Seu porte é
nobre, olhar altivo e atento. Apareceu há muitos meses na Praça Vidal Ramos, no
centro histórico. Sem dono, lenço e documento.
No interior da
matriz Santo Antônio dos Anjos fez morada. Não perde uma missa, inclusive a da
saúde, nas quartas-feiras à tarde. Às vezes senta-se defronte ao altar; noutras, à entrada da igreja. Mas sempre em silêncio, compenetrado.
No princípio
foi olhado com temeridade, e até com desprezo por alguns que diziam:
- “Onde já se
viu, um cachorro dentro da igreja!
Mas, por sua mansidão, logo ganhou
a simpatia de alguns fiéis. Virou meio que atração e motivo
de curiosidade pra muita gente na Laguna.
Nas procissões à frente do cortejo, acompanha e observa o trajeto, cabeça erguida, às vezes em circunflexão, parecendo pensativo. Um olho no santo e outro nos devotos.
À frente da procissão. Fotos: Elvis Palma |
De Branquinho
o cachorro foi batizado. E Branquinho ficou, mesmo tendo o pelo malhado de um
amarelo claro. É castrado e vacinado.
Já foi
adotado, mas não houve adaptação. Retornou às ruas da cidade, mambembe por aí, livre,
leve e solto.
Da Regina
Carvalho da Rosa, principalmente, recebe a atenção e alimentação. Inclusive aos sábados, domingos e
feriados. Marmitex disque-já.
Esteve
presente em todas as novenas e acompanhou a transladação e procissão, inclusive
até a igreja Nossa Senhora Auxiliadora, na Roseta. Na carreata percorreu um pequeno
trajeto de alguns quarteirões, mas por falta de carona logo retornou à base, ao
ponto de partida em frente à matriz. Sabia de antemão que o cortejo retornaria.
Quando
percebia as lentes do fotógrafo Elvis Palma mirando em sua direção, fazia pose, já
saboreando a fama subitamente conquistada.
Na igreja da Roseta, acompanhando Santo Antônio dos Anjos. |
Recebendo o afago do maestro Deroci. |
Há outros
casos semelhantes acontecidos pelo Brasil. O noticiário vez ou outra mostra
alguns exemplos. Mas como explicar tal fenômeno? É mero acaso? Natural? Algo
espiritual? Acompanhará Branquinho alguém invisível aos nossos olhos? Ou carente,
estará em busca de um desejado afago, de um carinho e atenção tal qual cada um de
nós, nesse mundo conturbado, materialista e cada vez mais tão solitário?
Frade católico
e franciscano à exemplo do nosso padroeiro Santo Antônio, Giovanni di Pietro di Bernardone,
mais conhecido como São Francisco de Assis já pregava em seu Cântico das Criaturas:
- “Louvado sejas,
ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.
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