Uma das bacias da rede
de coleta, referente ao bairro Mar Grosso, funciona sem licença ambiental, e
diversas ligações clandestinas de esgoto na rede pluvial causam poluição nas
vias públicas e na Praia do Mar Grosso.
O emissário submarino da Casan, ao fundo. Sem licença ambiental, conforme o MPSC. Foto: Elvis Palma |
O Ministério Público
de Santa Catarina (MPSC), por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca da
Laguna, ingressou com Ação Civil Pública contra o Município da Laguna e a
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) para a regularização do
sistema de escoamento pluvial e do sistema de esgoto sanitário do bairro Mar
Grosso.
Foto: Divulgação/MPSC |
Segundo a Ação, foi
instaurado em 2013 um inquérito civil, a partir de abaixo-assinado apresentado
na Promotoria Ambiental da Laguna, para verificar a regularidade do sistema de
esgoto da Casan no bairro.
A Bacia A, referente à
área do Mar Grosso, atua mediante emissário submarino, tubulação utilizada
para lançamento de esgotos sanitários ou industriais no mar, aproveitando a
capacidade que as águas apresentam de diluir os poluentes. Em consulta ao
sistema da Casan, porém, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) constatou que esse
emissário submarino estava funcionando sem licença ambiental.
Em audiências
extrajudiciais com a Prefeitura da Laguna, a Casan, e outros órgãos ambientais,
o MPSC buscou realizar um Termo de Ajustamento de Conduta para que a companhia
regularizasse o emissário submarino, fosse por meio da obtenção de licença
ambiental, ou ligando o sistema da Bacia A na rede de coleta e tratamento de
esgoto das demais bacias, que possuem licenciamento ambiental.
Apesar de se
comprometer a normalizar a situação e recuperar os danos ambientais causados
pelo emissário, a Casan não apresentou nenhum tipo de estudo e nem realizou o
projeto de interligação da Bacia A no sistema de esgoto sanitário da Laguna.
O Município da Laguna
adotou algumas medidas, embora simbólicas e pouco efetivas, no último verão de
2016, quando autuou alguns edifícios por emissão escancarada de esgoto na rede
pluvial, principalmente na Rua Rubens de Lima Ulysséa. Nesta rua, em específico,
diversos edifícios têm seu esgoto diretamente ligado no escoamento pluvial, ou
não possuem sistema individual compatível com o número de usuários do prédio.
Assim, em épocas de veraneio, quando a cidade lota, o esgoto transborda a céu
aberto.
Esgoto pluvial com ligações clandestinas. |
Na ação, o Ministério
Público requer que a Casan e o Município da Laguna paguem indenização pelos
danos ao meio ambiente e à saúde pública, nos valores de R$ 1 milhão para a
companhia e de R$ 100 mil para a Prefeitura. Desses valores, 50% dos valores
revertidos em prol do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados e 50% em prol do
Fundo Municipal do Meio Ambiente.
Requer, também, que
uma série de medidas sejam adotadas pela Casan e pelo Município, com aplicação
de multas no caso de descumprimento. Veja abaixo:
Pela Casan e pelo Município:
Apresentar à Fundação
Lagunense do Meio Ambiente (Flama), no prazo de 60 dias úteis, um projeto de
recuperação da área degradada, com prazo de execução, sob pena de multa diária
de R$ 1 mil em caso de atraso.
Formar força-tarefa
para realizar pelo menos quatro fiscalizações mensais in loco nos locais em que
há esgoto na via pública, sob pena de multa mensal de R$ 10 mil.
Entregar relatórios
trimestrais das atividades feitas à 2ª Vara Cível da Comarca da Laguna, sob
pena de multa trimestral de R$ 50 mil.
Pela
Casan:
Por ter sido
remunerada por um serviço inadequado e sem licença ambiental, depositar os valores
da tarifa de esgoto no bairro Mar Grosso até a regularização da situação. Em
caso de descumprimento, multa diária de R$ 1 mil, com possibilidade de bloqueio
judicial dos valores.
Instalar sistema de
esgoto na Rua Rubens de Lima Ulysséa e adjacentes até julho de 2017.
Entregar à Fatma um
estudo ambiental para a desativação do emissário submarino até dezembro de
2017.
Regularizar o sistema
de esgoto da Bacia A e obter licenciamento ambiental até junho de 2018.
Pelo
Município:
Impedir obras,
serviços, empreendimentos ou atividades que possam causar despejo de resíduos
na rede pluvial do bairro Mar Grosso. Exigir licença ambiental dos empreendimentos
para conceder alvarás de construção, sob pena de multa de R$ 50 mil por alvará
concedido sem licença.
Impedir novas
construções na Rua Rubens de Lima Ulysséa e ruas adjacentes que não possuam
sistema de esgoto até que sejam instalados pela Casan, sob multa de R$ 50 mil
por obra autorizada.
Interditar edifícios e
residências autuados por sistema de esgoto clandestino, caso persistam na
poluição, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.
No momento a Ação aguarda a análise do pedido de liminar pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Laguna. (ACP n. 0900005-38.2017.8.24.0040).
Fonte: MPSC
Será que agora vão resolver porque a coisa já é velha e todo ano é a mesma história. Vamos ver se o novo prefeito toma uma posição firme para que no verão de 2018 não aconteça tudo de novo.
ResponderExcluirJoão Carlos Nunes