segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Outros tempos

Edgar Pereira/Álbum de família
Dia desses, Maurício Fernandes Pereira em sua página no Facebook postou algumas fotos de seu pai, Edgar Pereira. Olhando as fotografias meio que viajei no tempo. 
Tomei a liberdade de trazer uma delas pra cá e comentá-la.

Seu Edgar, natural de Jaguaruna, pai do Rodrigo, Maurício e Luciana, foi proprietário de um dos estabelecimentos comerciais mais tradicionais da Laguna, a Casa Regina, situado na esquina entre as ruas Tenente Bessa e Gustavo Richard. Estabelecimento adquirido em 1965 do seu Galdino Goulart.


Era lá que minha mãe comprava as camisas do meu pai e quando cheguei à idade adolescente, as minhas também.
Lembro que ao adentrarmos a Loja, seu Edgar já recebia o freguês à porta. Sempre rápido, alegre, piadista, já expondo as novidades do mercado “chegadas agorinha de São Paulo”, cidade em que trabalhou por dez anos como garçom em clubes e restaurantes.

E assim, trinta anos se passaram
E durante trinta anos a Casa Regina fez história, com seu proprietário integrando-se ativamente à sociedade lagunense onde foi membro da Irmandade Santo Antônio dos Anjos e seu provedor por dois mandatos, além de atuar no conselho de administração da nossa Matriz e presidente do Lions Clube. Nos churrascos de Santo Antônio colaborava como garçom, sempre solícito, certamente relembrando os velhos tempos passados na capital paulista.

Difícil alguém sair de sua Loja sem comprar uma mercadoria. Levava pra casa no mínimo um par de meias, uma cueca. Era excelente vendedor nato. Como poucos que vi nesta vida. Sempre tendo ao seu lado, a companheira de uma vida, Maria Bernadete (Fernandes), a dª Betinha.

A primeira camisa social
Creio que minha primeira camisa social foi comprada ali, em meados da década de 70. Até então, até aos quinze anos, todo adolescente vestia somente camiseta. Com exceção na Primeira Comunhão, por volta dos dez anos, sempre na cor branca cheia de babados nas mangas e no peito.

O primeiro guarda-chuva a gente nunca esquece
Se minha primeira camisa social foi da Casa Regina, meu primeiro guarda-chuva também. Das melhores marcas que “seu” Edgar vendia. Custava caro, comprado em prestações. Ganhei o meu no Natal, presente de Papai Noel.

Sim, sim, não estranhe jovem leitor de hoje, naqueles tempos, século passado, a gente ganhava guarda-chuva no Natal, em pleno verão, no maior calorão. E ficava muito feliz com o presente. Tinha um cuidado com ele, mostrava aos amigos e torcia por uma primeira chuva para usá-lo.
Nada desses guarda-chuvas descartáveis vendidos hoje em qualquer esquina por meros cinco reais. Era uma preciosidade.

Fico pensando. Hoje há crianças e jovens por aí que ganham tudo dos pais, presentes caríssimos, estudos, roupas, celulares e nunca estão contentes, sempre reclamões, chatos, arrogantes, exploradores, bobões. Acham certamente que as coisas caem do céu, que dinheiro nasce em árvore, ingratos que são.

Um acidente automobilístico em maio de 2004 levou “seu” Edgar do nosso meio, aos 69 anos.

Laguna de outros tempos. Casa Regina, juventude, camisa social, guarda-chuva...
Saudades do “seu” Edgar...

2 comentários:

  1. Meu caro Valmir, muito obrigado pelo post. Recordar a pessoa de meu pai, é algo maravilhoso. Como não podia deixar de ser, as saudades são imensas. E o teu texto nos remete para muitas e boas lembranças.

    Um forte abraço,Rodrigo F. Pereira

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  2. Bom dia Valmir!
    Quando lembrastes do guarda-chuva, logo me veio à mente, uma sombrinha vermelha que ganhei da minha avó, também comprada lá. Como tantos, também torcia pra chover. Ia pra aula contando os passos, na esperança de que chovesse. Porém, um certo dia de verão, muito quente, estava claro que viria uma tempestade...(...). Peguei a sombrinha escondido e fui lá no açougue do Erminio Ramos, primo da minha mãe, buscar umas carnes que ele sempre nos doava. Fui contando os passos para poder usar a sombrinha.... Pra minha surpresa, na volta, caiu um temporal tão forte, mas tão forte, que parecia que o vento sul ia me levar com sombrinha e tudo. Resumo: Cheguei em casa com a sombrinha, embora que de boa qualidade, porém, toda danificada. Nunca vou esquecer da surra. Até hoje, detesto sombrinhas e não suporto vermelho.
    Abraços!

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