terça-feira, 11 de novembro de 2014

Houve um tempo... à moda antiga

Houve um tempo, década de 70, que os maiores sucessos musicais no Brasil eram cantados em inglês, por brasileiros, com nomes artísticos em... inglês. E muitos fãs, no início, desconheciam esse pormenor.

Conjuntos e cantores, na onda do rock, sempre, é claro, com utilização de guitarras, trocavam seus nomes e vendiam adoidado suas gravações (hit's) em discos de vinil (LP's e compactos simples ou duplos) e nas então fitas cassetes de 60, 90 minutos. Fitas que também comprávamos virgens (Basf, TDK, Philips) para gravar em mono das emissoras de rádio, com irritantes interrupções para os horários e prefixos. A Rádio Santa Catarina, de Tubarão era a que mais tocava esses sucessos, seguida da Rádio Garibaldi, aqui da nossa cidade. FM's ainda não tínhamos por aqui. As músicas eram inseridas também nos temas das telenovelas.
Alguns desses cantores/compositores faziam versões de sucessos de bandas e cantores estrangeiros, como os Beatles, Rolling Stones, Abba, Bee Gees. Outros compunham em inglês os mais diversos sucessos que se imortalizaram para toda uma geração.

Nos bailes de então eram obrigatórias as execuções dessas canções, e ai da banda que assim não o fizesse, que não estivesse atualizada com as músicas que tocavam diariamente nas rádios de todo o país e também como temas musicais de novelas da Globo, como Casarão,  com My life, de Michael Sullivan, etc.

Os bailes no Clube 3 de Maio, no bairro Magalhães, e Anita Garibaldi, no Campo de Fora, eram os mais concorridos. E havia fins de semana, aos sábados, que nas duas sociedades aconteciam bailes simultaneamente, com as turmas muitas vezes se dividindo entre as duas casas, durante as madrugadas, indo ou vindo, a pé, pela paixão, comendo poeira. Ninguém se cansava.

Quando da execução dos primeiros acordes, que todos já conheciam, pares se formavam rapidamente, coladinho um ao outro, o salão lotava, e não havia uma garota que ficasse sentada. Eram canções românticas, chamadas vulgarmente – que coisa sem graça - de "levanta bancos", por motivos óbvios. Dançava o muito feio, a muita feia (que me perdoem, como nos versos do poetinha Vinicius) e até quem não sabia bailar. Quantos namoros não iniciaram ao som dessas canções? Iniciações... precoces casamentos...
Tempo em que pegar na mão era uma vitória, um beijo roubado e molhado digno de um troféu; amasso num canto uma ousadia tamanha que merecia posterior "bebemoração" sozinho ou com a turma. Ninguém "ficava" facilmente como nos dias atuais.

The Claytons, de Imbituba era o conjunto que executava as canções com maior perfeição, na opinião de muitos, inclusive a minha. Mas havia igualmente Brasilian Boys, de Tubarão que também era muito bom.
As palavras em inglês, as frases, eram pronunciadas, cantadas limpidamente e tão logo entravam no hit parede, corríamos em busca de dicionário inglês-português para traduzi-las. Maioria, de letras românticas, era de fácil assimilação porque simplórias. Professor But, no Ceal, também traduziu muitas letras para nossos ouvidos – e corações jovens – ávidos de sensações e de paixões, em busca da conquista daquela menina da sala de aula ou da vizinhança.

Muitos desses compositores e cantores com o tempo sumiram do cenário musical. Alguns trocaram de gênero; outros foram embora do país, abandonaram a carreira ou morreram. E há ainda quem faça esporádicas apresentações.
Vez ou outra, em gincanas musicais, lembrados, são convidados e se apresentam no longevo programa Silvio Santos. É quando constatamos, meio que desolados, que o tempo passa para todos nós. E ainda bem que é assim.

Pois descobri no You tube uma seleção com as dez melhores canções "internacionais" da década de 70. Lista feita por um apaixonado por aquela época. Com exceções da banda californiana de rock Creedence, da Banda Pop inglesa The Rubettes, e Grupo Christie, com Yellow River,  os outros são todos brasileiros. Tem até o Tony Stevens, que depois vai virar Jessé (já falecido) com sua "Porto solidão", em 1980, no Festival MPB Shell, lembra?

Há outros inúmeros sucessos que bem merecem constar na lista, é claro, e penso, por exemplo, que faltou incluir Feelings, de Morris Albert. Ou Maurício Alberto, brasileiro que ficou milionário com a citada música, traduzida em diversos idiomas e classificada entre as 100 mais conhecidas de todos os tempos. Morris Albert morou nos EUA e hoje reside na Itália.

Pois então se aconchegue na poltrona para ouvir ou tire a hoje patroa (ui!) - mas sua eterna namoradinha, se foi amor verdadeiro desde então - para dançar no meio da sala e relembre uma época que não volta mais, a não ser nas folhas do livro da saudade, quando o folheamos. Eis alguns sucessos:

1-CREEDENCE - HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN
2-DAVE MacLEAN - WE SAID GOODBYE

3-MY LIFE – MICHEL SULLIVAN
4-MY MISTAKE – PHOLHAS
5-LIES – CHRISTIAN
6-DAVE MacLEAN - ME AND YOU
7-TERRY WINTER - OUR LOVE, OUR LOVE
8-TONY STEVENS (JESSE) – IF YOU COULD REMEMBER
9-THE RUBETTES - SUGAR BABY LOVE
10-CHRISTIE – YELLOW RIVER




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