27 fevereiro 2025

FOTOS-RETRÔ - CARNAVAL - NA PAREDE DA MEMÓRIA - PARTE 1

   A partir desta quinta-feira (27) e até terça-feira da semana que vem publicarei algumas fotos dos nossos carnavais do passado.
   

   São registros, alguns raros, que mostram pessoas, espaços e ornamentações que marcaram época e que ficaram na memória e na saudade de muitos de nós que vivemos e/ou presenciamos aqueles momentos.

   Década de 1970. A foto mostra o radialista Walmor Silva da Rádio Garibaldi em cima do tablado de madeira montado na rua Conselheiro Jerônimo Coelho, transmitindo e buscando entrevistar a professora Siniria Maria dos Santos Souza, eterna Porta-Bandeira e Nilton Aguiar da Costa Mestre-Sala da Escola de Samba Vila Isabel. 

   Considerado até hoje por muitos foliões e por membros da velha guarda das nossas Escolas de Samba, como João (Dão) Souza Júnior e o radialista João Carlos Wilke, como a melhor dupla neste quesito ao longo da história do carnaval lagunense. Assino embaixo. 

   Realmente, o porte da professora Siniria, sua maneira elegante e sorridente em conduzir o pavilhão da Escola e o samba no pé do saudoso Nilton, com seus mil rodopios, salamaleques e sua alegria, cativando a todos. Eram sempre muito aplaudidos.

   Ornamentação

   A ornamentação das passarelas do nosso carnaval, rua Jerônimo Coelho, Raulino Horn e XV de Novembro era simples, de plásticos coloridos cobrindo losangos e quadrados de sarrafos de madeira com lâmpadas em seus interiores. Ornamentação simples, mas existiam. 
   Hoje, não há mais ornamentação.
   Os holofotes eram diminutos, também simples, sem a potência comparada com os watts das lâmpadas de hoje com seus leds e spots. Não havia a chamada iluminação de cena. 

   Ano 1974, gestão de Francisco de Assis Soares. Rua XV de Novembro, que ainda não era calçadão e aceitava veículos, com sua ornamentação simples. Os fuscas dominavam o cenário e, observem, já haviam surfistas na área. 

   À esquerda, a porta de entrada onde ficavam os fornos da Panificadora Imperatriz. À direita, a icônica Miscelânea.

   Mas as centenas de lâmpadas cumpriam suas finalidades e iluminavam a fantasia da passista, realçavam o estandarte da Escola e faziam brilhar os instrumentos musicais da bateria.

   Fiz esta foto com minha pequena Kodak Instamatic 54X, no carnaval de 1982. Posicionei-me defronte ao Clube Congresso. Passavam vinte minutos do meio-dia, como assinala o relógio da matriz. 

   Já não havia mais o tablado, a chamada passarela em madeira, como se pode observar. 

   À direita, defronte ao Banco do Brasil, o palanque reservado às autoridades e jurados. As arquibancadas metálicas para o público estavam lá. Uma novidade. No meio delas à esquerda e também à direita, no meio da foto, as cabines abertas para as duas rádios, Difusora e Garibaldi. 

   Sem falar na ornamentação da rua Jerônimo Coelho em caixas de madeira forradas de plástico com desenhos, dependuradas em fios de arame. E os simplórios holofotes instalados em postes de eucalipto.

   Tudo parecia mais simples, mas o carnaval da Laguna era considerado o melhor do estado e, em alguns momentos, o terceiro melhor do país.
   Para cá se dirigiam turistas de toda Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, Paraná e da Argentina.
   Vinham em busca do carnaval famoso, das apresentações das Escolas de Samba, da alegria contagiante de um povo alegre, fraterno e anfitrião por excelência e que sabia brincar e se divertir.
   O Mar Grosso? Bem... o Mar Grosso era para banho de mar, era só praia. E como o sol não parecia o mesmo de hoje, usava-se os cremes cenoura-bronze ou o Raiyto de Sol para acelerar o bronzeamento.

   Rua Conselheiro Jerônimo Coelho. Passarela do carnaval, com seu tablado elevado em madeira, onde os Blocos (e depois as Escolas de Samba) passavam e se apresentavam. 

   Ao fundo, o palacete de João Tomaz de Souza. Edificação que em 1968 foi derrubada para construção daquele feioso caixote do Banco do Brasil, num dos maiores erros arquitetônicos que se produziu no Centro Histórico da Laguna. 

   O carrinho de pipoca, claro, também era tradicional. Lá no alto do Morro da Glória, a torre repetidora da TV Piratini (TV Tupi) já se fazia presente.

   Havia simplórios palanques, bancos de madeira e cadeiras em fórmica tomadas emprestadas às cozinhas. Eram postados desde cedo ao longo das calçadas das vias. E amarrados aos postes e uns aos outros para ninguém levar ou trocar de lugar. 

   Todo mundo em busca de um melhor ângulo. Quanto mais perto do palanque oficial, melhor. Era ali que se davam as apresentações.

   Ano 1978, gestão de Mário José Remor. Mais uma vez a rua Conselheiro Jerônimo Coelho iluminada, ornamentada e lotada com um público aguardando as Escolas de Samba. 

   Observem a ornamentação e a iluminação simples, mas que clareava muito bem. As crianças sentadas no meio-fio, a tradicional cordinha separando o público estava lá e o palanque pequeno e simples ao fundo destinado às autoridades.

   Crianças se sentavam nos meios-fios das ruas e se contentavam com um mero saquinho de pipoca. Algumas famílias levavam água da Carioca e garrafa térmica com café e lanches em caixas de isopor (os coolers de hoje) para atravessarem à noite.
   E tudo era tão demorado... Varava-se a madrugada.
   Os tempos eram outros, evidentemente, mas felizes são os que o viveram. Pelo menos tem o que contar. 
   Se é que ainda há quem queira ouvir essas histórias, mergulhados que estamos todos nós nas telas fosforescentes e hipnotizantes de celulares.
   Tudo isso passou, como tudo passa, e hoje são imagens e lembranças que fazem parte de um passado nas folhas do livro da memória, cada vez que o folheamos.


12 comentários:

  1. Era fantástico o nosso Carnaval. Além da alegria contagiante que vive, tenho amigas gaúchas que conheci no Carnaval e ainda tenho contato e nos visitamos. Saudades e lembranças que não se apagam.

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    1. Eu tenho um filho do carnaval.

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    2. Atualmente requentam até samba enredo , o cúmulo da falta de criatividade e arte.

      Cópias de um passado enterrado.

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  2. Nosso carnaval regrediu. Basta ver que nem desfile oficial das Escolas de Samba temos mais. Nem ornamentação. E o pré é feito no escuro como foi no Mar Grosso.
    A incompetência aumentou exponencialmente de lá pra cá.

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    1. Tai gostei da sinceridade, navalha na carne
      Mas lagunense não precisa de iluminação, pq não enxerga um palmo diante do nariz .

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  3. Ah, que saudade que dá! São inúmeras as imagens, ritmos, cores, luzes, aromas, sabores, visões, personagens que vêm, como um turbilhão, nas nossas mentes. Um Carnaval autêntico, simples, original, participativo, alegre; esperado por todos, daqui e de acolá. Nossas ruas decoradas, cheias de vibração, festivas. Quem viveu, saberá o sonho que foi. Parabéns!

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  4. A ornamentação de vaaior porte foi aquela feita no governo do Prefeito Valmor de Oliveira, aquela baseada nos artigos japoneses, e a Difusora foi esquecida, a Garibaldi nem existia.

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  5. Uma bonita decoração foi a feita poelo prefeito Valmor de Oliveira, aquela com estilo japonesa. E a Difusora, ndm foi falada, nesse tempo a Garibaldi nem existia. A rampa foi a do melhor Carnanval, depois boraram spm eletrônico que acabou com tudo.

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  6. Agora mostra a realidade atual
    12 anos sem desfile de escolas de samba e a gente escuta umas piadas " maior carnaval de SC", oras , como ser maior sem existir a mais de uma década

    Acorda Liesla .

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  7. Jairo.viana@gmail.com01/03/2025, 00:32

    Infelizmente, nunca mais veremos nosso Carnaval glorioso como já foi um dia.

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    1. Sábias palavras, sensatez .

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    2. Pires nas mãos.
      Infelizmente a cultura do carnaval de Laguna é esta. Sempre dependendo da boa vontade do governo , seja municipal, seja estadual. Até hj não demonstraram capacidade, competência e credibilidade, para ser auto suficiente e pq não independente.

      Nunca serão !

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