sexta-feira, 9 de maio de 2014

Foi bonita a festa, pá!

100 anos de uma guerreira
No último dia 26 de abril, em Gravataí-RS, na Grande Porto Alegre, minha avó materna Josina da Lapa Pacheco, completou 100 anos de vida. Isso mesmo, um século de existência.
Lá estivemos para comemorar a data ao seu lado, uma passagem tão marcante, juntamente com tios, tias, primos, primas, netos, bisnetos, tataranetos. Mais de 300 convidados.
Logo após a Missa, à noite, realizada na Igreja Sagrada Família, na Parada 66, houve a recepção no Salão Paroquial da própria Igreja.
As cores da decoração da festa foi a própria aniversariante quem propôs. Ano passado, nos 99 anos, foi azul e branco. Este ano verde e branco foram as cores escolhidas. Inclusive para seu vestido.

Lúcida, falante, pouco antes das comemorações, à tarde, sentei ao seu lado, no sofá de sua casa e curioso como sou, lhe fiz algumas perguntas.
Não podia deixar passar a oportunidade, afinal não é toda hora que a gente conversa com uma pessoa centenária, que acompanha o noticiário da TV, e que ainda tem uma memória privilegiada sobre acontecimentos do Brasil e da própria família, lógico.
Temos que falar um pouco mais alto com ela, por causa de uma pequena surdez. Sente dores nas pernas em razão de um tombo.  Por conta disso não caminha mais sozinha, sempre acompanhada pela filha Lenir, que viúva, mora junto.
Mas não se enganem: lava a louça sozinha, ainda cozinha, “come de tudo” e toma banho sem ajuda.
Porém, uma de suas paixões, a costura, está deixando de lado, o que a entristece.
-“Por conta da catarata nos dois olhos, já não vejo bem o rumo da agulha.
Pelo seu aniversário, foi matéria de capa do jornal Correio de Gravataí, de onde também extraí algumas informações.

***
Cá pra nós. Tão bom rever parentes que os afazeres da vida e a distância, acabam separando fisicamente por tempos.

Fiquei pensando em todos os acontecimentos que se passaram no mundo, no Brasil, no próprio Rio Grande do Sul. As transformações na sociedade, o progresso, as invenções, o surgimento do rádio, da televisão, da internet, novos medicamentos, e que vó Josina acompanhou desde o ano de 1914.
Duas guerras mundiais, os mais diversos políticos como presidentes do Brasil, ditaduras, revoluções, copas do mundo, diferentes moedas, réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzado, real, planos econômicos...
Já pensou?
Foi testemunha de casamentos, nascimentos, batizados, desavenças, separações, mortes, inclusive de três de seus doze filhos.

Um pouco de história familiar
Josina da Lapa Pacheco é natural de Imaruí, nascida em 26 de abril de 1914, então pertencente à Comarca da Laguna. Aos 17 anos casou-se com meu avô Antônio Pacheco Sobrinho, que tinha 35.
Sobre a diferença de idade, 18 anos, a avó fala:
- “Me perguntavam o que eu queria com um velho, mas gostava muito dele e fui feliz”.
Ela morou na Laguna, nos altos da rua Voluntário Benevides, onde nasceram onze de seus doze filhos, todos com nomes com iniciais na letra L. (Lourena, Lourival, Loreto, Lori, Leti, Loureiro, Loreni, Lourenço, Lenir, Loreta, Lizete e Lizia).
Depois se mudou para Gravataí. Ela conta:
-“Viemos para o Rio Grande do Sul para o meu marido trabalhar e para que meus filhos tivessem mais oportunidade de emprego. Foi aqui que quase todas as mulheres casaram e criaram suas famílias”.

A única tristeza da minha avó foi ter perdido o marido e três de seus filhos. Meu avô Antônio Pacheco Sobrinho, meu tio e padrinho Loreto e minhas tias Lourival e Leti.
Ela desabafa, triste:
-“Duas meninas e o filho mais velho já não estão entre nós, isso dói muito para uma mãe”.

Mas logo espanta a tristeza, fica novamente alegre, já nos preparativos finais do cabelo e de provar o vestido da festa, todo ele na cor verde.
E diz:
-“Quero que todos dancem e se divirtam até o amanhecer. Quero que lembrem de mim assim, com alegria”.

Frase de Josina da Lapa Pacheco:
“Os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma”.

Em dezembro de 1957, uma foto reunindo toda a família da Lapa Pacheco:
1 - Lourena. 2 - Lourival. 3 - Loreto. 4 - Lori. 5 - Leti. 6 - Loureiro. 7 - Loreni.
8 - Lourenço. 9 -Lenir. 10 - Loreta. 11 - Lizete. 12 - Lizia.
Josina com os filhos hoje, em seu aniversário centenário.

Meus avós maternos Josina da Lapa Pacheco e Antônio Pacheco Sobrinho.
Um século de vida em 26 de abril de 2014.
Mensagem especial da aniversariante.

Eu e Julita, ao seu lado, nas comemorações de 100 anos.
Ricardo e Chica, primos queridos e em perfeita sintonia.
Aniversário foi matéria de capa do jornal Correio de Gravataí.

3 comentários:

  1. Valmir, parabéns pela matéria e pelos 100 anos da vozinha...quem dera chegarmos la com tamanha disposição !
    Jackson.

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  2. Essa postagem e bem antiga mas queria tirar uma duvida , sou francisco moro em goiania e estou em busca de meu avo antonio pacheco sobrinho mesmo nome do avo de voces , ele morou uns anos com minha avo dalva ribeiro rocha e com ela teve 1 filha , se por acaso for o paj de voces , contou essa historia a voces entrem em contato comigo fone 62 98280 1615 aguardo

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