quinta-feira, 6 de agosto de 2020

O misterioso desaparecimento do navio Laguna II

Dedico esta pesquisa ao meu pai Valmir Guedes; e a Munir Soares, de saudosas memórias. Os dois sempre me “cobraram” a história desse navio. Nunca havia encontrado maiores dados para escrevê-la. 
Até o começo deste ano...

Quinta-feira, 12 de dezembro de 1963. Uma manhã calma, quente, com a temperatura marcando 33,8º, tempo estável, conforme o Boletim daquele dia, de Amaro Seixas Netto publicado na capa do jornal O Estado, editado em Florianópolis.
No cais do porto de Imbituba o navio Laguna II terminava de ser carregado e fazia os últimos preparativos para empreender a viagem que pretendia fazer até o Porto do Rio de Janeiro.

O navio Laguna II. Pode-se observar em seu convés dezenas de tábuas em prancha.
No corte da foto, o nome do navio e observa-se parte da tripulação no convés.
O navio cargueiro Laguna II havia sido construído em Savona, na Itália em 1948 e adquirido no mesmo ano pela Empresa de Navegação Lagunense Ltda.
Media 60 metros de popa a proa, desenvolvia 9 milhas horárias, deslocava 794 ton e possuía motor de 600 HP.
O nome de batismo da embarcação foi em homenagem ao primeiro vapor Laguna, que encalhou e naufragou nos molhes da barra da Laguna, em outubro de 1921. (Ver matéria anterior neste blog).

A empresa “Navegação Lagunense” era de propriedade da firma Pinho & Cia. (que depois acabou sendo sua única proprietária), e de Romeu Machado, Heitor Cabral Teixeira e Olímpio Motta, conforme informa Norberto Ungaretti em seu livro “Laguna um pouco do passado”, pág. 172.
O Navio Laguna II, ainda pertencente à Empresa de Navegação Lagunense, ancorado no antigo cais da Laguna.
Esta empresa construiu diversas embarcações ao longo de sua existência, entre elas o navio Oscar Pinho, nome dado em homenagem ao então superintendente (prefeito) da Laguna Oscar Guimarães Pinho. Foi uma embarcação que marcou época na história marítima catarinense.

Embarcação vendida
Alguns anos depois do navio Laguna II ser adquirido pela empresa “Navegação Lagunense”, a embarcação foi vendida a um terceiro, de nome desconhecido, que por sua vez a vendeu em 1962 por Cr$ 40 milhões de cruzeiros a empresa Moinhos Reunidos Itajaí S.A., de Itajaí, que era representada no Rio de Janeiro pela Agência de Navegação e Representação Unidas.
Depois de passar por reformas o navio voltou ao mar com o mesmo nome de batismo.

O comandante do Laguna II era o carioca José Martinho (Marinho , cfe. informação de familiar nos comentários) Leão, “um marinheiro experimentado que conhecia todas as manhas do mar”. Os tripulantes, num total de 15, eram todos catarinenses, sendo a maioria oriunda da cidade de Itajaí, entre eles o contramestre José Marcelo das Neves; o terceiro motorista Felício Frederico Westphall; e o moço de convés Aldo Marjado.

Tábuas e farinha formavam a carga
Depois de abastecer-se nos portos da Laguna e Imbituba com 14 mil e 500 sacas de farinha de mandioca, avaliadas em Cr$ 25 milhões de cruzeiros, partiu do segundo porto em direção ao Rio de Janeiro, seu destino final, onde deveria chegar no dia 14 de dezembro de 1963.
Como se pode observar, o jornal A Tribuna, de Santos (SP), noticia em 21 de dezembro de 1963 (sábado) o desaparecimento desde o dia 12 do navio Laguna. Além disso, cita que o navio partiu de Imbituba (SC), com um carregamento de farinha de mandioca.
O navio nunca chegou ao seu destino
Seu último contato através do rádio foi no dia seguinte, 13, às 10 horas com o porto de Paranaguá, quando navegava no litoral sul do Paraná, a 10 milhas da costa, em marcha de 8 milhas horárias.
"Navegamos ao largo de Paranaguá. Tudo bem a bordo". Esta foi exatamente a última mensagem irradiada.
Um chamado para o navio às 16 horas do mesmo dia já não obteve resposta. Nas horas posteriores foi dado o alarme de embarcação desaparecida.

As buscas
No dia seguinte, 14, começaram as buscas por parte de aviões como um B-25, Prefixo "PT-BAG" da Força Aérea Brasileira (FAB), do QG da IV Zona Aérea em São Paulo. Um helicóptero ("SH-19") do Serviço de Busca e Salvamento (SAR), também foi utilizado
As buscas se prolongaram inclusive com a participação, sete dias após o desaparecimento, do navio Maria Ramos, da frota da empresa representante do Laguna II no Rio de Janeiro, enviada para proceder a uma busca dos despojos.
Outro navio, de nome Paula, comunicou dias depois ter encontrado nas proximidades da Ilha Bom Abrigo, no litoral paulista de Cananeia, a 10 milhas da costa, grande quantidade de sacas de farinha de mandioca. Uma delas foi recolhida e trazia o nome “Olympia” ou “Olinda”.

O desaparecimento não ganhou destaque na imprensa
O Brasil vivia um momento conturbado em sua economia e política naquele ano de 1963. As manchetes dos jornais matutinos e vespertinos estampavam diariamente esse clima e ocupavam a maioria das páginas dos órgãos de imprensa.
Além disso, em sendo proximidade do natal os assuntos em pauta eram os preços exorbitantes dos artigos natalinos, então vendidos “em livre comercialização” em decreto expedido pela Superintendência Nacional de Abastecimento - Sunab.
A notícia do desaparecimento do navio Laguna II e de seus tripulantes ganhou – e quando ganhou – apenas os rodapés das publicações. 

O semanário lagunense O Albor, por exemplo, nem noticiou o fato.  Nem na semana nem em datas posteriores, Isso que o navio foi batizado com o nome da nossa cidade, havia pertencido a uma empresa daqui e era regular em suas viagens ao nosso porto.
Uma embarcação de carga com quinze pessoas sumidas no mar, ao que parece, não merecia acompanhamento nos noticiários da imprensa.
Tempos estranhos aqueles.

Buscas encerradas sem encontrar o navio
Somente após o natal, em 27 de dezembro de 1963, quase quinze dias depois do desaparecimento, é que o jornal O Estado, de Florianópolis, traria uma pequena nota na capa.
Jornal O Estado, de Florianópolis, de 27 de dezembro de 1963 traz a única reportagem sobre o desaparecimento do "Navio Laguna".
No texto, a notícia de que a FAB havia encerrado a procura de sobreviventes do navio Laguna II naufragado na altura da Ilha de Bom Abrigo no litoral paulista. “Teriam perecido todos os tripulantes do cargueiro”, informava o jornal.
Acrescentava, por fim, que foram encontradas algumas pranchas de madeira (estrados) e dois botes salva-vidas que pertenceriam ao cargueiro sinistrado. O mau tempo reinante no local seria um dos motivos para a cessação das buscas.

Infrutíferas buscas
O jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro em três oportunidades deu algumas linhas ao acontecido, em suas edições de 24, 27 e 28 daquele mês.
Em sua edição de 28 de dezembro de 1963, em página interna, informava que a FAB não havia encontrado o navio Laguna II. "Até o momento, ao contrário do que foi noticiado pelos jornais e emissoras de rádio, não existe confirmação oficial de que o vapor "Laguna" tenha sido encontrado, tendo sido infrutíferas as buscas da FAB”. 
“Soubemos ainda, concluía o jornal, que ao contrário do que foi noticiado, o Laguna não se encontrava no seguro”.
Daí em diante não se encontra mais notícias na imprensa catarinense e paulista sobre o destino do navio Laguna II e seus tripulantes.
Na imprensa carioca, o jornal A Noite no começo do ano seguinte, ou seja, em 2 de janeiro de 1964, traz pequena nota sobre o fato, atribuindo o desaparecimento do navio ao excesso de carga, além de citar Imbituba como o porto de partida:
O peso total da carga era de 725 toneladas e a capacidade do navio era de 399 toneladas. Levaria, portanto, 326 toneladas a mais.

A misteriosa 16ª passageira
Alguns dias depois dos fatos surgiram conversas entre algumas pessoas de que uma misteriosa mulher teria subido ao convés da embarcação nos últimos minutos antes da partida.
Seria uma mulher distinta, bonita, trajando um longo vestido escuro.
Ninguém teria dado importância à cena, apesar de incomum.
A entrada dessa mulher a bordo do navio Laguna II só foi lembrada dias depois quando da notícia do desaparecimento da embarcação e de sua tripulação.
Teria existido de fato essa misteriosa mulher? 

Seria repetição de uma história já acontecida 14 anos antes?
Em 1º de abril de 1949 quando o navio cargueiro Oswaldo Aranha partiu do mesmo porto de Imbituba em direção ao mesmo destino, o Rio de Janeiro e também misteriosamente sumiu, surgiram conversas de que uma mulher teria subido a bordo da embarcação nos últimos instantes antes da partida. Outro mistério?

O navio cargueiro Laguna II, de acordo com os jornais e empresa proprietária, não possuía seguro e transportava 15 tripulantes. Todos eles homens. 
O mar teria servido de túmulo para o navio e todos os tripulantes?
Teria existido realmente essa misteriosa 16ª passageira?
Quem seria?
O que de fato aconteceu com o navio Laguna II?

21 comentários:

  1. Que ótima pesquisa Valmir. Não conhecia essa história. Reúne todas essas histórias de navios e publica outro livro. Vai ser interessante pra muita gente. Quero um.
    Edison de Andrade

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    1. Olha Edison, dava outro livro mesmo. É um caso a se pensar. Abraço

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  2. Antigamente, rezavam as crendices que mulher a bordo era problema de azar, na certa. Ainda mais, uma de preto....

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    1. Pois Zuleida existe mesmo essa crendice. Vai saber...
      Abraço e obrigado pela leitura e compartilhamento

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  3. Excelente pesquisa! Parabéns pela matéria!

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  4. Essa história daria um filme, se fosse no EUA. Já estou vendo até o título: "A misteriosa 16a. passageira". Ou "Um navio some no oceano". Ou "O mistério do navio Laguna". etc.
    Parabéns pela Matéria. Interessantíssima.
    Geraldo de Jesus

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    1. Dava um filme mesmo. Com altos efeitos visuais. Uma ficção? Um drama? Um mistério? Um policial? Ou espionagem?
      Ate terror?
      Abraço

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  5. Olá, meus parabéns mais uma vez pelo excelente trabalho e pelo compartilhamento de mais esse conhecimento... História de fato surreal, ainda mais somada pelo certo descaso, ou melhor desinteresse mostrado na época. Mas por sorte temos a sua pessoa, que pesquisa e se debruça em cima destas histórias pitorescas e super interessantes. Valeu e muito obrigado... Abraços...

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    1. Realmente uma história surreal. Mais uma. Mas vem mais por aí.
      Abraço

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  6. Olá Valmir!!!!
    Muito interessantes as informações da matéria relativa ao “desaparecimento do Laguna”, já que é um dos casos considerados sem solução envolvendo um navio brasileiro, no nosso litoral e não sendo época de guerra. Lembro muito bem deste evento, pelo fato do navio ter sido batizado com o nome da nossa cidade, assim como, pelo menos um dos tripulantes morar em Laguna... mais precisamente no bairro do Magalhães.
    No caso, este tripulante que infelizmente não lembro o nome, era praticamente vizinho dos meus pais que residiam na Av. João Pessoa próximo do colégio Stela Maris, sendo que a sua esposa (dona Valda Carneiro... nome de solteira) era muito amiga da minha mãe. Os vizinhos procuraram auxiliar como podiam, inclusive a minha mãe que sempre me levava junto nas diversas vezes fomos na casa deles para prestar o apoio necessário nestes momentos de dor. A dona Valda tinha 3 filhas sendo a do meio chamada Lígia, estudava comigo no terceiro ano primário no Stela Maris.
    Mas, como você comentou... o Brasil vivia um momento político muito agitado, com inflação alta... e estávamos quase no final do ano. Hoje, refletindo sobre tudo o que se passou, penso que só pode ter sido mesmo descaso das autoridades, já que tínhamos passado da metade do século XX... e no Brasil estes fatos ainda ocorriam.
    Grande abraço do seu amigo de Joinville – SC (Adolfo Bez Filho)

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    1. Infelizmente amigo Adolfo ainda não consegui os nomes de todos os tripulantes, afora o que trouxe, inclusive do comandante. Foi uma pesquisa difícil por faltar muitos dados e não encontrá-los na imprensa catarinense. Vê que tive que buscar em São Paulo e no Rio.
      Grande abraço e agradeço a leitura.

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    2. Gostaria imensamente de ver a relação dos tripulantes, mas esse que falas, pai da Lígia, e casado com Valda, residentes no Magalhães, é meu tio, irmão de minha mãe e seu nome era Claudino João Ricardo.
      Paulo R.Caminha.

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    3. Segundo um grande amigo Edson Silva (Velho Bruxo), seu tio havia desaparecido em condições semelhantes à do meu tio Claudino João Ricardo.
      Através deste BLOG, tivemos a oportunidade de checar as informações.
      Seu tio e padrinho Manoel Belacruz Rebelo, faleceu também neste mesmo naufrágio que o meu tio Claudino João Ricardo. Muita coincidência!
      Paulo Ricardo Caminha

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    4. Jean Carlo Ricardo Peretto22/03/2023, 14:27

      O tripulante de Laguna que morava no Magalhães era meu Avô, Claudino João Ricardo, que deixou minha Avó Walda Carneiro Ricardo, e as Filhas Maria de Lurdes Carneiro Ricardo, Maria Lígia Carneiro Ricardo (Minha Mãe) e Maria de Fátima Carneiro Ricardo. Essa seria a última viagem de meu Avô que se aposentaria chegando ao Rio de Janeiro. Fico muito grato em conseguir ler alguma informação do ocorrido, já que por diversas vezes já tinha procurado e nunca tinha encontrado. Hoje achei esses informações. Parabéns ao responsável pelo conteúdo e às famílias que deram suporte à minha avó, minha mãe e minhas tias. Que Deus abençoe todos que de alguma forma contribuíram. Me chamo Jean Carlo Ricardo Peretto.

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  7. Meu pai era tripulante deste navio, primeiro maquinista e viajamos duas vezes com ele para o Rio de Janeiro. Nesta viagem ele estava doente e não embarcou.
    Infelizmente seus amigos se foram. Lembro de todos. Uns moravam em Laguna e outros em Itajaí. Foi muito triste.
    Maria Regina G. Morais.

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  8. Meu tio estava neste navio o nome dele era Valério de Gregório morava em itajai deixou dois filhos

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  9. Meu tio estava nesta embarcação, era o Felício Frederico Westphal. Cresci ouvindo esta história, mas nunca li nada a respeito. Obrigada pelas informações. Minha tia lutou por 40 anos para receber a indenização pela morte dele.

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  10. Rodrigo Leão08/08/2023, 23:09

    O comandante do Laguna II era meu avô paterno, José Marinho Leão (e não "Martinho" como publicaram na imprensa). Meu pai era jovem e seus irmãos ainda menores e sempre relembravam os momentos dramáticos de falta de informação e não conseguirem vivenciar o luto de forma definitiva. Minha avó também teve que lutar por muitos anos para ter o reconhecimento dos seus direitos como pensionista. Excelente pesquisa que trouxe detalhes que ainda desconhecia. Abs

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  11. Nossa, sempre quis saber um pouco desse naufrágio. Meu avô materno estava nessa embarcação. Era o Pedro Victorio da Silva. Minha mãe e meus dois tios eram pequenos na época

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  12. E lá se foram 60 anos de uma ida sem volta. Meu pai era um desses que buscava o melhor para sua, nossa família. Afinal éramos cinco meu, minha mãe, meu irmão, minha avó e eu. Como sofri com essa ida sem volta e sem resposta. Cresci vendo meus amigos que tinham pai e eram também embarcados em outros navios da mesma empresa. Cresci me perguntando porque eu? Cresci sabendo que a tragédia não foi por acaso, mas, sim pela ganância de um certo armador e seus comparsas. Meu pai era o taifeiro Ivo Alves da Silva.

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  13. Rafael Antonio Luciano07/01/2024, 16:09

    Meu avô faleceu nesse náufragio, antonio domingos Luciano, não era pra ter ido nessa viagem pois estava entrando em férias. Mas preferiu ir na viagem pq faltava 8 meses para se aposentar e queria adiantar usa aposentadoria.
    Meu pai me contou que meu avô falava que em dias de chuva o Laguna parecia um submarino, os sacos de farinha molhavam e ficavam mais pesados fazendo o navio navegar muito baixo.

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