Encontro entre
meus guardados uma charge feita por Richard Calil Bulos, o Chachá.
Corria o ano
de 1987 e o jornal xerocado O Palanque,
fundado pelo mestre do jornalismo lagunense, fazia o maior sucesso, principalmente
no mundo da política e dos políticos.
O Palanque foi o Pasquim da Laguna ou a nossa Charlie Hbdo, guardadas as devidas proporções, evidentemente.
O Palanque foi o Pasquim da Laguna ou a nossa Charlie Hbdo, guardadas as devidas proporções, evidentemente.
Na charge aparecem sentados, da esquerda pra direita: Alvino José Júnior, Valmir Guedes Júnior e Richard Calil Bulos, o Chachá. Em pé: Munir Soares e Antônio Carlos Marega. |
Mordaz,
crítico, ferino, sarcástico, humorístico, o semanário vendia como nunca. Representava a chamada imprensa alternativa.
Começou pequeno, de pontualidade e tiragem irregulares. Passados poucos números, botamos ordem na casa. Foi registrado como uma micro empresa, tendo Chachá, eu e Alvino José Jr. como sócios do empreendimento. Passou a ser “rodado” em Florianópolis, por mim, em máquinas com maior tecnologia e não falhava mais aos sábados. Aumentamos a tiragem para 300, 500 exemplares com 8 ou eventualmente 12 páginas.
Começou pequeno, de pontualidade e tiragem irregulares. Passados poucos números, botamos ordem na casa. Foi registrado como uma micro empresa, tendo Chachá, eu e Alvino José Jr. como sócios do empreendimento. Passou a ser “rodado” em Florianópolis, por mim, em máquinas com maior tecnologia e não falhava mais aos sábados. Aumentamos a tiragem para 300, 500 exemplares com 8 ou eventualmente 12 páginas.
Era um tempo
do jornalismo romântico, ideológico, quixotesco, que já não existe mais.
Sem um local próprio
para servir de redação, nos reuníamos semanalmente às sextas-feiras ou aos sábados para fecharmos a
edição da semana seguinte. Invariavelmente criávamos as manchetes, escolhíamos fotos, escrevíamos
as matérias em mesas de restaurantes e cantinas, como a De Lana, no Mar Grosso,
ou na Cantina do Nelsinho, no centro, atrás do Clube Blondin.
Aos sábados o local
predileto era uma mesa no canto esquerdo do Bar São Paulo, atrás de uma porta, no Mercado Público,
que servia, além de uma cerveja gelada, um PF saboroso. Peixe frito, carne ensopada, bife, salada, arroz e feijão. Uma delícia. Bem, pelo menos pra mim. Alvino e Chachá nunca almoçavam.
Ali era a nossa “redação”
e local onde as fontes nos procuravam, num tempo, evidentemente, sem celular e
redes sociais.
Eventualmente
juntavam-se a nós nas conversas, trabalhos e colaborações, o historiador e chargista Antônio
Carlos Marega e o colunista Munir Soares.
E os desenhos, montagens, malhos, manchetes e escritos eram feitos no calor da hora, ao sabor de uma tirada, de
um improviso, de uma fofoca, de uma piada, de uma notícia. Divergíamos muito. Mas nos divertíamos.
Por ser
redigido nesses locais, um político lagunense, certamente de saco cheio com as
críticas recebidas, certo dia numa entrevista a uma das rádios chamou o nosso semanário
de “jornal de boteco”.
Pra quê? Chachá
quando soube do ocorrido, rapidamente desenhou uma charge num papel de pacote de
cigarros em cima da mesa do bar, bem a seu estilo,que estampou a capa da edição seguinte. Lembro-me de ter feito um pesado editorial sobre o fato, na página 12.
Na charge
aparecem sentados, da esquerda pra direita: Alvino José Júnior, Valmir Guedes
Júnior e Richard Calil Bulos, o Chachá. Em pé: Munir Soares e Antônio Carlos
Marega. Copos e garrafas de cerveja se espalham pelo local, cigarros sendo fumados. Ao lado da charge o
escrito:
O Boteco levanta a voz
“Para político sem raça, boteco só tem valor
durante a campanha eleitoral. Boteco é coisa sagrada, é onde se conserva a alma
do povo. E onde se escreve a história dos homens”.
Um sucesso. Aconteceu há 32 anos. Mas dá uma saudade...
Este era o verdadeiro jornalismo!
ResponderExcluirQue legal relembrar isso, Valmir. E dois já se foram para o andar de cima, Chachá e Munir. E fazem falta danada no jornalusmo de Laguna. Valeu.
ResponderExcluirGeraldo de Jesus
Lembro de comprar O Palanque na banca do Chico ou do Deca. Era disputado.Vendia como água. E malhava gargalhando.
ResponderExcluirEdison de Andrade
Bons tempos do Palanque....Muitas notícias quentes saiam dos "botecos",e não eram fake news...32 anos...e a "política na Laguna" não mudou nada.....Muitas letras e músicas de samba saíram de botecos...
ResponderExcluirQue leitura! Obrigada Valmir, por ter escrito sobre o que viveste com o pai e por tua amizade por ele. Um grande abraço. Jacque
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