quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Biblioteca Pública Romeu Ulysséa: mais de vinte mil livros encaixotados, no chão, há quase seis meses

A Semana Nacional do Livro e da Biblioteca começa hoje e vai até 29 de outubro. Não há o que comemorar na Laguna. Vinte mil livros de sua biblioteca municipal estão encaixotados, por falta de estantes

Há quase seis meses, estudantes, professores, pesquisadores e demais leitores que se dirigem à Biblioteca Pública Romeu Ulysséa, da Laguna, situada no antigo Ginásio Lagunense, na rua Voluntário Fermiano, ficam frustrados e saem do local indignados.

O motivo? Mais de vinte mil livros ainda estão encaixotados no piso, no meio do grande salão.

São dicionários, enciclopédias, romances, obras didáticas e sobre Laguna, algumas delas raras e que não podem ser consultadas porque estão fechadas em caixas de papelão.
Estantes velhas, enferrujadas estão no pátio
Faltam estantes para expor milhares de obras e as poucas que existem, em ferro, não ideais, tem mais de vinte anos e estão enferrujadas. Várias delas pelo estado imprestável estão depositadas no pátio no fundo do prédio.

Não há sala de multimídia, muito menos internet, e os poucos computadores continuam em caixas, a maioria precisando de manutenção. O mobiliário da Biblioteca deixa a desejar, composto de mesas velhas e obsoletas. Registros de frequentadores ainda são feitos numa antiquada máquina de escrever.
Material de informática em caixas
Atualmente, 6.455 mil pessoas estão cadastradas como leitores na Biblioteca Pública.

O prédio sofreu obras de restauração na administração passada desde a primeira semana de janeiro de 2011 e foi aberto à população em maio deste ano.

Uma plataforma elevatória (elevador) instalado não funciona e o assoalho em madeira não recebeu uma camada protetora de sinteco.

Anexo não foi restaurado e elevador não funciona
Chama a atenção também, por qual motivo o imóvel anexo, situado nos fundos e em continuação ao prédio principal (antigo laboratório de química à época do antigo Ginásio Lagunense, para quem conheceu), não foi restaurado. Há que se consultar o projeto descritivo para sabermos se ele estava incluído. Mas pelo divulgado à época deveria estar, veja abaixo:

Revitalização do prédio
Quando da divulgação das obras de restauro lá no início de 2011, consta no site e release distribuído pela prefeitura:

“A obra contempla todo revestimento, pintura, cobertura, assoalho, projeto e execução de sistemas de alarme e anti-incêndio, cozinha nova, banheiro adaptado para deficientes físicos, salas para inclusão digital e educação infantil.


Para a acessibilidade dos visitantes, um elevador irá conduzi-los aos três andares do local. O primeiro, com novo portão lateral, será usado para educação infantil. O acervo bibliográfico se situará na segunda parada e no terceiro andar, o acervo do professor e arquiteto Wolfgang Ludwig Rau, que receberá uma sala climatizada com tratamento paisagístico e luminotécnico
”.

E mais:

Os recursos contemplam ainda todo mobiliário novo. O repasse do Ministério da Justiça será de R$ 299.144 mil e contrapartida da prefeitura no valor de R$ 89.789 mil.

O projeto foi elaborado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação e aprovado pelo Conselho Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, vinculado ao Ministério da Justiça”.

Os sanitários antigos então existentes sofreram alterações e, pasmem, a pequena copa/cozinha para funcionários ficou situada exatamente entre os dois sanitários masculino e feminino! É caso ou não de interdição pela Vigilância Sanitária? Mesmo assim a copa/cozinha, que está sem porta, mesmo tendo um forno de microondas, fogão e geladeira simplesmente não funciona porque não existe pia nem instalação externa para o botijão de gás.
 
Copa/cozinha, situada entre
dois sanitários, não funciona
A Biblioteca e seu acervo havia sido deslocada para uma sala situada na avenida Calistrato Muller Salles, no Portinho, longe do centro da cidade e que não atendia a demanda. Em maio deste ano retornou a sua origem.

O outro lado
Em maio deste ano, a secretaria de Comunicação Social divulgou em release à imprensa e no site da prefeitura que o mobiliário e outros equipamentos para a Biblioteca municipal seriam adquiridos através de uma licitação. 
Quase seis meses se passaram e até o momento não foi feita a licitação para aquisição do mobiliário.

A nota publicada finalizava: “A intenção de acordo com a Secretaria de Educação é não deixar os leitores sem acesso ao acervo. Após a colocação dos móveis, a biblioteca estará disponibilizando toda a sua oferta de livros”.

Histórico
O prédio onde funciona a Biblioteca Pública Municipal, primeiramente, era habitado pela família do coronel Manoel Luiz Martins, exportador e armador. Em 1894 foi adquirido pela Prefeitura e transformado no Instituto Municipal de Educação.
Em 1911, o superintendente do município, Oscar Guimarães Pinto, reuniu as freiras da cidade para instalar no local o colégio Stella Maris, onde ficou sediado até 1929.

Em 1932, no governo de José Fernandes Martins, foi fundado no local, o Ginásio Lagunense que foi mantido até 1964, quando foi construída a sede do Conjunto Educacional Almirante Lamego – Ceal, no campo do Lamego.

Já funcionou também ali, prefeitura, secretaria de Educação e câmara de vereadores.

5 comentários:

  1. depois quando se critica, alguns abobados dizem que somos faladores.

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  2. E o que mais me indigna, me deixa revoltado, Renato, é a passividade, o conformismo que as pessoas recebem uma situação dessas (entre outras). Como se um absurdo desses fosse normal. Nenhum vereador se manifesta - e são 13 -, Clubes de serviço, nada. É de doer, de desanimar. E as autoridades ditas responsáveis, fazem pouco caso. IGNORAM A DENÚNCIA!

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  3. Caros Valmir, Zuleida e Renato eu sei que outras pessoas devem ter lido esta matéria e sentido a mesma tristeza que nós sentimos. Numa outra admnistração, há uns anos, eu vinha pelas ruas centenárias da nossa Laguna, faceira, mostrando o nosso casario pra Urda Klueger que ama a Laguna. Por mero acaso encontramos o prefeito no meio do caminho. Parei e fiz questão de apresentar a reconhecida autora para aquele senhor que apertou a mão da escritora e falou assim: " ah... é... de livros e escritores eu não manjo muito"... Bem, isto não foi um cumprimento à altura da visitante, e vejo que nos últimos anos não apareceu mais prefeito nem secretário que dê a mínima para livros. Estamos deste modo, com nossa biblioteca às moscas. Uma dó! Uma lástima! Seria possível um movimento em prol da nossa histórica biblioteca com seu valoroso acervo? De fato acredito que nossos vereadores poderiam sim dar uma fôrça! Muito boa a sua reportagem, Valmir! Ma.Fátima Barreto Michels

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  4. Fátima, e o que mais desanima a gente é essa apatia por parte de estudantes, professores e demais usuários da Biblioteca Pública. Não há um protesto, uma cobrança às nossas autoridades, como se a situação fosse normal, é assim mesmo.

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