Há alguns anos,
depois de muito tempo ausente do mercado, a Nestlé relançou o chocolate Lollo.
Hoje o produto é encontrado em qualquer gôndola. O relançamento seguiu uma
tendência retrô.
Pois
acabei de saborear um Lollo. Um não! dois.
E viajei no tempo, de volta ao passado.
Esse chocolate foi um dos ícones de gerações de crianças e
adolescentes dos anos 70 e 80.
- Foi do meu tempo. Aliás, como diziam nossos pais e avós.
E agora chegou a nossa vez de exclamar essa velha frase saudosista.
Quem é da época lembra do slogan do produto: “O chocolate
fofinho da Nestlé”?
Hummmm...
A empresa atendeu assim aos inúmeros pedidos,
principalmente em redes sociais.
E ele voltou ao mercado com a mesma receita e embalagem
original para encantar saudosistas e em busca de novos fãs.
Entre
balas Chita e pirulitos Zorro
Saboreando-o, por alguns minutos me bateu uma nostalgia e as glândulas gustativas da memória do paladar me trouxeram o sabor e a delícia de outras
guloseimas que marcaram época.
Alguns cheiros e sabores são como máquinas do tempo.
Que tal o retorno do pirulito Zorro? Da bala Chita? Ou
para os mais antigos, da bala Juquinha e do drops Dulcora?
Ahh... uma barrinha de chocolate Prestigio fazia milagres
com o mau humor da gente.
Vontade de encher os bolsos com as balas Jujuba e quase se
afogar com as Soft, remember?
As balas redondinhas Soft num descuido da gente deslizavam
inteiras para a garganta e aí era um salve-se-quem-puder de alguns segundos
angustiantes, engasgados.
Entre um rolê no Jardim e um sorvete de uva
Dar um rolê no Jardim Calheiros da Graça (da Matriz) era de
praxe, não sem antes passar na Miscelânea da rua XV de Novembro para saborear
um sorvete de uva, butiá ou côco.
Vai um Lacta, um pirulito de bola? Uma
Menta? Quem sabe um chiclete Adams? Uma bala azedinha?
Que tal uma Maria-Mole, um puxa-puxa, suspiro, pé-de-moleque, bala americana ou
uma cocada no armazém do “seo” Lídio Corrêa, na esquina da Praça da Bandeira
(hoje Praça República Juliana)?
Uma chegada na lanchonete Vip's para o X Salada também era
de praxe.
Tempos das calças Lee, US Top, jaquetas jeans ou de couro,
calça boca-de-sino, floridas batas, saias indianas, tamanquinhos de madeira dr. Scholl, sandália Melissa, tênis Bamba, All Star, sapato Cavalo de Aço. Um look meio hippie e seguindo à moda tendência dos anos
60/70.
Sim, sim, corpos sarados e barrigas de tanquinhos naturais, sem gomos e músculos anabolizados como os de hoje. Ninguém era obcecado por um shape perfeito.
E da torradinha de amendoim quentinho vendida por alguns rapazes
naqueles copinhos, onde a gente sempre pedia um chorinho a mais? Ou uma inhapa,
como se dizia.
Rua XV de Novembro e sua ornamentação durante o pré-carnaval de 1969. À direita a Miscelânea. Acervo: Valmir Guedes Jr. |
Ali ficava o forno com entrada comercial pela Raulino Horn.
Nos fins dos bailes, já nas madrugadas de sábado para domingo, mediante algumas moedas
recolhidas entre a turma, os padeiros nos forneciam pães quentinhos para o
desjejum, que íamos degustar nos bancos do Jardim, contando (e aumentando muito) como foi a noite
com aquele broto (hoje seria gata ou mina?).
Logo em seguida, sobre a marquise, no andar superior,
outro letreiro, o da Rádio Difusora, cujos estúdios funcionavam ali. Já no térreo estava instalada a sinuca do Claudionor Cândido (Nonô).
Nesta outra foto, à direita o prédio com andar superior na cor amarela, onde
funcionava no térreo a Barbearia Santos do “seo” Zé Barbeiro, na esquina a Relojoaria Werner do "seo" Fernando Guedes, e a tradicional Miscelânea com suas cinco portas, do "seo" João Urbano.
Quem não apreciou seu sorvete de uva na casquinha ou o picolé de butiá?
Quem não comprou uma bala de goma, um chiclete Adams antes das
sessões do Cine Mussi ou Roma?
E cantarolando Belchior:
"Mas sei que nada é proibido
Até beijar você
No escurinho do cinema
Quando ninguém nos vê"
À toa na vida vendo a "banda" passar
Quem não ficou encostado às portas da Miscelânea somente vendo “a
banda passar”?
Ou buscando meigos e interessantes olhares, nem sempre
correspondidos?
O famoso Olhar 43 da Banda RPM na voz do Paulo Ricardo vai surgir
em meados da década de 80, maior sucesso:
(...)
É perigoso o seu sorriso
É um sorriso, assim, jocoso, impreciso
Diria misterioso, indecifrável
Riso de mulher
(...)
Saudade de mascar um chiclete Ping Pong comprado na
Miscelânea ou no baleiro do seu Noé do Cine Mussi, molhar o papel com a língua
para transferir as tatuagens que vinham estampadas.
Depois pressioná-lo em nossos braços e dorsos das mãos ou
nas peles rosadas de ingênuas namoradinhas e amiguinhas, o que já era considerada uma
precoce conquista.
Tatuagens que, assim como aqueles nossos verdes anos, eram
efêmeras e na primeira lavadela iam embora de nossos corpos.
Mas, como se percebe, ficaram grudadas e estampadas em
nossas memórias.
Para todo o sempre.
Volta, passado de mil delícias!
Ai... Ai... Saudade... Saudade...
P S: E aí leitor e leitora, não tem lembranças das guloseimas do seu tempo? Lugares, (hoje diríamos points) modas e dizeres que marcaram a sua época?
Lendo teu artigo também viajei, senti até o gosto do pirulito Zorro comprado na Miscelânea.
ResponderExcluirO Lollo foi lançado como Milk Bar. Delícia! Pirulito Zorro e puxa-puxa.... Nossa! Agora, a saudade bateu.
ResponderExcluirÉ verdade minha amiga Zuleida. Mas o Milk Bar não era a mesma coisa. O sabor era diferente. Faltava algo. O Lollo é único. Hummm
ExcluirViajei no tempo, comprava amendoim japonês na miscelânea e as vezes sorvete
ExcluirQue memória Valmir. Lembrasse de muitas guloseimas. Faltou aquele doce de duas cores, tipo gelatina. Como era mesmo o nome?
ResponderExcluirBateu uma saudade.
Que saudades... Relato de muitas vidas. Que bom que vivemos isso. Cada qual no seu tempo...
ResponderExcluirMuito bom relembrar essas guloseimas das antigas, eu adorava suspiro e doce de coco do Erika Bar ( saudoso seu Aurelio)
ResponderExcluirVivi essa época. Essa rua era o point. Todos passavam por ela. Era só esperar a menina passar com as amigas e paquerar.
ResponderExcluirUma vez me afoguei com uma bala soft. Acho que ia morrer. A sorte foi que um amigo notou e deu um tapa nas costas e a bala voou longe.
ResponderExcluirBoa matéria Valmir
Valmir, que espiral vertiginosa pelo túnel do tempo. E os flashbacks vindo em cascatas.
ResponderExcluirBoas lembranças, tinha aquele doce de abóbora, em forma de coração. Levando para o lado do Magalhães, como não lembrar da venda da dona Adalgiza só lado campinho, das voltas de carretilha de rolimã nos corredores do Ana Gondin. Como falo para meus filhos: Não troco minha infância pelas deles, nem a pau! Obrigado Valmir ao nós fazer relembrar das coisas boas dessa vida
ResponderExcluirSe não me engano o Waldir Banana era um dos que vendiam torradinha.
ResponderExcluirValmir, viajei também contigo e me lembrei dessas delícias. Eu adorava suspiro que vinha em forma de flor. E também do chocolate Diamante Negro.
Valmir, nos anos 60, no Natal, ganhei uma sandalia de plástico, marrom que ia até o joelho e cheia de tiras, tipo espartacos, e toda faceira fui pra cessão das moças no Mussi, levei um escorregão que voei, pois a danada não combinava com paralelepípedo. Podes imaginar, saí em disparada e toda ralada!!! Coisas da nossa Laguna!!! Saudades dos bons tempos!!! Preocupações, o que era isso??
ResponderExcluirE NO MEU TEMPO LÁ TÁO DISTANTE O TABLETE DE CÓCO DO SEU SAMUEL CASTRO PAI DO SE SÍVIO CASTRO .CUSTAVA UM TOSTÃO..ELE NÁO VENDIA FIADO ACHO QUE SOU A ÚNICA SOBREVIVENTE DO GRUPO DA ÉPOCA..
ResponderExcluirOBRIGADA SENHOR..
Valmir... participei ativamente de todo este "cenário" das décadas de 60 e 70, que como você tão bem nos relembrou... nos marcaram para toda a vida. Sobre os doces, chocolates e sorvetes/picolés... que custavam caro e por isto mesmo tinham um sabor especial, lembro da Miscelânea que tinha de tudo para nos encantar... além dos saudosos e simpáticos atendentes (e proprietários), que muitas vezes vendiam as guloseimas com um pequeno desconto... visto que as nossas economias nem sempre eram o suficiente. Ahh... que bons tempos!
ResponderExcluirAbraço do Adolfo Bez Filho - Joinville / SC.