sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Histórias de eleições que se perderam no tempo (IV)

 
Meu voto é para o Juarez
Eleições de 1986. A cédula eleitoral era ainda em papel e o eleitor ao votar tinha que escrever o nome do candidato e/ou seu número.
Já o candidato quando de sua inscrição, registrava no Cartório Eleitoral, além de seu nome e/ou sobrenome, um apelido se por ventura existisse.
Enfim, como poderia aparecer na cédula para que o voto fosse considerado válido pela Justiça Eleitoral.
Era candidato por Laguna e região sul, o lagunense Juarez Fonseca de Medeiros, de tradicional família, pessoa de caráter ilibado. Havia sido presidente da Comcap e secretário do Trabalho na gestão do prefeito de Florianópolis e depois governador Esperidião Amin. Um nome forte à Assembleia Legislativa.
Seu partido era o PDS, antiga Arena.
Abertas as urnas, Juarez Fonseca de Medeiros recebeu na Laguna 3.680 votos, enquanto em todo o estado foram 8.539 votos. Uma ótima votação, mas que não lhe garantiu a cadeira.
Aí se descobriu que muitos eleitores querendo votar em Juarez Fonseca de Medeiros, escreveram na cédula eleitoral somente o primeiro nome “Juarez”.
Como o candidato antecipadamente não registrou no Cartório Eleitoral somente seu primeiro nome, todos os votos recebidos assim foram contados, somados para outro candidato, Juarez Furtado (MDB), lá do Oeste de Santa Catarina que havia se antecipado e feito esse tipo de registro.
E assim Laguna não elegeu mais uma vez um filho da terra.
Para finalizar a história, percebendo o filão do resultado, um esperto cabo eleitoral da nossa cidade dias após o pleito telegrafou para o Juarez lá do Oeste dizendo:
“Deputado fiz um bom trabalho aqui em Laguna e região sul. Espero que V. Excia. tenha ficado satisfeito com os votos que lhe arranjei. Em fevereiro lhe procuro na Assembleia para conversamos. PT saudações”.
 
Força na peruca
Eleições de 1994. O atual prefeito eleito de Balneário, Leonel Pavan era então candidato a deputado federal.
Leonel já havia sido prefeito de Balneário Camboriú com grande êxito, tendo estadualizado seu nome com amplas matérias na imprensa.
Aliás, mostrando seu cabedal político na região, sua filha no último dia 6 de outubro deste ano foi eleita prefeita daquele município do nosso litoral.
Mas voltemos a 1994. Seus correligionários do PDT aqui na Laguna prepararam um jantar festivo nas dependências do Ravena Hotel, que tinha no proprietário Nico Chede uma das lideranças do partido em nossa cidade.
Era mês de outubro e o nosso vento nordestão soprava toda sua força, levantando poeira, sacudindo os galhos das árvores, uivando pelas frestas e frinchas.
Pavan possuía à época uma vasta cabeleira, um longo e conhecido penteado que lembrava muito o ator francês Gerard Depardieu. Era uma senhora juba.
Tão logo desceu do automóvel no estacionamento do hotel, recebeu a primeira lufada de vento.
O enorme penteado se desmantelou, se desmanchou no ar. Parecia um espanador.
Outro sopro de rebojo do nordestão levantou, baixou e depois torceu os cabelos.
Não havia pente que botasse os fios novamente no lugar.
Seus assessores se desesperavam. Como chegar assim no evento? O que não iam dizer? Como resolver essa encrenca?
-Temos mais alguns minutos, vamos pensar, disse um deles.
E logo encontraram a solução. Rapidamente levaram o candidato a uma farmácia das proximidades.
Pouco depois Pavan chegava novamente ao hotel.
Entrou no saguão com todos os fios no lugar, cabelos devidamente penteados e que ganharam até um brilho diferente.
O nordestão tentou novamente desmanchar o penteado, mas não teve êxito.
Qual foi a solução? Dois vidros de laquê derramados diretamente no cocoruto do candidato.
Os cabelos ficaram lisinhos, lisinhos. E firmes.

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