quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Há 90 anos o Zeppelin cruzou os céus da Laguna

 
Foi logo pela manhã quando ele apareceu nos céus da Laguna. Primeiro foi ouvido o forte ronco de motores. Depois um enorme vulto prateado escuro em forma de charuto se projetou nos ares, em marcha vagarosa e voo baixo.
Na praia do Mar Grosso e nos morros as pessoas se aglomeravam apreciando o inédito espetáculo e davam vivas a sua passagem ao sul do bairro Magalhães.
Depois o estranho objeto aéreo sumiu em direção ao sul.
 
Era uma sexta-feira, 29 de junho de 1934. O tempo amanheceu bom em nossa região, passando a instável com chuvas e trovoadas no decorrer do dia.
O Balão Graf Zeppelin. Foto: Wikipédia.
A temperatura máxima naquele dia seria de 23.7° e a mínima de 18.2°. Os ventos eram de quadrante Norte, rondando para o quadrante Sul, sujeitos a rajadas fortes.
Laguna amanheceu curiosa, olhando para o céu em busca do grande balão prateado em forma de charuto, uma máquina aérea que rasgava o firmamento, cortando a linha do horizonte numa imagem inesquecível.
Muitas pessoas subiram ao Morro da Glória, ainda denominado Morro do Semáforo ou do Pau de Sinal.
Outras foram à Praia do Mar Grosso em busca de uma maior proximidade para assistir uma imagem nunca vista.
Os jornais e algumas emissoras de rádio do eixo Rio-São Paulo já haviam noticiado que a aeronave viria da Alemanha, passaria por Pernambuco e Rio de Janeiro e rumaria para a capital da Argentina. 

Finalmente surge o Zeppelin
A expectativa era grande. Por volta das nove horas da manhã ruídos de motores foram ouvidos nos ares lagunenses e um grande objeto prateado escuro surgiu, chamando a atenção de todos.
Era o Balão dirigível Graf Zeppelin D-LZ130 em sua viagem de ida a Buenos Aires.
O Graf Zeppelin. Wikipédia.
O Zeppelin passou, sobrevoando pela ponta sul do Magalhães, proximidades da Ponta das Pedras, fazendo algumas evoluções, como que saudando à terra juliana.
Era um enorme vulto a se projetar nos ares, em marcha vagarosa e voo baixo.
Depois sumiu em direção ao sul.
Foi um espetáculo inédito, com muita gente falando nele com entusiasmo.
E durante muitos dias foi tema de conversas nos lares, boticas, cafés e barbearias da nossa cidade.
O povo já se referia ao balão como “Zé Pélim”.
Dois dias depois, o jornal lagunense Correio do Sul noticiou o fato: 

“Antes de ontem, às 9 horas da manhã, a população desta cidade teve ocasião de presenciar a passagem do Graf Zeppelin” quando se dirigia para Buenos Aires.
Apesar do dirigível passar um tanto por fora, tornou-se bem visível ao defrontar, rumo ao sul, a Ponta das Pedras, no Magalhães.
Grande foi o número de pessoas que afluiu aos morros e à praia para apreciar a bela aeronave”.

Jornal lagunense Correio do Sul de 1° de julho de 1934.

Características técnicas
Os mais letrados contavam sobre a aeronave, discorrendo sobre seus dados técnicos:

O Balão Graf Zeppelin era uma invenção de Graf (Conde) Ferdinand von Zeppelin, general e aeronauta alemão.
O Balão dirigível havia sido construído na cidade de Friedrichshafen na Alemanha em 1928 com as seguintes características:
Cumprimento: 235 metros
Diâmetro: 30 metros
Alimentado a gás hidrogênio e impulsionado por cinco motores “Maybach” VL2 de 12 cilindros com capacidade para 2.750 HP. (580 HP cada um).
Carcaça de alumínio, revestida por uma tela, tendo em seu interior 60 pequenos balões independentes.
Velocidade por hora de 100 a 110 quilômetros. Autonomia de voo de 11 mil quilômetros.
Possuía capacidade para 20 passageiros e 15 tripulantes.
Possuía aparelho de radiotransmissão e recepção e rádiotelégrafo.
Em seu comando estava Hugo Eckner e seu ajudante Leman, os dois experientes técnicos em aeronavegação.

Até 1934 já havia feito cerca de 200 viagens a várias partes do mundo, inclusive ao Polo Norte.
Em maio de 1930 pela primeira vez realizou a travessia do Atlântico Sul em visita ao Brasil, inaugurando uma rota regular de passageiros e de serviços postais.
Somente no ano de 1932 já havia feito nove viagens ao Brasil. E várias outras nos anos seguintes.
Até um grande Hangar para dirigíveis foi construído no Rio de Janeiro, o Bartolomeu de Gusmão, hoje denominado Base Aérea de Santa Cruz.
Jornal lagunense Correio do Sul de 22 de julho de 1934.
A viagem a Buenos Aires
O Zeppelin soltou as amarras de Friedrichshafen na Alemanha, às 20h30 do dia 24 de junho de 1934, com destino à América do Sul.
Levava um passageiro para Recife, um para o Rio de Janeiro e nove para a capital da Argentina, além de 177 quilos de correspondência e 229 quilos de carga.
Entre os passageiros estava o pianista alemão Willy Kern que daria um concerto em Buenos Aires.
No dia 27 já estava no Recife, numa viagem de 62 horas.
No dia 28 chegou ao Rio de Janeiro e no mesmo dia partiu em direção ao Sul, passando por Laguna no dia seguinte, 29, conforme relatado acima.
Florianópolis também aguardava a passagem do Zeppelin em sua ida para Buenos Aires.
Mas uma mudança de tempo repentina, com forte vento sul e chuva impediu que o ilhéu avistasse a aeronave que passou a distância de 15 milhas do litoral.
O jornal O Estado, de Florianópolis, indagava: Cadê o Zeppelin?...
Jornal O Estado de 29 de junho de 1934.
Somente na viagem de retorno é que os moradores da capital do estado puderam contemplar o Zeppelin.
Outras cidades catarinenses e gaúchas também registraram a passagem da aeronave, como Itajaí, Blumenau e Brusque, Joinville, Porto Alegre e Rio Grande.
O Zeppelin saiu de Buenos Aires em sua viagem de retorno às 11h do dia 30 de junho, com 23 passageiros, além de correspondência postal para o Brasil e Europa.
No dia seguinte já estava no Rio de Janeiro e no dia 2 às 17h35 saiu em direção ao Recife levando 1 passageiro para esta cidade e 21 para a Europa.
Finalmente no dia 4 de julho saiu do Recife para a Europa às 7h35.

O Zeppelin e o ronco dos motores
Abaixo, cenas raras do dirigível Graf Zeppelin em vídeo do youtube. Ouçam o ronco dos motores da aeronave que nossos antepassados testemunharam quando de sua passagem por aqui.

E abaixo, filmagem do Zeppelin quando de sua primeira passagem pelo Rio de Janeiro, em 1930.

Fim das viagens com dirigíveis
Parecia que seria uma nova opção para viagens comerciais de longos percursos.
Mas três anos depois, um acidente de grandes proporções, pôs fim ao sonho.
Em 6 de maio de 1937, durante manobras de pouso em Nova Jersey, nos EUA, outra aeronave, o dirigível LZ 129 Hindenburg pegou fogo, matando 36 pessoas que estavam a bordo.
Um ano depois do acidente as viagens e operações com dirigíveis foram encerradas em definitivo.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Faleceu Zenon Campos Faísca +

      Faleceu na tarde desta terça-feira, o engenheiro Zenon Campos Faísca, aos 77 anos.

Zenon Campos Faísca. Foto: Hilário Pereira
Zenon Campos Faísca nasceu na Laguna em 1° de maio de 1947, filho de Maria Campos Faísca e Tales Gonçalves Faísca. São suas irmãs Nilmara Campos Faísca e Zanara Faísca Correia (esta última já falecida).
Foi aluno do Ginásio Lagunense onde se formou na 3ª série em 1963.
Foi aluno na década de 1960 da Escola Industrial de Florianópolis (futura Escola Técnica Federal de Santa Catarina e hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), onde se formou Técnico em Edificações.
Zenon, exerceu cargo como técnico na então Indústria Carboquímica Catarinense (ICC), em Imbituba.
Foi membro atuante da Escola de Samba Vila Isabel.
Foi presidente da Sociedade Recreativa 3 de Maio, no bairro Magalhães (1978-1981).
Festeiro de Santo Antônio dos Anjos em 1981.
Em 1984 fundou o Movimento de Apoio à Laguna (Mapa), com objetivo de reunir um grupo de pessoas, representantes de diversos segmentos da sociedade local, para reivindicar por Laguna junto às autoridades de diversos escalões.
Em 1986 estava filiado ao PMDB.
Na eleição de 1988 foi candidato a vereador pelo PDT, ficando na 1ª suplência do partido, com 245 votos.
Em 1992 novamente candidato a vereador pelo PDT, ficando na 3ª suplência do partido, com 423 votos.
Presidente do PDT municipal da Laguna (1995).
Membro do Diretório Municipal do PFL (1999).
Membro do Diretório Municipal do PSDB (2011).
1º secretário da Casa Espírita Caminho da Luz (2001).
Integrante do Centro Espírita Seara dos Pobres.
1º secretário da então recém criada Liga das Escolas de Samba da Laguna (2004).
Presidente do Instituto Lagunense de Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Ambiental, que inclusive promoveu a restauração da Igreja Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos de Pescaria Brava, em 2006/2007.
Membro e um dos fundadores do Bloco Saímos Sem Querer, que tanto animou o carnaval lagunense.
Foi secretário municipal de Obras, Viação e Serviços Públicos; secretário da Indústria, Comércio e Artesanato; e secretário de Turismo, na gestão do prefeito Nazil Bento Júnior (1995-1996).
Deixa a esposa Maria de Lourdes (Lurdinha) e os filhos Welliton, Zaverson, Kátia e Thales e netos.
Sentimentos aos familiares e amigos.

A Cerimônia de velório, vai ocorrer na Sala Mortuária São Paulo da Casa Funerária Gomsan, a partir das 7h desta quarta-feira (28/08), saindo o féretro às 15h, para o Cemitério da Cruz. 

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

FOTO-RETRÔ

 
Uma foto inédita para posteridade:
Gilberto Martins Pinho (Binga), Ronaldo (Butiêi), João Manoel Vicente, Geraldo Rollin (Bolão), Geraldo José Miguel e Richard Calil Bulos (Xaxá) em 1989, posam numa sala da prefeitura da Laguna, então situada no casarão ao lado do Museu Anita Garibaldi.
Todos já falecidos, e de saudosa memória, com exceção de Geraldo Miguel que continua entre nós, bem vivinho.
A "anta empalhada" fazia parte, junto com outros animais, de um museu taxidérmico que foi doado para nossa cidade.
Com o tempo, e tal e qual como aconteceu com muitas outras coisas por aqui, sumiram e/ou se extraviaram as valiosas peças empalhadas.

sábado, 17 de agosto de 2024

O adeus a Silvio Santos e a participação da Laguna no Programa Cidade X Cidade em 1978

 Com o falecimento neste sábado, aos 93 anos, do grande comunicador brasileiro Silvio Santos, relembrei a participação da Laguna no Programa Cidade X Cidade, apresentado por ele lá na década de 1970/1980.

Tempos atrás já escrevi sobre o Programa Cidade X Cidade neste Blog, inclusive trazendo algumas fotos. Laguna participou no ano de 1978, na gestão do prefeito Mário José Remor/João Gualberto Pereira.

Em 1978, no Programa Cidade X Cidade, o apresentador Silvio Santos entrega uma medalha de participação ao então prefeito da Laguna Mário José Remor. À esquerda, o jurado Sérgio Bittencourt.

Foi o maior sucesso e movimentou muito a cidade em suas cinco participações. Laguna foi mostrada para todo o Brasil, seu povo, sua história, suas atrações, seus pontos turísticos.
Repito o texto e fotos, atualizado e revisado, com novos dados, nomes e fotos exclusivas do programa, e que ganhei há alguns anos do meu saudoso professor advogado Adib Abrahão Massih.
Além de algumas frases e opiniões atuais de alguns participantes da época.

Senor Abravanel
O apresentador Senor Abravanel, conhecido popularmente como Sílvio Santos, estreou na televisão no ano de 1966, na Rede Globo. Seu programa, com quatro horas de duração aos domingos, era um sucesso no horário.
Em 1969, Sílvio continuava na Globo, e seu programa já durava longas seis horas. Entre os quadros de maior sucesso, estava o Cidade X Cidade, uma gincana cheia de tarefas, regras, disputas e, é claro, competidores.
Laguna vai participar do quadro em 1978.

Logotipo de abertura do Programa.

Não tenho uma gravação do programa com a participação de nossa cidade.
Mas consegui no You Tube,  em duas partes, o quadro Cidade X Cidade no ano de 1980, disputado entre São Paulo e Rio de Janeiro, que mostram bem como era a atração. E um pequeno trecho do programa entre Guaratinguetá e Pindamonhangaba, em 1977.
Aparecem alguns jurados, tarefas, concurso de beleza e até o carro ganho como prêmio: 
                 




A inscrição no Programa
A cidade da Laguna foi inscrita na competição pelo lagunense advogado Rogério Carvalho da Rosa. Ele trabalhava em São Paulo como diretor numa empresa que prestava serviços de publicidade para o programa.
Sílvio Santos saiu da Globo em 1976, já que havia conseguido a concessão da TVS-RJ e passou a exibir seu programa pela Record e Tupi, no Rio de Janeiro; e pela Tupi e TVS, em São Paulo. Em agosto de 1981, vai inaugurar o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Gugu Liberato vai voltar depois com o quadro Cidade X Cidade.

Mas ainda estamos no ano de 1978 e Laguna foi chamada a competir
O prefeito era Mário José Remor. Convidou-se então um coordenador de equipe, o advogado Adib Abrahão Massih; e um relações públicas, na verdade um mestre de cerimônias, Carlos Araújo Horn.

Nunca um povo foi tão mobilizado para participar de um desafio
A primeira cidade que enfrentamos foi Caçapava, em 20/05/78, do interior de São Paulo. Era um sábado. Meia-dúzia de ônibus daqui partiu na sexta-feira com os participantes e torcidas. 
Laguna foi vitoriosa, e depois da transmissão do programa na tarde do dia seguinte, domingo, a coisa explodiu.

A equipe da Laguna reunida na entrega do primeiro automóvel disputado com a cidade de Caçapava (SP).

Na segunda semana nossa desafiante foi a cidade de Tupã, em 27/05/78. Mais de uma dezena de ônibus foi em direção à capital paulista, com participantes e torcida organizada. Uma festa só.
Mais uma vez fomos vitoriosos e na terceira, quarta e quinta semanas, enfrentamos a cidade de Jacareí. Datas: 03, 10 e 17/06/1978.

Algumas tarefas
Vencíamos quase todas as tarefas. Dentre elas, lembro-me que levamos um homem com o maior bigode, o Alonso, ali do Magalhães. Era um bigodão! Ponto pra Laguna.
Prefeito da Laguna Mário José Remor e esposa Gerusa, conversam com o conhecido jurado do Programa, Pedro de Lara. Na foto, ainda Almir Massih e o sorridente e hoje saudoso professor Jairo Baião (um dos homenageados do Programa).
Um galo que cantou ao vivo no palco. O galo viajou até lá dentro de um saco de linhagem, levado por um caboclo que garantiu que o bicho ia cantar. E cantou! E cantou tanto que as gravações tiveram que ser interrompidas e ele, o galo, retirado do palco e bastidores.
E creio que também retirado do prédio, porque ao longe ainda se ouvia o cantar da ave. Ponto pra Laguna.
Um idoso com mais idade. Levamos um senhor mais que centenário. 114 anos. Ponto para Laguna.
Silvio Santos entrevista os dois idosos das duas cidades concorrentes na gincana. À esquerda, fumando, o jurado Sérgio Bittencourt observa.

Na foto acima, o coordenador da equipe lagunense advogado Adib Abrahão Massih mostra a certidão de nascimento dos 114 anos do idoso do Asilo Santa Isabel, de nossa cidade. 

O casal casado de estatura mais baixa e e outro mais alta (Este último o seu Machado "Sapiranga" com a dº Conceição). Ponto para Laguna.

Uma imitação de Elvis Presley, que foi feita brilhantemente por Rosalvo Gomes. Ponto para Laguna.

Professor José Paulo Arantes (de costas), Adib Abrahão Massih e a jurada Etty Fraser. 

A manchete de jornal mais assustadora (Xaxá com um exemplar do Semanário de Notícias e o seu "Monstro da Lagoa Santo Antônio dos Anjos). Ponto pra Laguna.
Uma curiosidade. Levamos uma urna funerária indígena, com dois jovens vestidos como índios carijós. Ponto para Laguna.
Adib Abrahão Massih, a jurada Etty Fraser e Almir Massih. 

E três estudantes que venciam sempre no teste de conhecimentos gerais.
Eram eles Flávio Brandão Delgado, Edésio Joaquim e Sara Raquel Nacif Baião.
Edésio ainda hoje relembra uma das perguntas formuladas: Qual era o nome do conselheiro de Kublain Klan? 
Flávio respondeu e acertou de primeira. Na segunda rodada, a pergunta continuava indagando quem era o tal personagem, com uma pequena variação: 
- Quem introduziu o macarrão na Itália? Desta vez Edésio respondeu: Marco Polo. Ponto pra Laguna.
Outra equipe de estudantes foi formada por Luciano Rollin, Acary Palma Filho e Erwin Rubi Teixeira.
Outra equipe de estudantes (que não podia se repetir na gincana) foi formada por Marinho Cabral, e a hoje médica Mariângela Cunha, na época estudante de Medicina na UFSC. Ela relembra que participou contra Jacareí, cujo resultado foi um empate. Não lembra do nome do terceiro estudante. 
A pergunta que a equipe de estudantes da Laguna acertou foi sobre quem era um personagem, um cantor de uma música da novela "O Profeta". 
Antônio Marcos foi a resposta de primeira da nossa equipe. Ponto Para Laguna.
Mariângela também relembra que uma das perguntas respondidas acertadamente e individualmente por Asta Peressoni foi o nome do deus grego da Medicina. Esculápio foi a resposta. Ponto para Laguna.
Carlos Araújo Horn recebe das mãos de Silvio Santos o Diploma de Participação no Programa.

A advogada Asta Peressoni Teixeira também era campeã nas respostas individuais de conhecimentos gerais. Acertava todas as questões, com sua pródiga inteligência. Ponto pra Laguna.

Concurso de sinuca.

Jogadores de sinuca da Laguna disputam uma partida, observados por Silvio Santos e pelo coordenador Adib Abrahão Massih.

No Clube de Regatas Tietê eram realizadas as provas esportivas, como a natação.

Atletas das cidades de Caçapava e Laguna.

Homenagens foram feitas as saudosos professor Jairo Ulysséa Baião, Santos Guglielmi, Antônio Sebastião Teixeira e Carlos Cordeiro Horn.

Professora de uma capital
Em um dos programas, a saudosa professora Maria de Lourdes Barros explanou no palco com sua inteligência e oratória sobre a nossa tricentenária Laguna.
Silvio, com sua “sensibilidade” peculiar disse que ela até parecia uma professora de capital! Rapidamente Maria de Lourdes pegou a deixa e respondeu:
-Realmente, sou professora de uma capital!
-Que capital? Indagou o apresentador entre surpreso e curioso.
-Da capital da República Catarinense!
E Silvio Santos com seus trinta e dois dentes ficou no ar ao vivo para todo o Brasil, tomando uma aula de história sobre a cidade Juliana e Santa Catarina, pois ele desconhecia o nosso passado barriga-verde. 

Carlos Araújo Horn, à direita, sempre atento nas intervenções na disputa com a cidade de Caçapava (SP).

       Disputa de beleza e simpatia
Além do mais, tínhamos quatro mulheres espetaculares, que venceram sempre por suas belezas e simpatias o concurso das mais belas mulheres da gincana.

Nossas belas representantes ao lado do automóvel que a cidade ganhou disputando com Caçapava(SP). À esquerda, de costas, pode-se observar Carlos Cordeiro Horn e Jairo Ulysséa Baião. Além de Carlos Araújo Horn.

A loira, a morena, a mulata e a negra:  Marion Remor, Simone Cidral Bergler, Sônia Nascimento e Sônia Bento.      Marion Remor arrancava suspiros e elogios, principalmente do jurado Sérgio Bittencourt.

O jurado Sérgio Bittencourt conversa com o lagunense Almir Massih. Ao fundo, o médico dr. João Romão, integrante da caravana.

Das cinco caravanas, fui em duas para São Paulo. Na segunda contra Tupã e na quinta e última vez, contra Jacareí, já que havíamos empatado com esta cidade na terceira e quarta etapas.
Partíamos daqui na sexta-feira, por volta das 18, 19 horas, da Praça Vidal Ramos. Dezenas de ônibus, passagens compradas junto aos comerciantes Giorgios Andreadis e Adamandia (Doli) da Casa Moderna, lembram? Um dos que organizavam caravanas.

A saída da caravana era na Praça Vidal Ramos. À direita a fachada do Teatro 7 de Setembro ainda de pé.


     Quatorze horas depois já estávamos no Teatro Manoel da Nóbrega, situado entre os bairros Perdizes e Pompeia, onde eram gravados os programas.
Primeiramente era gravado o programa de “De calouros”, que ia até às 13, 14 horas. 
Foi quando fiz uma dezena de fotos. Dos jurados, como Décio Pichinini, Araci de Almeida, Pedro de Lara, Danuza Leão, Sérgio Bittencourt, Zé Fernandes, Elke Maravilha, e outros. 
Algumas fotos se perderam.

Foto dos jurados de um dos programas. Em primeiro plano Danusa Leão.

Depois vinha a gravação do tão esperado quadro Cidade X Cidade que era transmitido pela TV no outro dia, no domingo à tarde. Vídeo-taipe, claro, quando já estávamos em casa, de volta.

Nas comemorações da vitória sobre a cidade de Caçapava (SP).

As duas rádios da Laguna, Garibaldi e Difusora, compareciam com repórteres que forneciam flashs do local. Maior audiência.
Lembrando que dois meses depois da participação da Laguna, este teatro com capacidade para 500 pessoas foi destruído pelo fogo em 19 de agosto de 1978, num incêndio até hoje mal explicado.

Conhecendo Lombardi
Durante os intervalos das gravações, muitos artistas e fãs se reuniam para um café/refrigerante numa lanchonete/restaurante/bar defronte ao teatro. 
Foi quando encontrei o dono da voz mais conhecida das tardes de domingo, o do locutor Lombardi, hoje já falecido, que não podia aparecer nas telas por força de contrato. 
Quis fotografá-lo, mas ele não permitiu, alegando proibição de contrato.
Foi de uma simpatia única e até acompanhou nosso grupo num cafezinho. Foi quando disse - lembro bem - que a Laguna era a cidade mais animada que até então tinha passado pelo programa.

Vinhetas da época: “Sílvio Santos vem aí, lá, lá, lá, lá, lá...". 
A mais conhecida "Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar, do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar, lá,lá, lá". 
Ou “A Laguna taí, a Laguna chegou, pra alegrar a senhora e também o sinhô”...

Arquivo de fotos
Procurando em meus arquivos, encontro algumas fotos que restaram da ocasião. 
São fotos em preto & branco e outras coloridas que fiz  por de trás de uma coluna, já que os seguranças do programa não deixavam ninguém fotografar.
Somente mulheres sentavam no auditório e eram escolhidas as mais, digamos, apresentáveis para as primeiras filas.
De minissaia e shorts. Acho que é assim até hoje.
Os homens tinham que ficar lá atrás, nos fundos, escondidos, não aparecendo para as lentes das câmeras.
Consegui um lugar fora do alcance das filmagens. Era a única maneira de fotografar com minha pequena Kodak Instamatic 54x de poucos recursos, foco péssimo. 
Zoom? Isso não existia pra mim. Fazer o quê? Mas ter uma máquina dessas naquela época já era um luxo! Filme caro e revelação mais ainda.

A torcida da Laguna era a mais animada que passou pelo programa, na opinião de Lombardi, como já vimos.

Anos depois, o dr. Adib Abrahão Massih em seu escritório na rua XV de novembro, me presenteou com algumas fotos coloridas do Programa feitas pelo Ibrahim Bacha. 
Muitas delas já não estavam em bom estado, deterioradas no álbum. Recuperei algumas.
Ele me disse: - São tuas, de presente, sei que vais guardá-las com todo carinho e cuidado em teus arquivos e publicá-las na melhor ocasião.
Havia também uma fita de vídeo, mas completamente imprestável, mofada e arrebentada. Impossível recuperá-la.
 
A comercialização dos carnês
Evidentemente o Programa Cidade X Cidade tinha também o intuito comercial, e no instante em que a cidade começava a participar do quadro, diversas kombis aportavam nas duas cidades concorrentes com dezenas de vendedores oferecendo o carnê do Baú. 
Parece-me que Laguna, com o tempo, não atendeu às expectativas de vendas. 
Lembro que um dos veículos ficava estacionado defronte à Praça Paulo Carneiro, com os vendedores oferecendo os carnês aos transeuntes.
Enfim, perdemos na quinta rodada contra a cidade de Jacareí e lembro-me bem a grande recepção na Laguna aos participantes e torcidas.

Prêmios
Já era o mês de junho, dia 18 e até a imagem de Santo Antônio veio recepcionar a caravana, na frente da Matriz. Foram 14 ônibus que chegavam.

14 ônibus da caravana no momento que chegavam na Laguna na última participação contra a cidade de Jacareí.

Doutor Adib Abrahão Massih discursa defronte à Igreja Matriz na chegada da caravana, com Santo Antônio dos Anjos à porta.


Dr. Adib fez um discurso inflamado, protestando que fomos injustiçados.
Pura verdade. Em algumas tarefas teria havido favorecimentos para Jacareí por parte de alguns jurados nas notas. 

Anúncio do prêmio.


Na rua Raulino Horn, prefeito Mário José Remor  posa com os dois fuscas recebidos pelas vitórias na competição. Ao seu lado os advogados Adib Abrahão Massih e Jaison Prates Silva, além de Jorge Speck, presidente da Associação Comercial e Industrial da Laguna-Acil. 
Na direção de um dos veículos, o conhecido Almir Massih. 
Nas placas à esquerda pode-se observar os lendários Brigite Bar, Toni's Confecções e Confecções Romer.
Os prêmios pelas vitórias no programa foram automóveis Volkswagens, uns fuscas que posteriormente foram sorteados numa rifa, com a renda em prol de entidades beneficentes de nossa cidade.
Houve interesse, tamanho o sucesso, que Laguna retornasse ao programa no ano seguinte. Mas por um motivo ou outro a proposta nunca se concretizou.
Jornal Semanário de Notícias de 27 de maio de 1978 e as tarefas na disputa contra Tupã.

Jornal Semanário de Notícias de 8 de julho de 1978, noticiou as cinco participações.


Jornal Semanário de Notícias de 15 de julho de 1978, anunciou que Laguna retornaria ao Programa de Silvio Santos, mas não aconteceu.