha Roberge, Rinalda Eghert, Nelcides Ghiraldelli, Milton Castro, Antônio Capanema Barreto (meu irmão), Zaira Mattos (estudante imaruiense, em Laguna) e muitos outros.

 Havia outros grupos de teatro em Laguna? Quanto tempo uma peça ficava em cartaz? Vocês levavam o espetáculo a outras cidades?
Estelita – Uma peça era encenada umas cinco vezes e, com raras exceções, não costumávamos viajar com nosso grupo para apresentações fora de Laguna. Sim, havia outro grupo de teatro muito bem estruturado em Laguna, do qual fazia parte a professora Hilda Soares Bicca, atriz de excelente atuação no palco. Este grupo encenava suas peças no Cine Central.

 A sra. Foi professora da rede pública e particular e lá não havia teatro?
Estelita – Não ensinávamos teatro na escola, mas houve eventos onde o professor Pedro Piva convidou-nos e lembro de colegas como Mirtes Oliveira, por exemplo, que atuou. Eram peças com finalidade beneficente, em prol da Caixa Escolar do Grupo Jerônimo Coelho, onde lecionávamos.

Poderíamos dizer que a arte dramática realizada pela sua geração foi o mais belo projeto vivenciado em sua juventude?
Estelita – Sem dúvida. As atividades do teatro e do rádio preenchiam nossas horas ociosas de forma muito agradável e foi um belo projeto que realizamos na juventude.
 
A Revista Balaio das letras esqueceu algo que a sra. gostaria de comentar?
Estelita – Acrescentaria que a convivência com meus irmãos Lauro e Antoninho, no teatro lagunense dos anos 50, foi uma linda fase vivida. Diria também da minha admiração pelo talento do ator que foi Lauro Barreto. Agradeço a oportunidade que a revista Balaio das Letras me ofereceu. Muito obrigada!

 O prazer foi nosso, professora Maria Estelita Barreto! Nós é que agradecemos tão agradáveis momentos!




quinta-feira, 7 de julho de 2022

União dos Artistas participa de concurso de Bandas em Gaspar

 
No próximo dia 16 de julho (sábado), a Sociedade Musical União dos Artistas vai participar da 34º edição do Concurso de Bandas e Fanfarras, a ser realizado no município de Gaspar.
Sociedade Musical União dos Artistas vai a Gaspar no próximo dia  16 de julho. Foto: J.E. Fotografias/Divulgação
O evento contará com bandas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo que serão avaliadas em vários quesitos.
Para Giovani Cardoso presidente da Sociedade Musical União dos Artistas, a Banda tem um grande desafio pela frente. “Já estamos nos preparando, ensaiando há algum tempo para desempenharmos uma excelente apresentação e doar todos nossos esforços para trazer um título para nossa cidade, que nos acolhe com tanto carinho e respeito”.
O concurso vai acontecer no Ginásio de Esportes Wilmar Suly Pereira, Bairro Bela Vista e será aberto à comunidade, com entrada gratuita, com início às 10h.
Sucesso à nossa centenária “vovó” das bandas, que este ano completou 162 anos de fundação.