terça-feira, 7 de maio de 2019

Um rico acervo eclético

O que é um museu? Numa resposta simples, além de lugar onde se preserva a memória é um local de descobertas.
A palavra museu vem do grego museion que era considerado o templo das musas filhas de Mnemósine (a memória), que protegem as Artes e a História.
A deusa memória dava aos poetas o poder de voltar ao passado e de lembra-los à coletividade.
De panelas de ferro aos ferros a carvão, passando por máquinas de escrever. Um acervo eclético.
Assim é o acervo, um verdadeiro museu particular, do senhor José Francisco Fernandes: uma volta ao passado, através de objetos.
São milhares de peças, além de móveis e produtos eletroeletrônicos, que contam a nossa história.
José Francisco Fernandes sabe a história e serventia de cada objeto. Um acervo de uma vida.
Em seu acervo, situado no bairro Progresso, pode-se encontrar desde antigos canecos de chope de memoráveis festivais, a aparelhos de rádios de todas as épocas, inclusive os valvulados.

Pilões centenários, atravessando gerações.
A imensa vértebra de baleia se destaca no acervo.


Um aparelho de rádio da marca Semp valvulado, ainda funcionando.

Aparelhos telefônicos de várias épocas.

Enceradeiras que marcaram época das nossas mães e avós.

Uma legítima Colorado RQ, a televisão da Copa de 70.
Num canto sobressai uma preciosidade: um televisor Colorado RQ da década de 70, de muito sucesso à época da Copa do Mundo de 1970, cujo garoto de propaganda era o Rei Pelé. 
E ferros a carvão, toca-discos, pilões, máquinas de costura, de escrever, aparelhos de fax, enceradeiras, relógios, lampiões, panelas de ferro, telefones de vários modelos, dos mais antigos analógicos, aos primeiros celulares, tipo tijolo. Uma gigantesca vértebra de baleia se destaca nas prateleiras.
E José Fernandes descreve a história, trajetória e serventia de cada peça, em seus detalhes pormenorizados e de uso.
O gosto em colecionar começou ainda em sua infância, conta, mostrando sua primeira caneta-tinteiro (foto abaixo), usada quando aluno da Escola Básica Jerônimo Coelho.

Porta-caneta e caneta-tinteiro.
Fernandes veio de Imaruí para Laguna aos 5 anos e aqui estudou e trabalhou em nosso comércio. Mais tarde ingressou na Polícia Militar de Santa Catarina, e, no Corpo de Bombeiros, tornou-se um dos salva-vidas mais antigos do estado, sendo o primeiro salva-vidas da Laguna onde atuou no primeiro posto no Mar Grosso, em frente à rua Tubarão (Calçadão), na década de 1970.
Casou com a lagunense Isalda, transferiu-se para Florianópolis e tiveram três filhos, todos eles seguiram a carreira militar. Foi para a reserva como Subtenente da PM e há anos retornou a nossa cidade, aliás, de onde nunca se afastou.

Sua paixão por antigos objetos atravessou os anos e ele foi colecionando o que achava interessante. Primeiro as peças herdadas ou doadas por familiares e amigos; depois, adquirindo outras, em seus atuais 74 anos de vida.
Quando deu por si estava com milhares de peças. Construiu até um anexo em sua casa para reuni-las e apreciá-las.
É um acervo eclético, como se diz tecnicamente, diversificado, variado de muitas épocas e gerações, mas ao mesmo tempo se completa.

Alunos da 8ª série 1 da Escola de Educação Básica Comendador Rocha, juntamente com as professoras Terezinha e Sayonara visitaram o acervo.
Ainda esta semana, mediante agendamento, as professoras Terezinha Fernandes Crescêncio e Sayonara Souza Costa levaram seus alunos da 8ª série 1, da Escola de Educação Básica Comendador Rocha para uma visita ao local.
Os alunos se encantaram com suas descobertas importantes no aprendizado. Em saber que as tecnologias em que eles hoje tão facilmente curtem não nasceram prontas, mas foram frutos de descobertas, de aprimoramentos e de evoluções da humanidade.

Com atenção, no silêncio contemplativo, pode-se observar e sentir a energia de cada peça-objeto que nos remete aos usos e costumes de vidas passadas que ainda reverberam nos ares, ausências e distâncias de tempos que não voltam mais.

2 comentários:

  1. Parabéns Valmir pela reportagem e descoberta dessas preciosidades. Laguna é tão rica em história, pena que não é explorada devidamente. Muitas picuinhas de políticos atrasam a cidade.
    Edison de Andrade

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  2. Um museu com muitas peças ao contrário do nosso museu de Anita que está praticamente vazio.
    Geraldo de Jesus

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