30 outubro 2025

De um racha no Xavante surgiu o Cordão Carnavalesco Sossega Leão

 

O Xavante foi fundado em 22 de fevereiro de 1946. Quatro anos depois um racha entre os componentes provocou o surgimento do Cordão Carnavalesco Sossega Leão que surgiu no carnaval lagunense em1950 e marcou época.

Eis mais um capítulo para compor o livro sobre a história do carnaval da Laguna.
Numa mesa do Café Tupy, situado na rua Raulino Horn, diretores e sócios do Clube de Salão Bola Preta, além de outros carnavalescos, fundaram o Clube Carnavalesco Xavante.
Meu pai Valmir Guedes, que estava entre os fundadores do Xavante desde a sua mocidade, contava que a ideia da formação partiu do “seu” Remi Fermino. 
Sobre à mesa com tampo de mármore da icônica casa comercial situada entre as esquinas das ruas XV de Novembro com Raulino Horn, um estatuto do Bloco foi rascunhado numa folha de papel.
Era fevereiro, véspera de carnaval. Logo depois, Remi Fermino reuniu umas quinze pessoas que se dirigiram à residência do Alvim Ávila, situada nos altos da rua Júlia Nascimento, no Morro da Nalha como é mais conhecido.
Lá criaram as fantasias formadas por penachos de penas de galinhas mais tangas de esteiras. E assim desfilaram no carnaval daquele ano.
Por que o nome Xavante? Porque naquele ano de 1946, a tribo Xavante estava em todos os noticiários do Brasil. O repórter David Nasser e o fotógrafo Jean Mazon da Revista O Cruzeiro haviam feito alguns meses antes reportagens sobre a tribo de índios “Chavantes”, descoberta nas selvas do Mato Grosso.
Sendo assim, no carnaval do ano que vem de 2026 o Xavante completará 80 anos de fundação. E já lançou seu samba de enredo, como já divulgado. 

O racha e o surgimento do Sossega Leão
    Mas o que poucos sabem é que quatro anos depois da fundação do Xavante aconteceu um racha entre seus componentes.
O sargento do Tiro de Guerra 137 de nossa cidade, José Mário Barbosa começou a fazer parte da diretoria do Xavante e logo depois se tornou Mestre de Bateria, impondo cronogramas e adotando rígidas regras e horários.
No carnaval de 1949, além da disciplina nos ensaios, fazendo valer sua formação militar, Barbosa quis mudar – e mudou - o ritmo da bateria do Bloco, o que descontentou muitos componentes, principalmente os ritmistas dos tamborins.
Por causa desses desentendimentos, surgiu no carnaval de 1950 o Bloco Sossega Leão, uma dissidência do Bloco Xavante.
Os componentes do Sossega Leão desfilaram pelas ruas da cidade com um carro alegórico, que era um barco todo enfeitado. Nele ia um cantor, o também ator do nosso teatro Wilson Malaquias, interpretando uma música de carnaval lançada em 1937 gravada por Carmen Miranda, de grande sucesso, chamada “Camisa Listrada”, de Assis Valente.
O jornal O Albor de 25 de fevereiro de 1950 faz menção ao desfile do Bloco Sossega Leão, mas sem entrar em maiores detalhes.
Já sobre o carnaval do ano seguinte, o de 1951 o mesmo jornal comenta: 

 “Os Blocos Xavantes e Sossega Leão percorreram as ruas da cidade, sempre acompanhados por grande massa popular que os aplaudia delirantemente.
O Xavante e o Sossega Leão apresentaram carros alegóricos e de mutação, arrancando da massa popular frenéticos aplausos”. 

Foram somente dois anos de desfile
A partir de 1952 não há mais notícia de desfile em nosso carnaval do Cordão Carnavalesco Sossega Leão. É que com a transferência para outro município do sargento e mestre de bateria Barbosa, todos os componentes retornaram ao Xavante.
O tempo passou, muitos dos componentes faleceram, memórias se apagaram. Surgiram versões, lembranças truncadas, mesmo porque foi curta a existência do Cordão.
Décadas mais tarde ninguém lembrava mais nada, nem quais foram os anos exatos do desfile do Sossega Leão, nem quais foram seus fundadores. 
Fotos não há, a não ser que daqui a pouco a gente descubra em algum álbum de família. Às vezes acontece.

Ata de fundação do Sossega Leão

Pois recebi do amigo Lourival Tomaz Antônio um precioso documento. É uma cópia em três páginas da ata de fundação do Cordão Carnavalesco Sossega Leão.
Pela leitura, constatamos que a referida entidade desfilou no carnaval de 1950, que a reunião de fundação aconteceu pós carnaval daquele ano na sala do Centro Cultural Antônio Guimarães Cabral, sala-sede situada no lado norte do futuro Museu Anita Garibaldi, na Praça da Bandeira, hoje República Juliana. 
E que o nome do Cordão Sossega Leão foi em homenagem ao carnavalesco e nosso primeiro Rei Momo Egeus Laus. No carnaval de 1938 ele já havia criado um bloco com esse nome. 
Sobre Laus já escrevi AQUI
Ficamos sabendo também que João Lopes Gazzola foi o criador e primeiro presidente, Ricardo Miranda o presidente de honra e Edú Schultz o primeiro secretário do Sossega Leão.
Entre seus membros, dois fundadores do Xavante: Jesael Bento e João Lopes Gazola.
E muitos outros conhecidos e de saudosa memória.
Recuperei somente o refrão da música do Cordão Sossega Leão composta pelo maestro Fernando Eggert para o carnaval de 1951. Vai que alguém lembra do restante da letra:

“Se dizem que o teu nome não nega,
 Sossega leão, sossega...”

 Ata de fundação do Cordão Carnavalesco Sossega Leão

Aos nove (9) dias do mês de março do ano de um mil novecentos e cincoenta (1950) na Sala de reuniões do Centro Cultural Antônio Guimarães Cabral, sita a Praça da Bandeira, nesta cidade, cedida gentilmente por sua digna diretoria, reuniram-se os senhores: João Lopes Gazzola, Aurélio Johanny Tasso, Silvio dos Santos, Edú Schult, Jesael Bento, Walter Aguiar da Silva, Arnoldo Francelino, Pedro Paulo dos Santos, Joel Marcondes de Oliveira, Nerino Justino, Nelson Souza, Osmar Macedo, Vitor Souza, a fim de fundarem um Cordão Carnavalesco denominado: “Sossega Leão”, nome este, em homenagem ao saudoso folião “Egeus Laus”, por ter sido este um dos maiores animadores do carnaval de rua desta cidade. O referido cordão hoje fundado, tomou parte no carnaval de 1950 desfilando pelas ruas desta cidade com carros alegóricos e batucadas. Pelos presentes foi dada a presidência da presente reunião ao sr. João Lopes Gazzola, como iniciador da formação do bloco, digo cordão. Usando da palavra o sr. João Lopes Gazzola, declarou aos presentes o motivo desta reunião. Em seguida foi procedida a eleição para Presidente e Vice-Presidente, ficando os demais membros da diretoria que irá dirigir os destinos deste Cordão até dezembro do corrente ano a critério do Presidente recém-eleito. Procedida a apuração foram verificados os seguintes:
João Lopes Gazzola – para Presidente – (10) dez votos
Jesael Bento – idem, idem (1) um voto
Joel de Oliveira – idem, idem (1) um voto
Aurélio J. Tasso – idem, idem (1) um voto
Jesael Bento – para Vice-Presidente – (9) nove votos
João Lopes Gazzola – idem, idem, idem (1) voto
Júlio M. de Oliveira – idem, idem, idem (1) voto
Nerino Justino – idem, idem, idem (1) voto
Aurélio J. Tasso – para vice-Presidente (1) voto
Ficando assim eleitos os senhores João Lopes Gazzola e Jesael Bento, Presidente e Vice-Presidente respectivamente. Novamente com a palavra o sr. Presidente solicitou aos presentes que fosse feita a votação para Presidente de Honra, que foi aceito pelos presentes e feita a apuração verificou-se o seguinte: Ricardo Miranda – onze votos, José Lopes Ferraz – um voto e Nerino Justino – um voto, ficando eleito por maioria de votos o Sr. Ricardo Miranda. O Sr. Presidente convidou para fazerem parte da diretoria os seguintes senhores: para 1º secretário Edú Schultz, 2º dito Joel Marcondes de Oliveira, para 1º tesoureiro Walter Aguiar da Silva, para 2º dito Otaviano Trajano, orador José Lopez Ferraz; diretor técnico – Aurélio Johanny Tasso, que escolheu para seus auxiliares os senhores Silvio dos Santos e Pedro Paulo dos Santos; Para diretor artístico o senhor Alfredo Pigozzi e auxiliares os senhores Frutuozo Ezequiel de Souza e Walmir Tavares; para fiscais José João Alves, João Júlio de Oliveira e Heitor Souza, o que foi aceito e empossado juntos com o Presidente e vice-Presidente. Estiveram presentes à reunião os srs. Nelson Manoel Marques e Carlos Barbosa, componentes do nosso coirmão “XAVANTES”. Nada, digo, ficam considerados fundadores do Cordão Carnavalesco “Sossega Leão”, todos que assinam esta ata por estarem presentes à reunião. Nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente deu por encerrada a presente sessão, e foi lavrada por mim, Edu Schult, secretário ad-oc a presente ata que vai assinada pelos presentes.
Laguna nove de março de um mil novecentos e cinquenta. Edu Schultz
João Lopes Gazzola, Walter Aguiar da Silva, Osmar Macedo, Jesael Bento, Nelson Souza, Victor Souza, Joel Marcondes de Oliveira, Aurélio Johanny Tasso, Nerino Justino, Arnoldo Francelino, Pedro Paulo dos Santos.
Em tempo; a presente ata foi lida e aprovada. Laguna 9 de março de 1950. Edu Schult secretário

1ª página da Ata de fundação do Cordão Carnavalesco Sossega Leão em 9 de março de 1950. Acervo: Lourival Tomaz Antônio.



27 outubro 2025

Na principal praça da Laguna, o desleixo

 
Lâmpadas queimadas, escuridão, bancos e pedestais de concreto desmontados e jogados ao chão, gradis de ferro quebrados e enferrujados, muita sujeira, folhas, galhos, restos de troncos secos e podres, chafariz sem funcionar, bancos de madeira quebrados e sujos, cúpulas de luminárias imundas.

     

Bancos e pedestais de concreto jogados ao chão.

Esta é a triste e real situação do principal Jardim da Laguna, o Calheiros da Graça, situado no Centro Histórico da cidade, na Praça Vidal Ramos, a praça da Matriz, como é mais conhecida.
Um Jardim mais que centenário, inaugurado em 1915! E tombado pelo Patrimônio Histórico. 
Alô, alô Iphan!

Gradis enferrujados e quebrados.

Não há flores – seria pedir muito – nem replantio de algumas árvores que sucumbiram com o passar do tempo. Espécimes que foram trazidas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A gente se pergunta: Ninguém vê isso? Será que nossas autoridades não caminham por ali? Onde estão os titulares das secretarias de Obras, da Fundação Irmã Vera? Do Turismo? Cadê seus Adjuntos? E assessores? Cadê os vereadores?
Não sentem vergonha do estado lastimável em que se encontra mais este local?
Se o centro está desse jeito imaginem como estão os demais locais da Laguna, as praças e ruas dos bairros mais distantes.

Troncos secos e podres.

Laguna cartão-postal assim? Essa é a cidade turística que vocês propagandeiam? Que vão a São Paulo mostrar em stands?
A realidade é um desleixo e não adianta tapar o sol com peneira. Só não enxerga quem não quer ver.
E não me venham com imagens aéreas. De cima tudo parece bonito.
Assumam o papel de síndicos da cidade, de zeladores. Vão andar pelas ruas e bairros e ver o estado que se encontram. Vão botar mãos à obra, tomar providências para resolver os problemas.
Parem de sonhar, de delirar com eventos. Só pensam nisso. 
Vão arrumar a casa primeiro. Basta de choramingar desculpas, chega de mi-mi-mi.
Vão cuidar da nossa Laguna. Para isso foram eleitos e são pagos pelos cidadãos. Vão fazer o básico, o arroz-com-feijão.

25 outubro 2025

FOTO-RETRÔ

 

Em 2004, quando da peça teatral ao ar livre A Tomada da Laguna, as lagunenses que participaram da encenação: Selma Fortunato Ávila, Neusa Lopes Rosa e Marli Brum posam com o ator Tarcísio Meira Filho que interpretou o coronel farroupilha Teixeira Nunes. Foto/Acervo: Selma Fortunato Ávila.


23 outubro 2025

Banda Musical Carlos Gomes em campanha para reformar sua sede

 

Com o lema “Somos a sua música, precisamos de você!”, a Sociedade Musical Carlos Gomes lançou campanha para arrecadar recursos visando reformas em sua sede.
A Banda Musical Carlos Gomes, fundada em 1882 e a segunda mais antiga de nossa cidade, faz parte da história e da cultura da Laguna.
Com um pequeno gesto, você ajuda a manter viva essa tradição centenária.
Faça sua doação via PIX: 83.710.608/0001-37 (CNPJ)

ou em Conta Corrente do Banco do Brasil:

Sociedade Musical Carlos Gomes
Banco 001
Agência: 0345-0
Conta Corrente: 124191-5

17 outubro 2025

Imigrantes italianos no porto da Laguna

 
Foi no porto da Laguna a partir de 1877 que começaram a chegar as levas de imigrantes italianos vindos da Europa para colonizar as terras no sul catarinense, nas cabeceiras do Rio Tubarão.

Grupo de Imigrantes italianos no século XIX que chegaram ao sul de Santa Catarina. Fonte: Publicação Comemorativa da Passagem do Centenário da Comarca da Laguna-1956.

Chegaram depois de uma extenuante viagem, atravessando o Atlântico, aportando no Rio de Janeiro, seguindo pelos portos de Santos, Paranaguá, Desterro e finalmente Laguna.
Era aqui que afluíam todos eles, antes das determinações oficiais para prosseguirem em canoas a remo pelo Rio Tubarão até as novas colônias já implantadas ou em implantação. A espera às vezes levava dias.
A partir de 1º de setembro de 1884, com a inauguração da Estrada de Ferro Thereza Christina, os imigrantes seguiam nos trens até Tubarão e depois prosseguiam até a Estação Ferroviária de Pedras Grandes.
E foi por este mesmo Porto da Laguna que pouco tempo depois a produção desses imigrantes era escoada para outras praças comerciais, outros mercados consumidores como a capital do Brasil, o Rio de Janeiro.
Através do porto da Laguna escoavam os produtos primários e chegavam os manufaturados.
Bem por isso, uma onda de progresso começou a varrer toda a região sul do estado.
Na Laguna, teatro, clubes, Sociedades Musicais e carnavalescas, Grupos Escolares, jornais, biblioteca, hospital, mercado público, são construídos e inaugurados.
“Inegavelmente, foi a época de maior luxo em nossa terra”, diz Saul Ulysséa, em sua obra A Laguna de 1880.


O começo

Tudo começou com o presidente (governador) da Província de Santa Catarina Alfredo de Escragnole Taunay solicitando ao Governo Imperial a criação de núcleos coloniais no vale do Tubarão para aproveitar as terras férteis da região, com vantagens para a economia do país.
A sugestão também visava aproveitar a política de imigração lançada por D. Pedro II visando substituir o braço escravo por imigrantes europeus.
Em 21 de novembro de 1876 foi designado o engenheiro Joaquim Vieira Ferreira para dirigir o povoamento das cabeceiras do Rio Tubarão.
Veio com sua família e auxiliares do Rio de Janeiro para Nossa Senhora do Desterro a bordo do “Cervantes” e da capital para o porto da Laguna a bordo do “Conceição”.
Após uns dias em nossa cidade subiram o Rio Tubarão até a localidade de Pedrinhas, onde desembarcaram. Abriram picadas nas matas, fizeram a topografia e dividiram os lotes.
A sede do núcleo foi estabelecida na confluência do Riacho Cintra com o Rio Pedras Grandes.
Ranchos de pau a pique, cobertos de palha foram levantados no local à espera dos colonos imigrantes.

Os primeiros 291 imigrantes

E eles chegaram, em número de 291, oriundos das Províncias de Treviso, Verona e Mantua.
Chegaram depois de uma extenuante viagem após atravessarem o Atlântico, aportarem no Rio de Janeiro, seguindo viagem pelos portos de Santos, Paranaguá, Desterro e finalmente Laguna.
Após uns dias em nossa cidade subiram o Rio Tubarão e foram abrigados em rancho de tropeiros nos Morrinhos.
Dias depois continuaram a jornada. As bagagens vão nos poucos carros de boi existentes. As pessoas vão a pé. Chegam a Pedras Grandes e dali em diante levam nas costas suas bagagens.
Foram demarcados 130 lotes rurais com 275 metros de frente, contendo a área 302.500m2.
Os italianos foram alocados e se estabeleceram às margens do Rio Pedras Grandes, no Arroio Cintra, no Arroio do Norte, na Canela Grande, em Armazém e em lotes urbanos da colônia sede Azambuja.

As primeiras construções em Azambuja em 1878. Fonte: Vettoretti, Amadio. História de Tubarão, 1992. 

Nela foram abertas duas ruas e construída uma pequena praça e levantada uma capela.
A data de fundação de Azambuja é 28 de abril de 1877.
No ano seguinte, em 26 de maio de 1878, chegavam a Urussanga os primeiros colonos italianos. Bem por isso essa data é considerada a de sua fundação.
Esses imigrantes eram oriundos de Longarone, Província de Beluno, Região de Veneza.
Para o Brasil embarcaram no navio francês “São Martinho” e nos barcos da Companhia de Navegação “La Velloce”.

 

“Tão fortes quanto a vontade”

Nelma Baldin que escreveu o livro “Tão fortes quanto a vontade- A História da Imigração italiana no Brasil, os Vênetos em Santa Catarina”, conta das agruras da viagem marítima e das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes até chegarem ao seu destino.
Diz Baldin:

“O caminho era lento. Depois de chegarem ao Rio de Janeiro, passavam pelo porto de Santos, depois porto de Paranaguá e, finalmente, aqueles imigrantes que eram destinados para o sul de Santa Catarina chegavam ao porto da Vila de Nossa Senhora do Desterro”.
Sem qualquer tipo de alojamento os imigrantes ficavam aguardando a partida final para seu destino.
E continua Baldin:

“No Desterro, porém, eram colocados ao relento, e perambulavam a sós ou em grupos pelas ruas estreitas da vila ou sitiavam-se pelo cais do porto, por vezes em situações de algazarras, outras vezes em demonstrações de revolta. Ficavam aguardando a partida para o local de destino, conforme a orientação oficial”. 

A chegada no porto da Laguna: Num caldeirão preparavam a polenta

Ao chegarem ao porto da Laguna a situação do imigrante italiano não era diferente da de Desterro.
E era aqui que afluíam todos eles, antes das determinações oficiais para prosseguirem viagens em canoas a remo pelo Rio Tubarão até as novas colônias já implantadas ou em implantação. A espera às vezes levava meses.
De acordo com Saul Ulysséa em seu livro “A Laguna de 1880”:

 

“Chegavam muitos imigrantes destinados às colônias do interior. No dia da chegada eles aglomeravam-se num trapiche e ali preparavam suas refeições e ficavam aguardando condução para o interior.

Partiam em pequenas embarcações pelo Rio Tubarão em direção principalmente à Azambuja onde eram alocados num grande galpão.

Os que mais chegavam eram os italianos. Os mais pobres informavam-se da maneira de pedir, em português.

Algumas vezes viam-se alguns deles estendendo a mão, proferirem: ‘quel quel cossa, sinori’. Isto porém era raro. Algumas senhoras caridosas recebiam alguns deles, oferecendo-lhes refeições em suas casas.

Despertava a curiosidade pública, não somente o tipo diferente, como a indumentária estranha.

Faziam suas refeições no local e os italianos preparavam a polenta em um grande caldeirão que era mexida com uma acha de lenha.

Muitos prosperaram à custa de seus esforços e hoje seus descendentes desfrutam de fortuna e conforto, tendo contribuído para o nosso progresso”.


“Pobre gente iludida. Penúria e miséria”, diz jornal

A situação da longa espera em nosso porto era tão caótica, que o jornal lagunense A Verdade, de 11 de março de 1880 em editorial, pedia providências e demonstrava indignação pela situação dos imigrantes que aqui chegavam aguardando o transporte até as Colônias.

Imigrante – A população desta cidade sente-se ainda tomada de um sentimento de compaixão misturado de outro de indignação que lhe foi despertado pelo fato de ver, andarem de porta em porta, esmolando, diversas mulheres dos imigrantes que aqui passaram em viagem para o Tubarão.

Compaixão por ver a penúria, a miséria, as necessidades mil que pesam sobre esses infelizes que abandonam a pátria, por nela não poderem mais viver, e vem em nossa procurar o pão para matar-lhes a fome, um pedaço de pano com que cobrir-lhes o corpo quase nu.

Indignação por ver o procedimento desse governo que se diz liberal, filantrópico e humanitário e no entretanto deixa que essa pobre gente venha iludida, supondo encontrar aqui meios e auxílio para conseguir aquilo de que carece, quando apenas se lhe fornece meio de transporte até a capital; sendo preciso que a assembleia legislativa provincial votasse a quantia de um conto de réis para a continuação de sua viagem até o lugar dos Morrinhos no Tubarão que dista da colônia Azambuja, para onde se dirigem os imigrantes, cerca de 8 ou 10 léguas!

Como transportar-se essa gente dos Morrinhos à Colônia? Como subsistirem esses desgraçados imigrantes a quem em nada pode auxiliar o respectivo diretor, em vista das instruções que tem?

Eis mais um fato que se vai prender à cadeia das calamidades que tem acarretado consigo, para o país, o inditoso gabinete Sinimbú”.

Gabinete Sinimbú refere-se ao ministério formado pelo Partido Liberal em 5 de janeiro de 1878, chefiado por João Lins Vieira Cansação de Sinimbú. Gabinete dissolvido em 28 de março de 1880, portanto menos de vinte dias após esse editorial do jornal A Verdade.

E continuaram chegando

E os imigrantes italianos continuarão chegando ao Porto da Laguna pelos anos seguintes.
Serão parentes, amigos e patrícios contemplados com as novas medidas do Império para emigrar para o sul do Brasil.
Em 29 de dezembro de 1883 será a vez de 240 imigrantes aportarem na Laguna com o Paquete a Vapor S. Lourenço com destino à Colônia de Grão Pará.

A Verdade 30 de dezembro de 1883

Para o mesmo destino de Grão Pará, em 28 de março de 1884 a chegada pelo S. Lourenço de mais 24 imigrantes.
Em 9 de janeiro de 1885, pelo paquete Humaytá chegaram ao porto da Laguna 50 imigrantes com destino a Urussanga, Azambuja e Grão Pará. A viagem da capital Federal a Desterro havia sido feita pelo paquete Rio de Janeiro.

A Regeneração 16 de janeiro de 1885

Cheios de esperanças os imigrantes aqui chegaram. E foi pelo mesmo porto da Laguna que partiram em pequenas embarcações a remo ou puxados por cordas pelo Rio Tubarão em busca de seus destinos, da sonhada paz, segurança e liberdade.
Vinham esgotados da crise econômica-social que assolava a Europa.
Para trás deixavam sua pátria, seus parentes, amigos, tradições, suas aldeias e seus mortos enterrados em solo pátrio. Era um renascimento que ocorria.
Por dias aguardavam no porto lagunense o momento de prosseguir a viagem pelo rio para ocuparem as terras demarcadas para o recomeço.
Aqui ficavam dias na ansiedade da espera. A maioria deles com poucos pertences. Muitos somente com a roupa do corpo.
Tinham a solidariedade dos lagunenses e o apoio da imprensa local que clamava para eles melhores condições de hospedagem e alimentação.

A partir de 1º de setembro de 1884 o embarque era por trem

Posteriormente, com a inauguração da Estrada de Ferro Thereza Christina em 1º de setembro de 1884, os imigrantes que chegavam ao porto da Laguna já embarcavam na Estação do Campo de Fora com destino a Tubarão e posteriormente à Estação de Pedras Grandes.
Enquanto isso, nas colônias dezenas de atafonas movidas à água iam sendo construídas para fabricação da farinha de milho, usada no preparado da polenta.

Uma casa de Imigrantes italianos no século XIX. Fonte: Publicação Comemorativa da Passagem do Centenário da Comarca da Laguna-1956.

Uma estrada para carroças foi aberta entre Pedras Grandes e Azambuja, depois continuada até o Vale de Urussanga. Casas são construídas.
Tempos depois, a produção colonial de toda a região era levada para Pedras Grandes, tornada um grande entreposto comercial do Sul do Estado, principalmente após a inauguração da Estação da Estrada de Ferro.
Com isso a produção de banha, cereais, carnes, era escoada pelo Porto da Laguna que, usado como porto final da chegada dos imigrantes agora era o responsável pela exportação dos produtos. Laguna era o grande empório atacadista.
Com a produção veio a prosperidade e o progresso, melhorando a qualidade de vida dos imigrantes, negociantes exportadores e armadores da região.

Surge a primeira fábrica em Pedras Grandes

Um exemplo dessa produção em tão curto espaço de tempo foi dado por Sylvio Zanetta, imigrante em Pedras Grandes. 
Em 1884 levantou com alguns parentes e amigos a quantia de 30:000$000 (trinta contos de réis) para instalação de uma fábrica, a vapor, de sabão, velas, banha de porco, salsinhas, carnes e presuntos.
O local escolhido para sua instalação foi nas proximidades da Estação Ferroviária de Pedras Grandes.
No começo de 1885 a máquina oriunda da Europa havia chegado no Rio de Janeiro e logo embarcada no palhabote “Salvato”, para o porto da Laguna.
Daqui foi transportada em vagão de carga da Ferrovia Thereza Christina para a Estação de Pedras Grandes.

Primeira produção foi embarcada no porto da Laguna

Sete meses depois de montados os maquinários, em 30 de julho de 1885 a primeira produção foi embarcada no paquete Humaytá no Porto da Laguna com destino ao mercado consumidor do Rio de Janeiro, consignada à empresa Ernesto de Oliveira & Cia.

E narra o jornal lagunense A Verdade de 2 de agosto daquele ano, de onde retirei esses dados:

“A carga, ao que consta, é de 145 barris de banha, 14 caixões com carne salgada e 56 barris com carne em salmoura, preparado tudo nas Pedras Grandes, no importante estabelecimento de produtos suínos, creados pelos srs. Sylvio Zanetta & Cia.
Em breve esperamos ver preparados presuntos, salpicões, paios, linguiças, mortadella, salames, toucinho, salsichões e muitos outros variados productos da indústria suínica".

A Verdade 2 de agosto de 1885


Nos trapiches (ainda sem o cais em granito) do velho porto da Laguna, estivadores escoam manualmente a produção agrícola do sul do estado. Entre os produtos estavam a banha, a carne de suíno e seus derivados, o peixe seco e a farinha de mandioca.

Era a pujança do porto da Laguna que havia recebido meses antes os primeiros imigrantes da Europa em direção aos seus lotes de terras demarcadas no sul do Brasil.
O mesmo porto que agora exportava para outras praças comerciais os produtos que em tão pouco tempo foram produzidos por esses mesmos imigrantes.
Desde então, os italianos e suas descendências imprimiram uma nova marca ao sul do estado, impulsionando seu desenvolvimento. 
Um legado de trabalho, fé e austeridade. E que prossegue ainda hoje.

16 outubro 2025

Laguna sedia Seminário de Abertura das Comemorações dos 150 anos da Colonização Italiana em SC

 
No próximo sábado, (18), o Clube Blondin será palco do Seminário de Abertura das comemorações dos 150 anos da Colonização Italiana em Santa Catarina — um evento que une cultura, história e emoção em torno de um legado que transformou o Estado.

Divulgação: Instituto  CulturaAnita

Promovido pelo Instituto Cultural Anita Garibaldi, o seminário tem como tema “Tradição, luta e legado”.
É um convite à reflexão sobre a contribuição dos imigrantes italianos para o desenvolvimento social, econômico e cultural de Santa Catarina, além de um gesto simbólico de fortalecimento dos laços com a Itália, pátria dos ascendentes de milhares de catarinenses.

A programação contempla palestras, homenagens, apresentações artísticas e culturais, reunindo autoridades municipais, estaduais e representantes de instituições italianas.

As palestras abordarão temas como a história da imigração italiana no Sul de Santa Catarina, a miscigenação cultural e os impactos dessa herança na formação da identidade regional, com a participação de estudiosos como Nelma Baldin, Eusébio Tonetto, Fabiola Cechinel, Julio Cancelier e Adilcio Cadorin.

Aberto ao público, o seminário dá início ao percurso que culminará nas grandes celebrações de 2027, quando o Sul catarinense completará oficialmente 150 anos da imigração italiana.

Encerrando a programação, os participantes poderão desfrutar da Noite Italiana Festiva, também no Clube Blondin, com jantar típico, apresentações musicais e homenagens às famílias descendentes de imigrantes.
Confira a programação completa Aqui


 Seminário de Abertura – 150 anos da Colonização Italiana em Santa Catarina

Data: 18 de outubro de 2025 (Sábado)
Local: Clube Blondin – Laguna (SC)
Abertura: 8h30m
Informações: (48) 99956-8721
Ingressos para a Noite Italiana: (48) 99646-5633


13 outubro 2025

Marcas do passado – Fim de uma era

 
No leito de uma via pública no Centro Histórico da Laguna a circular placa (tampão) de ferro da década de 1970, já desgastada, ainda resiste às rodas e aos passantes de muitos anos. 
No letreiro impresso o nome da empresa pioneira de telecomunicações em Santa Catarina.

Tampão de ferro existente na rua Barão do Rio Branco, centro da Laguna, da Companhia Catarinense de Telecomunicações - Cotesc, criada em 1969 e precursora da Telesc. Foto: Valmir Guedes Jr.

A Cotesc – Companhia Catarinense de Telecomunicações foi criada em 1969.
Foi a empresa precursora da Telesc - Telecomunicações de Santa Cataria S.A., surgida em 1974, federalizada e integrada ao Sistema Telebrás.
A Telesc foi privatizada em 1998, vendida para a Brasil Telecom, hoje fazendo parte da OI.

Base do armário de ferro que continha Terminais Telefônicos da Telesc. Rua Barão do Rio Branco. Foto: Valmir Guedes Jr.

Nos últimos meses, os armários de ferro da então Telesc contendo os Terminais Telefônicos foram retirados das laterais das calçadas da Laguna.

Rua Fernando Machado. Foto: Valmir Guedes Jr.

Restam suas bases assinalando o passado das telecomunicações em nosso estado e na nossa cidade.
Marcas do passado. Fim de uma era.

Artista Arnaldo Russo expõe sua arte na Galeria Chachá no Mercado Público

          Artista Arnaldo Russo com Curadoria de Luiza Ferraro, convidando para a Exposição Xilemar.
Evento acontece na próximo sexta-feira, 17 de outubro a partir das 18h30m, na Galeria Chachá, no Mercado Público da Laguna.

Xilogravura de Arnaldo Russo

Após 10 anos de pesquisa artística nas praias da Laguna, o artista buscou expressar as linhas que o mar deixa na costa em semelhança às marcadas no xilema das madeiras. Gravar a vida que resiste; os veios que ganham forma e redescobrem outras imagens impressas em cores.
A técnica de xilogravura nas artes é o fio condutor que permite deixar nas matrizes da madeira o relevo a ser impresso, transparecendo a voz oculta dessas linhas.
Arnaldo Russo traz em sua arte a vivência oceanográfica, que permite o olhar atento e sensível da poesia cotidiana do mar que insiste em mudar todos os dias, assim como as imagens daquilo que nos toca.
O artista convida a viver esta exposição ao qual o mar é o guia para deixar em tinta a memória da impermanência.
Prestigie.

08 outubro 2025

O avesso de um cartão-postal

 


Definitivamente, esse não é um cartão-postal turístico da nossa Laguna que mereça ser visto e visitado. É o avesso, do avesso, do avesso. 
Mas ele existe, sujando a paisagem e ferindo nossa visão. Moradores, visitantes e os profissionais da pesca que ali trabalham clamam por uma solução.
É de se lastimar esse cenário horroroso de comercialização de pescados ali nas Docas do Centro Histórico, além da sujeira e assoreamento do local.
Laguna com seus quase 350 anos de fundação não merece esse cenário.
Para os ufanistas, Laguna encanta e é linda demais. Mas, ela "também" é assim.
 

Banca de peixe já existia no século XIX ao lado do Mercado Público

Bancas de peixe na área externa do nosso Mercado Público, junto ao cais do antigo porto sempre estiveram inseridas em nossa paisagem do Centro Histórico.
Mas no passado nunca foi essa coisa horrorosa como hoje, o que demostra que regredimos - e muito - até neste aspecto arquitetônico e sanitário. 
Penso que, antes de mais nada, havia mais carinho, amor e atenção por essa terra por parte dos nossos antepassados governantes.
Vejamos. 
Em seu livro Laguna de 1880, Saul Ulysséa nos conta da existência de uma banca para venda de peixe naquelas imediações.
Estamos falando do século XIX!!!

A foto mostra ao centro a Banca de Pescado, situada ao lado do antigo Mercado Público, bem defronte a rua Tenente Bessa, como descreve Saul Ulysséa em sua obra.

O cais de granito ainda nem existia, nem o primeiro mercado público, inaugurado em 1897. Mas a banca para venda de pescados estava lá e pela descrição é a mesma da foto.

Diz Ulysséa: 

“Em frente à rua Tenente Bessa, no lugar onde hoje está edificado o mercado municipal, existia a banca do peixe, assim denominado o local para a venda do pescado.
Constava de um telheiro de cerca de seis metros por quatro, um estrado de madeira ao centro, de um metro de altura com cerca de três de largura e quatro de comprimento, com inclinação para o lado do mar, a-fim-de escorrer a água e tendo uma escada na parte mais baixa. Era ali que se realizada toda a venda do peixe para o consumo público.
Os pescadores quando se aproximavam da cidade com suas canoas contendo peixe, usavam uma buzina formada de um chifre curto furado na parte mais fina por onde sopravam de certo modo a produzir um som roufenho bastante forte, para anunciar de longe a sua mercadoria, sendo o som ouvido à distância.
- Está buzinando, diziam as donas de casa e despachavam para a banca, escravos ou criados a fim de comprarem peixe. (...)
 
Outra foto, esta da década de 1930, com o antigo Mercado Público em seu auge, mostra uma nova construção para venda de pescados.
A banca ficava no mesmo lado sul do Mercado, sob um telhado circular. Havia uma bancada coletiva onde pescadores e os chamados pombeiros comercializavam o pescado.
Com o incêndio do Mercado em 20 de agosto de 1939 toda a construção foi posteriormente demolida.

Bancas individuais e coletivas no novo Mercado, em 1958

No novo Mercado inaugurado em 19 de janeiro de 1958 pelo prefeito Walmor de Oliveira, bancas individuais e uma delas coletiva para venda de pescados foram criadas no interior do prédio. 
Aliás, bancas que nunca deveriam ter sido eliminadas no atual projeto.
Com o passar do tempo retornou também a venda, em paralelo, de pescados no lado externo, em caixas plásticas, nas canoas e em improvisadas bancas.

Surge um novo espaço externo

Registre-se que durante a gestão do ex-prefeito Cadorin (2001-2004) naquela pequena área ao lado das Docas houve um melhoramento. 
Foi construído e inaugurado em 9 de janeiro de 2003 um espaço em alvenaria, cobertura com telhas em barro, com torneiras com água corrente, pias e bancadas em azulejos.

Bancas para venda de pescados na gestão Cadorin em 2003.


Bancada em azulejos, com pias, água corrente e telhado em 2003.

           
Na gestão seguinte de Célio Antônio (2005-2008) e a partir de 2007 por conta da intervenção realizada no Centro Histórico, com mudança de calçamento, estreitamento de vias, paisagismo, etc., a estrutura da Banca de pescados em alvenaria foi derrubada e voltou-se às antigas e improvisadas bancas ao lado do Mercado. 
Depois, em 2009, essas bancas foram interditadas e proibidas pela Justiça.

Mercado não contemplou boxes para venda de pescados

A gente imaginava que com a entrega da obra em 1º de fevereiro de 2020 e abertura ao público em 5 de dezembro de 2021, do espaço restaurado, ampliado e revitalizado do Mercado Público, o projeto fosse contemplar boxes em seu interior para venda de pescados. Como em qualquer Mercado Público que se preze.
Tal não aconteceu, quebrando uma tradição e com isso a venda externa de pescados foi deslocada, expulsa mesmo, novamente para aquele espaço lateral sul das Docas. 
E lá está até hoje.

Casa do peixe 

Há pouco tempo acenou-se com a chamada Casa do Peixe. 
O local seria num prédio do governo federal (onde funcionou há muitos anos a Portobrás, ex DNPVN) cedido ao município e situado ao lado das Docas, onde o pescado seria comercializado.
Em setembro de 2023 foi publicada pelo estado de SC a portaria que liberava recursos no valor de R$ 408.656.49 a serem pagos em duas parcelas. 
Inúmeros empecilhos burocráticos, estruturais, de formato e porque não dizer, também políticos, emperraram todo o processo. 
Culminou com a devolução ao estado da verba específica, a metade que já havia sido antecipada e recebida.

Um projeto multifuncional

Agora, novo projeto da chamada Casa do Peixe está em elaboração. 
Como divulgado, o espaço será multifuncional, com área externa para a Lagoa (mezanino), restaurante no térreo, sede para a secretaria de Pesca e Agricultura, mini indústria de beneficiamento, trapiche...
Com todos esses acréscimos e alterações, evidentemente que o valor da obra deve aumentar consideravelmente. 
Até ser liberada a nova verba, licitada e finalizada vai se passar muito tempo.
Torcemos que se concretize. Não esquecendo que ano que vem é eleitoral.
E pensar que inicialmente o que se pedia era um local mais decente, básico e estruturado para venda do pescado.
Às vezes quem muito quer nada tem, diz a sabedoria popular.
Por fim, com o prédio que seria a Casa do Peixe interditado pela Defesa Civil e sofrendo invasão, em junho deste ano a prefeitura lacrou com tijolos  todas as aberturas da edificação.
E assim caminha a Laguna. E o tempo passa e o tempo voa.