domingo, 13 de setembro de 2020

Nota de falecimento +

Faleceu em nossa cidade na manhã deste domingo, Nelson João de Souza (Dedinho), aos 91 anos.
Filho de Zoê Fernandes de Souza e João Ranulfo de Souza.
Corpo está sendo velado na capela mortuária Nossa Senhora Auxiliadora no bairro Progresso e sepultamento será às 17 horas no cemitério da Cruz.
Deixa a esposa Selma e os filhos Gelson Luiz, Ronaldo Luiz, Nelson Magno, Paulo Roberto, Magda Regina e Sayonara, netos e bisnetos.
Sentimentos aos familiares e amigos.

P S: Em 14 de maio de 2018 entrevistei o seu Nelson para este Blog. Repito a matéria em sua homenagem:


Um craque do passado: 
Nelson (Dedinho) João de Souza

Ele nasceu no bairro Magalhães, em 23 de julho de 1929, e com apenas um ano de idade veio morar no bairro Roseta (atual Progresso) onde reside até hoje.
É filho de Zoê Fernandes de Souza e João Ranulfo de Souza. Seu pai trabalhava nas obras da empresa Cobrasil, que construiu os molhes da nossa Barra.

Entrevistando Nelson João de Souza (Dedinho).
Futebol lagunense
Nelson João de Souza, ou Nelson Dedinho, como é carinhosamente chamado e conhecido, desde criança era apaixonado por futebol.
O apelido de uma vida toda veio do avô que lutou na Guerra do Contestado e nas escaramuças perdeu um dos dedos da mão. O apelido se estendeu aos descendentes.
Foi estofador na fábrica de móveis do “seo” Antônio Teixeira, ali na antiga Praça da Bandeira, hoje República Juliana, defronte ao Museu Anita Garibaldi.
Trabalhou ao lado de Hélio Pereira (de quem aprendeu os macetes da profissão), de Jucemar Pinto, Otávio dos Passos, Alberto Guedes (Dudu, meu tio), Luiz Guedes e Orlando Carvalho.
Aos 12 anos já tinha organizado um time em seu bairro: o Rua da Frente F.C.
Aos 15 já estava disputando o campeonato juvenil, pelo Fluminense, do Campo de Fora.
Com 20 anos, em 1949, fundou o Bangú, time filiado à Liga Amadora Lagunense de Futebol (Lamal).

Dois anos depois já jogava como aspirante no Flamengo de nossa cidade, arquirrival do Barriga Verde F.C. Logo tornou-se titular da agremiação. Foi a primeira vez que calçou um par de chuteiras.

Flamengo F. C. em 1951: Em pé: João Júlio Oliveira, Walter, Jupy, Tyrone, Barrica, Barbacena,
 Fernando e Batista Abrahão. Agachados: Jairo, Dario, Nelson, Neri e Nelson Souza (Dedinho).
Em 1952 transferiu-se para Criciúma, vestindo as camisas dos times Boa Vista e depois do Próspera, com contrato assinado. Ficou pouco tempo logo retornando a nossa cidade natal. Foi jogar no Vasquinho do Magalhães. Braz Barreto, presidente do time lhe escalou para jogar de zagueiro, posição que iria atuar dali em diante. Sagrou-se campeão amador da cidade em 1953.

 Formou dupla de zaga com Jupy Viana
No ano seguinte ingressou novamente no Flamengo, formando dupla de zaga com Jupy Viana, de tantas alegrias. Júlio Marcondes de Oliveira era presidente do time.
Nelson (Dedinho) João de Souza.
Encerrou sua carreira futebolística em 1957, numa memorável partida contra o Barriga Verde F.C.
Foi quando o Flamengo findou suas atividades, com o campo de futebol onde jogava sendo cedido ao governo do estado para construção do Conjunto Educacional Almirante Lamego (Ceal).
Estádio do Lamego, em 1939, palco de memoráveis partidas, onde hoje é o Ceal. No fundo o Morro da Roseta e os cômoros de areia. Observem as únicas fileiras de casas existentes. À direita o Campo de Fora; e à esquerda, na hoje avenida Colombo Machado Salles.
Em sua opinião o melhor jogador que presenciou foi Élcio Bianchini: - “Um craque, tinha uma classe com a bola, jogou pelo Barriga Verde depois foi para o Figueirense. Aliás, os três jogadores do Barriga Verde que ainda estão vivos são o Élcio, Dalmo Faísca e Darci Corrêa”.

Álbum de figurinhas de futebol
Em tempos de Copa do Mundo e de álbum de figurinhas com jogadores internacionais, também tivemos o nosso álbum, regional. A foto do “seo” Nelson, de nº 77, foi estampada no disputado “Álbum Balas Esportivas”, cujas figurinhas vinham embrulhadas na Bala Seleções, de 1951, ao lado dos companheiros daquela época, para toda a posteridade.



É casado com dª Selma (Flamenguista) e seu filhos são Gelson Luiz, Ronaldo Luiz, Nelson Magno, Paulo Roberto, Magda Regina e Saynora.
E antes que eu me esqueça, o “seo” Nelson é Internacional.

Prestes em completar 89 anos, no próximo mês de julho, “seo” Nelson possui uma excelente memória e a sabedoria que só o tempo pode dar. Relembra com exatidão partidas de outrora, resultados, nomes de times e jogadores, conta “causos”.

Autor de hinos, coralista e professor de religião
É um verdadeiro álbum vivo de recordações não apenas do futebol lagunense, mas sobre a origem do bairro onde sempre residiu, das primeiras famílias, da música, da religião.
Foi professor de Ensino Religioso na Escola Comendador Rocha, tendo composto o Hino daquele estabelecimento escolar.
É também autor do Hino à Nª Sª Auxiliadora, padroeira do bairro Roseta (hoje Progresso). Durante muitos anos integrou o Coral Santo Antônio dos Anjos, desde sua criação, em 1948. Foi ministro da Eucaristia.
É autor de um livreto contendo um “Histórico da Capela Nossa Senhora Auxiliadora”, que bem merece uma reedição patrocinada.

A avó paterna do “seo” Nelson, Tomazia Altina de Souza, vinda de Imaruí em 1928, passou a residir no Morro da Roseta, no final do Campo de Fora, onde ministrava aulas de catequese. Juntamente com as religiosas Nail Ulysséa e Maria Cabreira, e do padre Bernardo Philippi, encetaram vitoriosa campanha para aquisição de uma casa que servisse de primeira capela do bairro, o que foi feito.

“Seo” Nelson anos depois seguiu os passos religiosos da avó, sendo tesoureiro e presidente da Comissão Diretora da Igreja Nª Sª Auxiliadora.
Foi o responsável, juntamente com sua diretoria, pela aquisição de terrenos e construção do Salão Social de Convivências, ao lado da igreja, e inaugurado em 1º de maio de 1985.

Merece ser homenageado
Nelson João de Souza (Dedinho). Eis um cidadão lagunense que há muito tempo está a merecer homenagens da nossa sociedade, através de seus representantes. Afinal foram anos de serviços prestados principalmente na área cultural, em prol de uma Laguna melhor.

Que a Fundação Lagunense de Cultura na próxima Semana Cultural, faça essa homenagem; ou quem sabe, através da Câmara de Vereadores.


5 comentários:

  1. Seu Nelson era um exemplo. Nossos vereadores nunca o homenagearam.
    Outros que nunca prestaram serviço algum pra comunidade lagunense recebem troféus e diplomas. Injusto. E alguns se acham se lançando candidatos a vereador sem nunca fazer nada pelo povo lagunense. Uns desconhecidos.
    Mas os céus saberão recompensar o seu Nelson. E lá do outro lado é o que importa.
    Parabéns Valmir pela matéria e por ter o homenageado em vida.
    Geraldo de Jesus

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  2. Grande pessoa.
    Quando se referia ao Barriga Verde ele dizia... "Os de lá".
    Coisas do Nelson...
    Gostava de conversar com ele.
    Carlos Augusto Baião da Rosa

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  3. Seu Nelson era a simplicidade em pessoa. Sua memória era fantástica. Grande valor de nossa terra. Um bom. Tão em falta hoje em dia. Os anjos já o receberam.
    Edison de Andrade

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