segunda-feira, 24 de março de 2014

40 anos da enchente em Tubarão

Hoje está fazendo 40 anos da enchente no município de Tubarão.
As chuvas torrenciais daqueles tristes dias, atingiram vários municípios, principalmente os do sopé da serra, como Lauro Muller, Orleans, Gravatal. Mas foi Tubarão quem mais sofreu a tragédia.
Ainda hoje há dúvidas sobre o número verdadeiro de mortos no município.
Laguna também foi atingida pela chuva e muitos bairros e localidades ficaram embaixo d’água.
O volume d’água que desembocou no Complexo Lagunar fez com que subisse o nível das Lagoas, assustadoramente.
Lembro-me aqui no centro das águas subindo minuto a minuto até que transbordou e ultrapassou o cais, invadindo os leitos das ruas e avenidas e as casas comerciais e de moradias da rua Gustavo Richard, Osvaldo Cabral e transversais, além de toda extensão da avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles).
E continuava a subir.
O desespero era visível em todos os rostos. Não havia o que fazer.
Foi quando arrebentou a Barra do Camacho e as águas fluíram rapidamente também pelo local.

Naqueles dias Laguna parou e sofreu como as nossas cidades vizinhas.
Famílias de Tubarão vieram para nossa cidade e aqui agasalhadas em casas de amigos e parentes. E gêneros alimentícios daqui deslocados para lá.
As quatro padarias de então – Imperatriz, Guanabara, Universo e Carvalho (esta situada ali na então Praça da Bandeira), trabalhavam dia e noite para suprir a demanda, porque muitas fornadas iam diretamente para Tubarão.
Longas filas se formavam nos armazéns. Supermercados ainda não existiam por aqui. O Angeloni vai ser inaugurado no final de 74 ou em 75, se não me engano.

Vejam algumas fotos clicadas pelo fotógrafo-mór Ibraim Bacha. Eram comercializadas em forma de cartão-postal:


Defronte ao Cine Mussi, entre a Osvaldo Cabral e a então
avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles.
Olha a banca do Chico, bem no centro da foto. E a placa do Ponto de Táxi do Oscarlino Fernandes.
Avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles).
Aos fundos a firma Pedone (hoje prédios do Centro AdministrativoTordesilhas, e Leni's).
Ao lado do Ceal, defronte a então Lanchonete 2001. Aos fundos, à esquerda
o prédio da nova rodoviária, que ainda não estava funcionando.
Rua Gustavo Richard - antiga Rodoviária da Laguna. Gurizada caminhava pelas águas.

Centro do Jardim Calheiros da Graça

Rua Gustavo Richard

Rua Osvaldo Cabral

Rua Gustavo Richard e os postos Esso e Atlantic.
Conversando este fim de semana com alguns moradores de Tubarão, que viveram àqueles tristes dias, pude sentir como o fato marcou suas vidas, e não era para menos. Cada um tem o seu relato, testemunho de horas e dias de angústia em que passaram lutando por suas vidas.
Até hoje é lembrado o lodo e seu forte odor que ficou impregnado nas ruas, roupas e objetos, por meses, anos até.
Televisores, geladeiras, fogões, etc. tinham que ser lavados e secados, em tentativa de recuperação.

Passados os dias, a realidade ia se mostrando cada vez mais cruel, com o número de mortos em Tubarão e a destruição causada em seu parque comercial e industrial.
Depois obras foram realizadas, o leito do Rio Tubarão foi retificado e hoje a vazão é muito maior, o que também aumentou a quantidade de entulhos em nossas praias.
Mas o povo da vizinha cidade-azul soube se reerguer, constituindo-se hoje num dos municípios mais pujantes do sul do estado.

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