Meu voto é
para o Juarez
Eleições de
1986. A cédula eleitoral era ainda em papel e o eleitor ao votar tinha que
escrever o nome do candidato e/ou seu número.
Já o
candidato quando de sua inscrição, registrava no Cartório Eleitoral, além de
seu nome e/ou sobrenome, um apelido se por ventura existisse.
Enfim, como
poderia aparecer na cédula para que o voto fosse considerado válido pela
Justiça Eleitoral.
Era
candidato por Laguna e região sul, o lagunense Juarez Fonseca de Medeiros, de
tradicional família, pessoa de caráter ilibado. Havia sido presidente da Comcap
e secretário do Trabalho na gestão do prefeito de Florianópolis e depois governador
Esperidião Amin. Um nome forte à Assembleia Legislativa.
Seu partido
era o PDS, antiga Arena.
Abertas as
urnas, Juarez Fonseca de Medeiros recebeu na Laguna 3.680 votos, enquanto em
todo o estado foram 8.539 votos. Uma ótima votação, mas que não lhe garantiu a cadeira.
Aí se
descobriu que muitos eleitores querendo votar em Juarez Fonseca de Medeiros,
escreveram na cédula eleitoral somente o primeiro nome “Juarez”.
Como o
candidato antecipadamente não registrou no Cartório Eleitoral somente
seu primeiro nome, todos os votos recebidos assim foram contados, somados para
outro candidato, Juarez Furtado (MDB), lá do Oeste de Santa Catarina que havia se antecipado e feito esse tipo de registro.
E assim
Laguna não elegeu mais uma vez um filho da terra.
Para
finalizar a história, percebendo o filão do resultado, um esperto cabo
eleitoral da nossa cidade dias após o pleito telegrafou para o Juarez lá do
Oeste dizendo:
“Deputado
fiz um bom trabalho aqui em Laguna e região sul. Espero que V. Excia. tenha ficado
satisfeito com os votos que lhe arranjei. Em fevereiro lhe procuro na
Assembleia para conversamos. PT saudações”.
Força na peruca
Eleições de
1994. O atual prefeito eleito de Balneário, Leonel Pavan era então candidato a
deputado federal.
Leonel já
havia sido prefeito de Balneário Camboriú com grande êxito, tendo estadualizado
seu nome com amplas matérias na imprensa.
Aliás,
mostrando seu cabedal político na região, sua filha no último dia 6 de outubro
deste ano foi eleita prefeita daquele município do nosso litoral.
Mas
voltemos a 1994. Seus correligionários do PDT aqui na Laguna prepararam um
jantar festivo nas dependências do Ravena Hotel, que tinha no proprietário Nico
Chede uma das lideranças do partido em nossa cidade.
Era mês de
outubro e o nosso vento nordestão soprava toda sua força, levantando poeira,
sacudindo os galhos das árvores, uivando pelas frestas e frinchas.
Pavan
possuía à época uma vasta cabeleira, um longo e conhecido penteado que lembrava
muito o ator francês Gerard Depardieu. Era uma senhora juba.
Tão logo
desceu do automóvel no estacionamento do hotel, recebeu a primeira lufada de
vento.
O enorme
penteado se desmantelou, se desmanchou no ar. Parecia um espanador.
Outro sopro
de rebojo do nordestão levantou, baixou e depois torceu os cabelos.
Não havia
pente que botasse os fios novamente no lugar.
Seus
assessores se desesperavam. Como chegar assim no evento? O que não iam dizer?
Como resolver essa encrenca?
-Temos mais
alguns minutos, vamos pensar, disse um deles.
E logo
encontraram a solução. Rapidamente levaram o candidato a uma farmácia das proximidades.
Pouco
depois Pavan chegava novamente ao hotel.
Entrou no
saguão com todos os fios no lugar, cabelos devidamente penteados e que ganharam
até um brilho diferente.
O nordestão
tentou novamente desmanchar o penteado, mas não teve êxito.
Qual foi a
solução? Dois vidros de laquê derramados diretamente no cocoruto do candidato.
Os cabelos
ficaram lisinhos, lisinhos. E firmes.
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