quarta-feira, 20 de junho de 2018

Não há mais oposição

O (e)leitor certamente já constatou: não há mais oposição política no país.
Não mais se observam críticas contundentes, choques de opiniões, divergências como antigamente.
Hoje parece ser tudo elogio pra cá, elogio pra lá num interesseiro jogo de compadres. E comadres. E um grande loteamento de cargos.

              Não existem mais adversários políticos
Quando questionados muitos políticos respondem - inclusive vários da Laguna - que tem apenas pequenas divergências técnicas, pontos de vistas diferentes do outro lado, meros detalhes administrativos. Adversários políticos? Oposicionistas? Não, jamais, isso não. Fazem política moderna, pragmática, em nome da governabilidade. Como diria aquele ministro: tempos estranhos.
Tudo isso se dá, dizem, por causa das chamadas coligações partidárias, algumas delas das mais esdrúxulas e que em recente passado seriam consideradas impossíveis. Intoleráveis até. 
Que falta faz um debate acalorado
Que falta faz um bom debate de ideias e de questionamentos de projetos na nossa Câmara atual, com raríssimas exceções. Cadê os discursos apaixonados, críticos, oposicionistas ou situacionistas? 
Bons tempos os de um João. Vicente, Evilasio Silveira, Paulinho Rebello (decada de 70), uma Zuleida Maurício Rosa, um Nelson Abrahão Neto,   um Célio Antônio, Nazil Bento (o pai e o filho) Jr., estes três últimos  depois prefeitos), Osvaldo Vianna, Nelson Mattos, um Heriberto Barzan e outros. Podia-se até não se gostar deles por isso ou aquilo (muito mais aquilo do que isso) mas não havia quem não parasse para ouvi-los e as sessões atraíam grande público.
Debates mornos e chochos
Hoje, nas sessões, há quem entre mudo e saia calado do plenário. Sem pronunciamentos sobre seus próprios projetos ou explicando-se nas votações polêmicas. E é do plantel da Câmara que podem sair futuros prefeitos. Não se diz que lá é um celeiro ou um trampolim político?

A verdade é que, de maneira geral não existem mais ideologias, planos de governo, diretrizes partidárias. Tudo virou uma mistura num grande caldeirão de poder. Aliás, há partidos que não conseguem sobreviver longe dele e fazem de tudo para chegar e continuar lá. Custe o que custar. É o poder pelo poder. E todo mundo hoje é de centro. Centro-esquerda, centro-direita.

A sigla partidária hoje em dia virou um simples instrumento, um apêndice, uma obrigação porque assim o exige a legislação eleitoral. Troca-se de partido conforme as conveniências, os interesses, os acertos presentes e futuros. Péssimo para a democracia.
Santinhos barrocos
A realidade é que ninguém mais quer “brigar politicamente” com ninguém porque não se sabe o que pode acontecer lá na frente, qual o cenário. Na dúvida é melhor se fingir de morto, sempre em cima do muro. É melhor tornar-se e aparentar-se bonzinho, um querubim barroco.
É o tal negócio, um eventual oposicionista de hoje de repente poderá se tornar amigo, correligionário e até membro em uma chapa amanhã,  até em segundo turno, então como exercer oposição? 
Como efetuar críticas, denúncias e cobranças se no futuro poderá estar dividindo o mesmo palanque, somando eleitores e estampando seus rostos sorridentes lado a lado no mesmo “santinho"?

Um comentário:

  1. Não há mais oposição também porque muitos querem cargos na prefeitura para suas esposas, filhas e demais parente e amigos. Como fazer oposição assim?
    Geraldo Fonseca

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