No começo do século XX, o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira
Passos (1902-1906), promoveu naquela cidade uma urbanização, saneamento e
civilização da recente Capital da República. Era o chamado “bota-abaixo”.
Avenidas foram abertas, morros desmanchados, mangues aterrados.
Nem tudo deu certo, é bem verdade. Cortiços foram derrubados e sua população
sem ter pra onde ir e não querendo se afastar do centro começou a subir os
morros dando origem à ocupação desordenada até hoje.
Mas os maiores objetivos, que era o saneamento básico e a
higiene foram conseguidos. Pereira
Passos quando estudou em Paris, tinha presenciado as reformas urbanas
promovidas por Georges-Eugène Haussmann e as implantou
no Rio de Janeiro.
Urbanização também chega na Laguna
Na Laguna não era diferente. No segundo quartel do século
XIX, com a chegada de imigrantes e o início da exploração do carvão no sul do
estado e construção da Estrada de Ferro Tereza Cristina, uma onda de progresso
começa a varrer a cidade.
Teatro, clubes, Sociedades Musicais e carnavalescas, Grupos
Escolares, jornais, biblioteca, hospital, mercado, são construídos e
inaugurados. Pelo porto da cidade escoavam produtos primários e chegavam os
manufaturados. O tráfego com outras praças era intenso, inclusive com o Rio de
Janeiro.
“Inegavelmente, foi a época de maior luxo em nossa terra”,
diz Saul Ulysséa, em sua obra A Laguna de 1880.
Mas a cidade ainda sofria com a falta de saneamento básico,
as ruas não eram calçadas, não havia um cais para seu porto e existiam zonas
alagadiças em pleno centro da cidade.
Num relatório feito pelo Juiz Dr. Francisco Izidoro Rodrigues da
Costa, contendo informações da cidade, podemos ler:
“A Laguna, cidade importante da Província, não tem procurado
melhorar o seu estado sanitário.
As emanações pantanosas, sobretudo, que favorecem a propagação
de epidemias, não são extintas. A Providência favoreceu o povo com uma contínua
mudança de ventos, que carregam os miasmas e contribuem para a salubridade,
embora de 1874 a 1878 a epidemia da Varíola dizimasse a população. Estando em
frequente comunicação com o Rio de Janeiro, facilmente se importa a Febre
Amarela, as Bexigas e todas as espécies de epidemias. Deve-se por isso
conservar as casas, as ruas, os valos e outros focos de miasmas sempre
acionados, observando os preconceitos higiênicos”.
Mais adiante ele faz um alerta:
“Muitas são as necessidades locais que já deixamos ditas no
correr deste trabalho tudo está por fazer: A barra necessita ser
melhorada, cemitério ser construído, as suas ruas, calçadas, o mercado, o
chafariz construídos. Se pelos
esforços comum não se levar a efeito os melhoramentos indispensáveis ao
cômodo e bem-estar, construindo-se, assim uma independência dos favores do
Estado, jamais, por outra forma, dar-lhe-á prova de vitalidade e prosperidade.
A população almeja possuir tão importantes melhoramentos”.
Pois nos primeiros anos do século XX, comerciantes, armadores
e autoridades do município se reuniram para dar uma nova cara para a cidade.
Foi criada, em 14 de julho de 1907, por iniciativa de Ataliba Rollin, juntamente com José (Juca) Guimarães Cabral, os dois cunhados, uma “Comissão
de Aformoseamento” para sugestões, projetos e arrecadação de numerários
para as futuras obras.
É quando surge o jardim Calheiros da Graça e seu chafariz no
antigo Campo do Manejo, a construção do cais em granito, passeios, calçamento
de ruas, iluminação elétrica, etc.
***
Laguna
ficou abandonada nos últimos 12 anos
Que a Laguna ficou feia e abandonada nos últimos
doze anos isso é público e notório.
A cidade precisa de um banho de loja, para tornar a vida dos
habitantes mais agradável e bonita aos seus olhos. Turistas que visitam Laguna
precisam também constatar, além das belezas naturais em que a cidade é pródiga,
o esmero e tratamento que o poder público e os moradores dão a polis onde
residem.
Não há, creio eu, quem não queira viver
e mostrar a visitantes um lugar asseado e bonito e que receba elogios.
Prefeito Mauro Candemil, que de cara pegou duas enxurradas
pela frente que praticamente destruiu o sistema viário da cidade, que já estava em péssimo estado, deveria criar
no novo organograma da prefeitura (a ser enviado em breve à Câmara de
vereadores para aprovação), uma nova “comissão de aformoseamento” da cidade, versão século
XXI.
Este grupo ficaria encarregado, por exemplo, de pintar,
florir, iluminar praças, canteiros e ruas, recuperar e manter monumentos, instalar
lixeiras, cobrando, acompanhando e fiscalizando os trabalhos de outros órgãos
envolvidos.
Em pouco tempo, muito trabalho e algum recurso, evidentemente,
já poderíamos colher os resultados da aparência de uma nova Laguna.
Fica a sugestão.
Concordo, Valmir. Fiquei muito triste com o estado da cidade. Sujeira por todo lado. A Praia não foi limpa no dia primeiro, como acontece todos os anos.
ResponderExcluirÉ isso, Valmir. Concordo. Aliás, dia desses pensei a mesma coisa ao ver o estado de abandono de nossas praças (seria este o motivo de os lagunenses aproveitarem pouco os nossos espaços públicos?). Mas outra coisa me chamou a atenção. Este trecho do texto do juiz: "de 1874 a 1878 a epidemia da Varíola dizimasse a população". Desconhecia que algo assim tivesse ocorrido em Laguna -- ou teria sido exagero do magistrado? Abraços.
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