Este casarão da foto, de arquitetura luso-brasileira,
ficava situado na rua Jerônimo Coelho, nº 81, em pleno centro histórico da
Laguna. A edificação refletia um período histórico da colonização da cidade.
O estilo arquitetônico se caracteriza pela planta portuguesa e traço português,
com materiais e mão-de-obra utilizados na construção sendo brasileiros. É um
desenho simples, mas com características bastante peculiares que são facilmente
identificadas pelas janelas e telhados e ainda por ser uma construção geminada.
O casarão da Laguna
possuía cinco janelas e duas portas frontais.
O imóvel foi demolido em 1981 e em seu
lugar ergueu-se uma construção em estilo moderno, para instalação de uma
agência bancária.
A demolição da edificação à época
gerou imensas controvérsias entre autoridades e imprensa. Reuniões se
sucediam. Mas, a exemplo do que aconteceu com outro casarão situado na Praça Vidal
Ramos, de propriedade de João Tomaz de Souza, teve o mesmo fim.
Casarão demolido na Laguna foi reerguido nos mínimos detalhes em Camboriú. |
O diferencial é que este imóvel foi
retirado do local e, por incrível que pareça, levado em silêncio, pedra sobre
pedra, telha a telha, madeira a madeira para outro município, através da
Fundação Catarinense de Cultura –FCC.
Foi reerguido nos mínimos detalhes, no
Parque da Citur (depois Santur), às margens da BR-101, em Camboriú. Abriga em
seu interior exposição de artesanato e produtos da região, tornando-se atração
turística.
À entrada do casarão, um painel com
fotos de quando o mesmo estava em nossa cidade, com dois textos complementares.
O primeiro faz um breve histórico do imóvel:
(...) “casarão construído
provavelmente em meados do século XIX, ali permaneceu por mais de 100 anos, até
que, em abril de 1981, por motivos que não cabe aqui lembrar, consentiram com a
sua demolição. Moradia do Comendador, português de nascimento, Tenente-Coronel
João José de Souza Guimarães”.
O segundo texto é de Gottfried Kieson
e traz uma mensagem sobre patrimônio arquitetônico:
“Todo o Patrimônio Cultural deve ser
conservado no seu local de origem. Só se ventila a transferência, as remoções
para outros lugares, no caso de não haver outra possibilidade de salvação,
quando só tem a escolha entre o desaparecimento ou a transferência de um
monumento”.
A demolição do casarão foi anterior ao
tombamento do centro histórico da Laguna em sua poligonal.
Operários desmontam pedra sobre pedra, retirando telhas e as aberturas. |
Para a demolição, autorizada pela
prefeitura, o referido imóvel já havia sido excluído da Lei nº 34/77, de tombamento
municipal.
Já o tombamento federal, que tanta
celeuma causou (e ainda causa), aconteceu em 1985 atendendo um abaixo assinado
de alguns moradores e autoridades da Laguna, endereçado ao então Sphan – Secretaria
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mais tarde Instituto, na gestão
do presidente da República José Sarney.
O local após o desmonte, vendo-se ao fundo a Casa Candemil. |
Como se pode observar na foto acima, uma edificação de dois andares no estilo art déco também foi demolida
conjuntamente com o casarão. Funcionava nela a filial da empresa Carlos Hoepcke S.A. - Comércio e Indústria - Importadores e Atacadistas. Nesta firma trabalharam muitos anos como gerentes os srs. Walter Baumgarten e Rodolfo Meyer. Foram também funcionários Zoraide Schneider e Renato Ulysséa.
Os dois imóveis derrubados estavam situados entre as ruas Fernando Machado (Rincão) e Conselheiro Jerônimo Coelho.
Os dois imóveis derrubados estavam situados entre as ruas Fernando Machado (Rincão) e Conselheiro Jerônimo Coelho.
Nesta casa durante muitos anos morou Otto Siqueira e família.
ResponderExcluirGeraldo de Jesus
Valmir, quando criança, muito frequentei esta casa, onde morou o meu saudoso tio Zezinho Prudêncio e família até 1968, quando mudaram-se para Campo Grande (MS). Na primeira porta, a esquerda da foto, funcionava o escritório de advocacia do Dr Walter Francisco. Também advogou no local o Dr Leonardo Nunes, que depois foi aprovado no concurso de juiz. O seu Valdemar, temido comissário de menores, irmão do Dr Walter Francisco, e que estava sempre na porta do Cine Mussi - lembra dele? -, também ocupou o local. Saudades daquele tempo.
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