O colunista Munir Soares na edição do último
fim de semana do Jornal A Crítica (e aqui se dá o devido crédito de origem, é o mínimo),
escreveu um belo texto que merece a reprodução aqui no Blog. Nele relembra algumas das tradicionais casas de comércio varejista de nossa cidade não mais existentes, e de
alguns de seus proprietários e funcionários. Relembra de minha tia-madrinha Miloca,
da sapataria Speck, já falecida; e do “seu” Aládio, a quem presta homenagem e
faz uma sugestão.
A foto da matéria é de minha autoria, feita ontem à tarde, nos balcões da Casa São Paulo.
Confira:
***
O
balconista
Por Munir Soares
A alma do comércio varejista é o balconista.
Houve um tempo em que, nas tradicionais casas
de comércio da Laguna, quem fazia os primeiros contatos com a freguesia eram os
proprietários. Alguns foram mestres no atendimento, ficaram em nossa memória:
Osmar e Ataliba Lopes, Antoninho Mendonça, Paulo Calil, Mirandinha, Batista e
Ibraim Abrahão.
Durante décadas a população lagunense comprou
seus calçados na sapataria Speck. E, quem estava lá, no pronto atendimento,
durante todo esse tempo?
-Dona Miloca. Conhecia todo mundo pelo pé,
número e estilo. A todos dispensava a mesma atenção, pagasse á vista ou na
caderneta, fosse rico ou pé-de-chinelo.
E, o que dizer do Aládio?
Aládio Fortunato. Foto: Valmir Guedes Jr. |
Aládio Fortunato. Profissão:
comerciário/balconista. Se existe nobreza no trato com o público, Aládio é um
fidalgo. No final dos anos 50 Aládio já era uma referência no comércio local.
O vento do tempo provocou profundas mudanças
na vida da terrinha. Via férrea e estação ferroviária sumiram do centro da
cidade. A “máquina 7” silenciou. Por razões diversas o comércio mudou de
mão. Tecidos João Mussi S.A., Silvio Castro,
Galeria Gigante, Carlos Hoepcke, Armarinhos Nelma, Rodolfo L. Pereira, Nelson
Siqueira, A. Westphal, Camisaria Nancy, fecharam suas portas. No entanto, ele
ficou. Testemunha viva dessa transformação.
Exemplo de obstinação e longevidade. Aládio,
com mais de 60 anos de serviços, continua atrás do balcão da “Casa São Paulo”,
fazendo o que mais sabe fazer, atender sua clientela com a alegria de bem
servir.
Se Aládio já não sobe as escadas com a
vivacidade de outrora mantém aquele sorriso de quem está de bem com a vida.
E, ainda hoje, quando as meninas (colegas)
precisam calcular o tanto de tecidos para fazer algumas fronhas, ou um vestido
longo, apelam para o Aládio que, de cabeça, faz as contas. Sem margem de erro.
Oitenta e três anos de idade e sessenta e dois
de trabalho.
Ao relembrar a trajetória de vida do
comerciário/balconista Aládio, pergunto, se tal exemplo de honestidade,
dedicação, eficiência, responsabilidade e discrição não mereceriam por parte da
Acil – Associação Comercial e Industrial da Laguna ou do Sindicato dos
Comerciários uma homenagem especial, como por exemplo, uma placa comemorativa
entregue a ele, durante um jantar festivo?
Aos meus amigos Munir Soares e Valmir Guedes o nosso cumprimento por tão bela homenagem. Que saudade daquele tempo. Um abraço meus amigos
ResponderExcluirValmir, realmente estás fazendo jus a uma pessoa de honestidade ilibada, herdada de seus pais, talvez um dos únicos remanescente do antigo comércio lagunense, só gostaria de lembrar ao meu grande amigo Munir, um lapso de memória quando no rol de comerciantes esqueceu uma pessoa que aprendi a respeitar desde criança, Sr. Rubi Teixeira, (Casa Esmeralda) que acima de todo o cavalheirismo no atendimento, deixou um legado importante ao comércio de nossa cidade, sua honestidade. Quanto ao Aládio uma justa e merecida homenagem, mas, como não é político, talvez esqueçam.
ResponderExcluirPrezado Valmir, há tempos sou assíduo leitor de seu dinâmico blog. Quero, portanto, nesta oportunidade, renovar o meu maior apreço e respeito pelo corajoso trabalho que desenvolves, no exercício permanente e vigoroso, em favor da cidade e da sua tradição; sempre prestigiando a cultura e enaltecendo sua valorosa gente. Ao reproduzir o brilhante texto de Munir Soares, consegues prestar duas grandes homenagens: Ao colunista que, ao longo dos anos, com seu talento, enriquece a crônica Lagunense. A Aládio Fortunado, figura humana querida e exemplar, merecedora de tão justa distinção, e que seguramente se estende aos seus orgulhosos familiares. Parabéns pela feliz lembrança. Oclandio Siqueira
ResponderExcluirValmir, sou de Laguna e moro em MG. Pela crônica do querido tio Munir, pude ter acesso ao meu querido tio Aládio. Todos os verões vou à Laguna e tenho que passar na loja onde ele trabalha para dar-lhe aquele abraço! Amo muito essa pessoa linda que ele é e levo sempre minhas filhas comigo. Frequentei sua casa muitos anos e a vida nos fez ser parte da família com a saudosa dona Lia, a Gisela e a Andréa.Muita saúde e muitos anos de vida, tio fofo!
ResponderExcluirParabéns, Valmir! O tio Munir escreveu uma excelente crônica sobre o meu queridíssimo tio Aládio. São meus dois tios por escolha, por amor a eles e suas famílias. Acho que uma homenagem ao tio Aládio seria justíssima, é uma pessoa fantástica!
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